A Companhia das Letras, editora que tem a historiadora Lilian Schwarcz como publisher, está interessada em publicar o romance Vencidos e Degenerados, do maranhense Nascimento Moraes.
A última edição da obra data do ano 2000, com selo do Centro Cultural Nascimento Moraes. O centro funcionou durante breve período, no prédio do antigo Centro Caixeiral, que, futuramente, vai sediar um curso de graduação da Universidade Estadual do Maranhão (Uema).
Nascimento Moraes (1882-1958), filho de um pobre e analfabeto sapateiro, foi uma figura efetiva e preponderante na vida literária e política do Maranhão durante cinco décadas. Projetou-se como um dos homens mais importantes do século XX no Maranhão. “Preto pobre, humilde e sem proteção, abriu caminho a golpes de talento e pela sua bravura moral”, reconheceu o deputado federal Neiva Moreira.
O romance foi publicado, pela primeira vez, em 1915. É uma crônica da vida em São Luís, em fins do século XIX e começo do século XX. O ambiente social é subsequente ao mostrado por Aluísio Azevedo em O Mulato, porém com as mesmas mazelas dos preconceitos raciais intensos.
A ação começa em 13 de maio de 1898, retratando a atmosfera da cidade em plena abolição da escravatura que incitava os jovens progressistas. Mas, o que se sucede são frustrações, desilusões perpetradas após a proclamação da República.
A sociedade conservadora, medíocre, impregnada de ideias racistas, decadente que vive da lembrança da época que era a terceira metrópole do Brasil vem à tona na descrição de Nascimento Moraes.
Jornalista, professor, crítico literário, poeta, cronista, romancista, conhecedor profundo da lingua mater, Nascimento Moraes usou mais de uma dezena de pseudônimos na profícua existência.
“Por não haver contudo se ausentado da província onde nasceu, não teve ele a ventura de se achar no lugar que lhe é devido na história do jornalismo brasileiro”, escreveu Nauro Machado na orelha de Vencidos e Degenerados.
(Fonte: Blog do Bóis)