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IMPERARIZ: REVOLUÇÃO E EVOLUÇÃO, LIDERANÇA E SONHO*

– Quantos neste município vivem ou viveram a mentira de se acharem gestores públicos?

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Há décadas, cidades brasileiras planejavam-se para o ano 2020. Em Imperatriz, não se planejou nem para o dia seguinte.

Quando arquitetos, urbanistas, engenheiros, juristas, estatísticos, professores, outros profissionais e o imenso capital intelectual e de vontade da população de Imperatriz serão convidados para juntos pensarem e fazerem, hoje, a cidade de que queremos ser agentes e usuários no futuro?

Em Imperatriz, planejar é "frescura de intelectuais", como dizem alguns que vivem ou viveram a mentira de se acharem gestores públicos.

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SEMENTES

De 1995 para cá ("Revolução de Janeiro"), o tecido social que se havia cerzido sob o signo do descaso administrativo na Prefeitura de Imperatriz foi-se descosendo, esgarçando. Mas o fio (condutor) continua existindo e pode/deve voltar ao buraco da agulha, para nova costura comunitária e institucional.

Nesse novo cerzimento, unem-se os pontos da cidadania, da ética, da transparência, da competência nos Poderes Públicos e em tudo o que diga respeito à vida coletiva, ao bem comum, à construção cooperativa da felicidade em sociedade.

Os frutos de uma revolução não podem ser comidos assim inteiramente. Preservem-se as sementes e deixe-se-lhes vingar, viçar, formar-se árvore, aprofundarem-se as raízes, estenderem-se os galhos, formar-se a copa sob a qual se abriguem os ideais.

EVOLUÇÃO

Fazer uma revolução até pode não ser fácil. Mas a evolução, esta, sim, sabe-se ser difícil – e nisto o mérito, pois o que é fácil migra para o conveniente, o cômodo, quando não o displicente. E comunidades cômodas ou acomodadas não fazem – nem aceitam – mudança.

Pessoas contentes, satisfeitas, não se tornam revolucionárias.

Revolução e evolução exigem gente descontente, seres insatisfeitos, inquietos, incomodados.

Revolução e evolução têm de ter pessoas que percebem o que outros não percebem, veem o que outros não veem, sentem o que outros não sentem, falem o que outros não falam e façam o que outros não fazem.

E, sobretudo, pessoas que querem mudanças têm de pagar o preço que revolução e evolução cobram. E, também, têm de conformar-se por nem sempre serem elas as destinatárias finais do prêmio que sua coragem e senso do dever ajudaram a conquistar.

Imperatriz espera, senão uma nova revolução, no mínimo a evolução.

Aperfeiçoamento é um nunca acabar.

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 (2)

LIDERANÇA

Além de sua realidade, Imperatriz tem outras realidades com que se (pre)ocupar. As cidades que se movem na sua órbita estão aos poucos escapando da área de atração gravitacional imperatrizense. Estão deixando de ser satélites e passando à condição de planetas. Estão ficando independentes, ou, no mínimo, menos dependentes.

Imperatriz tem de buscar autossustentação na diferenciação, pois todo município pode vir a ter armazéns de secos e molhados, faculdades, rede hospitalar...

Em que podemos ser melhores, maiores?

Que tipo de liderança exercerá esta cidade?

Sobre que base econômica se erguerá?

Sob que matriz cultural se abrigará?

Repito o que tenho falado e escrito: talvez seja hora de rever esse conceito de liderança regional. Imperatriz não parece ser uma cidade-líder, mas uma cidade-referência. Tem a maior população, é uma sociedade urbana (mais de 95% de seus habitantes vivem na cidade) e detém a maior, melhor e mais diversificada infraestrutura de serviços. Mas isso a torna mais uma fornecedora de produtos e serviços, não necessariamente uma liderança regional.

LIDERANÇA (2)

 Líder não é o que tem coisas; é o que tem causas.

Não é o que modifica a realidade; é o que faz nascer um sonho.

Líder não é o que procura seguidores, mas o que causa inspiração.

