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Congonhas (SP), 13.07.2024 - Ópera Devoção. Foto: Márcia Charnizon/Divulgação

Os banquinhos de plástico transformaram-se em poltronas para assistir à novidade. Não era um teatro, e o vento soprava na praça em que Maria Conceição Fabri, de 73 anos, trabalha todos os dias vendendo água de coco.

Diante do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, na histórica Congonhas (MG), a 80 quilômetros de Belo Horizonte, Conceição ficou encantada ao assistir a um espetáculo de ópera pela primeira vez na vida.

O espetáculo Devoção encenava, ao ar livre, na noite do último sábado (13), a saga do português Feliciano Mendes que, em pagamento a uma promessa, construiu a igreja com a venda de ouro e doações que conseguiu na cidade.

Congonhas (SP), 13.07.2024 - Maria da Conceição Fabri e Maria Cristina Assis. Ópera Devoção. Foto: Luiz Claudio Ferreira/Agência Brasil
Maria Conceição e Maria Cristina

Em cena, nessa pré-estreia, os artistas contracenavam com os 12 profetas esculpidos em pedra-sabão por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, no lugar que é patrimônio cultural da humanidade. Emocionada com o espetáculo, Conceição não descuidava do seu ouro de todo dia: “Oi, família! Bora comprar água de coco?”.  

“A gente sabe a história daqui da igreja e do Feliciano Mendes, mas, desse jeito, fica até mais bonito”, diz a comerciante, que já foi doméstica, cozinheira e se aposentou.

Ao lado dela, a aposentada Maria Cristina Assis, de 77, também ficou emocionada porque se lembrou da própria história, ao pagar promessas para ter saúde. Ouviu do tenor: “foi uma longa jornada…” e reagiu: “foi mesmo. A minha jornada, também”. “Que vozeirão o dele. Essas luzes ficam tão bem! Como ele lembra dessa música tão longa? É a nossa história”.

Coro

Maria Cristina sonhou em ser professora, mas precisou parar o curso de magistério. Precisava cuidar da família. “Tive 21 filhos, mas perdi oito. Já paguei promessa para melhorar de saúde. Casei nova, mas nunca fui feliz no casamento. Nunca tive tempo de sonhar nada”.

Ela não teve “qualquer ouro” para pagar a promessa, vive da aposentadoria por invalidez e reza todos os dias no santuário que era o cenário da ópera. “Vivo com uma filha que é mãe solteira e penso como ajudar 12 netos e seis bisnetos. Tenho vários problemas de saúde e sempre recorro ao Bom Jesus”.

Ela lembra que a mãe dela também orava por saúde. “O que nós temos para doar é a fé. A única coisa que a gente tinha era minhas roupas”.

A aposentada Maria Cristina recorre ao Bom Jesus como um dia pediu socorro o português Feliciano Mendes, nascido em 1726, tema da ópera que os congonhenses assistiram no último sábado.

Segundo a biografia publicada pelo escritor e pesquisador mineiro Domingos da Costa, o homem tinha formação de pedreiro e era filho de família humilde no Povoado de Santa Maria de Gêmeos, no norte português.

Ao ter conhecimento do ouro que havia do outro lado do Atlântico, o rapaz conseguiu chegar ao Rio de Janeiro e, depois, em Minas Gerais. “A atividade no garimpo deixou ele gravemente enfermo. Foi quando resolveu fazer a promessa ao Bom Jesus de Matosinhos de construir a igreja”, disse o escritor

Congonhas (SP), 13.07.2024 - Ópera Devoção. Foto: Márcia Charnizon/Divulgação

à Agência Brasil.

Primeiro ato

A obra de Domingos da Costa, Congonhas: da fé de Feliciano à genialidade de Aleijadinho, inspirou os autores da ópera, como o músico André Cardoso, que assina o libreto (texto explicativo do espetáculo). Para ele, a ópera deve ser popularizada e encenada a todos os públicos.

“Não deve haver estigmas em relação à ópera. Sempre que aberta ao povo, há encenações lotadas. Oferecer ópera à população é uma escolha que se faz. É uma honra contar a história deles para a cidade, uma história de sacrifícios em prol da devoção”.

Cardoso explica que, junto a personagens reais, a encenação também criou personagens fictícios para facilitar a dramaturgia e preencher as lacunas.

O compositor do espetáculo, João Guilherme Ripper, salienta que a ideia não era fazer um documentário sobre Feliciano, mas encenar uma ficção histórica. “Não é a devoção apenas cristã, mas a devoção mineira no seu sentido mais amplo e sincrético”. 

Inclusive, há uma variação de ritmos ao término do espetáculo com o uso de tambores. Ripper explica que seu método de composição inclui imaginar as cenas na hora em que são escritas. Assim, pensou que seria um espetáculo que seria montado ao ar livre e também no teatro.

Para o diretor musical Ronaldo Zero a música é capaz de comover em todos os lugares. “É uma história muito abrangente, que fala dessa devoção desse homem sonhador, que enfrentou dificuldades. A música é acessível e tem que estar em todos os lugares”, afirmou.

Congonhas (SP), 13.07.2024 - Ópera Devoção. Foto: Márcia Charnizon/Divulgação

O espetáculo vai ser encenado nesta semana, em ambiente fechado, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, de 19 a 23 de julho. Mas a entrada, nesse cenário, não será gratuita. Os ingressos custam a partir de R$ 30. No espetáculo, estão envolvidos, aproximadamente, 200 artistas e 400 técnicos, além de movimentar 230 figurinos e 500 adereços.

Além da ópera, para quem quer saber mais sobre a história de Feliciano Mendes e não tiver acesso ao espetáculo, pode visitar o Museu de Congonhas, que foi inaugurado há nove anos. O presidente da Fundação Clóvis Salgado, Sérgio Rodrigo Reis, que é instituição responsável pela realização da ópera, entende que o maior desafio das atividades culturais é garantir a multiplicação das informações sobre a cidade.

“Das mais velhas às mais novas, as pessoas passam a ter orgulho do lugar em que vivem e ficam interessadas em preservar e se manter na cidade”.  

Segundo ato

O santuário tem levado as crianças da região a conhecer mais sobre a história do lugar e também sobre Aleijadinho que, no começo do  século XIX, esculpiu, em pedra-sabão, os 12 profetas que estão na frente da igreja. Feliciano Mendes havia morrido quatro décadas antes.

A história de Feliciano Mendes era pouco conhecida, inclusive entre a população de Congonhas – cerca de 52 mil habitantes. “Ele adoeceu, fez a promessa e obteve a cura. Ele fixou a cruz no alto do Morro do Maranhão, no ano de 1757”, afirma o biógrafo Domingos da Costa. 

Ele explica que a igreja demorou um século para ficar na forma como está hoje. Nem Feliciano nem Aleijadinho viram o santuário pronto. “Quando Feliciano faleceu, em 1765, faltava construir as duas torres”.

Toda essa história impressionou a maestrina do espetáculo, Ligia Amadio. “É muito diferente fazer [encenar] em ambiente fechado. Mas achei muito emocionante encenar no local em que os fatos ocorreram”.

O secretário de Cultura de Minas Gerais, Leônidas Oliveira, conta que a montagem custou R$ 3 milhões e que pretende levar o espetáculo inclusive para Portugal. Por reunir música, teatro e dança, a ópera é uma das manifestações mais completas.  “A próxima que queremos fazer será sobre o sertão mineiro”.

