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Brasília (DF), 24/10/2024 - Professor do colégio Galois, Samuel Rbeiro Costa, em sala de aula com alunos na preparação nos últimos dias antes da prova do Enem 2024.  Foto: José Cruz/Agência Brasil

O Ministério da Educação (MEC) informou, nesta quinta-feira (2), que vai ofertar 112.168 novas vagas para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) ao longo de 2025, sendo 67.301 vagas no primeiro semestre e 44.867 vagas no segundo semestre.

“A medida foi regulamentada pela Resolução CG-Fies nº 61/2024, publicada na última terça-feira, 31 de dezembro, pelo Comitê Gestor do Fundo de Financiamento Estudantil (CG-Fies)”, destacou a pasta em nota.

A resolução, de acordo com o ministério, também antecipa a oferta de vagas semelhantes para o Fies para os anos de 2026 e 2027, conforme previsto no plano trienal.

Entenda

O fundo foi instituído pela Lei nº 10.260, de 12 de julho de 2001. O objetivo é conceder financiamento a estudantes de cursos de graduação em instituições de educação superior privadas aderentes ao programa e com avaliação positiva no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes).

Desde 2018, segundo o MEC, o Fies possibilita juros zero e uma escala de financiamento que varia conforme a renda familiar do candidato.

Fies Social

Em 2024, a pasta lançou o Fies Social, que reserva 50% das vagas a candidatos inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) e com renda familiar per capita de até meio salário mínimo.

A nova modalidade permite financiamento de até 100% dos encargos educacionais, além de reservar cotas para pretos, pardos, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência. No primeiro semestre de 2024, 39.419 estudantes migraram do Fies para o Fies Social.

(Fonte: Agência Brasil)

Venda a varejo de material escolar em lojas da 25 de Março, região central.

As famílias brasileiras gastaram R$ 49,3 bilhões com material escolar em 2024, o que representou um aumento de 43,7% ao longo dos últimos quatro anos. O valor é uma estimativa de pesquisa inédita do Instituto Locomotiva e QuestionPro. O levantamento mostra que essas compras impactam o orçamento de 85% das famílias brasileiras com filhos em idade escolar e que um a cada três compradores pretende parcelar para poder dar conta das despesas para o ano letivo de 2025.

Ao todo, foram realizadas 1.461 entrevistas com homens e mulheres com mais de 18 anos em todo o país. Os questionários foram aplicados entre 2 e 4 de dezembro.

O estudo mostra que a maioria dos pais e responsáveis de estudantes tanto da rede pública quanto da rede privada disseram que comprará material escolar para o ano letivo de 2025: 90% daqueles com filhos em escolas públicas e 96% daqueles com filhos em estabelecimentos privados.

A maior parte das famílias precisará comprar material escolar solicitado pelas escolas (87%), seguido de uniformes (72%) e livros didáticos (71%).

Os pesquisadores estimam que os valores gastos com material escolar aumentaram ao longo dos últimos anos, passando de um montante nacional de R$ 34,3 bilhões em 2021 para os atuais R$ 49,3 bilhões.

“É um gasto que vem crescendo e vem aumentando também o seu peso no orçamento das famílias com filhos”, destaca o diretor de Pesquisa do Instituto Locomotiva, João Paulo Cunha.

Cunha ressalta que esse impacto ocorre tanto para famílias com filhos em escolas públicas e também nas privadas. “Muita gente acha que pais que estão com filhos em escolas públicas, por, teoricamente, ganharem o uniforme, o material, não têm nenhum gasto. Mas a realidade é muito diferente. Praticamente todos os pais que têm filhos em escolas públicas acabam tendo que, pelo menos, complementar parte do material escolar, parte do uniforme, e acabam também tendo um peso no orçamento doméstico por conta disso”.

A estimativa é que a maior parte dos gastos se concentre na classe B, R$ 20,3 bilhões; e na classe C, R$ 17,3 bilhões. Juntas, elas são responsáveis por 76% dos gastos nacionais. A Região Sudeste concentra a maior porcentagem dos gastos, 46%, seguida pelo Nordeste, 28%. O menor percentual está na Região Norte, 5%.

Esses valores impactam os orçamentos de 85% das famílias com filhos em idade escolar. O impacto é maior para as famílias de classe C, em que 95% disseram que o material impacta o orçamento familiar. Entre todos os entrevistados, 38% disseram que têm muito impacto no orçamento e 47%, que têm algum impacto. Apenas para 15% as compras de volta às aulas não têm impacto.

“Isso acaba tendo que sair de outros lugares. Cada família vai ter um arranjo diferente para conseguir ter esse tipo de gasto. Alguns vão ter que recorrer ao crédito, outros vão ter que tirar do guardado, mas o fato é que a maioria relata o peso e o impacto no orçamento doméstico”, enfatiza Cunha.

Diante dessa situação, 35% disseram que irão recorrer ao parcelamento nas compras para o ano letivo de 2025. Entre as famílias da classe C, essa porcentagem sobe para 39%. A maioria, no entanto, 65%, pretende pagar à vista. Entre as classes A e B, essa porcentagem é ainda maior, 71%.

Material escolar

De acordo com a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE), os aumentos dos custos com material escolar se dão principalmente por conta de fatores como inflação anual e elevação nos custos de produção, além dos preços de frete marítimo, no caso dos importados, e alta do dólar. Para 2025, a entidade estima um aumento entre 5% e 9%.

Segundo o presidente-executivo da ABFIAE, Sidnei Bergamaschi, muitos itens que compõem as listas escolares são importados, como mochilas e estojos.

“Os itens que compõem a cesta, a lista escolar, vários deles são itens importados. E aí, obviamente, quando você pega um ano que tem uma taxa de dólar mais alta, quando você pega um período como, por exemplo, pós-pandemia, que o frete marítimo internacional explodiu, o mundo se tornou cinco vezes mais caro do que ele custava, tudo isso acaba tendo algum impacto de custo e que vai terminar lá sempre para o consumidor”, diz Bergamaschi.

