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Manhã de 29 de julho de 2022. Jotônio Moreira Viana, 65 anos, jornalista e artista plástico caxiense, deixa as páginas e telas desta Vida. Coincidentemente, sua morte deu-se exatamente um mês após seu aniversário, em 29 de junho.

Jotônio havia sido internado em 27 de julho, dois dias antes de seu falecimento, no Hospital Estadual Macrorregional de Caxias. Problemas pulmonares e debilitação em razão de um câncer foram dificuldades que não deram descanso nos últimos tempos ao talentoso homem de Comunicação e Cultura. E embora mantivesse o sorriso no rosto, outras forças – físicas – lhe iam faltando, minando-lhe homeopaticamente as energias vitais. Em 2021, foi diagnosticado com covid-19, que ele superou.

Jotônio veio adolescente para Caxias. Era filho de Grajaú, município maranhense “neto” de Caxias e “filho” de Pastos Bons, este cujas terras foram desmembradas em 1820 da área territorial caxiense e, em 1881, Grajaú é elevado à categoria de cidade, deixando a condição de distrito pastos-bonense.

Além de nossa convivência em minha terra natal, Caxias; além de momentos comuns na época escolar e na Academia Caxiense de Letras e em um ou outro encontro pelas ruas da “Princesa do Sertão”, soube do Jotônio quando ele estava em Imperatriz, segunda maior cidade maranhense, como revisor do jornal diário “O Progresso”, na segunda metade da década de 1970. Depois, em conversa pessoal, ele me confirmou, entre risos, os distintos momentos vividos na “Princesa do Tocantins”.

Bom jornalista, Jotônio sabia que lugar do profissional de Imprensa é escrevendo a notícia, e não sendo ela. Mas, algumas vezes, ocorreu de sua atividade o levar ao destaque jornalístico, em razão de, intimorato, Jotônio não arredar de convicções e de seu caráter e publicar o que ele julgava ser publicável, ainda que gente “ofendida” e sobretudo ofensora tentasse vez ou outras ameaçá-lo (fisicamente) ou enodoá-lo (moralmente). (Em tabela anexa à sua dissertação de mestrado de 2021, a acadêmica Aline Pereira Rios anotou sobre Jotônio Viana: “Citado em artigo assinado por ex-deputado sob o título ‘Cavando a própria sepultura’”. Assim mesmo...).

Jotônio sofreu, suportou e superou esses embates, espécie de corolário das verdades e versões que ele coletava nas fontes e publicava nos espaços noticiosos que criou ou que ocupava. Entre esses espaços, em Caxias, Jotônio foi colunista do Portal Noca;

... foi um dos organizadores da enciclopédia “Cartografias Invisíveis –Saberes e Sentires de Caxias” (2015), publicação da Academia Caxiense de Letras, entidade de que era membro fundador;

... foi membro do conselho editorial da publicação eletrônica “Itapicuru – Suplemento Cultura da Academia Caxiense de Letras” (2019);

... integrou a equipe de pesquisadores do grande livro “Por Ruas e Becos de Caxias”, de autoria do arquiteto, urbanista e professor universitário Ezíquio Barros Neto, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias e atual presidente da Academia Caxiense de Letras.

A coluna “Caxias em Off”, que ele mantinha desde 1997, no “Jornal Pequeno”, de São Luís, era um indescartável termômetro e tabelionato para se aferirem temperaturas e registros acerca da vida política e da cultura e sociedade caxienses. Com certa frequência, as notas dessa coluna eram base para menções em discursos de deputados da Assembleia Legislativa do Maranhão e vereadores da Câmara Municipal de Caxias.

Em 2006, seu trabalho foi tema de texto universitário: “Representações jornalísticas de Jotônio Viana sobre  a  política  de  Caxias  (2005)”, de Filomena Áurea M. M. Simão (Centro de Estudos Superiores de Caxias da Universidade Estadual do Maranhão).

Sua coluna era alvo do serviço de “clipping” (recortes de jornais e outros veículos de Comunicação) de instituições como o Tribunal de Justiça do Maranhão.

Jotônio foi eleito presidente da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (1998). Foi diretor da Divisão Cultural da Secretaria Municipal de Cultura, quando esta foi dirigida por Renato Meneses, escritor e ex-presidente da Academia Caxiense de Letras. Foi tesoureiro da Academia Caxiense de Letras, na gestão de Wybson Carvalho, biênio 2012/2014.

O trabalho jornalístico jotoniano foi multiplicado por diversos modos e meios, desde o simples compartilhamento em “blogs”, “sites” e grupos sociais a até citações em trabalhos acadêmicos de graduação e pós-graduação. Seu nome é citado em textos em prosa e poesia.

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Creio que conheci Jotônio nos tempos da Escola Coelho Netto, na Rua Libânio Lobo, onde estudamos. Depois, ele foi para o Diocesano; eu fui para o Duque de Caxias (Bandeirantes) e, em seguida, fiz todo o Ensino Médio no Colégio São José, das Irmãs Missionárias Capuchinhas, até hoje no mesmo endereço, em frente à Praça do Panteon (poucos a conhecem pelo nome oficial: Praça Dias Carneiro)..

Nascido em 29 de junho de 1957, em Grajaú, filho de José e Antônia Viana, Jotônio tinha outros irmãos – Éden, Edgar, Fátima e Lúcia, falecidos, e Graciene e Mábio. O Edgar, que morreu há cerca de nove anos, e eu costumávamos visitar a residência um do outro, para ver livros, revistas e outras curiosidades (coleções de moedas, chaveiros etc.). Na residência dele, o Edgar mostrou-me parte de sua coleção “Os Cientistas”, da Editora Abril, uma sofisticada publicação iniciada em 1971, de 50 números, que vinham acompanhados de um “kit” de aparelhos e acessórios científicos (inclusive microscópio) para iniciação em Biologia, Física e Química. Foi esse irmão do Jotônio, o Edgar, que me mostrou pela primeira vez alguns dos seres infinitamente pequenos nas lâminas sob as lentes de microscópio  --  seres de cuja existência sabíamos apenas pelo que o professor e os livros de Biologia diziam.

