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O LEITOR E O LIVRO, A BIBLIOTECA E O BIBLIOTECÁRIO*

7 de janeiro é o Dia do Leitor. A data foi criada pelo diário "O Povo", jornal de Fortaleza (CE), e já “pegou” no país inteiro.

Nessa data, em 1928, foi fundado o jornal "O Povo", criado por Demócrito Rocha (14/4/1888 – 29/11/1943), Baiano de Caravelas, que, além de jornalista, foi poeta, servidor público federal (telegrafista dos Correios), maçom, político, escritor, professor universitário (da Faculdade de Farmácia e Odontologia do Ceará, onde se formou em 1921 e passou a ensinar no ano seguinte). Demócrito Rocha faleceu em Fortaleza.

O dia 7 é também uma referência simbólica aos sete dias da semana em que o leitor estaria acompanhando um jornal.

Além de jornais, revistas e outras publicações, o Leitor tem, no livro, um dos principais e com certeza o mais simbólico e charmoso produto de expressão, acumulação, documentação e transmissão do conhecimento, das reflexões e das compulsões humanas.

Como se situa o livro na esfera humana e científica? Leia a seguir.

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O livro é o mais simbólico dos elementos manuseados pelo Bibliotecário.

Hoje, entretanto, esse profissional não lida (ou não deveria lidar) propriamente com livros, mas com pessoas.

É a evolução da função socioprofissional do Bibliotecário, que sai do bibliocentrismo (isto é, voltado apenas para os livros) e vai para o antropocentrismo (o ser humano como finalidade do conhecimento e do trabalho de outrem).

Para chegarmos ao livro como superproduto humano, passamos, antes pela LITOSFERA, que é a parte da terra (a crosta terrestre) onde está a BIOSFERA, o conjunto dos seres vivos (animais, vegetais).

Na biosfera encontra-se a ZOOSFERA, o sistema onde se desenvolve o reino animal.

Nesse reino, reina a ANTROPOSFERA, a parte da Terra em que o ser humano vive, também chamada IDEOSFERA.

É na antroposfera que se desenvolve a NOOSFERA, o sistema mental, cujos fenômenos, documentados de forma escrita, formam a GRAFOSFERA.

Portanto, o livro é parte da grafosfera.

Para cuidar do livro – e de outros suportes de informação – existem grupos de conhecimentos próprios: as Ciências das Ciências.

Como se sabe, existem as Ciências da Natureza, como as Ciências Exatas ou Descritivas (Matemática, Física, Química, Biologia) e as Ciências Aplicadas (Medicina, Agronomia, Engenharia).

Existem as Ciências da Cultura, como as Ciências Sociais (Linguística, Antropologia Cultural, Sociologia, Economia, História, Educação, Administração) e Humanidades (Filosofia, Teologia, Psicologia, Letras, Artes Plásticas, Música).

E, por fim, existem as Ciências das Ciências, que tratam de organizar, preservar e colocar à disposição os conteúdos das demais Ciências.

As Ciências das Ciências dividem-se em Teóricas (Teoria da Informação, Teoria Geral dos Sistemas, Metodologia) e Documentológicas (Bibliografia, Bibliometria, Bibliologia, Biblioteconomia, Arquivologia ou Arquivística, Museologia, Documentação).

A evolução do conhecimento trouxe a evolução do conceito (ou seria o contrário?): seja encapsulada em disquetes, CDs, CDs-ROM, fitas e discos de cinema e vídeo (DVDs, Blu-rays, HD-DVD); seja encasulada em livros, revistas, jornais; seja incrustada em outros suportes físicos ou fluindo no éter do mundo virtual da Informática e das Comunicações, a informação tem de ser colocada à disposição daquele que a gerou: o ser humano.

Assim é que a Biblioteca deixou de ser uma coleção de livros e outros documentos, classificados e catalogados, para ser uma assembleia de usuários da informação.

O Bibliotecário não é um alfarrabista que só tem olhos para os livros (função bibliocêntrica), mas um profissional academicamente preparado para uma função verdadeiramente “antropobibliocêntrica”, onde ser humano e livro (i. e., documento) interagem sob sua mediação.

Existem vários tipos de biblioteca. Frances Henne considerava a Biblioteca Infantil como a “mais importante de todas”.

Têm ainda as Bibliotecas Escolares, com material didático para professores e alunos.

As Universitárias, as Especializadas (que se voltam para um tipo de usuário ou por tipo de documentos).

As Bibliotecas Nacionais reúnem a produção bibliográfica e audiovisual do próprio país e de outros.

As Bibliotecas Públicas são as dos governos estaduais e municipais.

No Brasil, as primeiras bibliotecas chegaram com os jesuítas, em meados do século XVI, na Bahia. Neste Estado, também surgiu a primeira biblioteca de um mosteiro beneditino, em 1511, e a primeira biblioteca pública, em 1811.

Em 1915, surgiu, no Brasil, o primeiro curso de Biblioteconomia da América Latina.

Hoje, existem dezenas de cursos de graduação e pós-graduação.