A ABFIAE defende programas públicos para aquisição de material escolar, como o chamado Programa Material Escolar, implementado no Distrito Federal e nos municípios de São Paulo e Foz do Iguaçu, por meio do qual o Poder Público oferece crédito a estudantes de escolas públicas para a aquisição do material.

“Isso tem permitido que alunos da rede pública possam acessar material diferente e possam também comprar somente aquilo que ele precisa e aquilo que às vezes ele não tinha acesso”, diz o presidente da entidade.

A ABFIAE defende ainda a redução de impostos cobrados para esses produtos. Segundo a entidade, em alguns itens, os tributos chegam a representar 50% do valor do produto. “Nós fizemos esse pleito na reforma tributária, que ele fosse enquadrado junto com alguns itens que foram reduzidos, porque hoje você tem, normalmente, na faixa de 40%, até mais de 40% de impostos nos itens da lista escolar. Então, isso tem um peso grande no valor final”, ressalta.

(Fonte: Agência Brasil)

O invisível sustenta o visível.

Qual o invisível que sustenta uma pessoa que nem você, em seu desiderato de servir, lutar, melhorar?

Neste fim de ano – tão metido e repetido em seu querer criar clima para extrair de nós pensamentos, promessas e ações relacionados a algo melhor –, quem sabe coubesse perguntar:

– Qual o invisível que visivelmente te sustenta e, sobretudo, te move?

Fé?

Ética?

Amor?

Capital?

Não podemos estar na Vida e na Terra apenas para comer, beber, dormir, trabalhar e fornicar – e, às vezes, fazendo tudo isso mal... (rs).

Para comer, beber, dormir e fornicar, Deus não precisava ter feito o Ser Humano; bastar-Lhe-ia parar a criação nos porcos, que com um charco de lama e um cocho de cuim já se dão por satisfeitos...

Deve haver um algo a mais, não sabido pela Ciência nem intuído pela Consciência, que justifique a perfeição do funcionamento de um corpo, o mister e mistério do cérebro, a beleza de todos os cálculos astronômicos e dos infinitesimais infinitos das contas microscópicas, subatômicas...

Quanto ainda nos falta conhecer!...

Qualquer que seja a resposta que tu tenhas, que ela seja do Bem, do Bom e do Belo.

Faz tu, de tua vida, uma boa História, daquelas que possam terminar em livro e que valham a pena ser contadas e, se possível, seguidas.

Seja livre.

Se possível, seja livro.

Pois uma coisa é você ter história. A outra, é a História ter você.

Irradie, espalhe positividade.

Já disseram: A vida é curta demais para ser miúda...

Some, multiplique e divida o Bem.

Lance-o em todo lugar. Quem sabe vingue, nasça, brote, floresça.

Lance o Bem, o Bom e o Belo. Em qualquer lugar. Não importa o lugar.

Pois não é responsabilidade da semente a fertilidade do solo.

Apenas semeie.

E seja feliz – lembrando que felicidade é autogeração.

Felicidade não se transmite.

É uma escolha

– não um vírus.

Bom 2025. (EDMILSON SANCHES)

*

* EDMILSON SANCHES

– O palestrante, Edmilson Sanches, foi convidado para sócio correspondente da Entidade capixaba

*

Quem diria que, nos séculos XIX e XX, dois filhos de Caxias, no Maranhão, iriam prestar relevantíssimos serviços a mais de 1.700 quilômetros de distância de sua terra natal, em Vitória, capital do Espírito Santo, no Sudeste brasileiro?

Um dos caxienses, que era médico, professor, historiador, pesquisador, tradutor, escritor, escreveu, a convite do governo capixaba, o primeiro grande livro da antiga província espírito-santense. O outro, advogado, economista, escritor, artista plástico, com estudos em Sociologia e Artes na Universidade de Sorbonne, em Paris, foi advogado, vereador, presidente da Câmara e prefeito da capital, Vitória, além de professor de Direito por mais de 30 anos, na Universidade Federal do Espírito Santo.

Foram esses dois nomes e homens, os escritores caxienses César Augusto Marques (século XIX) e Ferdinand Berredo de Menezes (século XX), foram eles e seus talentos, eles e seus trabalhos pelas causas capixabas, o destaque em grande evento, com a palestra que marcou a sessão de encerramento das atividades de 2024 do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES), em 11/12/2024, na sede da Entidade, em Vitória.

A convite do presidente do IHGES, o escritor, pesquisador e magistrado Getúlio Neves, o acadêmico e pesquisador caxiense Edmilson Sanches fez aplaudida palestra para parte do mundo intelectual da capital capixaba e convidados. Antes da palestra, Sanches fez a entrega de livros e fotografias de maranhenses, entre os quais a edição impressa mais recente da revista-livro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, a “Obra Reunida” do escritor maranhense Adailton Medeiros (Caxias, 1938 – Rio de Janeiro, 2010) e um conjunto de dez grandes fotografias preparado especialmente pelo fotógrafo e pesquisador David Sousa, membro da Academia Caxiense de Letras.

Aos aplausos ao final da palestra, seguiu-se uma série de cumprimentos e abraços pessoais, trocas de números de telefones para mais contatos e câmbio de informações, doação de livros com dedicatórias e autógrafos, declarações de pessoas que foram conhecidas e amigas de Berredo de Menezes ou que com ele haviam trabalhado, e o convite do presidente do Getúlio Neves para Sanches integrar o quadro do IHGES, como futuro sócio correspondente. Em mensagem para Edmilson Sanches, o presidente Getúlio Neves confirmou: “Bom dia, meu amigo. Obrigado por abrilhantar nosso evento [...]. A repercussão está sendo muito positiva. Enviarei por aqui o certificado pela realização da palestra.”

*

Sobre César Marques e a grande obra que escreveu, o “Dicionário Histórico, Geográfico e Estatístico do Espírito Santo”, de 1878), Sanches observou: “Sem querer fazer ‘blague’, o conhecimento do maranhense César Marques sobre o Estado espírito-santense só não foi completo porque não foi de ‘A’ a ‘Z’: terminou na letra ‘X’, de ‘Xapiranga’, um outro nome dado quem sabe ao Rio Santa Maria da Vitória, de 122 quilômetros, que nasce no município capixaba de Santa Maria de Jetibá.”