Há quase 40 anos Jotônio estava casado com Rosário Marques Teixeira, com quem formava um querido e discreto casal e a quem conhecera em Fortaleza, onde se deu a união. Na capital cearense, alencarina, o jornalista caxiense, gonçalvino, empregara seu talento a serviço de grandes órgãos de Imprensa, como os diários “O Povo”, “A Tribuna” e “Correio do Ceará”. Já aposentada, Rosário Marques esmerava-se nos cuidados com o marido.

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Há dois anos, e exatamente um mês após completar seu 65º aniversário, Jotônio Viana partiu para a descoberta do Mistério Maior. Artista das imagens e das letras, saberá muito bem pintar as nuvens de azul – ou, com o branco das nuvens, escrever belos textos nas imensas páginas cor de anil dos Céus...

... porque, aqui na Terra, embora Jotônio permaneça em nossa memória, seu jornalismo estará... em off.

Paz, Amigo.

* EDMILSON SANCHES

Brasília (DF), 26.07.2024 - Mostra Ecofalante. Foto: Mostra Ecofalante/Divulgação

Com temas envolvendo a relação do homem e o ambiente em que vive, a Mostra Ecofalante de Cinema chega à sua 13ª edição. Mais importante evento sul-americano para a produção audiovisual ligada às temáticas socioambientais urgentes e atuais, a mostra vai de 1º a 14 de agosto, na capital paulista, apresentando 122 filmes de 24 países.

“A Mostra Ecofalante de Cinema chega à sua 13ª edição ocupando um lugar especial no calendário cultural de São Paulo”, disse o diretor da mostra, Chico Guariba. 

“Nossa programação abraça temas cruciais para a sociedade brasileira, incluindo a preservação da Amazônia, os direitos dos povos originários, a desigualdade social e o racismo estrutural”, explicou em entrevista à Agência Brasil

Uma das principais atrações do festival deste ano é o especial emergência climática, que apresentará filmes como Arrasando Liberty Square, de Katja Esson, sobre gentrificação climática; Filhos do Katrina, de Edward Buckles Jr, obra premiada no Festival de Tribeca, e que aborda os efeitos do furacão Katrina em Nova Orleans (EUA); e o longa francês Uma Vez Que Você Sabe, de Emmanuel Cappelin, que aborda o iminente colapso do planeta.

Outro destaque é a mostra histórica, que reúne obras clássicas de três cineastas mulheres latino-americanas: De Certa Maneira, da cubana Sara Gómez; Araya, da venezuelana Margot Benacerraf; e Amor, Mulheres e Flores, da colombiana Marta Rodríguez e Jorge Silva.

Novidade

A grande novidade na edição deste ano é a criação da mostra competitiva Territórios e Memória, que reúne uma seleção de 27 filmes nacionais. O objetivo é abrir espaço para o crescimento de obras audiovisuais brasileiras de caráter socioambiental e ampliar as discussões sobre os diferentes territórios do Brasil.

“A Mostra Competitiva Territórios e Memória é dedicada exclusivamente a produções brasileiras que abordam questões socioambientais e refletem sobre temas locais e territoriais, ampliando a diversidade de perspectivas e enfoques. Além disso, continuam em destaque a Competição Latino-americana, que reúne filmes de sete países da América Latina, abordando temas como racismo, migração e preservação florestal, e o tradicional Concurso Curta Ecofalante, exibindo curtas-metragens de estudantes de universidades e cursos livres de cinema de nove estados brasileiros”, disse Guariba.

Outra novidade é a homenagem aos 30 anos do Instituto Socioambiental (ISA), organização dedicada a defender o meio ambiente, o patrimônio cultural e os direitos dos povos indígenas. Para essa homenagem, nove filmes foram selecionados, entre eles, a estreia mundial de Mapear Mundos, da diretora Mariana Lacerda. A exibição desse filme, agendada para o dia 3 de agosto, será acompanhada por uma roda de conversa com a equipe do filme. 

“Essa retrospectiva destaca o papel crucial das organizações da sociedade civil na defesa dos direitos dos povos indígenas e do meio ambiente no Brasil”, explicou o diretor do festival.

Debates

Além dos filmes, a mostra promove ainda seis debates que vão discutir temas como inteligência artificial, emergência climática, cidades resilientes, direitos trabalhistas e taxação dos super-ricos. Também estão previstos bate-papos com especialistas da área cinematográfica e estreias de filmes brasileiros que contarão com a presença da equipe e dos atores.

O festival promove ainda o primeiro encontro A Sustentabilidade na Indústria Audiovisual, que acontece na manhã do dia 9 de agosto. O evento propõe uma discussão sobre a extensão da implementação de práticas sustentáveis na indústria cinematográfica brasileira. 

“O evento reunirá profissionais de diversos setores em duas mesas de discussão, onde serão compartilhadas experiências bem-sucedidas e os desafios enfrentados na implementação desse tipo de iniciativa”, explicou Guariba.

Depois de passar pela capital paulista, a Mostra Ecofalante será apresentada em Brasília, Belém, Belo Horizonte, Porto Alegre e municípios do interior de São Paulo. 

“Esse passo reflete nosso compromisso em democratizar o acesso ao cinema e alcançar um público diversificado em todo o país”, disse o diretor do festival. 