Não é o que é ouvido, mas aquele a quem se pede que fale.

Não é aquele que “dá conta do recado”, mas o que tem um recado a dar.

Líder não é o que manda, mas o que co-manda (manda com).

Líder não é o que pede respeito; é o que tem respeito a oferecer.

Tampouco é o que impõe temor, mas o que põe amor (amor-conhecimento, amor-consciência, amor-compreensão, amor-união, amor-trabalho, amor-ação, amor-inovação, amor-transformação).

Liderança não é ser autoritário – é ter autoridade.

Não é o que tem um cargo administrativo dado, mas o que tem uma carga positiva emanada.

Ao líder não basta estar entre as pessoas; é preciso permanecer na consciência delas. Porque o que se precisa guiar são as mentes, não apenas os corpos. O tropeiro que vai à frente da caravana de burros não é um líder.

Desse modo, onde se reconhece liderança: no pregador que fala, escuta e orienta, ou no dono do armazém, que compra, vende e passa troco?

Assim é Imperatriz: não é uma cidade com voz amplificada; é um armazém de produtos e serviços abastecido.

Raros vêm aqui pelo que a cidade é; vêm pelo que a cidade tem.

Tanto que, da década de 1960 para trás, quando aqui pouco havia, poucos queriam vir.

Tanto que, quando alguns acham que a cidade nada mais tem a dar, vão dar com os costados em outras cidades.

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 (3 - FINAL)

O futuro de Imperatriz deve ser construído e reconstruído todo dia por pessoas que não são os outros – mas NÓS.

Em lugares que não são outros – mas AQUI.

Em um tempo que não é mais tarde – mas AGORA.

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CAUSAS

Nessa linha de raciocínio, pergunta-se: Imperatriz tem pregado algo, tem se levantado e persistido na defesa de alguma grande causa, tem agregado para o debate local / regional / estadual / nacional/ mundial dos grandes temas que balançam as nações e repercutem nos diversos quadrantes da Terra?

Qual é a contribuição quantificada e qualificada, sistêmica e sistemática, orgânica e organizada, de Imperatriz para com as coisas e causas que dizem respeito tanto ao seu próprio "locus" quanto aos municípios que a rodeiam, o Estado que a inclui, o País que a acomoda com 5.569 outras cidades e o continente, o mundo e o Universo de que é parte territorialmente indescartável, embora politicamente e culturalmente quase sem peso?

Temos motivos para ter orgulho de Imperatriz. Temos de nos esforçar mais para nos orgulharmos de nós mesmos.

Não bastam as revoluções havidas, as vitórias tidas, as posições conquistadas. A vida é luta permanente – é evolução.

Não basta a união que faz a força. Antes, muito antes, é essencial a força (de vontade) para fazer a união (por Imperatriz).

SONHO

É preciso que as forças sociais, as entidades classistas, as organizações empresariais, as associações comunitárias, as instituições culturais, e outras, voltem a se ver. Todos têm de se tocar.

Se revolução é uma realidade a partir do agir, evolução é um desejo sem descanso, um sonho que se tem sem dormir.

Um sonho sem sono.

Um sonho embalado pela força de vontade, pela capacidade de trabalho, pelos ideais de um futuro que jamais será perfeito, mas com certeza poderá ser melhor. Se formos melhores. Se nos perguntarmos se já fizemos não o que devíamos fazer, como obrigação legal, mas o que podíamos fazer, como atitude pessoal ou grupal.

O futuro da cidade depende disso.

Futuro que é obra em permanente reforma–- para ficar em forma.

Que dever ser construído e reconstruído todo dia por pessoas que não são os outros – mas NÓS.

Em lugares que não são outros – mas AQUI.

Em um tempo que não é mais tarde – mas AGORA.

* EDMILSON SANCHES

Imagens:

Brasão oficial do município de Imperatriz. Av. Frei Manoel Procópio, na década de 1960 (antiga Rua 15 de Novembro), primeira rua de Imperatriz. Vista aérea da zona urbana de Imperatriz, em 1973. Imagens de Imperatriz, mais recentemente.