O maranhense Edmilson Sanches lembrou, antecipadamente, o primeiro meio milênio de vida do progressista Estado capixaba: “[...]  esta grande Unidade da Federação estará, daqui a dez anos, completando seus primeiros 500 anos de existência, considerada o batismo da terra com o nome de ‘Espírito Santo’, com a chegada, em 23 de maio de 1535, do donatário Vasco Fernandes Coutinho, um ano depois da concessão da área”. E recomendou: “Se o segredo do sucesso é planejamento, talento e trabalho, é cabível começar a pensar e preparar o futuro e receber o quingentésimo aniversário desta terra no melhor estilo, e com o maior orgulho”.

Edmilson Sanches lembrou as obras e a pessoa do caxiense César Marques, seus “trabalhos de grande esforço redacional e editorial que enriquecem a variada lavra do médico que assistia carentes e deles não lhes cobrava nada, nem o tempo nem os medicamentos. Dedicado à Medicina, como doutor, e à Educação, como professor, na sala de aula repassava as feridas da História, e, na sala de cirurgia, reparava a história de feridas”.

Ainda falando sobre César Marques, o palestrante de Caxias trouxe à memória o nome do poeta Gonçalves Dias, também caxiense. Disse Sanches aos capixabas: “O local onde nós caxienses acreditamos que tenha ele [César Marques] nascido é ao lado da Praça Gonçalves Dias, logradouro no centro da cidade, em homenagem ao grande poeta caxiense da ‘Canção do Exílio’ e iniciador da Literatura genuinamente brasileira em nosso país. Gonçalves Dias nasceu em 1823 e, três anos depois [1826], César Marques, que veio ao mundo quando a região da Praça Gonçalves Dias era chamada ‘Largo do Poço’. Dias e Marques são, portanto, contemporâneos no Tempo e no Espaço  – e assim, sem nada premeditado, anos depois, com a praça recebendo o nome de Gonçalves Dias, uniu-se na geografia urbana o que, anos antes, já estava unido na História. E o que nem de longe se atinaria como uma união, um vínculo, uma ligação, esta também ocorreu: os fios invisíveis do talento e da competência realizadora de César Marques chegaram até aqui, ao Espírito Santo, e chamaram a atenção do governante estadual / provincial da época, Domingos Monteiro Peixoto, e, ao final, resultou no portentoso ‘Dicionário Histórico, Geográfico e Estatístico’ de 1878. Uma vitória, considerando-se, até, que menos de oito anos antes César Marques saíra do estafante mister de entregar impresso ao seu Estado o seu próprio ‘Dicionário’ [‘Dicionário Histórico-geográfico da Província do Maranhão’], considerado desde então um marco na historiografia maranhense, nordestina e brasileira.”

Prendendo a atenção dos ouvintes, aos quais chamou de “meus novos Amigos brasileiros no Espírito Santo”, Edmilson Sanches trouxe um pouco sobre o mais capixaba dos caxienses, Berredo de Menezes. Ressaltou Sanches: “[...] nascido mais de um século depois de César Marques – ou exatamente 104 anos, na mesma cidade de Caxias –, Ferdinand Berredo de Menezes é um homem de agora há pouco. Faleceu em Vila Velha aos 86 anos, mas foi, como a maioria de nós ainda somos, uma pessoa de dois séculos (XX e XXI) e dois milênios.”

Continuando, Sanches lamentou a curta permanência, em vida, de Berredo de Menezes em Caxias: “De Berredo de Menezes nós seus conterrâneos temos muito a saber e não tanto a informar. Ante o nomadismo profissional do pai, que era juiz de Direito e também poeta, Berredo deve de ter saído ainda criança ou menino de Caxias e, inicialmente, foi para Coroatá, município maranhense cujo nome se registra com relativa frequência nos textos de vários dos livros da bibliografia berrediana.”

Edmilson Sanches prosseguiu: “Como já escrevi, ‘esse talentosíssimo maranhense de Caxias serviu e lutou. Fez por Vitória e fez pelo Espírito Santo o que não pôde fazer por sua própria terra natal. De todo modo, fez pelo Brasil.’  ‘Foi com o poder do Conhecimento que Berredo de Menezes chegou aqui em Vitória, partindo em uma viagem que se iniciou com seu nascimento a pelo menos 1.700 quilômetros de distância, no Nordeste do país’. ‘Esse homem jogava no futebol da vida nas onze posições:  advogado, economista, professor, político, administrador público, poeta, contista, pintor, militante partidário, conselheiro, pai de família’.

"Destaco apenas uma dessas múltiplas atividades, no âmbito do Ensino, como já disse: ‘Sendo um agente da Educação, sendo um professor, Berredo de Menezes sabia que só se transmite o saber se souber, mas só se ensina se animar, isto é, colocar ânimo, vida, alma naquilo que, em doses homeopáticas, é inoculado, a partir da mente, na alma dos alunos. Ensinar não é só uma ATIVIDADE DE DOCÊNCIA. Ensinar também é uma ATITUDE DE DECÊNCIA. Pois, se conteúdos de saber são importantes, modos de ser são indispensáveis...’”

Edmilson Sanches encerrou sua fala aos capixabas convidando para uma reflexão, adequada tanto em relação ao espírito de conhecimento, vontade e realizações dos seus dois conterrâneos históricos quanto apropriada para os repensares de fim de ano. Disse Sanches:

“O invisível sustenta o visível. Qual o invisível que sustentava pessoas que nem César Marques e Berredo de Menezes em seu desiderato de, longe de sua terra natal, servir, lutar, melhorar?