A Mostra Ecofalante é gratuita e acontece em salas do Reserva Cultural, Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo), Cine Satyros Bijou, Nave Coletiva, Circuito Spcine Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes e 15 unidades do Circuito Spcine localizadas nos Centros Educacionais Unificados (CEUs). Mais informações sobre o evento e sua programação podem ser consultadas no site da mostra

(Fonte: Agência Brasil)

Reinauguração da fachada restaurada da Biblioteca Nacional, na Cinelândia, Rio de Janeiro.

Há 20 anos, toda obra publicada no Brasil precisa ter, pelo menos, uma cópia enviada para a Fundação Biblioteca Nacional (FBN), a mais antiga instituição cultural do país. Promulgada em 2004, durante a gestão do cantor e compositor Gilberto Gil como ministro da Cultura, a Lei 10.994 “regulamenta o depósito legal de publicações, na Biblioteca Nacional, objetivando assegurar o registro e a guarda da produção intelectual nacional, além de possibilitar o controle, a elaboração e a divulgação da bibliografia brasileira corrente, bem como a defesa e a preservação da língua e cultura nacionais”.

“Um país sem memória não é um país”, destaca a coordenadora-geral do Centro de Processamento e Preservação da FBN, responsável pela captação das obras enviadas por meio do Depósito Legal, Gabriela Ayres. “A Biblioteca Nacional não resguarda apenas a história do Brasil, mas a história da construção do Brasil”. 

Com o Depósito Legal, o espaço recebe, em média, 80 mil publicações por ano. Algumas áreas de conhecimento captam mais obras do que outras, assim como também há uma diferença na quantidade de livros enviados pelas regiões, sobretudo Norte e Nordeste. “Há uma carência por conta da logística e do custo do envio, mas tentamos sempre abarcar as grandes áreas e interagir com os editores e autores, promovendo educação patrimonial sobre a importância de enviar essas publicações para a Biblioteca Nacional”, explica Ayres.

Segundo os Relatórios de Gestão disponíveis no site da instituição, em 2023 a fundação recebeu 59.054 obras por meio do Depósito Legal. Nos últimos dez anos, as menores captações foram em 2020 (35.772) e 2021 (17.671), em razão da pandemia da covid-19. 

Quanto aos tipos de livros, o professor do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal Fluminense (UFF) e autor do livro A Biblioteca e a Nação: Entre catálogos, exposições, documentos e memória (2024), Carlos Henrique Juvêncio, esclarece que são todos aqueles editados no país, incluindo traduções de produções estrangeiras e documentos oficiais, se reunidos em livros. 

Brasília (DF), 26.07.2024 - Arte de gráfico para a matéria sobre de captação de livros. Arte/Agência Brasil

“Mesmo se o autor for estrangeiro, teve um tradutor que, no mínimo, fala nossa língua”, pontua. “Nesses casos, pode não haver uma produção intelectual no sentido de ser uma obra brasileira, mas a produção editorial é, assim como o cuidado do tradutor e a língua. O Depósito Legal mostra as transformações na nossa língua a partir da produção escrita, então as traduções também são alvo da legislação”, acrescenta. 

Entretanto, o pesquisador ressalta que a Lei 10.994 ainda é omissa em relação às publicações feitas no ambiente virtual. “Tem uma brecha que diz ‘toda obra impressa ou em outros meios’, mas ainda não está regulamentado muito bem como deve ser feito o envio de obras digitais e como vão ser disponibilizadas ao público”.

Segundo a coordenadora-geral, as publicações digitais, como os e-books (livros eletrônicos), são geralmente enviados à FBN armazenados em CD, mas essa questão continua a ser um dos principais desafios enfrentados pelo Centro de Processamento e Preservação. 

“As publicações de periódicos científicos, por exemplo, saíram totalmente do modelo impresso, de uma revista, para um modelo de website”, observa. Nesse sentido, em 2020, foi publicada a Política de Preservação Digital da Biblioteca Nacional (PPDBN), com princípios para a conservação, gerenciamento e difusão do acervo digital que integra a BNDigital, criada em 2006. 

Além de zelar pelo patrimônio cultural, literário e musical do país, o Depósito Legal também tem relação com outra norma brasileira, a Lei 9.610, que regulamenta os direitos autorais no território nacional. A Lei do Direito Autoral estabelece que quando uma obra entra em Domínio Público, ou seja, pode ser usada independentemente de autorização da família ou de herdeiros, após 70 anos da morte do autor, o Estado passa a ser responsável por zelar pela integridade dela. 

“Analisando esse trecho da lei, que diz que o Estado se torna responsável pela integridade da obra, isso já remete ao Depósito Legal”, diz Juvêncio.

Na avaliação do professor, com as duas décadas do Depósito Legal, um assunto que necessita ser debatido é o cumprimento da legislação. “Temos editoras muito sérias, que cumprem efetivamente com a norma, mas boa parte delas não”, alerta. Como exemplo, cita o envio de jornais, com os quais trabalhou até 2010 na Biblioteca Nacional. Segundo ele, a FBN recebia de todo o Brasil em torno de 124 títulos, uma produção escassa para a extensão territorial do país. 

“Existem várias razões. O tamanho do nosso país e a dificuldade de envio explicam em parte, mas a lei de fato não é cumprida. Se ela fosse, a Biblioteca Nacional, que já sofre com falta de espaço, não teria lugar para mais nada”, afirma.

