Neste domingo, o leitor questiona...
Onde está o erro?
1ª) “Vem para a Caixa você também”?
Não é propriamente um erro. O que nós encontramos na frase acima é uma marca típica da língua coloquial brasileira: a mistura de tratamento (segunda com terceira pessoa).
Na chamada língua padrão, é mais conveniente que haja correspondência: ou na segunda pessoa (“VEM para a Caixa TU também”) ou na terceira pessoa (“VENHA para a Caixa VOCÊ também”).
Isso deve ser aplicado em textos formais. Em se tratando de uma peça publicitária, assim como na música e na poesia, há liberdades linguísticas. É a famosa licença poética em que o conceito de certo ou errado não se aplica. O que vale é a expressividade.
2ª) “O Flamengo está centralizando o jogo pela direita”?
Nosso leitor tem razão. Assim, o Flamengo fica torto e perde.
É impossível CENTRALIZAR pela DIREITA. CENTRALIZAR só pode ser pelo centro. Centralizar pela direita só se for no sentido figurado.
O melhor é CONCENTRAR.
3ª) “Este cartão amarelo é fruto da falta de desatenção”?
A desatenção foi do comentarista. O cartão amarelo foi fruto da falta de atenção ou fruto da desatenção.
4ª) “O escritório fica no quinto e sexto andar”?
Ou no quinto e sexto andares ou no quinto e no sexto andar.
O substantivo que acompanha dois ou mais numerais vai para o plural ou fica no singular se repetirmos o artigo antes dos numerais: primeiro e segundo graus ou no primeiro e no segundo grau; quinto e sexto andares ou no quinto e no sexto andar; alunos de sétimo e oitavo anos ou do sétimo e do oitavp ano.
5ª) “Agradecem a todos por transformar tanta gente e fazerem com que as pessoas se sintam felizes”?
Faltou coerência: “… por transformar…e fazerem...”
Ou “… por transformarem…e fazerem…” ou melhor “… por transformar… e por fazer…”
6ª) “Pesquisa comprova que 51% trabalha fora”?
Nosso leitor tem razão. Temos, nesse caso, um erro de concordância.
O sujeito (= 51%) está no plural. A concordância do verbo deveria ser no plural: “… que 51% trabalham fora”.
Se o sujeito fosse o substantivo MAIORIA, que é singular, o verbo concordaria no singular: “A maioria trabalha fora”.
Se o sujeito fosse “51% da população”, a concordância seria facultativa: “… que 51% da população trabalha OU trabalham fora”.
Nesse caso, a maioria dos estudiosos prefere a concordância do verbo com o especificador (= população): “… que 51% da população trabalha fora”.
Se o sujeito fosse “A maioria das mulheres”, a concordância também seria facultativa: “A maioria das mulheres trabalha fora” (concordância lógica com o núcleo do sujeito, que é “maioria”) ou “A maioria das mulheres trabalham fora” (concordância atrativa com o especificador, que é “mulheres”).
Nesse caso, a preferência é a concordância tradicional com o núcleo do sujeito (= no singular).
7ª) “Eles estavam em alto mar”?
Quando nos referimos à “região marítima afastada do litoral”, o correto é escrever com hífen: “Eles estavam em alto-mar”.
8ª) “Nós somos em cinco”?
O leitor tem razão. A preposição está sobrando. Bastaria dizer: “Nós somos cinco”. Também seria correto dizer que “estamos em cinco”.
9ª) “Pscicólogo Fulano de Tal”?
Leitor tem inteira razão. Erro grosseiro. “Psicólogo” com “PSC” precisa de internamento.
Teste da semana
Assinale a opção que completa, corretamente, as lacunas das frases a seguir:
1ª) “É preciso que nós _________ antes da meia-noite”;
2ª) “O filme __________ na semana passada”;
3ª) “Ele só _________ o cavalo na hora de sair”.
(a) ceiemos / estreiou / arreia;
(b) ceemos / estreou / arreia;
(c) ceiemos / estreou / arria;
(d) ceemos / estreiou / arria;
(e) ceemos / estreiou / arreia.
Resposta do teste: letra (b).
Os verbos terminados em “-ear” fazem uma ditongação “ei” nas formas rizotônicas (sílaba tônica dentro da raiz = ceia, semeia, estreia, arreia, passeia, saboreia). Nas formas arrizotônicas (sílaba tônica fora da raiz), não há o ditongo: ceamos, ceemos, semeamos, semeemos, estreou, estreamos, passeamos, passeemos, passeando, saboreando, saboreou. ARREIA é do verbo ARREAR (= pôr arreios no cavalo) e ARRIA é do verbo ARRIAR (= abaixar, descer).