“Neste final de ano, tão metido e repetido em seu querer criar clima para extrair de nós pensamentos, promessas e ações relacionados a algo melhor, quem sabe coubesse perguntar: Qual o invisível que visivelmente te sustenta e, sobretudo, te move? Fé? Ética? Amor? Capital? Não podemos estar na Vida e na Terra apenas para comer, beber, dormir, trabalhar e fornicar – e às vezes fazendo tudo isso mal... (rs). Para comer, beber, dormir e fornicar, Deus não precisava ter feito o Ser Humano; bastar-Lhe-ia parar a criação nos porcos, que com um charco de lama e um cocho de cuim já se dão por satisfeitos... Deve haver um algo a mais, não sabido pela Ciência nem intuído pela Consciência, que justifique a perfeição do funcionamento de um corpo, o mister e mistério do cérebro, a beleza de todos os cálculos astronômicos e dos infinitesimais infinitos das contas microscópicas, subatômicas... Quanto ainda nos falta conhecer!...

“Qualquer que seja a resposta que tu tenhas, que ela seja do Bem, do Bom e do Belo. Faz tu, de tua vida, uma boa História, e que ela termine em livro e valha a pena ser contada e, se possível, seguida.

“Seja livre. Se possível, seja livro. Pois uma coisa é você ter história. A outra, é a História ter você.

“Irradie, espalhe positividade. Já disseram: A vida é curta demais para ser miúda...

“Some, multiplique e divida o Bem. Lance-o em todo lugar. Quem sabe vingue, nasça, brote, floresça.

“Lance o Bem, o Bom e o Belo. Em qualquer lugar. Não importa o lugar.

"Pois não é responsabilidade da semente a fertilidade do solo.

"Apenas semeie.” (EDMILSON SANCHES)

*

* EDMILSON SANCHES

Fotos:

Os caxienses César Marques e Berredo de Menezes e Edmilson Sanches na tribuna e na mesa diretora, no Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, em Vitória.

Pelos Correios chegou-me singelo documento – “Certificado de Reconhecimento” – emitido, assinado e enviado pelo representante do Unicef no Brasil, Sr. Youssouf Abdel-Jeijl. Ele está há quase 30 anos no Unicef e trabalhou  em países como Estados Unidos e, no Oriente Médio, Burundi, Gabão, Jordânia...

Mestre em Economia e Desenvolvimento pela Universidade de Cambridge (Reino Unido) e mestre em Administração Governamental pela Universidade da Pensilvânia (Estados Unidos), Youssouf Ould Abdel-Jeijl nasceu na República da Mauritânia (África), país de um outro mauritano que conheci, o Idoumou Abderrahmane, filho do à época vice-presidente daquela República e que estava no Brasil desenvolvendo conhecimentos e habilidades militares na Marinha do Brasil. (Idoumou é hoje bem-sucedido executivo de empresa de turismo que ele fundou na Mauritânia. Fui apresentado a ele por nosso amigo comum Junio Lima Dantas, um brasileiro que há décadas é um destacado empreendedor e inovador na área de Informática e Tecnologia, criador e CEO de empresas como ITAG Paraguay, ICON Technologies e Zadock Technology, além de diretor da Câmara de Comércio Paraguai-Brasil e líder do Comitê de Atração de Investimentos e Relações Internacionais do Club de Executivos do Paraguai).

Fluente em árabe, inglês, francês e espanhol e já com algum domínio do português, o Sr. Youssouf precisou de uma cartinha de menos de meia dúzia de parágrafos e 23 linhas para expressar “uma demonstração do nosso reconhecimento ao seu apoio e generosa contribuição”. A correspondência convida para “celebrar esse marco juntos!” e, com “satisfação”, comunica “que você [eu] vem ajudando a mudar algumas realidades muito difíceis no Brasil e no mundo”. Refere-se às “ações e projetos que garantem educação, saúde e proteção para meninos e meninas, e que chegam aos locais mais distantes” – no caso do Brasil, até agora, uns 80% dos municípios da Amazônia e do Semiárido e em mais 15 capitais.

Como sabe você, Unicef é a sigla inglesa para Fundo das Nações Unidas para a Infância, a agência da ONU (Organização das Nações Unidas), sediada em Nova York (Estados Unidos), que é responsável pelo fornecimento de recursos humanitários e de desenvolvimento que há 78 anos ajudam crianças e adolescentes em 192 países, praticamente o mundo todo.

Mas não apenas crianças e adolescentes – até porque, antes das meninas e dos meninos abandonados, desassistidos, sofridos, houve ou há famílias vítimas de semelhante abandono, desassistência, sofrimento..

Assim, ou por isso, o Unicef, em diversas atividades, também cuida de mães doentes, desnutridas – afinal, são elas, mães, as principais responsáveis pela condução das crianças rumo a um futuro no mínimo não indigno. Portanto, mãe saudável, alimentada, é sinônimo de filho mais bem cuidado.

No 11 de dezembro deste 2024 o Unicef completou 78 anos. Fundado em 1946, a agência caminha para, daqui a dois anos, completar 80 anos fazendo a melhor diferença para pessoas e, por via de consequência, para o mundo em que todos habitamos – mundo que, ainda e lamentavelmente, aguarda por uma maior partilha de muitos para uma melhor alimentação e saúde de crianças e mães em todo o planeta.

*

Essa inesperada distinção do Unicef trouxe-me à memória o que, também voluntariamente, eu vi no Ceará. Trabalhei e morei anos em Fortaleza. Eu autorizei que todo mês fosse descontada de meu pagamento uma contribuição para o Instituto de Prevenção à Desnutrição e Excepcionalidade (IPREDE), uma ONG cearense criada em 1986, na capital cearense.

Os recursos dos doadores do IPREDE eram utilizados para, à semelhança das atividades do Unicef, “a saúde e o desenvolvimento da criança e da mulher, bem como a assistência alimentar dentro e fora da nossa casa”.

Em meados da década de 1990, a modelo e apresentadora de TV Xuxa Meneghel esteve pelo menos duas ou três vezes em Fortaleza. Foram tiradas fotos dela com criança macérrima e, tempos depois, com essa mesma criança muito bem nutrida. Como afirma em poema Gonçalves Dias: “Meninos, eu vi!”

