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LIVROS, EDUCAÇÃO, CULTURA, HOMENAGENS*

– Edmilson Sanches homenageado. Um registro-resumo de algumas atividades e eventos da FLICT, a feira literária de Caxias

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Com três dias inteiros de duração, encerraram-se, na noite dessa quinta-feira (4/7/2024), a 22ª Feira Municipal de Literatura e a 7ª Feira de Literatura, Ciência e Turismo da Região dos Cocais (FLICT), realizadas pela Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia (SEMECT), no Parque Ambiental, Bairro Pirajá, em Caxias (MA).

Por sua contribuição à Cultura, Educação e Literatura de Caxias e região, na abertura da Feira, dia 2, o administrador, jornalista e escritor Edmilson Sanches foi um dos homenageados do evento com o “Troféu Personalidades”, que lhe foi entregue pela professora e mestra Ana Célia Damasceno, secretária da SEMECT. Sobre a importância do homenageado, Ana Célia escreveu, em livro de sua coautoria: “Caríssimo Edmilson Sanches, sua voz tocou e toca outras vozes. Você é responsável por tudo isso!”

Edmilson Sanches também participou, em 3/7/2024, do evento de lançamento do livro “Refletindo Práticas e Elaborando Saberes” (452 páginas), para o qual foi convidado a ser um dos coautores, com texto sobre Educação. A volumosa obra reúne 49 professores e outros profissionais com experiência em Educação, que contribuíram com artigos, ensaios, relatos de experiência e entrevista, esta realizada pela secretária Ana Célia com a professora e ativista cultural Maria da Paz Costa Lamar, a Paizinha, fundadora da Associação Cultural Meu Boi Encanto de Caxias.

Durante todo os dias das duas Feiras, circulava gratuitamente, entre o grande número de participantes, convidados, visitantes e empreendedores exemplares da edição especial da revista “Spatio Plures”, 28 páginas, colorida, produzida pela Secretaria de Educação, com textos autorais, notícias e informações biográficas, culturais e literárias de mais de 40 autores, convidados e autoridades. Citado diversas vezes na publicação, Edmilson Sanches consta no quadro “Personalidades FLICT”, é lembrado em texto do escritor e juiz de Direito aposentado Elmar Carvalho, da Academia Piauiense de Letras, e no texto de “reconhecimento e valorização” dos agraciados com a Comenda Ubirajara Fidalgo, concedida a Sanches em 2020.

A COMENDA, O DRAMATURGO

A Comenda leva o nome de Ubirajara Fidalgo da Silva (1949-1986) em homenagem ao caxiense que é considerado o maior dramaturgo negro do Brasil e criador do Teatro Profissional do Negro, no Rio de Janeiro, onde faleceu. Ubirajara Fidalgo está inscrito no “Lista de Personalidades Negras” do governo federal brasileiro. Edmilson Sanches foi quem, em palestras, debates, conversas, textos etc., trouxe de volta, para Caxias, as realizações, o protagonismo, o pioneirismo e a importância de Ubirajara Fidalgo para o país. A convite da Secretaria de Educação do município, elaborou textos, minutas e sugestões para alimentar a reflexão e decisão de autoridades para a criação da Comenda com o nome do dramaturgo, cuja mãe, Srª Alzira Fidalgo, Sanches “descobriu” em São João do Sóter, município vizinho a Caxias onde escolas fizeram campanhas e encenaram peças sobre Ubirajara Fidalgo  O governo federal oficializou o ano de 2016 como “Ano Ubirajara Fidalgo da Cultura”. Segundo o governo federal, o “ator, diretor e dramaturgo, Ubirajara Fidalgo foi uma das grandes figuras emblemáticas do Movimento Negro no Brasil, nas décadas de 1970 e 1980. Um dos principais articuladores do Instituto de Pesquisa e Cultura Negra (IPCN), criado em 1975, com o objetivo de combater o racismo, o preconceito e a discriminação racial. Fundador do Teatro Profissional do Negro (Tepron), aliou a montagem de seus textos teatrais às questões relevantes relacionadas ao racismo, à discriminação no Brasil contemporâneo, ao preconceito, à homofobia, à misoginia, à desigualdade social e à ditadura militar. Os temas eram amplamente abordados nos debates políticos de cunho social realizados após as apresentações de suas peças. Foi precursor na inclusão de atores de periferias e favelas em uma companhia de teatro profissional, por meio da promoção de oficinas e “workshops” profissionalizantes. A memória e a história do ícone do teatro negro brasileiro ficou registrada com seu último trabalho em vida, a encenação da peça ‘Tuti’, no Teatro Calouste Gulbenkian, em Lisboa, Portugal, em 1985.”