Lei imperial

Juvêncio explica que a Lei do Depósito Legal tem origem em uma outra legislação, do início do século 19. Em 1824, uma ordem do então imperador Pedro I exigia que todos os impressores da Corte, na cidade do Rio de Janeiro, deveriam submeter à Biblioteca Imperial e Pública da Corte, hoje a Biblioteca Nacional, um exemplar de todas as obras produzidas. A legislação só seria revista 83 anos depois, quando o Decreto 1.825, de 20 de dezembro de 1907 determinou que “os administradores de officinas de typographia, lithographia, photographia ou gravura, situadas no Districto Federal e nos Estados, são obrigados a remeter à Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro um exemplar de cada obra que executarem”. 

Passados quase 100 anos, o decreto de 1907 foi substituído pela Lei do Depósito Legal e pela Lei 12.192/2010, que “regulamenta o depósito legal de obras musicais na Biblioteca Nacional, com o intuito de assegurar o registro, a guarda e a divulgação da produção musical brasileira, bem como a preservação da memória fonográfica nacional”. 

“A ideia é que a Biblioteca Nacional tenha todas as obras editadas e divulgadas no país desde a instituição do Depósito Legal no século 19 para que ela seja uma fonte de memória e complete o que se chama de Coleção Memória Nacional, formada por um conjunto de instituições, como o Arquivo Nacional e o Museu Nacional”, define o professor.

(Fonte: Agência Brasil)

Esperança de medalha para o Brasil na competição de Fórmula Kite dos Jogos Olímpicos Paris 2024, o maranhense Bruno Lobo, que é patrocinado pelo Grupo Audiolar e pelo governo do Estado por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, além de contar com os patrocínios do Bolsa-Atleta e da Revista Kitley, viveu momentos inesquecíveis na tarde desta sexta-feira (26), em meio ao seu aniversário de 31 anos. Além de participar da cerimônia de abertura da Olimpíada em um desfile fluvial no Rio Sena, um dos cartões-postais da capital francesa, Bruno foi saudado pela delegação brasileira com o tradicional canto de "parabéns pra você", para a alegria do kitesurfista número 1 das Américas. 

"Estou muito feliz por participar da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, é a realização de um sonho, um dia muito especial, ainda mais por ser no dia do meu aniversário. Conto com a torcida de todo mundo em busca dessa medalha olímpica tão sonhada", afirma Bruno Lobo.

Bruno Lobo vai disputar a inédita competição olímpica de Fórmula Kite entre os dias 4 e 8 de agosto, na Marina de Marselha, no sul da França. Atual bicampeão pan-americano e sétimo colocado no ranking mundial, o kitesurfista maranhense é cotado como um dos fortes candidatos ao pódio em águas francesas.

Durante a preparação para os Jogos Olímpicos, Bruno Lobo passou por duas semanas de treinos na Marina de Marselha durante o mês de junho e também garantiu o nono lugar no Campeonato Mundial de Fórmula Kite, realizado em maio, na cidade de Hyères, na França. O atleta maranhense teve um ótimo desempenho diante dos principais nomes da modalidade no planeta, chegando até as semifinais e garantindo presença no Top 10 do Mundial pelo segundo ano consecutivo.

Bruno Lobo também registrou grandes performances em dois eventos na Espanha no início da temporada de 2024. O kitesurfista número 1 das Américas conquistou o quarto lugar no Campeonato Europeu de Fórmula Kite, realizado em março, em Los Alcázares, e garantiu a 11ª posição do Troféu Princesa Sofia, que foi válido como etapa da Copa do Mundo e disputado em abril, em Palma de Mallorca.

Temporada anterior

Em 2023, Bruno Lobo colecionou resultados históricos, com destaque para a vaga antecipada em Paris 2024, o hepta brasileiro de Fórmula Kite e a conquista de seu segundo ouro na história da modalidade nos Jogos Pan-Americanos, em Santiago, no Chile. O maranhense também alcançou o Top 10 do Mundial de Vela, foi o nono colocado na Allianz Regatta e colocou o Brasil em sétimo lugar na disputa por países do Troféu Princesa Sofia, na Espanha.

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Aeroporto do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses entra em operação

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) declarou o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (foto) como Patrimônio Natural da Humanidade. A decisão foi anunciada nesta sexta-feira (26), na 46ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, realizado até o fim do mês, em Nova Délhi, na Índia.

O parque, localizado a 250 quilômetros de  São Luís, capital do Maranhão, foi criado há mais de 40 anos. Ele é o maior campo de dunas da América do Sul, com 155 mil hectares.

Ou seja, maior que a cidade de São Paulo, sendo famoso pelas lagoas cristalinas que se formam entre as dunas brancas no período de chuvas. Atualmente, a gestão é feita pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Conquista

O governador do Maranhão, Carlos Brandão, comemorou a notícia. Na rede social X (antigo Twitter), Brandão disse que a decisão da Unesco foi uma grande conquista para o Estado. 

"Sem dúvida, este reconhecimento fortalecerá o turismo e a preservação deste tesouro natural maranhense. Agradeço aos membros do Comitê do Patrimônio pela aprovação", disse Brandão.

Entre os requisitos atendidos pelo parque para obter o título, figuram a beleza natural, os geológicos significativos e os habitats para a conservação da biodiversidade, incluindo espécies ameaçadas. O dossiê de candidatura dos Lençóis Maranhenses foi encaminhado em 2018.

O Brasil já possui sete sítios declarados Patrimônio Natural Mundial: o Parque Nacional de Iguaçu, em Foz do Iguaçu; as reservas de Mata Atlântica, em São Paulo e Paraná; a Costa do Descobrimento, na Bahia e Espírito Santo; as áreas Protegidas da Amazônia Central e do Pantanal; a Chapada dos Veadeiros e o Parque Nacional das Emas, em Goiás; além do arquipélago de Fernando de Noronha e o Atol das Rocas. O título conferido ao Parque dos Lençóis Maranhenses é o oitavo da lista.

