Neste domingo, comentamos sobre...
Eternas dúvidas de concordância
1ª) Houve OU houveram erros?
Se “houveram erros” é porque HOUVE mais erros do que se imaginava.
O verbo HAVER, no sentido de “existir ou acontecer”, é impessoal (sem sujeito). Por isso, deve ser usado somente no singular:
“Há muitas pessoas na reunião”;
“Havia mais convidados que o esperado”;
“Haverá muitos candidatos no próximo concurso”;
“Ainda haveria alguns problemas para serem resolvidos”;
“HOUVE erros”…
2ª) Nos nossos planos não estão OU não está o atacante?
A regra básica de concordância verbal manda o verbo concordar com o sujeito. No caso, quem não está nos nossos planos é o atacante. Isso significa que o sujeito (o atacante) está no singular. A concordância correta, portanto, deve ser feita no singular: “Nos nossos planos não ESTÁ o atacante”.
Esse tipo de erro acontece com muita frequência quando o sujeito está invertido (depois do verbo):
“ACONTECERAM (e não “aconteceu”) dois acidentes nesta esquina”;
“SURGIRAM (e não “surgiu”), após muitas discussões, duas propostas para resolver o problema do oxigênio em Manaus”;
“SEGUEM ANEXAS (e não “segue anexo”) as notas fiscais”;
“ESTÃO FALTANDO (e não “está faltando”) cinco minutos para acabar o jogo do Sampaio”.
3ª) O grande segredo é OU são as jogadas ensaiadas?
O verbo SER pode concordar com o sujeito ou com o predicativo. Assim sendo, as duas possibilidades são corretas e aceitáveis. Há, porém, uma visível preferência pelo plural:
“O maior problema do Rio de Janeiro SÃO as chuvas”;
“A prioridade do governo SÃO os pobres”;
“A última esperança do Vasco SÃO os dois atacantes”;
“O grande segredo SÃO as jogadas ensaiadas”.
4ª) O ataque de hoje é OU são…?
É o mesmo caso anterior. Entre o singular e o plural, a concordância preferencial para o verbo SER é no plural:
“O ataque de hoje SÃO Carlos Adalton, Felipe e Walberth Pinheiro”.
5ª) Não é OU sou eu que vou dizer isso?
A locução enfática “é que”, a princípio, é invariável:
“Eu é que disse isso”;
“Nós é que resolvemos o caso”;
“Eles é que escolheram a data da reunião”.
Quando o verbo SER é colocado antes do pronome pessoal, é correto e aceitável que concorde com o pronome:
“FUI eu que disse isso”;
“FOMOS nós que resolvemos o caso”;
“FORAM eles que escolheram a data da reunião”;
“SÃO eles que vão assinar o contrato”;
“Não SOU eu que vou dizer isso”.
6ª) Eles já têm idade para fazer o que quiser OU quiserem?
A concordância correta é “Eles já têm idade para fazer o que QUISEREM”.
Alguns autores consideram a concordância facultativa quando o sujeito do infinitivo está oculto e é o mesmo da oração principal:
“Eles já têm idade para FAZER ou FAZEREM o que quiserem”.
A maioria dos estudiosos, porém, afirma que, nesse caso, a concordância deve ser no singular (uso do infinitivo não flexionado):
“Eles já têm idade para FAZER o que quiserem”;
“Os advogados foram chamados para ANALISAR o contrato”;
“Os diretores estão aqui para ASSINAR o contrato”;
“Eles foram convocados para RESOLVER os problemas”.
No caso de QUISER ou QUISEREM, o problema é outro. Embora terminem em “r”, QUISER, FIZER, DISSER, PUSER, FOR, TIVER… não são formas do infinitivo. São do futuro do subjuntivo. Em razão disso, a concordância com o sujeito (oculto ou não) é obrigatória:
“ELES já têm idade para fazer o que (eles) QUISEREM”.
Teste da semana
Assinale a opção que completa, corretamente, as lacunas das frases abaixo:
1) São questões __________;
2) Pediu dois _________.
a) técnico-científicas / cachorro-quentes;
b) técnico-científicas / cachorros-quentes;
c) técnicas-científicas / cachorros-quentes;
d) técnicas-científicas / cachorros-quente;
e) técnico-científicas / cachorros-quente.
Resposta do teste: letra (b).
Em adjetivos compostos (adjetivo + adjetivo), somente o segundo elemento se flexiona: “questões técnico-científicas”; em compostos formados por substantivo (cachorro) + adjetivo (quente), os dois elementos se flexionam: cachorros-quentes.