Vozes

A dupla de protagonistas, o tenor mineiro Matheus Pompeu, que interpreta Feliciano Mendes, e a soprano portuguesa Carla Caramujo, que faz Mercês, uma esposa criada para a ficção, estavam emocionados. “Muito bom voltar para contar a nossa história”, disse o artista. “Eu fiquei tocada porque fala sobre um compatriota e seus sonhos”, disse a cantora.  

Congonhas (SP), 13.07.2024 - Lúcia dos Santos. Ópera Devoção. Foto: Luiz Claudio Ferreira/Agência Brasil
Lúcia dos Santos

O vozeirão de ambos tocou fundo a plateia, inclusive a comerciante Lúcia dos Santos, de 66 anos, que vendia broa de milho e o cubu, uma iguaria típica da região feita com fubá. Enquanto atraía os clientes, batia palmas a cada cena completa. “Eles não vão me ouvir daqui, mas fiquei feliz”.

Os pais dela também foram para Congonhas para trabalhar nas empresas de minério. “Foi um pouco como a história do Feliciano Mendes”. Ela, que já trabalhou como cuidadora, hoje está devotada à culinárias, ou às quitandas, como prefere dizer. “Quando as pessoas conhecem nosso lugar ficam mais interessadas em cuidar e nos visitar, né? Não vou me esquecer o dia que vi uma ópera”.

Serviço

Ópera Devoção, em Belo Horizonte
Data: 19 a 23 de julho, às 20h
Local: Grande Teatro Cemig Palácio das Artes
Ingressos: R$ 60 e R$ 30 (meia) Informações aqui

(Fonte: Agência Brasil)

ESTA É IMPERATRIZ

(UM HINO DE AMOR E DOR PARA A CIDADE)

*

Imperatriz. Fundada em 16 de julho de 1852. 172 anos de história e desenvolvimento. 273 mil habitantes. Um dos maiores índices de crescimento do país: 10,57% no período 1970/1980.

Cidade-majestade, crescendo no tempo e no espaço.

Esta é Imperatriz. Uma das maiores cidades de todo o país. A de número 102 em população, no total de 5.570 cidades brasileiras. Uma das maiores economias do Brasil, com seus mais de 7,6 bilhões de reais em 2021, o que a coloca em 194º lugar no "ranking" de todos os 5.570 municípios.

Imperatriz de muitos títulos: Princesa do Tocantins. Portal da Amazônia. Capital Brasileira da Energia. Metrópole da Integração Nacional. Polo Nacional do Xadrez. Capital Norte-Nordeste do Automobilismo. Cidade Esperança.

Imperatriz é sede de uma grande região, polo urbano de grande influência, reinando absoluta em todo o sudoeste do Maranhão, sul do Pará e norte do Tocantins. Dezenas de municípios com ela convivem e muitos dela dependem.

Imperatriz é a Pré-Amazônia Maranhense, entre a região dos Cerrados e a região Amazônica.

Nosso clima é tropical. Vai do úmido ao de savana. Terra de calor gostoso, cidade que já foi de poucas luzes (lâmpadas), mas sempre de muito Sol: o astro-rei bota quente e está presente com cerca de 2.500 horas de calor e iluminação por ano. A incidência solar é direta durante todo o ano devido à nossa privilegiada situação tropical.

E nessa história de Sol e água, o Rio Tocantins é o elemento de maior relevo – na geografia e em nossos corações. 

Imperatriz é uma São Paulo no interior do Maranhão, começo da Amazônia. População comprovadamente heterogênea, uma estatística do IBGE já de décadas dizia que apenas 37% dos imperatrizenses nasceram aqui. A grande maioria, 63%, vem de tudo quanto é lugar, da Amazônia e do Nordeste, do Brasil e do mundo.

É Imperatriz, oferecendo seu corpo a gentes cosmopolitas, cidadãos do mundo, que aqui trabalham e sofrem, constroem e edificam, empurrando para frente, erguendo para mais alto os destinos de uma comunidade – que são, em última análise, o destino de cada um.

Área de forte imigração, Imperatriz recebeu os maranhenses do Vale do Mearim, em 1950. Eles começaram, espontânea e mansamente, a ocupação das terras devolutas do município. Muitos queriam ir para Goiás e Pará. Mas beberam da água do Tocantins e aqui ficaram e começaram a fazer história, muito antes da existência dos grandes eixos viários que rumavam para o inferno verde da Amazônia.

Nos fins da década de 1950, começa a construção da Rodovia Belém-Brasília. Depois, a Transamazônica e o sistema rodoviário do Maranhão na década de 1960. E a partir de 1970, o asfalto na Belém-Brasília e a criação do Programa Grande Carajás. E aí nem a cidade nem a região aguentaram. Virou o fole do velho Félix. Gente de todo jeito. Gente entrando pra dentro – ou seja, saindo da zona rural e indo pra cidade.

Em 1960, apenas 23% da população estavam na zona urbana; 77% queriam mesmo era viver no campo. Em 1970, o percentual da população urbana pulou para 43%. Em 1980, chegou a mais da metade (50,72%). E, a partir do ano 2000, quase a totalidade (95%) da população de todo o município passou a viver, sobreviver e subviver na chamada zona urbana.

É o fascínio do concreto armado. Do ferro fundido. Da pedra lascada, concretada. Da vida agitada. Estranho canto de sereia em selva-mar de pedra.

Em 1970, Imperatriz tinha 6 pessoas e uns quebrados para cada quilômetro quadrado. Dez anos depois, havia mais de 16 pessoas, que aumentou mais de ONZE vezes mais em 2019, com 188,95 habitantes ocupando a mesma área (população oficial de 258.682 habitantes – IBGE, 2019). A densidade populacional de Imperatriz, nesse período, era 7,6 vezes maior do que a do Brasil. Em 2022 a densidade subiu para 199,49 habitante por quilômetro quadrado 

Em 2002, na área do pretendido futuro Estado do Maranhão do Sul, de 146.539 quilômetros quadrados (km2), a população era de 1.126.050 habitantes. Sozinha, Imperatriz tinha mais de 20% dessa população... em menos de 1% (um por cento) do território. Resultado: uma elevada taxa de densidade demográfica imperatrizense, que pulou de 34 habitantes em 1995 para quase 190 em 2019, o que, nessa época, representa 7,6 vezes mais do que a densidade populacional do Brasil (de 24,69 habitantes/km2) e 8,8 vezes mais a densidade do Maranhão (21,46 habitantes/km2).      

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Imperatriz tem classes de gente e, pois não, temos gente de classe: professores, pregadores espirituais e funcionários públicos, garis do homem e da terra que alimentam mentes, almas e estruturas.

Temos, também, aqueles que sobrevivem com o salário-miséria do mês, trabalhando o dia todo todo dia, para ganhar o pão de cada café da manhã – e, às vezes, somente este ou, pior, nem esse. (Mas – tá dito – nem só de pão vive o homem. Para alguns há a água também. A rapadura. A farinha de puba. Os “lixões” fora e dentro da cidade, em terrenos – dezenas de milhares deles – espalhados pelos desvãos urbanos... e até no centro também, bem na fusca das tais autoridades. Os tonéis de lixo dos supermercados. Felizes os muito pobres que comem carne seca. Farinha seca. A garganta seca. Os olhos secos. Vidas secas. E a vontade líquida de chorar. E vai por aí, e olhe lá. Pois a vida é uma grande rapadura: é doce, mas não é mole. Osso duro de roer.