Uma das receitas ou um dos ingredientes milagrosos da época, que recuperou a saúde e deu corpo à anterior criança esquelética, teria sido o aproveitamento de cascas de ovos e de bananas, que integrariam um composto alimentício tido como “santo remédio”. Como o sabem os “mais velhos”, se cascas são camadas que envolvem e protegem vegetais e ovos e as sementes trazem grávidas em si a futura planta e seus frutos, disso deduz-se que cascas e sementes são fortes, resistentes, ricas nutricionalmente. Deste modo, por que não aproveitá-las e a essa sua força alimentar, utilizando-as nas devidas maneiras e com os devidos modos e cuidados que os especialistas recomendarem?

Da mesma forma, anos e anos depois, vi uma irmã missionária e médica italiana elaborar uma “mistura” dessas “coisas” que em geral jogamos fora, não aproveitamos na cozinha. Foi em Imperatriz, no Maranhão. Como a missionária e médica não teve, segundo contavam, revalidado seu diploma de Medicina, eu e alguns poucos nos cotizamos para mensalmente assumir o custo da mensalidade de curso superior de Farmácia e Bioquímica que a religiosa e médica italiana estava fazendo, para que, após formada, ela tivesse cobertura científica, técnica e, sobretudo, legal para continuar formulando os compostos alimentares e até assinar receitas, no limite da nova formação acadêmica.

A esse meu voluntarismo pessoal em diversos, mas, em especial, nesses três casos – Fortaleza, Imperatriz, Caxias –, somam-se meu inconformismo, minha perplexidade, a não aceitação dos gigantescos, obscenos, indesculpáveis números do desperdício de alimentos, no mundo e no Brasil.

Em nosso País, a ONU afirma que cada brasileiro joga fora, por ano, uma média de 41 kg de comida  – portanto, quando chega 31 de dezembro, o Brasil inteiro jogou no lixo injustificáveis 27 milhões de toneladas de alimentos, diz o portal G1, do Grupo Globo, em setembro deste 2024.

Citando dados do IBGE (Instituto Brasileiros de Geografia e Estatística, órgão do Governo Federal), o “site” Food Safety revelava, em julho de 2023, que o Brasil desperdiçava 46 milhões de toneladas de alimentos, o correspondente à terça parte (30%) de tudo o que se produzia no País. Em valor da época, esse desperdício somava todo ano estratosféricos R$ 61 bilhões e 300 milhões e nos colocava entre os dez países que mais joga comida fora. O “site” do Senado Federal, em setembro de 2024, também confirma esses números e valor.

Com essa criminosa imoralidade de os políticos bandidos e os bandidos políticos e Poderes instituídos estarem comendo o País por um lado, mais o desperdício arrombando as pessoas pelo outro, o que, ao final, vai sobrar?

Se as crianças são o futuro do País, quem vai alimentar – adequadamente – esse futuro?

Alguém aí está preocupado com o leite das crianças?

* EDMILSON SANCHES

– Boas Festas. Bom 2025

*

É bom completar um ano, uma missão.

Estar em Paz e com Saúde.

É bom estar e sentir-se bem.

BBB – Ser BOM. Fazer o BEM. Contemplar o BELO.

Dever a bancos, mas não dever à consciência.

Ser movido a desafio, e não a dinheiro.

Estar na sede do poder, mas não ter sede dele.

Não prejudicar, se não puder ajudar.

Não roubar. Não chantagear. Não iludir.

Abraçar, não apunhalar.

Estender as mãos para auxiliar, não para extorquir.

Elevar, ao invés de fazer cair.

Não buscar fora, no mundo, o que só se acha dentro do próprio ser.

Sobreviver após a vida e, ao ser lembrado, sê-lo com a lágrima, não com o cuspe. Com reconhecimento, não com desmerecimento.

Ser lembrado com saudade. Uma saudade que até possa ser brindada com um sorriso que imortaliza, não com o só riso que ironiza. Uma saudade que diga que valeu a pena a nossa existência.

Assumir, doce e espontaneamente, a ingenuidade. E não se conformar com a esperteza, a malícia, a corrupção, a violência, o desrespeito, que só escavam para si côvados de cova.

Que bom enfrentar as dificuldades – e que ótimo não criá-las para os outros.

Ser bom. Se possível, ser com.

Ser humilde, mas não humilhado. Ousado, não usado.

Incomodar-se, mas não se acomodar.

Ser um ser de esperança; portanto, um ser de inquietudes e angústias sadias.

Ser fúria e ser forte ante a violência menor; mas ser manso e criança ante o Mistério Maior.

Silenciar, quando recomendável; mas gritar, bramir, bradar, rugir, quando indispensável.

Reconhecer-se feito à imagem e à semelhança de Quem o fez, embora sem a perfeição do Bem/Feitor.

Ter consciência de que é filho de Deus, não o próprio Deus.

Lembra-te, ó, ser humano: Tu não te tornarás pó  --  tu ÉS pó.

És barro, és berro, tens birra, és borra – mas não burro...

És pá

És pé.

És pó.

A terra que violentas é tua mãe. O solo que pisas é teu irmão. Tu és homem. Tu és húmus.

Entretanto, o essencial de ti não veio com o barro. Veio com o toque cálido dos lábios soprando o sopro úmido e vívido de Deus.

Tu és a tua alma. E ela é só o que tu tens – para, espera-se, devolvê-la, ao final de tudo, a Deus.

Adeus.

* EDMILSON SANCHES

Ipojuca (PE), 26/10/2023 - A bióloga Janaína Bumbeer, doutora em Ecologia e Conservação Marinha, visita recifes de corais em jangada na praia de Porto de Galinhas. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Portaria do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) publicada nesta segunda-feira (30) no Diário Oficial da União define o cronograma de feriados nacionais e de pontos facultativos do ano de 2025.

Em nota, a pasta informou que as datas deverão ser cumpridas nos órgãos e entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, sem comprometimento de atividades públicas consideradas serviços essenciais à população.

A portaria estabelece ainda que feriados em comemoração à data magna de Estados, fixadas em lei estadual, e os dias de início e término de ano de centenário de fundação de municípios, declarados em lei municipal, serão observados por repartições da administração pública federal direta, autárquica e fundacional nas respectivas localidades.

“Dias de guarda dos credos e religiões não relacionados na portaria poderão ser compensados desde que previamente autorizados pelo responsável pela unidade administrativa de exercício do servidor”, destacou o ministério no comunicado.