O LIVRO, A CIDADE

O livro “Refletindo Práticas e Elaborando Saberes” foi lançado no dia 3/7/2024, em concorrido evento na Feira de Literatura. A profª Drª Erlinda Maria Bittencourt, que integrava a mesa de trabalhos, fez destacada apresentação de Edmilson Sanches, ressaltando-lhe as qualidades culturais, literárias, educacionais e jornalísticas e seu permanente exercício de divulgar Caxias e o Maranhão por dezoito  Unidades da Federação, Europa e Estados Unidos. Sanches não se cansa de falar e escrever, inclusive livros – como o “Do Incontido Orgulho de Ser Caxiense” –, que “Caxias é cidade que muito contribuiu com nosso país. Aqui nasceram mulheres e homens que dignificam o Brasil e os brasileiros. Aqui nasceu o autor das primeiras leis de proteção à mulher trabalhadora em nosso país. Aqui nasceu o autor da Bandeira do Brasil. Aqui nasceu o introdutor do cinema seriado (que deu origem às novelas e séries de TV). Aqui nasceu o dentista considerado "Glória da Odontologia Brasileira" e introdutor da anestesia odontológica no Brasil. O responsável pela criação do Ministério da Agricultura é caxiense. É caxiense aquele que dignificou a capoeira no Brasil (antes considerada "coisa de malandros", que sofriam perseguições da polícia). Aqui nasceu quem popularizou o título de "Cidade Maravilhosa" para o Rio de Janeiro. A primeira mulher formada engenheira-agrônoma na Universidade Federal de Viçosa foi uma caxiense. A última princesa da etnia fon era de Caxias, estudada e citada por autores de diversos países e consultada até por políticos nacionais, como Café Filho. Gonçalves Dias, o primeiro a escrever em português mas do modo brasileiro em nosso país, é caxiense. Quem redigiu a Lei do Ventre Livre foi um caxiense. Foi também um caxiense quem escreveu a lei de separação Igreja-Estado e de liberdade de crença e culto (antes era obrigatório, constitucionalmente, ser católico). As primeiras leis de proteção ao menor trabalhador, ao doente mental, ao índio foram redigidas por caxiense. Caxias é a única cidade brasileira, entre 5.570, que está presente, pelo talento de dois de seus filhos, nos dois maiores símbolos da Nação – a Bandeira e o Hino Nacional. Caxias é terra-mãe de Sinval Odorico de Moura, um raro caso de brasileiro que, conselheiro do Imperador, administrou quatro Estados brasileiros, inclusive o Piauí. E por aí segue Caxias por meio de seus filhos talentosos...”

ONDE ESTÁ A EDUCAÇÃO?

No texto inédito que, a convite, escreveu para o livro “Refletindo Práticas e Elaborando Saberes”, Edmilson Sanches faz um “relato de experiências e reflexões acerca da autonomia do processo educativo, com visitas a memórias pessoais, à História Antiga e Contemporânea e exemplos de aprendizagem, de conhecimento, de cultura e de desenvolvimento”. Sanches conclui relembrando pontos anteriores do trabalho: “O lápis que minha mãe mandou devolver... A educação como ato de autopermissão... Os desvios deseducativos – e criminosos – do Poder... A liberação, nas bibliotecas, para estudantes navegarem entre rios de estantes... As palavras de crença, desejo e esperança de estrangeiros sobre o nosso país... As pré-condições nefastas de um território que não impediram um povo de ser educado, grande e rico e, do outro lado, as condições fartas e férteis que não foram suficientes para desinfelicitarem um povo alegre, humano e trabalhador...  – tudo isso e muito mais têm a ver com a Educação. Sem “ismos” nem polissilabismos. Sem o cansaço de textos tecnoburocráticos feitos para ilustrarem currículos de autores e não modificarem em nada a situação de alunos.

Educação! Educação! Quantas injustiças se cometem em teu nome!...

Educação, onde estás?

SALÃO DO LIVRO DE IMPERATRIZ

Ainda este semestre, a Academia Imperatrizense de Letras (AIL) realizará durante nove dias, no Centro de Convenções, a 20ª edição do Salão do Livro de Imperatriz (Salimp). A Academia foi fundada em 1991 por Edmilson Sanches, que, em seu segundo mandato como presidente da AIL, criou o Salão do Livro com o nome Semana Imperatrizense do Livro.  Por decisão da Academia, foi denominado “Biblioteca Edmilson Sanches” o acervo de livros, jornais, revistas, mapas, documentos e vídeos da Entidade, acervo que é diariamente procurado por estudantes, pesquisadores, jornalistas, professores e visitantes. Em ofício dirigido ao jornalista Edmilson Sanches, o presidente da AIL, Raimundo Trajano Neto, escreveu: “Caríssimo Confrade: // Tenho o prazer de informar-lhe que em Reunião Ordinária da Academia Imperatrizense de Letras - AIL realizada em 1º de junho de 2023, foi decidido pela unanimidade dos membros participantes, que a Biblioteca da AIL receberá o seu nome em reconhecimento por ter sido o idealizador e fundador da AIL, bem como pelos inestimáveis serviços prestados a esse Sodalício ao longo de seus 32 anos de existência. // Parabenizo-o pela homenagem, ao tempo que desejo, em nome da Academia Imperatrizense de Letras - AIL, vida longa e saúde para continuar contribuindo não apenas com a Academia, mas com a criação e fortalecimento de instituições socioculturais em Imperatriz, a exemplo do recém-fundado Instituto Histórico e Geográfico de Imperatriz - IHGI, e com o Estado do Maranhão. // Atenciosamente”.

*EDMILSON SANCHES

FOTOS:

Entrada da FLICT no Parque Ambiental de Caxias. O livro e o troféu. Edmilson Sanches e o dramaturgo Ubirajara Fidalgo, sua mão, Dª Aldenora, e a irmã, Maria Cristina Fidalgo.