Esta é Imperatriz. De gente forte. E de doentes também. E, por isso, os muitos hospitais, clínicas, institutos, centros e postos médicos. E os próprios médicos, centenas e centenas de médicos, em mais de vinte especialidades que cuidam do corpo todo e dos poucos por cento da mente, que tratam o indivíduo (paciente ou não) da cabeça aos pés, que assistem à criança que nasce e ao velho que morre.

Há, em Imperatriz, (saúde!) o clínico médico, cirurgião, o ginecologista, o dermatologista. Há o sanitarista, o patologista, o anestesiologista. Há o cardiologista, o neurologista, o oftalmologista, o optometrista. Há o obstetra, o pediatra e o psiquiatra. Há o ortopedista, o traumatologista, o urologista.

Há, também, os indizíveis acupunturistas, os gastroenterologistas e (valha-me Deus) os otorrinolaringologistas.

Há o hemoterapeuta, o fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional. O radiologista, o pneumologista, o nefrologista, o proctologista e o próprio legista.

Não esquecer o neonatologista, o clínico geral, o cirurgião vascular, o médico nuclear, o psicólogo, o odontólogo, o podólogo. O bioquímico, o farmacêutico, o instrumentador cirúrgico, as enfermeiras, os técnicos e os auxiliares de Enfermagem. Os assistentes sociais e os administradores hospitalares.

Há, aqui, toda essa gente sadia. E há doentes para todos, para essas e outras especialidades, ao gosto do freguês.

Para quem é de saravá, há, opcionalmente, macumbeiros e rezadeiras, umbandistas e quimbandistas, cartomantes e quiromantes.

Esta é Imperatriz. Das igrejas e religiões.

Das crenças e seitas.

Do espírito e do espiritismo.

Dos cultos e missas.

Dos encontros e sessões.

Das romarias e procissões.

Do corpo e da alma.

Matéria e anti.

Céu e inferno.

Esta é Imperatriz.

De homens fortes, inclusive o sertanejo.

Imperatriz de gente-nordeste, cabras da peste.

Terra de fulano. De sicrano. E de beltrano também.

Esta é terra de gente da terra inteira. Sem eira. Nem beira.

Às vezes, gente sem parente. E nem aderente.

Gente de dentro e gente de fora.

Paulistas e mineiros. Amazonenses e acrianos, roraimenses e rondonianos. Amapaenses, paraenses e tocantinenses. Mato-grossenses e sul-mato-grossenses. Goianos e candangos. Paulistas e mineiros. Capixabas e fluminenses. Gaúchos, catarinenses e paranaenses. Baianos, sergipanos e alagoanos. Pernambucanos e paraibanos. Potiguares e cearenses. Piauienses e maranhenses.

De todos os continentes, todas as gentes.  Americanos das três Américas. Africanos das várias Áfricas. Europeus e asiáticos. O Ártico e o Antártico. A Oceania e a Zelândia – e, se brincar, até a Atlândida...

Esta é Imperatriz. Terra da gente.

Nos confins do Maranhão, o portão da Amazônia, pulso do planeta, peito aberto, fronte erguida. Nosso mundo. 

Esta é Imperatriz.

172 anos.

* EDMILSON SANCHES

 (Texto publicado originariamente em “O Imparcial”, São Luís/MA, década de 1980; com atualizações e alterações.)

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A nadadora maranhense Sofia Duailibe foi destaque na 8ª etapa da Copa Brasil de Águas Abertas, competição realizada nos dias 13 (sábado) e 14 (omingo), na Ilha do Mosqueiro, em Belém (PA). Sofia, que é atleta da DM Aquatic e conta com os patrocínios do governo do Estado e do Centro Elétrico, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, conquistou duas medalhas de ouro e uma medalha de prata no evento organizado pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).

Sofia Duailibe garantiu resultados expressivos em duas provas na 8ª etapa da Copa Brasil de Águas Abertas, com destaque para a disputa dos 5km, em que foi campeã da categoria Infantil 2 e vice-campeã da categoria Geral Feminino. Já na prova dos 5km, Sofia conquistou mais um título da categoria Infantil 2.

Antes de brilhar em Belém, Sofia Duailibe também teve ótimas performances nas últimas etapas da Copa Brasil de Águas Abertas. No início de junho, a atleta da DM Aquatic levou três ouros e um bronze na sexta etapa da Copa Brasil de Águas Abertas, em Fortaleza (CE). Pouco antes, em maio, Sofia disputou a prova dos 2,5km da Copa Brasil, em Itajaí (SC), e subiu duas vezes ao pódio, conquistando a medalha de ouro na categoria Infantil 2 Feminino e faturando a medalha de bronze na categoria Geral Feminino.

Já no fim de março, Sofia Duailibe foi campeã da categoria Infantil 2 e garantiu o vice-campeonato Geral Feminino na prova de 2,5km da segunda etapa da Copa Brasil, realizada em Maceió (AL). Além disso, a atleta maranhense faturou o primeiro lugar da categoria Infantil 2 na disputa dos 5km da primeira etapa do Campeonato Brasileiro de Águas Abertas.

Além de se destacar nas competições de águas abertas, Sofia Duailibe também acumula conquistas nas piscinas. Em 2024, Sofia faturou quatro ouros no Campeonato Maranhense de Natação de Inverno – Troféu Giselle Menezes, conquistou a medalha de prata na prova dos 1.500m livre da Copa Nordeste – Troféu Sergio Silva, em Fortaleza (CE), e garantiu três ouros nas provas dos 100m livre, 100m costas e 200m livre do Troféu João Victor Caldas, disputado em São Luís.

Outros resultados

Sofia Duailibe conquistou vários títulos em provas de águas abertas durante o ano de 2023. A nadadora maranhense superou a marca de 20 pódios em etapas da Copa Brasil de Águas Abertas, com destaque para a conquista de 16 medalhas de ouro, além de ter sido campeã do Desafio do Cassó e da Copa São Luís.

Também em 2023, Sofia Duailibe se destacou nas piscinas, sendo campeã nas disputas do Norte/Nordeste de Natação – Troféu Walter Figueiredo Silva, do Campeonato Maranhense de Natação de Inverno – Troféu João Vitor Caldas, da Copa Norte de Natação / Troféu Leônidas Marques, dos Jogos Escolares Ludovicenses (JELs) e dos Jogos Escolares Maranhenses (JEMs).

A nadadora Sofia Duailibe é patrocinada pelo governo do Estado e pelo Centro Elétrico, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte. Ela ainda conta com o apoio do Colégio Literato.

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Brasília-DF, 12.11.2023, Candidatos chegam para fazer a segunda etapa da prova do Enem 2023, na UNIP em Brasília.  Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O prazo final para a convocação das vagas remanescentes do Fies foi prorrogado para o dia 19 de julho. Edital publicado pelo Ministério da Educação (MEC) adiou a pré-seleção dos candidatos que ficaram na lista de espera do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

Essas vagas remanescentes são aquelas que não foram preenchidas durante as etapas regulares de seleção do programa. As vagas são exclusivas para os estudantes efetivamente matriculados no curso, turno e local de oferta em que se inscreveram.