“Não será permitido aos órgãos e entidades integrantes do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal antecipar ponto facultativo em discordância com o que dispõe a portaria. Também está vedado adotar ponto facultativo estabelecido pela legislação estadual, municipal ou distrital, ressalvados os feriados em comemoração à data magna do estado.”

Veja a lista com os 18 feriados nacionais e pontos facultativos de 2025:

- 1º de janeiro (quarta-feira) -  Confraternização Universal (feriado nacional);

- 3 de março (segunda-feira) - Carnaval (ponto facultativo);

- 4 de março (terça-feira) - Carnaval (ponto facultativo);

- 5 de março - Quarta-Feira de Cinzas (ponto facultativo até as 14h);

- 18 de abril (sexta-feira) - Paixão de Cristo (feriado nacional);

- 21 de abril (segunda-feira) - Tiradentes (feriado nacional);

- 1º de maio (quinta-feira) - Dia Mundial do Trabalho (feriado nacional);

- 19 de junho (quinta-feira) - Corpus Christi (ponto facultativo);

- 20 de junho (sexta-feira) - ponto facultativo;

- 7 de setembro (domingo) - Independência do Brasil (feriado nacional);

- 12 de outubro (domingo) - Nossa Senhora Aparecida (feriado nacional);

- 28 de outubro (terça-feira) - Dia do Servidor Público Federal (ponto facultativo), a ser comemorado dia 27;

- 2 de novembro (domingo) - Finados (feriado nacional);

- 15 de novembro (sábado) - Proclamação da República (feriado nacional);

- 20 de novembro (quinta-feira) - Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra (feriado nacional);

- 24 de dezembro (quarta-feira), - véspera de Natal (ponto facultativo após as 13h);

- 25 de dezembro (quinta-feira) - Natal (feriado nacional);

- 31 de dezembro (quarta-feira) - Véspera de ano novo (ponto facultativo após as 13h).

(Fonte: Agência Brasil)

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O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) autorizou, na última quinta-feira (26), a nomeação de 160 novos servidores aprovados em concurso realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Os 82 pesquisadores e 78 tecnologistas serão distribuídos entre diferentes unidades de pesquisa do ministério. A autorização foi publicada no Diário Oficial da União da última sexta-feira (27), por meio da Portaria nº 9.727.

Em nota, a pasta explicou que as contratações estão condicionadas à existência de vagas na data da nomeação e à declaração de adequação orçamentária e financeira por parte do ordenador de despesas. Caberá ao MCTI verificar as condições e publicar as normas necessárias para a nomeação.

(Fonte: Agência Brasil)

– A Imperatriz Teresa Cristina morreu no dia 28/12, em 1889

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Há muito venho resistindo a considerar a alternativa de origem do nome da capital do estado do Piauí como sendo um “cruzamento” das cinco primeiras letras de “Teresa” e as três últimas de “Cristina” – uma homenagem a Teresa Cristina de Bourbon, esposa de Dom Pedro 2º e terceira imperatriz do Brasil, que morreu em 28 de dezembro de 1889, em Porto, Portugal.

Mas Teresa Cristina havia nascido, a 14 de março de 1822, em Nápoles, hoje a terceira maior cidade italiana. Naquela terceira década dos anos 1800, Nápoles integrava o Reino das Duas Sicílias, que durou até março de 1861, quando fez parte da unificação dos vários reinos em um só, o Reino da Itália. O nome completo da inteligente, humana e dedicada imperatriz, chamada “Mãe dos Brasileiros”, é: Teresa Cristina Maria Josefa Gaspar Baltasar Melchior Januária Rosalía Lúcia Francisca de Assis Isabel Francisca de Pádua Donata Bonosa Andréia de Avelino Rita Liutgarda Gertrude Venância Tadea Spiridione Roca Matilde de Bourbon-Duas Sicílias. Não estranhe; nomes nobiliárquicos eram/são assim, desse jeitinho, para “mostrar” que os nobres eram “especiais” e para incluir nomes das famílias/casas reais de que provinham e, pela proximidade dos nobres com a Igreja Católica, para destacar nomes de santos e anjos.

Quanto ao nome “Teresina” ser uma composição de sílabas, hoje talvez construções assim não se estranhassem. Vejam-se assemelhados exemplos (deles nem sempre exemplares...) como os nomes de Paragominas (de “Pará”, “Goiás” e “Minas Gerais”), Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), Piocerá (Piauí e Ceará) e Piocerão (Piauí, Ceará e Maranhão).

Na Internet, encontram-se diversos “sites” que registram, epidermicamente, a etimologia de “Teresina” ora como a junção de “Teresa” + “Cristina”, ora considerando apenas o primeiro prenome da imperatriz, “Teresa”, em sua forma diminutiva em italiano, a língua natal da nobre senhora.

À falta, por enquanto, de informação mais aprofundada, fiz a opção que afirma ser o politônimo “Teresina” uma forma diminutiva do primeiro nome de Sua Majestade Teresa Cristina, que, ao que se registra aqui e acolá, teria intercedido junto a seu marido o Imperador para que, como teria ocorrido com o município de Imperatriz, também a capital do Piauí tivesse “sacramentada” sua criação ou instalação. Lembre-se que tanto Imperatriz, no Maranhão, quanto a piauiense Teresina foram oficialmente fundadas quase ao mesmo tempo – Imperatriz em julho e Teresina em agosto de 1852.

Assim, e não é o caso, está patente que os nomes de Imperatriz (MA) e Teresina (PI)  vêm, o primeiro, do título majestático de Teresa Cristina, e, o segundo, do primeiro prenome (antropônimo) “Teresa”.

E por que, salvo melhor juízo e até prova em contrário, opto por acreditar (e, como não tenho compromisso com o erro, estou pronto a admitir a alternativa, desde que fundamentada, convincente), repito, por que opto por acreditar que o nome da capital piauiense, “Teresina”, é o diminutivo italiano de Teresa e não a construção com elementos silábicos e semissilábicos dos prenomes “Teresa” e “Cristina”?

