O governador José Sarney está na execução de um programa político-administrativo que, evitando as pressões das conveniências e do revanchismo, poderá encontrar soluções definitivas para a recuperação da máquina administrativa do Estado com resultados positivos.
Acreditamos que o líder popular não se deixará envolver pelas más influências e pelos maus “conselheiros”. O que deve estar em causa é a recuperação político-administrativa do grande Estado. O que deve estar em causa é reconduzir o Maranhão para o desenvolvimento, para a reabilitação total das suas energias construtivas. É isto que deve estar em “pauta”. Que deve estar no programa reformista do governador José Sarney. E outra não poderá ser a orientação saneadora.
Não é possível que haja a “corrida perigosa” para os atendimentos absurdos. Não poderá haver a “jogada perigosa” dos interesses inconfessáveis. Não poderá haver o aproveitamento das insinuações perniciosas.
E o que todos esperam é que Sarney saiba governar bem o Maranhão. Que saiba separar o “joio do trigo”. Que faça mesmo a promoção de valores. Mas valores positivos. E não é outro o pensamento do povo. Do povo que o escolheu para a grande obra de recuperação do Estado. A obra redentora.
E, para a concretização deste levantamento político e administrativo do Estado, é preciso que haja a grandiosidade dos pensamentos evoluídos, democráticos e independentes. É esta, para nós, a posição certa.
É preciso impor uma nova ordem administrativa no Estado. Tudo estava submetido a uma ação governamental pessimamente orientada. Os governos passados preocuparam-se mais com a política dos interesses privados. Preocuparam-se mais com a política das conveniências perniciosas. Com o acervo dos compromissos isolados. A política protecionista. A política dos grupinhos “palacianos”. Da Copa e da Cozinha. Mas isto, já dissemos uma vez, já é passado. É “notícia de ontem”.
O que se está exigindo é que haja, de verdade, um amplo trabalho de reajustamentos totais. Que haja mesmo administração. Administração edificante. Administração séria.
E as primeiras resoluções do novo governo foram recebidas com aplausos pelo povo. Pelos homens independentes. Era preciso haver a “limpeza”. Era preciso haver a “barragem” contra a licenciosidade. Era preciso que, de logo, se fizesse sentir a orientação reformista do governo. Mas estamos a insistir: deve haver a execução das medidas justas sem a pressão do ódio, da desforra, da perseguição.
Tudo feito sem que entre no plano recuperador, a santa prevenção isolada. A sanha da vingança partidária. Não poderá prevalecer o processo dos mesmos métodos condenáveis. Isto não. E isto seria continuar. E o momento é renovar tudo, de dar ao Maranhão uma fase grandiosa de trabalhos construtivos e compensadores. O momento é de harmonizar. O momento é de reconquistar, definitivamente, as unidades humanas capazes de cooperar, capazes de ajudar todo este esforço de restauração política, social e econômica. Não é dividir mais. É unir mais.
O governador José Sarney, repetimos hoje, começou bem. Mas é preciso dinamizar o Poder Executivo com uma ação político-administrativa à altura das tradições de luta do povo. É preciso não se deixar envolver pelos grupos puramente “partidários”, puramente “políticos”. É preciso abrir os olhos com a turma dos “aplausos”, do “muito bem”. Evitar o “cerco” da bajulação. Evitar o “redemoinho” das prevenções calculadas. E não esquecer que tais grupinhos sempre funcionam em proveito próprio e não em proveito da coletividade. Estão sempre na “exigência” do favoritismo condenável. E tais grupinhos sempre empurraram o Poder Executivo para o “banho-maria” das situações difíceis e de resultados negativos.
O Maranhão precisa, no momento, mais de administração. Mais de trabalho. Mas trabalho amplo, independente. E não esquecer que o adversário perigoso não é o que está fora da benevolência, mas os que estão dentro da luta, que estão dando conselhos e orientações. É preciso haver precauções com o grupo do “muito bem e apoiado”.
E o Maranhão está esperando a amplitude da ação político-administrativa do governo. Certo de que não haverá amargas decepções. É este o nosso pensamento.
* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inédito) – “Jornal do Dia”, 9 de fevereiro de 1966 (quarta-feira).