Os alunos devem estar, obrigatoriamente, cursando no momento da inscrição ou devem ter cursado o semestre com aproveitamento de, ao menos, 75% das disciplinas, caso o semestre já tenha acabado.

A prioridade para a seleção da lista de espera é para os candidatos com renda familiar per capita de até meio salário mínimo inscritos no Cadastro Único (CadÚnico) dos programas sociais do governo federal.

Verba

O Fies concede financiamento de até 100% dos custos de cursos de graduação em instituições privadas de educação superior.

Podem se inscrever os estudantes que tenham feito o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) a partir de 2010 e tenham obtido média aritmética das notas nas provas igual ou superior a 450 pontos e nota superior a zero na redação.

Também é necessário possuir renda familiar mensal bruta, por pessoa, de até três salários mínimos.

(Fonte: Agência Brasil)

Suzano (SP), 13/03/2024 - Cinco anos do massacre da escola em Suzano - Fachada da Escola Estadual Professor Raul Brasil. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Mais diretores da rede estadual de educação estão chegando ao cargo por meio de processo seletivo e eleição da comunidade escolar. O percentual, que já foi 12,7% em 2019, chegou a 26,1% em 2023. O resultado é parte de uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (15) com informações de todas as regiões do Brasil. Por outro lado, houve queda no número daqueles contratados exclusivamente por indicação da gestão. Eram 24% em 2019, caíram para 20% em 2023.

O levantamento Perfil dos(as) diretores(as) e desafios da gestão escolar nas redes estaduais de educação no Brasil, elaborado a pedido do Instituto Unibanco, combina dados do Censo Escolar e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

A forma de acesso ao cargo de direção e a origem dos profissionais, segundo especialistas, têm impactos importantes na rotina escolar.

“É uma bandeira histórica do sindicato. A gente sempre reivindicou que tivessem eleições diretas em todas as redes. É a possibilidade de escutar a comunidade escolar. E isso é um processo de exercício de democracia. Dessa forma, é possível pensar em um projeto político-pedagógico a partir de cada realidade, com quem já tem um compromisso histórico com a rede. Tem toda uma relação de enraizamento”, diz Duda Quiroga, diretora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). “Quem vem de fora, contratado, pode olhar aquilo ali como passageiro. E se está vindo por indicação, a gente costuma dizer que está vindo como interventor também”.

Perfil

A pesquisa fornece outros detalhes sobre o perfil desses profissionais. Os números de 2023 indicam que 50,6% dos diretores de escolas estaduais eram brancos, 24,8% pardos, 4,5% pretos e 17,6% não quiseram declarar cor/raça. Em 2011, esses percentuais estavam em 55,7% de brancos, 33% pardos, 6,2% pretos, e menos de 2% não quiseram declarar.

Em relação ao sexo, o cargo era ocupado por 76,4% mulheres e 23,6% homens em 2011. Em 2023, o número de homens subiu para 33,5%, enquanto o de mulheres caiu para 66,5%. Quando se considera a faixa etária, só há dados a partir de 2013. Nesse ano, a maioria (45%) era entre 40 e 49 anos, seguida por 35% que tinham 50 anos ou mais. Em 2023, 50% estavam com 50 anos ou mais, enquanto 35% entre 40 e 49 anos.

Quanto à formação, em 2011, 33,6% dos diretores tinham graduação em pedagogia, enquanto 48% eram profissionais de outras áreas da educação (licenciaturas diversas, como história, matemática, letras, química, etc.). Em 2023, 38% eram formados em pedagogia, 55,2% em outras áreas da educação.

O percentual de diretores com curso de formação em gestão escolar concluído teve variação grande entre as unidades federativas do país. Em 2020, apenas Rondônia e Acre tinham 30 a 40% dos diretores com esse tipo de formação. Acre, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Ceará e Sergipe eram entre 20 e 30%. Todos os outros, apareciam com menos de 10%. Em 2023, o Piauí tinha entre 90 e 100%, seguido de Brasília (entre 40 e 50%), Acre, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Paraná, Espírito Santo, Maranhão, Ceará, Sergipe e Pernambuco (entre 30 e 40%).

“Essa heterogeneidade tão grande entre os Estados faz a gente pensar que é muito importante as redes estaduais conhecerem melhor os seus diretores. E elas não necessariamente conhecem, não sabem qual o perfil dos profissionais que estão atuando. Importante saber qual é a formação, se existe algum tipo de lacuna que é interessante cobrir, e qual é o objetivo que se quer alcançar com isso”, diz Breno Salomon Reis, pesquisador responsável pelo estudo e consultor do Instituto Unibanco.

“O que esse estudo revela é que sequer uma capacitação inicial esses diretores possuem. Eles são professores que, em algum momento da carreira, viram gestores, sem receber formação adequada para isso. Se os nossos professores são mal formados e os diretores sequer são formados para suas funções, é difícil gerar uma educação de qualidade. Acho que é conclusão que deve orientar o nosso trabalho adiante”, diz João Marcelo Borges, gerente de Pesquisa e Inovação do Instituto Unibanco.

Desafios

O levantamento sobre os diretores de escolas estaduais do país também trata de algumas questões que podem ser desafiadoras na gestão. A primeira delas é referente à carga de trabalho semanal, que parece ter sido especialmente impactada pela pandemia da covid-19. Em 2021, em todas as regiões, mais de 60% dos diretores afirmaram trabalhar acima das 40 horas semanais. No período pré-pandemia, o valor oscilava entre 35% e 42%.

As atividades com mais demandas eram coordenar atividades administrativas (merenda, segurança, manutenção predial e afins), gerenciar recursos financeiros (prestação de contas e afins) e conduzir o planejamento pedagógico.

“Existem algumas hipóteses para essa questão da sobrecarga. Uma delas foi a recomposição das aprendizagens. Os estudantes voltaram da pandemia com várias lacunas, e isso exigiu um trabalho mais intensivo das escolas. Alguns diretores ofereceram reforço no contraturno. E eles tinham que decidir quais professores assumiriam o horário, em que salas, como organizar merenda e o transporte dos alunos”, diz Ivan Gontijo, gerente de Políticas Educacionais do Todos pela Educação. “Algumas questões socioemocionais também foram agravadas pós-pandemia. Esse período impactou a saúde mental de alunos e professores. Desafios na convivência e indisciplinas escolares rebateram nos diretores, que são o elo da escola com as famílias”.

Também foi investigado como as escolas são afetadas pela ausência de recursos ou de pessoal. Desde 2015, há uma percepção generalizada de insuficiência dos dois. Em todas as regiões, menos de 50% dos diretores disseram que ambos os recursos eram suficientes para não afetar o funcionamento da escola.

A pesquisa explora questões de assiduidade dos docentes e estudante, o que significa garantir que os dois grupos estejam em sala no momento da aula. A percepção de assiduidade sobre os estudantes variou entre 65 e 75% em 2019, para algo entre 50 e 60% em 2021. No caso dos professores, essa percepção foi entre 60 e 85% em 2019, e entre 75 e 90% em 2021.

Foi analisada a facilidade de substituir as ausências de professores. Nesse caso, há muitas diferenças regionais e estaduais. Em 2019, o destaque positivo era Mato Grosso do Sul: entre 70-80% dos diretores não encontravam dificuldades para essa substituição. São Paulo foi o destaque negativo, onde esse percentual oscilava entre 20 e 30%. Em 2021, o percentual estava entre 70 e 80% em Minas Gerais, Tocantins, Maranhão, Pernambuco e Paraíba. E entre 20 e 30% na Bahia.

