“Com quantos gigabytes se faz uma jangada. Um barco que veleje. Que veleje nesse informar”. Os versos de Gilberto Gil, no ano de 1996, tratavam da admiração e estupefação do poeta diante de uma das grandes novidades do século XX. Graças à “internet” que, mesmo em isolamento social durante a pandemia, todos aqueles que têm acesso podem, em 2020, navegar, trabalhar, estudar, olhar, viver o mundo sem sair de casa.
Neste domingo (17), é celebrado o Dia Mundial da Sociedade da Informação, conhecido como Dia da Internet, há cinco anos, graças a uma deliberação da Organização das Nações Unidas (ONU) para recordar a importância do compartilhamento de ideias e informações como ferramenta em prol da democracia e cidadania. Uma forma de sensibilizar e fazer gestões para diminuir a exclusão digital. Celebrar o 17 de maio tem origem em 1865 (há 155 anos) com o Dia Internacional das Telecomunicações, quando 20 países reconheceram o crescimento da importância do telégrafo para o mundo.
Desperta o melhor
Aquele planeta em que tudo era distante se transformou. Sabemos em instantes o que acontece na Ásia, como se acontecesse na esquina de casa. Os cientistas que lutam contra a pandemia em 2020 veem-se em uma aldeia global e que podem compartilhar saberes aceleradamente. Nesse momento, atendimentos (inclusive os médicos) são feitos de forma virtual também. Um exemplo recente de publicação foi tratado no programa jornalístico diário da TV Brasil, o “Repórter Brasil”, sobre a Missão Covid, em que profissionais atendem voluntariamente 24 horas por dia.
Hora de (re)aprender
Nesses dias de quarentena, a “internet”, além de possibilitar o trabalho a distância, tem garantido que as pessoas continuem estudando. Para especialistas entrevistados pelo Portal EBC, o ensino neste formato virtual é um desafio para professores e alunos. Trata-se de uma reinvenção. Segundo brasileiros estudiosos da educação, a escola não será mais a mesma também depois da pandemia. Além do temor que o momento de crise propicia, eles veem que o distanciamento social pode provocar revisões sobre o que significa aprender.
Leia, abaixo, à entrevista da professora Alice Esteves e, na sequência, explicação do professor Cristiano Muniz de que as rupturas e possibilidades digitais transformarão ainda mais a educação.
Para redobrar os cuidados
Ao mesmo tempo em que a “internet” proporciona infinitas possibilidades, a EBC, em diferentes conteúdos trouxe debates sobre a importância de uma legislação para proteger os dados de cada usuário. Para entender mais desse assunto, o programa “Caminhos da Reportagem” produziu, no ano passado, uma discussão aprofundada sobre segurança e privacidade.
Desperta a vaidade e o desconhecido
Ainda dentro desse tema, o mesmo programa discutiu os perigos envolvidos nessas relações estabelecidas na “internet”, particularmente por uma geração fascinada por “likes”. A reboque dessa aceitação, as pessoas acabam sendo vítimas de desafios perigosos à integridade física, “cyberbullying” e superexposição. Pesquisadores, psicólogos, crianças e adolescentes discorrem sobre esse assunto em outro programa “Caminhos da Reportagem”.
A psicóloga Fabiana Vasconcelos orienta: “mudanças no comportamento, na forma de usar suas roupas, se ele começa a aparecer todo coberto, algo pode estar sendo escondido. Se você percebe que existe uma alteração física, comportamental, emocional no seu filho, algo tem que ser conversado. E as brincadeiras perigosas têm que fazer parte dessa lista."
O procurador Carlos Bruno Ferreira, entrevistado na ocasião, apontou que o ambiente da “internet”, por permitir mais manifestações de ponto de vista e garantir um cenário de expressão maior, permitiu que certos comportamentos e opiniões que estavam um pouco escondidas na sociedade fossem expostas nesse ambiente.
Território com lei
A “internet” não é para ser uma “terra sem lei”. Há seis anos, quando a lei foi assinada e, depois, em 2016, quando foi regulamentada, o Brasil dispõe de arcabouço para tratar do tema, ainda que não exista consensos legais em relação a alguns itens. Mas a garantia das liberdades civis é ponto alto da legislação.
Veja mais informações sobre a lei:
• Conheça detalhes do decreto que regulamenta o Marco Civil da Internet
• Conheça ponto a ponto o Marco Civil da Internet
Desafio de acesso
A inclusão digital da população brasileira ainda é um desafio no país, conforme aponta reportagem da Radioagência Nacional. Em 2018, de acordo com o IBGE, 74,7% das pessoas já acessavam a “internet”, um avanço considerável com relação aos quase 70% alcançados em 2017.
Mas isso também significa que quase 25% da nossa população ainda não utilizava a rede, tão essencial para obter informações e realizar, de forma facilitada, vários serviços, tanto nas áreas urbanas como nas áreas rurais.
“Internet” em tudo
Pouco antes da quarentena por causa da pandemia, o governo federal havia lançado a Câmara Saúde 4.0, instância dedicada a propor formas de promover a digitalização da saúde no país. Entre as intenções do Executivo, estava a integração de dados dos cidadãos que utilizam esses serviços, não somente no Sistema Único de Saúde (SUS), como na iniciativa privada. A iniciativa faz parte do Plano Nacional de Internet das Coisas (IdC). O termo é empregado para designar o ecossistema de dispositivos conectados que se comunicam, não apenas computadores e “smartphones”, mas também sensores e eletrodomésticos inteligentes e até veículos. Grupos semelhantes já foram criados para as áreas de agricultura, indústria e cidades. Assista à reportagem da Agência Brasil.
A hiperconexão é ferramenta de desenvolvimento e pode ser importante para recuperação econômica, conforme avaliação de especialistas. A digitalização de indústrias e serviços, por exemplo, pode ter um grande impacto em diversos setores da economia em todo o mundo. Segundo estudo da empresa de dispositivos móveis Ericsson, até 2030, essas tecnologias podem aportar até US$ 3,8 trilhões (R$ 15,86 trilhões) à economia global. Leia reportagem da Agência Brasil publicada em novembro do ano passado.
“Internet” em nada
Enquanto tem tanta gente que busca estar concentrado, há quem priorize viver mais o “off-line”. É possível? O programa “Caminhos da Reportagem” trouxe em programa especial pesquisa e histórias de quem é chamado até de ermitão. Os desconectados explicam que não é bem assim.
(Fonte: Agência Brasil)