O poeta é também aquele que, no microscópio,
olhar (ad)mirado, percebe imperceptíveis grandezas.
É aquele que, olhar multifocado, no telescópio,
apreende o sentimento do detalhe, das miudezas.
O poeta é aquele que, adulto, sabe ser criança,
ser adolescente, rapazote, jovem, menininho.
E, jardineiro, sabe cultivar flores e esperança.
E, sobretudo, o poeta é um cultivador de espinhos.
“Poeta”, em grego, é aquele que faz, compõe, constrói, cria.
É aquele que, mais que livros e mais que arcano, imensidão,
lê pessoas
– elas e além delas, sua tristeza, pasmo, sua alegria --
e assim tece ele versos, tece linhas e, humano tecelão,
tece loas.
* (EDMILSON SANCHES)