Unesco

A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, parabenizou o Brasil pelo novo status do Parque Nacional, exaltando o compromisso do país com a proteção de seu patrimônio. 

"Graças a esta inscrição, essa impressionante paisagem de dunas e lagoas, modelada por condições climáticas e geológicas excepcionais, se beneficiará do mais alto nível de proteção internacional. Este é o 24º sítio brasileiro a ser inscrito na Lista do Patrimônio Mundial da Unesco. Gostaria de parabenizar o compromisso do Brasil com a proteção de seu patrimônio cultural e natural".

(Fonte: Agência Brasil)

Rio de Janeiro (RJ) 25/06/2024 - Exposição do mestre da xilogravura brasileira J.Borges no Museu do Pontal.
Foto: Museu do Pontal/Divulgação

Faleceu nesta sexta-feira (26), aos 88 anos, por causas naturais o xilogravurista, cordelista, poeta e “patrimônio vivo de Pernambuco” José Francisco Borges, conhecido como J. Borges. O artista plástico nasceu em 1935, na cidade pernambucana de Bezerros, onde sempre manteve seu ateliê.

Amigo de J. Borges, o ilustrador e quadrinista pernambucano Jô Oliveira diz que J. Borges é “o mais famoso artista popular brasileiro”. “Além de talentoso, sempre foi uma pessoa muito modesta, que tinha muita paciência para mostrar os materiais que utilizava, bem como suas técnicas”, disse o ilustrador cujos trabalhos, a exemplo de J. Borges, têm como base a cultura popular nordestina, em especial o cordel.

“Eu o encontrei pela primeira vez no início da década de 1980. Morava em uma casa bem simples e dirigia um carro que nem painel tinha. Ele usava, como ferramenta, uma faca de mesa com cabo e um pedacinho de lâmina pequeno, de 2 ou 3 centímetros, para fazer as gravuras”, lembra Jô Oliveira.

Outra coisa marcante citada por Oliveira é o fato de que J. Borges fazia questão de vender suas obras a preços acessíveis. “Isso o tornava ainda mais popular. Ele me dizia que o importante era vender em grande quantidade. Não à toa, durante a pandemia, era comum ver entrevistados nas TVs que tinham, ao fundo, obras dele em suas paredes das residências”

A morte do artista foi comentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas redes sociais. 

“Nos despedimos hoje de José Francisco Borges, o J. Borges, um dos maiores xilogravuristas do país. Autodidata, começou a trabalhar muito cedo no agreste pernambucano. Fiquei muito feliz de poder levar sua arte até o papa. Meus sentimentos aos familiares, amigos e admiradores deste grande artista do nosso país”, postou o presidente.

Exposição

Quem quiser conhecer o trabalho de J. Borges pode ir ao Museu do Pontal, no Rio de Janeiro. A exposição vai até 25 de março de 2025.

O curador e diretor-executivo da exposição, Lucas Van de Beuque, falou, em junho, à Agência Brasil, que J. Borges estava entre os maiores artistas vivos brasileiros, com obras expostas desde o Museu Louvre, de Paris, na França, até equipamentos culturais no Brasil e também em coleções privadas.

Segundo o curador, a exposição no Museu do Pontal mostra a trajetória do artista “desde os primeiros estudos de cordéis que ele fez até as últimas obras, como a Sagrada Família, que foi dada ao papa Francisco, no ano passado, pelo presidente Lula, representando a arte popular do Brasil, e a obra O coração na mão, que ele fez recentemente e é um grande sucesso”, disse Van de Beuque.

Artista

As xilogravuras de J. Borges ganharam admiradores de peso, como o escritor Ariano Suassuna. O artista tem vários prêmios, como a comenda da Ordem do Mérito Cultural, o prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na categoria Ação Educativa/Cultural e o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco.

J. Borges fez também exposições nos Estados Unidos, na França, na Alemanha, Suíça, Itália, Venezuela e Cuba.

Foi também ilustrador de capas de livros de escritores como Eduardo Galeano e José Saramago. Além disso, foi fonte de inspiração para documentários e para o desfile da escola de samba Acadêmicos da Rocinha, em 2018.

Quando criança, J. Borges talhava madeira para fazer colheres de pau e brinquedos artesanais, para vendê-los nas feiras de sua região. Foi também durante a infância que começou a vender livros de cordel – literatura à qual se dedicou com mais intensidade aos 21 anos.

Ele foi condecorado com a comenda da Ordem do Mérito pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Recebeu também o prêmio Unesco na categoria Ação Educativa/Cultural e, em 2002, foi um dos 13 artistas que ilustraram o calendário anual das Nações Unidas.

Em maio de 2022, o artista participou do programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, sobre xilogravura.

(Fonte: Agência Brasil)

Destaque Concurso Unificado. Foto: Arte/EBC

As provas do Concurso Público Nacional Unificado (CNPU) começarão a ser distribuídas a partir de 3 de agosto até a véspera da aplicação do certame, em 18 de agosto. Mais de 2,1 milhões de candidatos prestarão o concurso em 228 municípios das 27 unidades da federação.

De acordo com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), responsável pela aplicação do concurso, as provas estão armazenadas em local não divulgado por questões de segurança, certificado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e já usado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para armazenar as provas de edições anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Os mais de 18,7 mil malotes de provas do concurso estão guardados há cerca de três meses, desde o adiamento do certame, devido à situação de emergência no Rio Grande do Sul provocada pelas fortes chuvas que prejudicaram os candidatos que fariam as provas no Estado. A data prevista no edital inicial era 5 maio.

