A família do jornalista Helio Fernandes comunicou, nesta quarta-feira (10), o seu falecimento, aos 100 anos de idade, de causas naturais. “Comunicamos com tristeza o falecimento, aos 100 anos, do jornalista Helio Fernandes. A família agradece aos amigos e admiradores que por tanto tempo o acompanharam nesse espaço (Facebook) e em tantos outros meios onde Helio sempre se expressou ativa e firmemente. É triste a notícia da partida, mas a certeza da vida longa e bem vivida sempre nos confortará”.
Irmão mais velho do desenhista, humorista e escritor Millôr Fernandes, nome artístico de Milton Viola Fernandes, Helio Fernandes foi um dos profissionais da comunicação mais perseguidos durante a ditadura militar. Ele adquiriu o jornal Tribuna da Imprensa em 1962, dirigindo-o até 2008, quando o impresso deixou de circular. Era conhecido pelo estilo combativo de fazer jornalismo. Trabalhou também na revista O Cruzeiro e no jornal Diário Carioca.
Seu centenário, completado no dia 11 de janeiro deste ano, foi comemorado com o lançamento do documentário Confinado, do jornalista Mario Rezende. O documentário mostra o período em que Helio Fernandes foi confinado pelo governo militar por um mês, em um quartel em Pirassununga (SP), depois de ter sido enviado com o mesmo propósito para Fernando de Noronha.
O jornalista Randolpho de Souza, nessa época trabalhando para o Jornal do Commercio, foi o único profissional de imprensa do Rio de Janeiro a registrar a visita a Helio feita por sua mulher, Rosinha, em Pirassununga, acompanhada do cunhado Millôr Fernandes. Como não era permitida a aterrissagem em Pirassununga, o avião pousou em Campinas, e dali os parentes de Helio e o jornalista Randolpho de Souza e o fotógrafo do JC Carlos Alberto, seguiram para o quartel, de carro. “Inclusive, a gente foi extremamente vigiado pela Polícia Federal. Na churrascaria, tivemos que sentar em uma mesa do lado da deles”, recordou Souza à Agência Brasil.
Helio era pai dos também jornalistas Rodolfo Fernandes, ex-diretor de Redação do jornal O Globo, e Hélio Fernandes Filho, ambos mortos em 2011. Ele deixa outros três filhos: Isabella, Ana Carolina e Bruno e os netos Felipe, Leticia e Helio.
No livro A Ditadura Escancarada, o jornalista Elio Gaspari revela que a Tribuna da Imprensa “sofreu mais de vinte apreensões e teve censores dentro do seu prédio por dez anos e dois dias”. Gaspari acrescenta que antes do presidente Garrastazu Médici chegar ao governo, Helio Fernandes já passara “por quatro cadeias e dois desterros”.
A família informou que o corpo do jornalista deverá ser cremado amanhã (11).
(Fonte: Agência Brasil)