“A direção está dando conta das demandas dela. E aí, quando falta um professor, as opções são deixar a turma sem aula, o que é péssimo, ou a própria direção assumir a turma. Mas as tarefas administrativas têm de ser interrompidas para você assumir a turma. E numa escola com 15 turmas, por exemplo, pode acontecer de um dia faltarem três, quatro professores. Imagina como é que a diretora vai dar conta de substituir todos ao mesmo tempo?”, reflete Duda Quiroga, do SEPE-RJ.

Cargo estratégico

Apesar de ser uma função estratégica, que ocupa a hierarquia mais alta da unidade escolar, a Diretoria Geral é, historicamente, pouco abordada em pesquisas sobre os ambientes educacionais. O foco costuma ser maior para estudantes e professores. O estudo corrobora esse entendimento, quando afirma que “há pouco mais de uma década, não havia dados suficientes para caracterizar essa figura [diretor(a)] ao nível da Unidade da Federação com razoável confiança estatística”. E, por essa razão, se apresenta como mais uma ferramenta para aumentar a compreensão sobre o funcionamento do ambiente escolar.

“Você tem pouca literatura acadêmica no Brasil sobre diretores, porque eles são enquadrados no que se chama 'burocratas de médio escalão'. Eles ficam nessa camada, porque não estão atendendo diretamente os estudantes na maior parte do tempo. Só que também não são membros da Secretaria de Educação, apesar de muitas vezes se sentirem parte da estrutura oficial da secretaria. Há poucas pesquisas com diretores e sobre gestão escolar. A primeira pesquisa de opinião que foi feita com eles é de 2022, para além desses questionários. A gente ainda é muito focado na análise da sala de aula”, diz Ivan Gontijo, gerente de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação.

“Fundamental avançar nos estudos sobre essa categoria, pelo impacto que tem no ambiente escolar. Um bom diretor consegue gerenciar a equipe de profissionais que está na escola, manter uma boa relação com a Secretaria de Educação e a Regional, e garantir que os insumos e recursos que a política educacional precisa dar para escola alcancem essa unidade. Depois, faz com que esse ambiente todo na escola opere de maneira fluída e tranquila. E isso vai se traduzir em salas de aula com professores e estudantes assíduos, e com a escola funcionando bem”, diz João Marcelo Borges, do Instituto Unibanco.

(Fonte: Agência Brasil)

São Paulo-SP 14/09/2023  Indumentária confeccionada por Glicéria Tupinambá em exibição no projeto Manto em Movimento. Foto Paulo Pinto/Agência Brasil

Habitantes do litoral brasileiro, os indígenas do grupo tupi foram alguns dos primeiros a terem contato com os portugueses, quando estes desembarcaram na Bahia, em 1500. Foram também por isso aqueles que mais sofreram nos primeiros séculos de colonização europeia no Brasil.

Escravizados para a exploração do pau-brasil, exterminados por doenças e conflitos com os novos colonizadores e, por fim, aculturados por força do processo de evangelização promovido pela Igreja Católica, os tupinambás foram vendo suas terras sendo usurpadas e sua cultura sendo, gradativamente, apagada.

Já com o Brasil independente, no fim do século XIX, considerava-se que os tupinambás extintos como povo e que seus descendentes não mantinham mais ligação com suas tradições ancestrais. Por isso, o Estado retirou deles os direitos indígenas diferenciados.

Brasília (DF), 12.07.2024 - Jamopoty, cacique do povo tupinambá de Olivença. Foto: Juliana (Amanayara Tupinambá)/Divulgação
Cacique do povo tupinambá de Olivença

Os próprios tupinambás consideravam-se “caboclos” ou mesmo “índios civilizados”, de acordo com o Instituto Socioambiental (ISA). Mas nada disso foi suficiente para apagar sua memória ancestral e para que eles abandonassem sua identidade indígena.

Em 2001, o povo tupinambá de Olivença finalmente voltou a ser reconhecido como indígena pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). E, em 2009, depois de décadas de conflitos fundiários com fazendeiros, tiveram sua terra indígena delimitada.

Apesar disso, a luta pelo reconhecimento de seus direitos ainda não terminou. A Agência Brasil conversou com Jamopoty, a primeira cacique mulher dos tupinambás de Olivença, que falou sobre os desafios para resgatar sua cultura ancestral, a luta pela conclusão do processo de demarcação de suas terras e o retorno, ao Brasil, de um manto feito com penas de ave guará, que tem quatro séculos de idade e que estava em um museu da Dinamarca desde o fim do século XVII.

Agência Brasil:

Depois de séculos, o manto tupinambá que estava na Dinamarca voltou ao Brasil. O povo tupinambá aguardou esse momento por muitos anos e esperava estar presente na chegada dele ao Brasil. Mas não foi isso que aconteceu. O Museu Nacional recebeu o artefato e só depois vocês souberam que ele estava no Brasil. Como foi isso para vocês?

Cacique Jamopoty:

Nós estávamos planejando a chegada desse manto que, para nós, é um ser vivo. Estamos chamando-o de ancião, um ancião de 400 anos que foi levado do nosso povo. Amotara, Nivalda Amaral de Jesus, foi a primeira anciã [tupinambá] a reconhecer o manto em São Paulo [em 2000, quando ele estava no país, emprestado pelo Museu Nacional da Dinamarca para uma exposição sobre os 500 anos da chegada dos portugueses ao Brasil], e ela dizia que o manto precisava estar entre nós. E nós dizíamos que o manto não podia chegar no Brasil sem nós. Ele chegou sem nós e está até hoje sem nós no Museu Nacional. Estamos felizes por ele estar no Brasil, mas, ao mesmo tempo, tristes, porque ainda não fizemos nossa parte espiritual. Ele é um ser vivo, é a nossa história. Nós planejamos tudo isso [a recepção do manto pelos tupinambás] com nossos anciãos da aldeia e não aconteceu. Ele chegou sem a gente saber.

Agência Brasil:

Qual a importância do retorno desse manto para o seu povo?

Cacique Jamopoty: 

Houve tantos retrocessos em nossas vidas, nós ainda não temos nossa terra demarcada, nosso território está todo invadido. Então, a gente vai buscando um sentido de nos aprofundar como povo. E o manto é um desses sentidos. Ele está hoje no Museu Nacional mas ele é nosso. Ele tem um povo, um povo que o Brasil dizia estar extinto. No entanto, estamos aqui. Então, ele é um pouquinho da nossa história. Estamos nos organizando e vamos até o Rio de Janeiro [para encontrar o manto] e esse dia vai ser muito importante para nós.

Agência Brasil: 

Seu povo vem há séculos tentando sobreviver e manter suas tradições, em meio ao extermínio, à influência de outras culturas, a conflitos fundiários. O que o manto representa nessa luta pela identidade dos tupinambás e pelo seu reconhecimento como povo?

Cacique Jamopoty: 

Nossa terra foi delimitada, já tem até o levantamento fundiário dela, mas não foi assinada a portaria declaratória da terra. Ela precisa ser assinada. Quando a Dinamarca devolve o manto, ela está confirmando que levou um artefato de um povo que estava aqui nessa região há 400 anos. Isso afirma a história do nosso povo. Os tupinambás foram os primeiros a serem atacados [a partir da chegada dos portugueses], nós fomos quase dizimados. Com essa luta toda, nosso território ainda não foi demarcado. O manto tupinambá traz a força para os povos, não só para os tupinambás, mas para os outros povos. Acredito que essa força não veio à toa. A gente vai conseguir, através da chegada do manto, a portaria declaratória da nossa terra.