Logística

A partir do próximo dia 3 de agosto, os envelopes com as provas vão ser encaminhados aos armazéns centrais dos Correios em cada um dos Estados, onde permanecerão entre quatro dias e a véspera da aplicação, em 17 de agosto. O coordenador-geral de Logística do CPNU do MGI, Alexandre Retamal, explica que, após a chegada das provas nos Estados, começa a fase de interiorização dos documentos, que consiste em conduzir as provas aos municípios onde serão aplicadas.

“Chegando a essas cidades, as provas ficam armazenadas nos armazéns dos Correios locais, em cada polo de aplicação. No dia da aplicação das provas, ocorre o que chamamos de transporte da última milha, quando são feitas as rotas do armazém dos Correios até as escolas onde haverá a aplicação. Ao final da realização do concurso, no próprio dia, as provas serão recolhidas. Inicia-se a logística reversa”, detalha Retamal.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) irá atuar nas rodovias para facilitar esses deslocamentos.

“Saibam que, naquele dia, o que os candidatos têm que fazer é manter a calma e fazer o seu melhor porque o Ministério da Gestão e Inovação também está trabalhando para garantir a segurança e para que os candidatos possam ter a certeza de que a idoneidade e o nosso objetivo da democratização de acesso [ao concurso] são verdadeiros”, ressalta o coordenador.

Segurança

Com o adiamento do exame, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos recolheu todos os 18.757 malotes de prova. No local seguro, os malotes foram checados individualmente por uma equipe de segurança, que confirmou estarem todos intactos, garantiu o MGI.

Desde a fase de elaboração do chamado Enem dos Concursos, o Ministério da Gestão criou uma rede de segurança com o objetivo de combater qualquer possibilidade de fraudes. Essa rede é formada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp/MJSP), Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Força Nacional (FN) e secretarias de Segurança Pública estaduais.

No dia da aplicação das provas, por recomendação da Polícia Federal, no momento da realização da prova, a organização do concurso unificado fará o exame de biometria (coleta de digitais) e, ainda, o exame grafológico de todos os participantes. Esse novo processo tem como objetivo garantir que o candidato que esteja prestando a prova será a mesma pessoa que irá tomar posse do cargo, em caso de aprovação, em janeiro de 2025.

Os candidatos não poderão sair com o caderno de provas e nem fazer anotações no cartão de confirmação, mas, para quem ficar até os 30 minutos finais de cada turno de aplicação das provas, poderá levar a folha com anotações das respostas marcadas.

“Temos trabalhado todas as recomendações que esses órgãos de segurança estão nos trazendo para implantá-las no concurso, aprimorando a nossa logística de aplicação e de segurança para que os candidatos possam fazer a prova com tranquilidade”, adiantou o coordenador do MGI Alexandre Retamal.

Novo cronograma

No novo cronograma completo do Concurso Unificado, o cartão de confirmação de inscrição, com os detalhes sobre os locais de provas, será divulgado em 7 de agosto. O candidato deverá acessar, novamente, o documento no mesmo site em que foi feita a inscrição,  para checar se o local da prova foi mantido ou alterado.

A partir das 20h do dia 18, deverão ser disponibilizados os cadernos de prova no site. Já no dia 20 de agosto, será divulgado o gabarito preliminar das provas objetivas.

Os resultados finais obtidos pelos candidatos nas provas serão conhecidos em 21 de novembro e a previsão de posse nos cargos públicos é janeiro de 2025, com a convocação dos aprovados e para os cursos de formação.

Arte - Novo cronograma do concurso unificado CNU

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília - 27/06/2023 - O Programa Universidade Para Todos (Prouni) oferta bolsas de estudo, integrais e parciais (50% do valor da mensalidade do curso), em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições de educação superior privadas. As inscrições podem ser feitas pelo celular ou pelo computador. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Terminam, nesta sexta-feira (26), as inscrições para o processo seletivo do Programa Universidade para Todos (Prouni) do segundo semestre de 2024. Os interessados em concorrer a uma das 243.850 bolsas oferecidas nesta edição devem acessar o Portal Único de Acesso ao Ensino Superior.

As inscrições são gratuitas, e a previsão é que os resultados da primeira e segunda chamadas sejam anunciados nos dias 31 de julho e 20 de agosto, respectivamente. O prazo para manifestação de interesse na lista de espera vai do dia 9 ao dia 10 de setembro; e o resultado da lista de espera sai no dia 13.

Segundo o Ministério da Educação (MEC), para concorrer às bolsas, é necessário que o candidato tenha participado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nas edições de 2022 ou 2023, e obtido nota mínima de 450 pontos na média das cinco provas e acima de 0 na redação.

É também necessário que o candidato se enquadre nos critérios socioeconômicos – incluindo renda familiar per capita (por pessoa) que não exceda um salário mínimo e meio para bolsas integrais e três salários mínimos para bolsas parciais – e esteja cadastrado no login único do governo federal que pode ser feito no portal gov.br.

“No momento da inscrição, é preciso: informar endereço de e-mail e número de telefone válidos; preencher dados cadastrais próprios e referentes ao grupo familiar; e selecionar, por ordem de preferência, até duas opções de instituição, local de oferta, curso, turno, tipo de bolsa e modalidade de concorrência dentre as disponíveis, conforme a renda familiar bruta mensal per capita do candidato e a adequação aos critérios da Portaria Normativa MEC nº 1, de 2015”, explicou MEC.  

De acordo com o MEC, a escolha dos cursos e instituições pode ser feita por ordem de preferência. Informações mais detalhadas sobre oferta de bolsas (curso, turno, instituição e local de oferta) podem ser obtidas na página do Prouni. 

