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Lembrando papai… ANTÔNIO DINO E OS INTELECTUAIS*

Dissemos que havia, nos setores políticos dos oposicionistas locais, uma “onda” de incompreensão contra a presença de Antônio Dino no Executivo maranhense. Existia mesmo reservadas prevenções e, com muitos figurões da área parlamentar, o registro de certas desconfianças. Nas tradicionais “rodinhas” da João Lisboa, circulava o informativo de que Sarney estaria sofrendo “pressão” para não cumprir o dispositivo legal da substituição. Mas tudo isto caiu por terra. Sarney (se é que houve a barragem) reagiu e cumpriu a Lei. Ausentou-se transmitindo o alto posto ao vice-governador. Um instante de emoção na solenidade do ato. E o dr. Antônio Dino, tranquilo, indiferente a tudo, assinou o compromisso. Assumia o comando do Executivo maranhense. Entrou em ação. Sereno, senhor de si, passou a dar continuidade ao governo Sarney. Não alterou nada. Vigilante, o vice está atuando em todos os setores de trabalho, dando duro, olhando tudo, dinamizando as iniciativas, tocando para frente o programa reformista do líder popular que há em Sarney.

A vida administrativa do Estado continua com o mesmo ritmo, com a mesma tenacidade, com a mesma vibração cívica. Todos trabalhando, ajudando, cooperando. Toda a máquina administrativa executando todo este planejamento que aí está em desenvolvimento visando dar ao Maranhão outra situação, um clima de bem-estar para todos, um Maranhão progressista, próspero, feliz, democrático e evoluído.

Com Antônio Dino, este salutar continuísmo. Não criou, ainda, nenhuma dificuldade. Não provocou, ainda, nenhuma “tempestade”. Independente, homem duma grande capacidade de trabalho, o médico ilustre está mostrando aos seus concidadãos que há consigo a valorização duma formação moral construtiva. A sua presença no governo se faz sentir em toda a parte. Não se fixou dentro dum expediente inexpressivo. Não. Dino está governando o Estado. Está seguindo o exemplo de Sarney. Está afirmando que não aceitou a participação na luta oposicionista para apenas situar-se numa estranha posição. Não. Não erraram aqueles que apontaram Dino para completar a chapa político-partidária do candidato povo, do candidato udenista – José Sarney.

E Antônio Dino trazia, também, a sua valiosa ajuda. Esteve na representação federal, esteve com Newton, abandonou o situacionismo condenável e veio tomar lugar no lado de cá. Elegeu-se deputado estadual. Nele, a experiência e o convívio com os nossos homens políticos. Sabe quem eles são. Conhece-os. Tem a grande experiência. E, preciso dizer, sempre foi amigo do Maranhão, dos maranhenses. Daí porque não sentiu dificuldade para aceitar a responsabilidade. Daí porque, com coragem, desprendimento, entrou na batalha da recuperação do Estado e, já agora no exercício do alto cargo.

Amigo dos intelectuais, Antônio Dino, no Rio, realizou milagres. A Associação Maranhense, com Antônio Dino na presidência, tem muito a ser contado. Fez a associação. Deu-lhe vida. Uma batalha rude, mas de resultados indiscutíveis. Uma vibração de vontade determinada. E reunia, no Rio, a família maranhense! Reunia, no Rio, os intelectuais maranhenses. Um fato e não um ato. Agora, está sendo anunciado uma reunião de intelectuais com o governador Antônio Dino. E isto tinha que acontecer com o médico ilustre. Sarney deu o exemplo. E Antônio Dino segue-o. Mas parece que não é só reunir intelectuais e sim encontrar soluções para os nossos intelectuais. Condições para que eles não morram de fome, não fiquem no abandono, que seus versos, seus trabalhos literários não fiquem no “baú velho”, folhas ruídas pelo cupim...  Afastá-los da descrença. E eles são muitos. São jovens, são moços, são velhos. Mas o que escrevem tem a beleza da imortalidade. Ficam na alma do povo. É a mensagem da terra, das nossas tradições de cultura.

Sim, Antônio Dino vai reunir intelectuais. Nós, que não o somos, que somos jornalista, apontamos daqui a nossa colaboração. Reunir para a colheita dos bons frutos.

* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inédito) – “Jornal do Dia”, 21 de março de 1967 (terça-feira);