A profissão de Bibliotecário surgiu com a Lei 4.084, de 30/6/1962, regulamentada pelo decreto 56.725, de 16/08/1965.

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“BIBLIOTERMOS”

(alguns termos relacionados ao livro, a maior parte constante de "Elementos de Bibliologia" [São Paulo: Hucitec/INL/Pró-Memória, 1983], livro de Antônio Houaiss)

ARISTOBIBLIOFILIA – sentimento de amor aos livros de luxo.

BIBLIOCIMELIOFILIA – sentimento de amor aos livros raros.

BIBLIOCIRURGIA – técnica que salva do deterioramento a parte ainda sã do livro.

BIBLIOCLEPTOMANIA – subtração de livros, por furto, roubo ou não restituição.

BIBLIOFILIA – atribuição de valor ao livro, pela mensagem, pelo material, pela importância histórica.

BIBLIOFOBIA – indevida incompreensão do valor dos livros.

BIBLIOFOTOGRAFIA – técnica da reprodução fotográfica de livros, preservando-o em seu feiçoamento original.

BIBLIOGNOSIA – conhecimento dos livros.

BIBLIOGRAFIA – disciplina que agrupa os livros segundo critérios sistemáticos vários.

BIBLIO-HISTORIOGRAFIA – história do livro.

BIBLIOLATRIA – adoração ao livro, sem excluir seu uso, gozo e proveito.

BIBLIOLOGIA – examina o livro do ponto de vista de sua sistematização.

BIBLIOMANIA – preocupação obsessiva com os livros e a vontade de possuí-los.

BIBLIOMÁTICA – aplicação de processos informatizados na produção e difusão dos livros.

BIBLIOMETRIA – aplicação da análise estatística à bibliografia geral (MACROBIBLIOGRAFIA) e específica (MICROBIBLIOGRAFIA).

BIBLIOPATOLOGIA – disciplina aplicada (química / física / parasitologia) que estuda o deperecimento material do livro sob a influência do meio, do tempo, de ações parasitárias.

BIBLIOPROFILAXIA – técnica de proteção do livro contra as influências/ações de deterioração.

BIBLIOSOFIA – conjunto dos saberes relacionados ao livro.

BIBLIOTAFIA – amor exagerado aos próprios livros (lidos ou apenas possuídos), ao ponto de ocultá-los ou torná-los inacessíveis para outrem.

BIBLIOTECNIA ou BIBLIOTÉCNICA – corpo de técnicas relacionadas à produção do livro, do ponto de vista de seus elementos materiais.

BIBLIOTECNOGRAFIA – exposição sistemática dos princípios e normas de bibliotecnologia.

BIBLIOTECNOLOGIA – sistematiza o corpo de técnicas da bibliotecnia.

BIBLIOTECOCIRURGIA – técnica que salva do deterioramento progressivo coleções e bibliotecas.

BIBLIOTECOGRAFIA – cuida da disposição sistemática das coleções de livros.

BIBLIOTECOLOGIA – disciplina dos livros como coleções agrupadas.

BIBLIOTECONOMIA – armazenagem, acesso e circulação dos livros.

BIBLIOTECOPATOLOGIA – disciplina aplicada (arquitetura / administração) que estuda o deperecimento e a deterioração das coleções e bibliotecas.

BIBLIOTECOPROFILAXIA – técnica de proteção às coleções e bibliotecas.

BIBLIOTECOTECNIA ou BIBLIOTECOTÉCNICA – técnicas relacionadas à criação de bibliotecas.

BIBLIOTECOTECNOGRAFIA – exposição sistemática dos princípios da Bibliotecotecnologia.

BIBLIOTECOTECNOLOGIA – sistematiza técnicas/conhecimentos da Bibliotecotecnografia.

BIBLIOTECOTERAPIA – técnica de restaurar coleções e bibliotecas.

BIBLIOTERAPIA – técnica de recuperação/restauração de livros materialmente deteriorados.

ECDÓTICA – arte de descobrir e corrigir erros de um texto e, a partir daí, estabelecer uma edição o mais perfeita possível (“edição crítica” ou “edição exegética”).

EDITORAÇÃO – preparação técnica de originais de um livro para publicação, envolvendo revisão de forma e de conteúdo e, em outra fase, a organização para a edição impressa.

NOVOS TERMOS (NEOLOGISMOS)

Nessa linha, engendrei dois novos termos relacionados aos livros. Consultei o Google e o Dicionário Houaiss e não há menção aos termos nem a seus significados, com essa formação léxica / lexical.

As palavras são formadas a partir dos elementos de composição gregos para “novo” (NÉOS-), “livro” (BIBLION), “cheiro” / “odor” (OSMÓS) e “amigo” ou aquele que deseja, quer ou gosta (-PHILOS):

BIBLIOSMIOFILIA – Amor ao ou satisfação com o cheiro de livros.

BIBLIOSMIÓFILO – Aquele que gosta do cheiro de livros.

NEOBIBLIOSMIOFILIA – Amor ao ou satisfação com o cheiro de livros novos.

NEOBIBLIOSMIÓFILO – Aquele que gosta do cheiro de livros novos.

* EDMILSON SANCHES

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