Agência Brasil: 

Como vocês têm tentado manter suas tradições e recuperar sua cultura ancestral?

Cacique Jamopoty:

Nossa luta é árdua. Sabemos que tudo será pela educação: o fortalecimento da cultura, o fortalecimento da língua. Nós construímos os conselhos de educação e fomos para cima do Estado dizer: “nós somos indígenas, queremos nossa cultura, queremos nossa educação diferenciada”. Não existe povo forte sem educação, sem sua cultura, sem sua forma de viver. Dizem que somos supostos índios, que não somos mais indígenas. Somos reconhecidos pelo governo brasileiro, mas ainda precisa reconhecer nossa terra. Estamos na luta pelo resgate da nossa língua, estamos na luta pelo resgate da nossa educação, buscando viver nossas tradições, respeitando uns aos outros. Estamos sempre valorizando nossa terra, sempre valorizando o meio ambiente, nossas nascentes, nosso mar. Onde tem ar puro é onde o índio habita. Então, a gente vai preservar nem que isso custe a nossa vida.

Agência Brasil: 

O povo tupinambá está satisfeito com o manto ficar sob a guarda do Museu Nacional ou preferia que o artefato estivesse com vocês?

Cacique Jamopoty: 

Num primeiro momento, a Amotara queria que o manto viesse para a aldeia, mas ela mesma entendia que o manto tinha 400 anos, que não podia estar guardado em qualquer lugar. Ele está no Rio de Janeiro, na biblioteca do Museu Nacional, porque o museu ainda não terminou a reforma [depois do incêndio que o destruiu em 2018]. Nós ainda não o vimos, então podemos dizer que tratamento o manto está recebendo. Mas o museu diz que está fazendo um lugar adequado para receber, com climatização, com luz, com tudo para o manto. A gente gostaria que o governo brasileiro demarcasse nosso território, construísse um museu e desse todas as condições dentro da nossa aldeia, nós estaríamos mais preparados para receber o manto. Mas ele foi para o Rio de Janeiro, que também é um território tupinambá. A gente entende que o manto tem 400 anos, está meio fragilizado. Se hoje o Museu Nacional tem condições de cuidar dele, a gente vai estar junto. E tem também outros mantos [tupinambás] que estão em outros países. Então, a gente espera também que [os países] têm que devolver esses mantos e também outras peças que pertencem aos outros povos.

(Fonte: Agência Brasil)

Manto Tupinambá. Foto: Museu Nacional da Dinamarca

O retorno de um manto tupinambá, feito com penas vermelhas de ave guará, para o Brasil, depois de mais de três séculos guardado na Dinamarca foi motivo de celebração para o povo indígena, que vive no sul da Bahia. O artefato foi doado pelo Museu Nacional dinamarquês para o Museu Nacional do Rio de Janeiro.

No entanto, outros dez mantos semelhantes, também confeccionados com penas de guará, continuam expatriados em museus europeus, segundo levantamento feito pela pesquisadora norte-americana Amy Buono, da Universidade de Chapman. Apenas no Museu Nacional da Dinamarca, existem outros quatro além do que foi devolvido ao Brasil.

No Museu de História Natural da Universidade de Florença (na Itália), existem outros dois. Há, também, mantos tupinambás guardados no Museu das Culturas, em Basileia (na Suíça); no Museu Real de Arte e História, em Bruxelas (na Bélgica); Museu du Quai Branly, em Paris (na França); e na Biblioteca Ambrosiana de Milão (na Itália).

Segundo o Museu Nacional do Rio de Janeiro, no entanto, não há negociações em andamento para trazer esses outros mantos de volta ao país.

Líder dos tupinambás de Olivença, na Bahia, a cacique Jamopoty, considera importante reaver esses mantos que estão fora do país. “Acho que eles precisam devolver o que não é deles. Eles precisam devolver o que nos pertence. O pertencimento é o que faz a gente ser mais forte”, afirma a liderança indígena.

A devolução do manto indígena que retornou recentemente ao Brasil é uma luta antiga do povo de Jamopoty, iniciada em 2000, quando a liderança tupinambá Amotara viu a peça em uma exibição especial, em São Paulo, sobre os 500 anos da chegada dos portugueses ao Brasil.

“Ela fez um documento, junto com o Conselho [Tupinambá], pedindo que o manto ficasse no Brasil, porque ele precisava vir para o seu povo. Amotara queria que o manto viesse para Olivença”, conta Jamopoty.

Apesar do apelo de Amotara, o manto retornou à Dinamarca depois do fim da exposição. Seriam precisos mais 24 anos para que finalmente a vestimenta retornasse ao Brasil, desta vez para ficar.

De acordo com a pesquisa feita por Amy Buono, os mantos tupinambás, chamados de assojaba ou guara-abucu, na antiga língua tupi, foram todos confeccionados entre os séculos XVI e XVII. As vestimentas eram usadas em rituais religiosos nas comunidades indígenas, mas também em assentamentos missionários, nos dois primeiros séculos de colonização.

Artefatos plumários, inclusive panos feitos com penas coloridas já eram usados pelos tupis antes mesmo da chegada dos portugueses, tendo sido inclusive descritos por Pero Vaz de Caminha, em sua famosa carta ao Rei Dom Manuel de Portugal.

Desde a primeira viagem portuguesa ao Brasil, artefatos tupis já foram levados à Europa e continuaram sendo ao longo das décadas seguintes, como evidências da “descoberta” do novo território e como itens valiosos para coleções europeias.

O governo brasileiro tem feito esforços para repatriar artefatos indígenas. Na última quarta-feira (10), 585 peças que estavam no Museu de História Natural de Lille (MHN), na França, retornaram ao Brasil. O conjunto de objetos provém de mais de 40 povos diferentes, segundo a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

(Fonte: Agência Brasil)

Rio de Janeiro (RJ), 01.07.2024. - Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Foto: Riotur/Divulgação

Portas abertas para a cultura. Esta é a mensagem principal que o Theatro Municipal do Rio de Janeiro quer passar para a população, neste domingo (14), quando completa 115 anos. A casa de espetáculos, que fica em um palácio no centro da cidade, oferece uma programação especial e gratuita, que vai de concerto à dança, passando por jazz e ópera, que não sobe ao palco principal há quase 30 anos.

O Municipal do Rio chega a mais um aniversário embalado por várias iniciativas que visam ampliar o acesso da população à cultura. Viraram tradição espetáculos gratuitos ou com ingressos a preços simbólicos, além de apresentações em dias de semana, em pleno horário do almoço, para “fisgar” trabalhadores que passam pela região da Cinelândia.

“É uma tradição abrir as portas no dia 14 de julho com uma programação diversificada e gratuita, pois o Theatro Municipal do Rio de Janeiro é de todos nós. Como este ano [o aniversário] cai no domingo, é programa garantido”, convida a presidente da fundação que administra o Municipal, Clara Paulino.

Economia criativa

O diretor artístico do teatro, Eric Herrero, diz que a casa é “vital” para a cultura do Rio e do país. “Historicamente, é o local onde alguns dos maiores artistas do mundo, sejam cantores, musicistas ou bailarinos, se apresentaram, onde os maiores diretores desenvolveram projetos icônicos”.