(Fonte: Agência Brasil)

A carnavalesca Rosa Magalhães diz que a figura do palhaço tem um lado que é de crítica, de reflexão, que será mostrado no desfile da São Clemente

Escolas de samba e personalidades prestam homenagens para a carnavalesca Rosa Magalhães, dona de sete títulos do carnaval carioca. Ela morreu, no Rio de Janeiro, na noite dessa quinta-feira (25), aos 77 anos. A confirmação da morte foi feita pela escola de samba Império Serrano, pela qual Rosa foi campeã em 1982. Rosa sofreu um infarto em sua casa.

“Com tristeza, a Império Serrano recebeu a notícia do falecimento da carnavalesca Rosa Magalhães, aos 77 anos, nesta noite”, informou a escola. 

“Fica aqui a nossa gratidão por tudo que você, Rosa, fez pelo carnaval, pela contribuição à nossa história e à arte”, completa a agremiação. 

O velório será aberto ao público no Palácio da Cidade, sede da prefeitura do Rio, em Botafogo, 12h às 16h. O sepultamento será restrito a familiares e amigos, no cemitério São João Batista, também em Botafogo, às 16h30.

Rosa tinha mais de 50 anos dedicado à arte. A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), ao lamentar a morte, afirmou que Rosa Magalhães “fez história” no carnaval.

O título de 1982 com o Império Serrano fez o enredo “Bum Bum Paticumbum Prugurundum” figurar entre um dos mais famosos do carnaval carioca.

Na Imperatriz Leopoldinense, a amante do carnaval conseguiu fazer a escola atingir a supremacia por anos seguidos. Conquistou o bicampeonato de 1994 e 1995 e o tricampeonato de 1999, 2000 e 2001.

“Falar de Rosa Magalhães é falar da história da Imperatriz, tendo em vista que, de sete títulos conquistados pela professora, cinco foram em nossa agremiação”, publicou no X (antigo Twitter), a Imperatriz Leopoldinense.

“Neste momento, faltam palavras para definir a grandeza de Rosa e de toda a sua trajetória não só no carnaval, mas em toda a sua carreira, ao longo dos mais de 50 anos de trabalhos dedicados à arte. Rosa promoveu desfiles inesquecíveis aos olhos do público e de toda a crítica, e sempre estará marcada por sua elegância, pela entrega magistral em seus trabalhos, e, principalmente, por sua brasilidade nas histórias que contou ao longo de todo esse tempo”, completou a Imperatriz Leopoldinense.

O último campeonato da carnavalesca foi em 2013, comandando o carnaval da Unidos de Vila Isabel. “Viva Rosa Magalhães”, postou nas redes sociais a Vila Isabel após a notícia da morte.

“Se o carnaval carioca alcançou a primazia como grande espetáculo visual muito se deve a Rosa. Nossa escola tem por ela uma gratidão imensurável por ser um gênio artístico à frente do nosso último campeonato em 2013”, publicou a escola da zona norte do Rio de Janeiro, acrescentando que ela “projetou o seu talento e profissionalismo para além da Avenida”.

Era Sambódromo

Rosa é a maior carnavalesca da Era Sambódromo, que começou com a inauguração da Passarela do Samba, em 1984. A última participação dela foi em 2023, na escola Paraíso do Tuiuti.

Uma das curiosidades é que ela gostava de fazer e participar dos desfiles para, em algumas vezes, se misturar com os componentes, sem necessariamente se fazer perceber. Era uma forma de sentir a evolução da escola e a reação do público.

Além de levar a magia de fantasias e adereços para a Marquês de Sapucaí, Rosa Magalhães ditou o espetáculo de cores e movimentos na cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007 e na festa de encerramento das Olimpíadas de 2016, ambas no Rio de Janeiro. A celebração de 2007 rendeu para a carnavalesca o prêmio Emmy de melhor figurino.

Legado

Carnavalescos viam em Rosa mais que uma competidora. Ela era também uma “professora”, disse Alexandre Louzada, dono de seis títulos na elite do carnaval carioca e dois no carnaval paulista.

“Eu realmente tinha intenção de fazer um enredo sobre ela. Quando nos encontramos, ela sempre brincava que não queria enquanto ela estivesse competindo. Eu dizia que ela estava com medo de perder para ela mesmo”, contou em mensagem enviada à Agência Brasil.

Dono de três títulos no Grupo Especial do carnaval do Rio, incluindo um com a Imperatriz Leopoldinense em 2023, Leandro Vieira disse que, no futuro, não haverá “desfile que não tenha uma espécie de assinatura da professora”.

“A Rosa vive e viverá em cada carnavalesco que insistir em fazer carnaval. Seu nome vai viver em cada história bem contada, em cada fantasia vestida, em cada alegoria que flerte com a inteligência e a beleza. Seu nome é uma espécie de verbete daquilo que determina o que é, o que faz e para que serve um carnavalesco”, complementou.

André Rodrigues, carnavalesco da Portela, observou que Rosa era uma “realidade fundadora” do carnaval.

“Ela fundou um outro tipo de ver e fazer carnaval. Carnaval é mutável e uma dessas transformações aconteceram graças [ao talento] de Rosa. Ela aprofunda a escola de samba de uma maneira muito bonita e poética”, afirmou. “Nós somos hoje o legado dela”, completou.

Gabriel Haddad, carnavalesco campeão com a Beija-Flor em 2022, considera que a obra de Rosa, que era formada pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é “eterna”.

“Rosa foi uma referência, vai ser uma referência ainda para muitas e muitas gerações de pessoas que trabalham com a arte brasileira. O carnaval é uma arte que só a gente sabe fazer e Rosa foi uma das maiores de todas”, declarou.

A trajetória dessa carioca no carnaval começou pela escola de samba Acadêmicos do Salgueiro. A agremiação homenageou a carnavalesca nas redes sociais e lembrou o início da carreira dela.

