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Lembrando papai… A PARTICIPAÇÃO DO POVO*

Sarney (opinião geral) começou bem. A “operação limpeza” está desenvolvendo-se por toda a parte. Todo o mecanismo administrativo do Estado sofrendo a presença duma ação política recuperadora. Todos os setores atingidos pelo processo da correção governamental. Nada está sobrando. Nada ficando sem a “arrumação” devida.  E não poderia ser outra a atitude do governo oposicionista, do governo povo. E o povo estava esperando justamente isto: a execução de um trabalho amplo, visando a restauração total da administração pública. Fato. E Sarney não se afastará um só milímetro desta sua posição de governo sério, respeitado, progressista e realizador. Não vai interessar os “amuos” de uns e de outros. Não vai interessar os “aborrecimentos” isolados. Interessa, isto sim, não decepcionar o povo. Interessa é não repetir os erros condenados e que foram utilizados pelas administrações passadas. Isto é que está interessando.

E, nessa “operação limpeza”, não haverá, acreditamos, o revanchismo, a perseguição política, a revide calculada e desumana. Não. Mas também não haverá a tolerância, a acomodação. Não haverá o aproveitamento sórdido e imprestável. Não haverá a “recomendação perniciosa”. Não. Haverá reformas profundas nos métodos e nos processos. Haverá a ordem. Haverá a justiça. Haverá a moralidade administrativa. Haverá o trabalho duro, o trabalho recompensador. Haverá a força duma política altamente construtiva, altamente independente. Não poderá haver o restabelecimento daquela política personalista, política de interesses, política de concessões absurdas e desfiguradas. É esta a certeza, a fé e a confiança do povo.

Mas dissemos: Sarney começou bem. E, com ele, o secretariado. Um serviço amplo de identificação. O encontro brutal com uma realidade administrativa apavorante. Um realismo brutal desfilando diante deste secretariado escolhido por Sarney para ajudá-lo a reconduzir o Estado para os altiplanos das grandes realizações. E, diante de cada um deles, o quadro do desgoverno! Com cada um, o depoimento que acusa o descuido pela coisa pública. De cada um deles, o diagnóstico do “paupérrimo administrativo”. Tudo desordenado. Tudo causando a péssima impressão.

Entretanto, com cada um deles, a coragem cívica e patriótica para a execução de trabalho digno, honesto e edificante. E, no comando, serenos, tranquilos, justo, exigente, o comando do Poder Executivo. O governador atento, o governador exigindo o cumprimento da ordem moralizadora. Certo.

Em todos os setores, o encontro do esvaziamento, com o desaconselhável. E tudo isto afrontoso. Tudo isto desumano até. Mas haverá a reforma total. Haverá a severidade para corrigir. Para aproveitar a cooperação sadia, a cooperação útil. E haverá punição para os culpados, para os que ajudaram e se locupletaram da desordem. Mas isto sem vingança e sem ódios. Isto sem prevenções. É preciso anular, de vez, a ação dilapidadora, a ação desagregadora. Só poderá haver um único pensamento: o restabelecimento da ordem administrativa do Estado. E de todos, dos homens evoluídos, dos homens independentes, a ajuda sincera, a cooperação eficiente. O povo está na luta, está ajudando Sarney.  Está sentindo o começo dos trabalhos construtivos do líder popular. O povo está gostando das medidas certas. O povo está aplaudindo Sarney. Aplaudindo o seu secretariado. E, daqui por diante, haverá a melhor ajuda.

O Maranhão aguardava por este instante: o reencontro com este presente de evolução política, social e econômica. Um Maranhão novo próspero e feliz.

Governador Sarney, para frente com a sua “operação limpeza”. Para frente. É preciso limpar o terreno, prepará-lo para poder construir o grande Edifício. O Edifício da nossa independência política, social, administrativa. Construir o Maranhão do Futuro. E o povo está nesta “batalha de construção”. Está sim.

* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inédito) – “Jornal do Dia”, 6 de fevereiro de 1966 (domingo).