Herrero acrescenta que o espaço, ligado à Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa, tem papel proeminente na formação de profissionais, como cantores, bailarinos e agentes da área de criação, como figurinistas, maquiadores, iluminadores, cenógrafos, contrarregras e diretores cênicos.

Ele faz ainda uma relação da instituição com a economia fluminense. “Com suas produções, além da manutenção de centenas de postos de trabalho, estimula e dinamiza a economia criativa do município e do Estado, por meio da compra de materiais e insumos, aquecendo o comércio local e o transporte público”.

Presença negra

O domingo não será especial apenas para o aniversariante. A data marcará também a estreia da cantora lírica negra Lorena Pires no palco do prédio centenário. Ela faz parte do elenco da obra Il Trittico, de Giacomo Puccini. Se para um artista, apresentar-se no Municipal é um feito, para a cantora capixaba, de 24 anos, é ainda mais emblemático, em um ambiente marcado pela presença branca.

“Não me via estando do outro lado onde eu agora tenho a oportunidade de me tornar referência para outras pessoas, sendo que, até então, eu apenas tinha minhas referências pessoais, como [a cantora lírica negra] Maria D’Apparecida, que enfrentou muitas barreiras impostas pelo racismo para estrear no Theatro Municipal em 1965”, disse Lorena à Agência Brasil.

Vencedora do 2º Concurso de Canto Joaquina Lapinha na categoria Voz Feminina, Lorena cita ainda como referência de representatividade a cantora americana Jessye Norman (1945-2019), e as colegas de elenco Edneia de Oliveira e Mere Oliveira. “Eu acompanhava desde o início dos meus estudos e hoje, tenho a honra e privilégio de dividir um dos maiores palcos do Brasil com elas”.

Lorena diz que, neste domingo, realizará um sonho de infância da menina de 5 anos que “cantava para plateia invisível no quarto, imaginando-se em um grande palco”.

“Se estou aqui, é fruto de um árduo trabalho, estudo, renúncias e, principalmente, porque abriram as portas para que eu pudesse entrar”, declarou a soprano que cursa bacharelado em canto pela Faculdade de Música do Espírito Santo.

Programação

As atrações começam às 10h, com apresentação da Banda dos Fuzileiros Navais, em frente ao Theatro Municipal. Às 11h, haverá vista guiada para 40 pessoas.

Ao meio-dia, no Salão Assyrio, o público é convidado para a exibição de artistas da Escola de Dança Maria Olenewa, centro de formação do teatro e uma das mais tradicionais do país, e de bailarinos do balé do Municipal. Eles vão apresentar a Suíte Brasileira, coreografia que mistura ritmos como bossa nova, baião, forró e samba com movimentações clássicas do balé. O espaço é para 150 espectadores.

Às 13h30, no mesmo salão, haverá mais uma demonstração da Escola Maria Olenewa, para o mesmo número de pessoas.

Às 14h, no Foyer, a Camerata Jazz Brasil se apresentará para 50 pessoas, com uma linguagem contemporânea, misturando música de concerto, jazz e ritmos brasileiros.

Às 15h, a francesa Orquestra Sinfônica Jovem de Bordeaux realiza um concerto na escadaria externa do prédio centenário, de frente para a praça da Cinelândia. Meia hora depois, será aberta uma exposição fotográfica sobre a Itália nos teatros da América Latina.

O ponto alto é Il Trittico, conjunto de três óperas (Il TabarroSuor Angelica e Gianni Schicchi) do italiano Giacomo Puccini, que volta ao Municipal depois de quase três décadas. A performance é às 17h. Uma hora antes, haverá uma palestra para 100 pessoas sobre o compositor.

Para garantir acesso à programação, o público precisa retirar senhas presencialmente, uma hora antes da apresentação. No caso da ópera, a reserva precisa ser prévia, pelo site do Theatro Municipal.

(Fonte: Agência Brasil)

Líbia 24.04.2011 - Rebeldes invadem uma casa usada como base por soldados leais ao regime de Muammar Gaddafi. Foto: Andre Liohn/Divulgação

“Guerra é ruim, mas sem jornalista é pior”. A frase é de José Hamilton Ribeiro, um dos mais consagrados e premiados jornalistas brasileiros e que, em março de 1968, cobriu a guerra do Vietnã pela revista Realidade. Foi lá que, ao pisar em uma mina terrestre, perdeu parte de sua perna esquerda.

Apesar disso, ele mantém a convicção de que o trabalho do jornalista em zonas de conflito continua sendo fundamental. “Se há uma guerra que não se consegue evitar, então é preferível que se tenha um jornalista nessa guerra. Jornalista na guerra é uma forma pequena, humilde, mas é para pôr a bola no chão e manter o bom senso, sabe? E evitar aquela cabeça do pessoal guerreiro, que fazia guerra por gosto, por sentir prazer na guerra". Segundo ele, as testemunhas da guerra e os jornalistas que fizeram a cobertura deram um depoimento muito diferente do pessoal que se alinhou ao espírito guerreiro de algumas mentes assim diabólicas, às vezes”, disse ele, em entrevista à Agência Brasil e à TV Brasil.

Santa Catarina 15/08/2018 José Hamilton Ribeiro Jornalista durante palestra na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Foto Henrique Almeida/ Agecom/UFSC
Hamilton Ribeiro

Depois de anos à frente do Globo Rural, José Hamilton Ribeiro agora vive mais recluso, pelo interior mineiro. Nesta semana, ele visitou o Museu da Imagem e do Som (MIS), na capital paulista, para uma dupla celebração: a inauguração da exposição O Gosto da Guerra, com imagens produzidas por jornalistas e fotógrafos em áreas de conflito, e o relançamento de seu livro de mesmo nome, em que relata a cobertura da Guerra do Vietnã.

No livro, ele descreve o que era “gosto da guerra”, que sentiu profundamente logo após ter pisado acidentalmente em uma mina terrestre. “Sentia na boca um gosto ruim, com se tivesse engolido um punhado de terra, pólvora e sangue – hoje eu sei, era o gosto da guerra”.

“Essa expressão veio a mim num momento, lá no Vietnã, em que senti que tinha acontecido alguma coisa comigo, mas não sabia exatamente o que era. Quando recuperei a consciência, estava sentado e em uma realidade que eu não estava dominando, não sabia qual era, não sabia o que tinha acontecido direito. Uma hora ali, senti uma sensação estranha aqui na testa, passei a mão e vi que tinha uma coisa molhada, líquida, olhei e era sangue. Pensei: ‘puxa vida, um ferimento na cabeça. Para gerar sangue e para sujar a mão assim é sinal de que foi um ferimento grande. Estou morrendo'. Tive a sensação de que ia morrer”, contou aos jornalistas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

Foi aí que percebeu que seu maior ferimento, no entanto, não era na cabeça. “O enfermeiro começou a fazer curativo daqui, curativo dali. No fim das contas, o ferimento tinha sido pequeno. Foi mais o barulho da explosão e a sensação de insegurança que veio com aquilo. De repente, estava sentado no chão, sem saber por quê. Fiquei inseguro em relação ao que tinha acontecido. Então, demorou algum tempo até que alguém me ajudou a completar a realidade que estava vivendo naquele momento, que no começo era tão confusa para mim”.

