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Câmara conclui votação de projeto que regulamenta ensino domiciliar

A Câmara dos Deputados concluiu, hoje (19), a votação do Projeto de Lei (PL) 3.179 de 2012, que regulamenta a prática da educação domiciliar no Brasil, também conhecida como homeschooling.

O texto-base da proposta foi aprovado ontem (18), e, nesta quinta-feira, os deputados retomaram a votação e rejeitaram os destaques apresentados ao texto. Com a conclusão, o PL segue agora para análise do Senado.

De acordo com a proposta, para usufruir da educação domiciliar, o estudante deverá estar regularmente matriculado em uma escola, que acompanhará o desenvolvimento educacional durante o período.

Os pais interessados em ensinar os filhos em casa deverão seguir a Base Nacional Comum Curricular definida pelo MEC. Além disso, poderão ser incluídas matérias e disciplinas adicionais à rotina de ensino.

Também será exigida, de ao menos um dos pais ou responsável, a comprovação de escolaridade de nível superior ou em educação profissional tecnológica, em curso reconhecido. Eles também não podem ter antecedentes criminais.

Os responsáveis terão de garantir a convivência familiar e comunitária do estudante e a realização de atividades pedagógicas para promover a formação integral do estudante, abrangendo seu desenvolvimento intelectual, emocional, físico, social e cultural.

Será de responsabilidade dos pais manterem registros periódicos das atividades e encaminhar, a cada três meses, na forma de relatórios, à instituição de ensino na qual o aluno está matriculado.

O aluno também deverá participar de avaliações anuais de aprendizagem durante o ciclo de educação básica.

Nos ensinos fundamental e médio, além desses relatórios, deverá haver avaliação anual com base no conteúdo curricular, admitida a possibilidade de avanço nos cursos e nas séries, conforme previsto na Lei de Diretrizes e Bases (LDB).

Se o desempenho do estudante nessa avaliação anual for considerado insatisfatório, uma nova avaliação, em caráter de recuperação, será oferecida no mesmo ano.

Debates

Durante a votação dos destaques, deputados contrários ao projeto, criticaram a aprovação do homeschooling, com o argumento de que a modalidade vai retirar recursos da educação e sobrecarregar as escolas, uma vez que pelo projeto, as escolas terão que promover encontros periódicos para acompanhamento educacional, intercâmbio de informações e aplicação de exames.  

“Na linha de defesa da educação pública brasileira, não há a possibilidade de terceirização para o que seja o ensino privado ou domiciliar como se essa solução ou alternativa fosse resolver os gravíssimos problemas que a gente vem enfrentando na educação brasileira. Esse governo não investe em educação infantil. Diminui, ano após ano, os investimentos na educação pública brasileira e coloca esse tema como se fosse de fato uma solução, quando não é”, criticou o deputado Glauber Braga (Psol-RJ)

A deputada Perpétua Almeida disse que o projeto também tem um caráter segregacionista pois vai atender a uma pequena parcela da população. Para ela, apenas quem tem elevado poder aquisitivo vai conseguir aderir ao regime de ensino domiciliar.

“Esse é um projeto que só vai atender gente que tem muito dinheiro, os ricos e milionários do nosso país. Só eles vão ter dinheiro para pagar professor particular para ficar ensinando seus filhos”, argumentou a parlamentar. “O povo pobre vai continuar na escola pública porque precisa estudar, precisa de merenda escolar”, acrescentou.

O deputado Marcel Van Hatten (Novo-RS) rebateu o argumento e disse que existem famílias pobres e ricas que querem aderir à modalidade de ensino domiciliar.

“Então, não se trata aqui de defender uma determinada classe social, não. Estamos defendendo um direito, a liberdade de as famílias escolherem, com uma regulamentação apropriada, aprovada por este Parlamento”, rebateu.

Já o deputado Diego Garcia (Republicanos-PR) defendeu a aprovação do texto. O deputado disse que aderiu ao modelo e que tem obtido resultados positivos na educação de sua filha.

“Em minha casa, fizemos a opção pela educação domiciliar com a minha filha de 5 anos de idade. O resultado, em 3 meses, foi que ela já estava lendo e escrevendo. Nós conseguimos alfabetizá-la em casa com uma carga horária bem menor daquela que ela teria dentro da sala de aula”, disse.

(Fonte: Agência Brasil)