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LÍNGUA PORTUGUESA: dicas e exercícios 150

Neste domingo, continuamos com as...

Dúvidas dos Leitores

1ª dúvida:

Se você vir ou vier, eu também virei?

A resposta é:

Se você vier, eu também virei.

A conjunção subordinativa condicional “se” pede o verbo no futuro do subjuntivo. VIR é o infinitivo, e o futuro do subjuntivo do verbo VIR é “vier”, portanto, o certo é “se você vier”.

2ª dúvida:

O ludovicense prefere mais ir à praia do que ou a trabalhar?

A resposta é:

O ludovicense prefere ir à praia a trabalhar.

Primeiro, ninguém “prefere menos”. Basta “preferir”. “Preferir mais” é um pleonasmo, do tipo “subir pra cima”, “entrar pra dentro”, “ambos os dois” e outros mais.

E quem prefere PREFERE alguma coisa A outra. O correto é “o ludovicense prefere ir à praia a trabalhar”.

3ª dúvida:

Devemos obedecer o ou ao regulamento?

A resposta é:

Devemos obedecer ao regulamento.

É uma velha dúvida. Muitas vezes, não sabemos se devemos ou não usar a preposição A, se o verbo é transitivo direto ou indireto. Sugiro uma boa consulta aos nossos dicionários. O verbo OBEDECER, por exemplo, é transitivo indireto; o correto, portanto, é “obedecer ao regulamento”.

Para quem faz concursos e a consulta aos dicionários é proibida, sugiro muitos exercícios ou, talvez, um bom curso de língua portuguesa.

Veja o perigo: você termina a leitura deste texto, pega um carro e, na primeira esquina, encontra uma “bela” placa –OBEDEÇA O SINAL. Deve ser por isso que ninguém obedece. O certo é OBEDEÇA AO SINAL.

4ª dúvida:

O espetáculo agradou o ou ao público que compareceu ao teatro?

A resposta é:

O espetáculo agradou ao público que compareceu ao teatro.

O verbo AGRADAR, no sentido de “ser agradável, ter agradado, deixar satisfeito…”, é transitivo indireto. A regência exige a preposição A: “O jogo agradou ao torcedor”.

O verbo AGRADAR é transitivo direto (sem preposição) quando usado no sentido de “fazer agrado”. Você, cara leitora, pode “agradar seu namorado” (com carícias ou com um presente).

Observe o perigo da frase “Nós agradamos os nossos clientes ou aos nossos clientes”. Se a ideia é de fazer agrado com brindes e promoções, use “Nós agradamos os nossos clientes”. Se a ideia, entretanto, é a de agradar graças à qualidade dos produtos ou serviços, use “Nós agradamos aos nossos clientes”.

A partir de hoje, portanto, toda secretária tem total consciência da diferença entre “agradar ao chefe” e “agradar o chefe”. Ela decide.

5ª dúvida:

Sua decisão desagradou o ou ao presidente?

A resposta é:

Sua decisão desagradou ao presidente.

Os verbos AGRADAR e DESAGRADAR são transitivos indiretos. Isso significa que o uso da preposição “a” é obrigatório: “O espetáculo agradou ao público”; “O jogo agradou aos torcedores”; “A peça agradou à plateia”; “Isto tudo desagrada aos dirigentes”; “Sua resposta desagradou à diretoria”…

6ª dúvida:

Falava da nomeação de Vítor Augusto como ou para subsecretário?

A resposta é:

Falava da nomeação de Vítor Augusto para subsecretário.

O uso das preposições sempre requer cuidados especiais. Ninguém é nomeado “como”. Toda pessoa é nomeada “para” alguma coisa. É importante lembrar que “como” não é preposição.

No caso de NOMEAR ou INDICAR, fica clara a ideia de “finalidade”. Por isso, a preposição indicada é “para”: “Ele foi nomeado para subsecretário” e “Ela foi indicada para gerente”.

7ª dúvida:

Ela lembrava as ou das festas com muito carinho?

A resposta é:

Ela lembrava as festas com muito carinho OU Ela se lembrava das festas com muito carinho.

Nós temos duas opções: lembrar ou lembrar-se. A diferença é a regência. LEMBRAR é um verbo transitivo direto: “Ela lembrava as datas com carinho”; LEMBRAR-SE (a forma pronominal) é transitivo indireto: “Ela se lembrava das festas“. Em outras palavras: se você lembra, lembra alguma coisa (= objeto direto); se você se lembra, lembra-se de alguma coisa (= objeto indireto).

O mesmo caso ocorre com o verbo ESQUECER. Você pode esquecer alguma coisa ou esquecer-se de alguma coisa: “Ele esqueceu os documentos” ou “Ele se esqueceu dos documentos“.

No caso do verbo PRECISAR, temos um problema diferente. Precisar de (= transitivo indireto) é sinônimo de “necessitar”; precisar (= transitivo direto) significa “ser preciso, determinar, marcar, fixar”.

É importante que fique bem clara a diferença: 1) “Ele não precisava da quantia que lhe foi emprestada”, ou seja, ele não necessitava do dinheiro; 2) “Ele não precisava a quantia a ser emprestada”, isto é, ele não determinava a quantia a ser emprestada, ou seja, não definia o valor da quantia.

8ª dúvida:

Ele torce muito pelo ou para o Cruzeiro?

A resposta é:

Ele torce muito pelo Cruzeiro.

Certo mesmo ele estaria se torcesse pelo Vasco ou pelo Sampaio. O importante é que você saiba que não se TORCE “para”. Sempre TORCEMOS “por” alguma coisa.

Outro erro que ouvimos frequentemente no meio esportivo é o tal de “o torneio será decidido no saldo de gols”. O correto é decidir o torneio pelo saldo de gols.

É importante lembrar também que se vence, perde ou empata “por” qualquer placar. O correto, portanto, é dizer que “venceu por três a zero”, “perdeu por dois a um” e “empataram por zero a zero”.