Ocorre que, para a época, o “nível” era outro; o “pessoal” (da elite) era mais clássico, senão “classudo”, mais conservador, mais refinado, essas coisas imperiais (e imperiosas)...

Não dá para se imaginar – embora imaginação possa tudo – o à época jovem Conselheiro Saraiva (27 anos), como presidente da Província do Piauí, elaborando um nome assim. Advogado, futuro primeiro-ministro, vejo-o, com possível futuro assentimento da Imperatriz, lembrando-se (ou se informando sobre isso) de que, na língua italiana, o sufixo feminino “-ina” traz, entre outros usos, o carinhoso artifício de, posposto a um antropônimo, este novo termo  passar a significar “filho/filha de”.

Ora, é uma adequada / conveniente forma de agradecer e homenagear uma autoridade pela decisiva “participação” na criação e existência de uma cidade, logo uma capital – como ocorreria depois com Teresópolis (que é “cidade de Teresa” pelos dois elementos gregos do nome) e com a catarinense “Santo Amaro da Imperatriz”, onde a preposição “de”, como elemento de ligação entre dois substantivos (o hierônimo “Santo Amaro” e o título nobiliárquico “Imperatriz”), confere sentido de posse ou participação.

Originado do latim “-inus”, o sufixo feminino “-ina”, como explica Ciro Mioranza (in “Dicionário de Nomes Latinos” (vol. 1, 1997), é usado para formação de adjetivo (“divino”, “caprino”), designativo de habitante (“florentino”, “feltrino”), profissão (“postino” / carteiro; “arrotino” / amolador, afiador). Também, para comunicar que é pai/mãe de uma criança, o genitor ou a genitora dá à criança seu nome, acrescido do sufixo que demarca a ascendência ou descendência, por exemplo: “Paulino” ou “Paulina” é filho de Paulo ou Paula.

Assim, acho que esse quase latinório aí de riba parece ser a justificativa mais adequada e até mais convincente para o arguto, destemido e reconhecido administrador José Antônio Saraiva (baiano nascido em Santo Amaro, em 1º de maio de 1823, e falecido em Salvador, em 21 de julho de 1895). Seria mais conveniente dizer à Sua Majestade a Imperatriz que, com toda humildade ante a grandeza imperial, Teresina era a mais nova filha da Imperatriz...

Vale lembrar que a Imperatriz Teresa Cristina, sobretudo em seus diários, escrevia mais em italiano. Em seu livro “Teresa Cristina de Bourbon: Uma imperatriz Napolitana nos Trópicos – 1843/1889” (Rio de Janeiro, 2014), Aniello Angelo Avella escreve: “Do ponto de vista linguístico, o uso do italiano nos diários permanece dominante até os últimos anos de sua vida [da Imperatriz Teresa Cristina], ainda que alternando com o francês e o português [...]” (p. 94). Adiante, Avella sublinha: “[...] Teresa Cristina deixou na cultura de sua nova pátria [Brasil] um inconfundível e decisivo marco de italianidade” (p. 102).

Essas citações, embora “en passant”, levam circunstancialmente a acreditar em uma “solução” mais “italiana”, mais linguística que artificial, em relação à origem do nome “Teresina”. “Petrópolis” e “Teresópolis” são cidades com o nome do casal – mas Teresina, a valer a formação linguística e toponímica, é filha de Teresa. E ser filha, é outro papo... Uma honra, até mesmo para uma Majestade...

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Em relação à cidade de Teresina, comete-se o equívoco de definir que o epíteto "Cidade Verde", que para ela atribuiu o escritor caxiense Coelho Netto, seria motivado pela arborização da capital. Não. Nessa expressão o adjetivo "verde" faz referência ao tempo de existência da cidade: Teresina era uma cidade ainda jovem à época em que o grande polígrafo maranhense assim a chamou.

* EDMILSON SANCHES

Fotos:

Teresina à noite (ponte sobre o Rio Poty, por onde a cidade começou) e a Imperatriz Teresa Cristina.

O Caminho de Santiago como nunca antes visto e escrito. A partir da França, aos pés dos Pireneus, a rota mais desafiadora, os encontros mais improváveis.

Um homem e suas dúvidas. As aflições. Os momentos em que realidade e sobrenatural se confundem. Reflexões e lições. Amor, dor e esperança no diálogo com outros peregrinos. No fim da terra, o fim das angústias e o melhor encontro: consigo mesmo.

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Este livro vai revelar a você dois caminhos: um que leva a Santiago de Compostela; o outro, que conduz ao coração de um homem.

Todo ser humano que sai à procura de alguma coisa já a carrega dentro de si. Por isso que uma busca não é uma busca -- é uma revelação. Como aconteceu a Cristo, que muito pregou – mas só após a cruz fez a ascensão. Ou com Buda, que tanto caminhou – mas sentado é que chegou à iluminação.

A imagem da busca é a de alguém que segue um caminho. A realidade da busca é a de um caminho que prossegue em alguém.

Mas os caminhos – de chão, de pedra..., existentes ou a se criarem – são necessários. Pois o que eles são, feitos em terra, e como eles estão, delineados em nossa mente, contribuem fortemente para sensibilizar, energizar e motivar o ser para a jornada.

Os bons caminhos raramente são fáceis. No percurso deles há sempre obstáculos – geralmente muitos, frequentemente grandes. O das Índias, tinha o Atlântico. O de Ícaro, o Sol. O de Drummond, a pedra.

O caminho de Vieira – o Luiz, professor, não o Antônio, padre – tinha tudo isso e muito mais. Para Luiz Vieira, autor deste “O Caminho das Estrelas”, o problema não era o oceano (que ele venceu de avião), nem o sol (que chapéu e protetor anteparavam) ou a multidão de pedras (de que se desviava). O problema eram os “outros” problemas: o desconhecido, a inexperiência, o(s) idioma(s), os costumes e até o antinatural, quando não o sobrenatural... Sem falar nas ansiedades, nas angústias, nas inquietações, no autoquestionamento (tipo “O que é que eu estou fazendo aqui?”). E o que dizer dos sonhos e pesadelos e das estranhas situações ou sensações de irrealidades e pararrealidades, quando não se sabe se se está desperto ou se se delira, quando não se sabe se pessoas e animais, ambientes e cenários são coisas reais dentro de um sonho ou se são fantasias e fantasmas dentro de uma realidade...