O que aconteceu no Vietnã há mais de 50 anos deixou marcas profundas – e não lhe escapou da memória. Ainda hoje, ao observar as fotos feitas pelo fotógrafo japonês Keisaburo Shimamoto, que o acompanhou no Vietnã e registrou esse episódio para a revista Realidade - mostrando-o caído ao chão, envolto em muito sangue - ele se recorda exatamente do que aconteceu.

“Sempre ficou uma 'lembrançazinha', uma 'fumaçazinha', uma coisa que se inventa na memória. Mas isso não impediu que eu continuasse a vida ali e continuasse trabalhando como repórter”, afirmou.

A imagem feita por Shimamoto, retratando José Hamilton logo após ter perdido a perna em uma mina, é uma das fotografias que estão em exposição na mostra, que entrou em cartaz no MIS. Há também imagens produzidas pelo próprio jornalista, em que ele apresenta crianças sorrindo em meio à guerra.

“Eu estava no Vietnã lidando com um problema terrível, que era a guerra, um problema de perda, e de repente conheci crianças, vi crianças lá que, no meio de toda aquela tristeza, daquela pobreza e daquela amargura, brincavam. Brincavam uma com a outra, independentemente da situação que os homens não conseguiam controlar”, comentou.

A exposição

Com curadoria de Teté Ribeiro, filha do jornalista, a exposição O Gosto da Guerra apresenta imagens registradas por José Hamilton Ribeiro e pelo fotógrafo que o acompanhou naquela cobertura, o japonês Keisaburo Shimamoto.

A mostra destaca ainda o trabalho de mais cinco correspondentes de guerra do século XX, que cobriram conflitos ocorridos na Ucrânia, em Moçambique, no Iraque e em El Salvador, entre outros. São fotografias produzidas por André Liohn, Hélio de Campos Mello, Juca Martins, Leão Serva e Yan Boechat e que mostram os custos humanos envolvidos em uma guerra.

“Essa é uma mostra comemorativa de O Gosto da Guerra, que meu pai escreveu em 1969. Esse livro foi escrito antes de eu nascer, o acidente aconteceu antes de eu nascer, e ele está sendo reeditado agora pela Companhia das Letras, numa coleção chamada Jornalismo Literário. O livro não tem muitas fotos, mas a reportagem do meu pai ficou muito marcada fundamentalmente por uma imagem, que foi, infelizmente, a dele ferido no Vietnã. Para complementar [a exposição], a gente chamou mais cinco fotógrafos brasileiros que cobriram conflitos na segunda metade do século XX. Tem até uma [imagem] do século XXI, que é, infelizmente, da guerra que está acontecendo atualmente na Ucrânia”, explicou a curadora.

Brasília (DF), 12.07.2024 - O jornalista José Hamilton Ribeiro gravemente ferido durante reportagem na Guerra do Vietnã em julho de 1969. Foto: Keisaburo Shimamoto/Divulgação

Ao trabalhar com a reedição do livro escrito por seu pai e na curadoria dessa exposição, Teté revela que começou a sentir o sofrimento que ele enfrentou na guerra. “Eu conhecia só a história do sofrimento da minha mãe [do que ela havia enfrentado enquanto o pai estava na guerra]. A história do sofrimento do meu pai, do quanto doeu fisicamente, do quanto achou que ia morrer, do quanto chegou perto de morrer, acho que só entendi nessa reedição do livro. E isso foi chocante”, contou.

“Ninguém acha que pai e mãe vão morrer ou sofrer. Ou que tenham sofrido antes de você nascer. Você nem acha que eles existem antes de você nascer. E agora que sou adulta, tenho filha e meu pai está mais velho, esse sofrimento me causou um choque e uma dor terrível. Adorei a experiência de ter revisitado isso, mas não tem nenhum lado bom. Foi horrível, um acidente terrível. Se há alguma coisa que dá pra falar que é boa em toda essa pesquisa, é que ele está vivo, que a gente está vivo, estamos juntos e continuamos lutando”, disse Teté.

A exposição, com entrada gratuita, fica em cartaz no MIS da Avenida Europa até o dia de 26 de julho. Mais informações podem ser obtidas no site.

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília (DF) 13/07/2024 Dia nacional música e da viola Caipira.  Foto reprodução.

Nesse sábado (13), foi dia de Luar do Sertão, Tristeza do JecaRios de LágrimasMoreninha LindaEncontro de Bandeira e de muitas outras músicas do cancioneiro brasileiro. Ontem, comemorou-se o Dia Nacional da Música e Viola Caipira, conforme instituído por lei (Lei nº 14.472/2022), em homenagem ao jornalista, escritor e folclorista Cornélio Pires, nascido nessa data em 1884.

Brasília (DF, 12.07.2024 - Bete Silva, violeira do DF. Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação
Musicista e professora Bete Silva

Cornélio é apontado como responsável por transpor, na década de 1920, a música caipira original do interior para a metrópole, da roça para a indústria fonográfica. “No início, quando ela foi levada pra cidade, participava de saraus”, conta à Agência Brasil a musicista e professora Bete Silva, que participa do Clube do Violeiro Caipira em Brasília.

Bete foi uma das atrações do projeto Café com Viola, no Museu Vivo da Memória Candanga, que nesse sábado, a partir das 9h, comemorou o Dia Nacional da Música e Viola Caipira. Ela tocou acompanhada de quatro músicos da Orquestra de Viola de Brasília e do Coral Habeas Cantus.

Folia e missa sertaneja

Para a musicista e professora, o dedilhado da viola caipira é pleno de afetos: “Eu sou violeira porque, desde a minha infância, eu fui criada no interior de Minas. E eu acompanhava as folias de reis, né? Tinha as festas de reis lá, todo janeiro, e eu ia nessas folias e eu via aquele som daquele instrumento de dez cordas, eu achava aquilo o fim do mundo. Eu sempre gostei”.

Foi o som das folias na cidade de Formosa (GO), no Entorno do DF, que também levou o compositor, arranjador e produtor musical Claudinho da Viola ao instrumento quando criança e às apresentações em público mais tarde.

“Aqui acontece todo ano a folia grande, a folia da roça, que o povo fala. Aí teve uma missa sertaneja e um amigo do meu pai foi sorteado para ser o guia dessa folia, o mestre guia dessa folia. E ele foi lá em casa me chamar pra tocar junto”, rememora.

Brasília (DF, 12.07.2024 - Claudinho da Viola. Dia Nacional da Música e Viola Capiria. Foto: Luiz Fernandes/Divulgação
Compositor, arranjador e produtor cultual Claudinho da Viola

Depois de participar de missas e folias, Claudinho virou atração na emissora de rádio local e, hoje, tem seu primeiro disco instrumental disponível em serviços de streaming.

Assim como Bete Silva, Claudinho tocou no Café com Viola. As apresentações poderão ser vistas no YouTube. Além deles, houve outras atrações e muita conversa regada a café coado, pão de queijo, bolo e iguarias do café da manhã da roça.

“Depois das apresentações, a gente teve um momento de roda de prosa sobre cultura, quando a gente deu voz às pessoas da comunidade, do Núcleo Bandeirante, da Candangolândia, além do pessoal do Museu Vivo da Memória Candanga”, informou Luiz Fernandes Rodrigues da Silva, presidente do Clube do Violeiro Caipira.

(Fonte: Agência Brasil)