“Em 1971, o barracão do Salgueiro ficava em um quintal em Botafogo. Entre os nomes presentes estavam Joãosinho Trinta, Lícia Lacerda, Maria Augusta e Rosa Magalhães, que começou sua carreira ali, junto a um pequeno time de artistas e dois assistentes. Com a ajuda do mentor Fernando Pamplona, Rosa ingressou no mundo do carnaval durante aulas na Escola de Belas Artes”, publicou.

“Rosa Magalhães teve uma trajetória marcante no Salgueiro, não apenas iniciando sua carreira na escola, mas também atuando como carnavalesca em 1990 e 1991. Seu estilo barroco único no carnaval, inspirado e transformado pelos mestres Arlindo Rodrigues e Joãosinho Trinta, redefiniu a linguagem carnavalesca, combinando história e luxo em desfiles inesquecíveis”, finalizou.

Rio de Janeiro (RJ), 26.07.2024 - Rosa Magalhães participando de desfile em cima de um carro alegórico da Portela em enredo assinado pela artista. Foto: Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil

Uma mente brilhante

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, classificou Rosa como “uma das mentes mais brilhantes da nossa maior manifestação cultural [o carnaval].” Ele acrescentou que a história da carnavalesca se confunde com a do próprio carnaval. “De um jeito único, ela encantou a todos nós com sua capacidade de materializar sonhos na avenida, de contar histórias de um jeito único e emocionar quem assistia”, escreveu o prefeito.

O jornalista e escritor Fábio Fabato, especialista em carnaval, chamou a artista de “maior fazedora de festas populares” e a equiparou a artistas como Tarsila do Amaral e Cândido Portinari.  

“Através da arte de Rosa Magalhães, através de suas criações, nós nos descobrimos mais brasileiros, já que ela foi uma investigadora profunda de causos e curiosidades na nossa cultura que, muitas vezes, os livros didáticos não contam”, declarou.

Ele disse que ela se mantinha ativa intelectualmente, escrevia um livro sobre os últimos carnavais e estava envolvida com uma peça de teatro infantil.

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília, (DF), 25/07/2024 - Jacira Silva - Latimidades 2024. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Aos 73 anos, a jornalista Jacira Silva nunca imaginou que seria homenageada “ainda neste planeta” ao nomear um prêmio de reconhecimento ao jornalismo negro. O Prêmio Jacira Silva será entregue nesta sexta-feira (26), durante a 17ª edição do Festival Latinidades, em Brasília.

Na categoria Jornalistas Negras, a gerente da Agência Brasil, Juliana Cézar Nunes, receberá o prêmio ao lado de nomes como Maju Coutinho, da Rede Globo, e Basília Rodrigues, da CNN. 

“É o reconhecimento dos colegas pela nossa trajetória e o pouco que a gente consegue fazer para transformar e para contribuir para uma comunicação democrática, plural, não sexista. Espero que eu mantenha a minha coerência política e a minha dignidade como ser humano e que eu possa sempre representá-los e representá-las com muito Axé”, diz Jacira. 

Brasília, (DF), 25/07/2024 - Jacira Silva - Latimidades 2024. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Jacira foi a primeira negra a assumir a presidência do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, entre 1995 e 1998, e fundou a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira/DF). Atualmente, é diretora de Condições de Trabalho e Qualidade de Vida do Sindicato. 

Considerado o maior festival de mulheres negras da América Latina, o Festival Latinidades em Brasília acontece até amanhã (27), no Museu da República. O evento tem apoio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Confira a programação.

Jornalistas negras

A programação do festival inclui um debate hoje sobre a participação de mulheres negras na mídia. A ideia é fazer pensar as possibilidades de futuro com mais participação das mulheres negras em diferentes processos comunicacionais.

Para Jacira, apesar de estarem em menor número nas redações brasileiras, a presença de mulheres negras traz uma nova perspectiva para o jornalismo.  

“Hoje, fruto da luta do movimento negro organizado no Brasil, nós mulheres negras estamos na TV, no rádio, nas redes como nós somos. Do jeito que a gente quer se vestir, quer se pentear. Com a nossa autoestima e com a nossa história, dos nossos ancestrais, das nossas famílias. E sem ser exótico, e sim sermos quem nós somos, com o nosso cabelo crespo, o nosso cabelo para cima, solto, trançado com o nosso nariz chato e com a nossa pele negra. Mas a gente ainda continua sendo uma ou duas, contando nos dedos.”

Trajetória

Jacira começou a cursar comunicação após quatro tentativas de entrar na Universidade de Brasília (UnB). “Eu não passava porque trabalhava, tinha dois empregos, sempre fui de escola pública. Mas não desisti do que eu queria ser”. Assim, ela ingressou em uma faculdade privada, apesar da dificuldade de pagar a mensalidade. “Foi uma grande dificuldade de pagamento, tinha semestre que eu não tinha como pagar, aí negociava lá na direção.” 

Brasília (DF), 25.07.2024 - Prêmio Jacira Silva. Foto: Festival Latinidades/Divulgação

niciou a carreira como revisora da gráfica do Congresso Nacional. Em sua trajetória profissional, passou por redações como do Correio Braziliense e do Jornal de Brasília, além de rádios e jornais comunitários. Também atuou na assessoria de imprensa do Ministério da Educação e da Funarte, e de outros órgãos públicos, além de participar do movimento sindical no DF. 

A jornalista negra conta que, em muitas dessas etapas, sofreu discriminação e teve sua capacidade colocada em dúvida por conta da raça. “A discriminação nos move quando ela vem na forma do enfrentamento. Ela não pode te abater e nem deixar você desistir, ela me fortalece. Mas ela não é boa, é óbvio, eu não quero ser discriminada para me fortalecer”, diz. 

(Fonte: Agência Brasil)