“Nenhum homem é feliz sem um delírio de algum tipo. Os delírios são tão necessários para a nossa felicidade quanto a realidade”, reconhecia Christian Nestell Bovee, escritor americano. Não creio que Luiz Vieira delirava quando, após ler um livro sobre o Caminho de Santiago, prometeu-se a si mesmo percorrê-lo – e, agora, muda da condição de leitor para a de autor de uma obra compostelana.

Vieira – ele mesmo escreve – queria aventura. Outros fazem o Caminho pela História, pela Cultura, pela Mística, razões bem mais humanistas do que as humanas esperanças e o pagamento de promessas ligadas a dinheiro e poder, saúde e prazer; e bem mais pias que as caridosas – e caras – indulgências com que, desde o século III “et multa saecula”, pecadores ganhavam oportunidade de reparar os males advindos de seus pecados para, lá adiante, limpar a própria alma e ganhar um terrenozinho no bem loteado Céu daqueles idos...

Se era aventura o que inicialmente desejava Luiz Vieira, ele recebeu muito mais. Parte desses ganhos ele guarda consigo; outra parte, e não é pouco, ele a divide aqui com os leitores. Divide sua ansiedade inicial, feliz, e os iniciais “tropeços” de primeira viagem, porém firme no propósito, empedernido igual a “burro xucro”.

O livro conduz o leitor a vivenciar o Caminho a partir do frio de zero grau nas montanhas franco-espanholas; a caminhar toda Zubire, uma cidade de só duas ruas; a ver/ouvir o burburinho da trimilenária Pamplona.

Mais adiante, ficamos sabendo da pessoa do autor e da pessoa de outras pessoas. Do autor, seus sonhos e sofrimentos; de outros, saberemos de “Seu” Franco e sua sabedoria franca, seu sorriso franco. Saberemos de “Seu” Paulo, fadiga e fome, pão e palavras.

À medida que caminha, Luiz Vieira nos encaminha, empresta-nos seus olhos, entreabre a mente, apresenta-nos de mais de perto quem ele viu, conheceu, conversou pelo Caminho: por exemplo, nos deixa saber, em Torres del Rio, de uma bruxa no quarto; da dor e redenção nas histórias de Maria, 80 anos; de uma neoamiga neozelandesa.

Em Azofra, apresenta-nos melancolia, desânimo... e Papai Noel. Mostra-nos os pés muito feridos e relata uma cura inesperada. O encontro com um espanhol bom de prosa. A catedral de Burgos, onde Luiz concorda com a beleza da igreja mas, cabreiro, discorda do “pay to pray” (pagar para rezar).

À medida que caminha, o autor mais no encaminha. Quando seus olhos perscrutam o Caminho, eles nos dizem de natureza e vastidão, beleza e solidão. Quando passa por lugares e se assenta em restaurantes e bares, quando faz pouso em beliche coletivo ou repouso em cama individual, quando se abanca em bancos de praças e ruas... de tudo isso dá conta o olhar vieirano.

Mas o radar humano do autor gosta mesmo é de emitir ondas emocionais, permeáveis às cargas de energia e sensibilidade emanadas de gente. É como se Luiz Vieira fizesse coro com Públio Terêncio Afro, poeta e dramaturgo da Roma de 22 séculos atrás: “Sou humano, e nada do que é humano me é estranho...”

E é nas histórias humanas que o autor vai (se) desentranhando e “desestranhando”. Luiz Vieira se junta a outro ser para com ele sentir e para dele saber. E para nos contar colorida e doloridamente da história de Lorenzo, em León, onde o autor vivenciou a mendicância e por horas, entre uma esmola e outra, ouviu relatos de uma vítima de crises econômicas além-Atlântico, crises que teimam em tornar coletivas as dores que são vividas individualmente, cotidianamente.

Outros relatos levam a experiências com personagens misteriosos (que nem a enigmática Ana, com seus exercícios e lições) e até o que não é “persona”, como o estranho cão no caminho de Palas de Rei.

Particularmente sensível à beleza, Luiz Vieira se deixa levar e enlevar pelo que lhe entra pelas vistas como imagens e lhe sai pelos dedos em palavras: a simplicidade do quarto e catre onde ele dormiu e onde o santo de Assis pode ter estado; o castelo de Gaudí, de 120 anos; a tradição do ritual da queimada; e o alumbramento com a “imponência” da catedral de Santiago de Compostela, onde abraços se deram e lágrimas se derramaram ao som de hinos e cheiro de incenso.

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Este livro nos leva, literalmente, ao fim do mundo – como o acreditavam os viventes do século XV, tanto que deram o nome de Finisterra (“fim da terra”) a um lugar para além de Compostela. O autor foi até lá, e nos levou a esse fim – que ele não é de deixar nada pelo meio do caminho...

Há muito se sabe que nem todo caminho leva a Roma. Diversos levam a Jerusalém e alguns poucos verdadeiramente levam à maior das distâncias e ao mais desconhecido dos destinos: o interior de si mesmo.

A partir de um caminho exterior, Luiz Vieira fez sua jornada mais íntima. E chegou à Galícia, a Compostela, por uma das rotas mais desafiadoras, oitocentos quilômetros a pé, começando na França, nas faldas da cordilheira dos gelados Pireneus.

Não são muitos os caminhos que levam a Santiago de Compostela.

O mais novo deles é este livro.

Mais novo – e melhor.

Deixe-se levar...

* EDMILSON SANCHES

(*) Prefácio de Edmilson Sanches ao livro “O CAMINHO DAS ESTRELAS - Mistérios, Aventuras e Aprendizados no Caminho de Santiago de Compostela”, de Luiz Vieira, professor de Filosofia, ex-secretário de Educação de Parauapebas - PA, também autor de “O Escorpião e a Borboleta”. O livro “O Caminho das Estrelas” foi publicado pela Editora Viseu, do estado do Paraná.

Foto:

O autor, Luiz Vieira, e sua obra