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Brasília (DF), 07/09/2025 - Cantora Angela Ro Ro. Foto: angela_ro_ro_oficial/Instagram

Morreu na manhã desta segunda-feira (8), no Rio de Janeiro, a cantora e compositora Angela Ro Ro. Hospitalizada desde junho, com quadro de infecção pulmonar, a artista não resistiu ao agravamento da doença.

Angela Ro Ro completaria 76 anos em dezembro. Ela deixa mais de uma centena de gravações em 14 discos próprios, além de participações em coletâneas especiais.

A carreira de artista iniciou-se na primeira metade da década de 1970, quando morou na Inglaterra, chegando a cantar em pubs e a participar de uma faixa do LP Transa, de Caetano Veloso, tocando gaita. De volta ao Brasil, participou em 1974 do Festival de Rock de Saquarema (RJ), onde também se apresentou Rita Lee.

O primeiro disco solo foi lançado em 1979 e fez sucesso com a canção Amor, meu grande amor, dela em parceria com Ana Terra. Teve o reconhecimento de público e de crítica nos discos dos anos seguintes com faixas que dão nome aos álbuns Só nos resta viver (1980), Escândalo (1981), Simples carinho  (1982), com as quais se afirmou como autora e intérprete.

Angela Ro Ro tocava piano e era apreciada pela voz rouca, adequada para cantar blues e canções como Fogueira (composição dela) e Demais (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira).

Além do talento, Angela Ro Ro era conhecida pela ironia, humor e franqueza. Recusou intempestivamente gravar Malandragem, composta para ela por Roberto Frejat e Cazuza em 1988, por que não gostou da canção e não queria cantar “Quem sabe eu ainda sou uma garotinha”, como começa a letra da música que viria a fazer sucesso com Cássia Eller.

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília (DF), 07/09/2025 - Manifestação Exu, celebra resistência dos povos de terreiros e pede o fim da intolerância religiosa. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Mais de uma centena de praticantes e simpatizantes das religiões de matriz africana se reuniram na tarde deste domingo (7), em Brasília, para celebrar a fé e a resistência dos povos de terreiros e pedir o fim da intolerância religiosa.

A data foi escolhida pois o número sete tem relação com o orixá Exu e representa a união do espiritual com o material.

O evento na capital federal recebeu o nome de Caminhos para Exu e foi inspirado na Marcha para Exu, que chegou à terceira edição em São Paulo e reuniu milhares de pessoas na Avenida Paulista no mês passado, tendo sido replicado em outras cidades. 

“Nosso principal objetivo é mostrar que existimos; que estamos vivos”, explicou à Agência Brasil a cantora Kika Ribeiro, uma das idealizadoras do evento que tomou conta de um trecho da avenida W3 Sul, entre a Praça das Avós, na 506 Sul, e a Biblioteca Demonstrativa Maria da Conceição Moreira Salles, apoiadora do projeto.

“Estamos dizendo não à intolerância religiosa, para que todos, independentemente de suas religiões, possam viver conforme sua fé, seus credos, um respeitando o outro”, acrescentou Kika, antecipando a possibilidade da segunda edição do Caminhos para Exu acontecer ainda neste ano, em dezembro, conforme a resposta do público.

Brasília (DF), 07/09/2025 - Manifestação Exu, celebra resistência dos povos de terreiros e pede o fim da intolerância religiosa. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Já a coordenadora cultural da Biblioteca Demonstrativa, Marina Mara, destacou que, além de adeptos do candomblé, umbanda, quimbanda, ifá e de outras religiões e manifestações de espiritualidade de influência africana, o evento atraiu muitos simpatizantes e pessoas atraídas pelos cânticos e pelo toque dos atabaques, agogôs e outros instrumentos.

“Isso é Exu! É comunicação, comunhão, prosperidade”, frisou Marina, citando algumas das características associadas ao orixá, considerado uma divindade fundamental nas religiões de matriz africana por, entre outras coisas, abrir os caminhos, servindo de mensageiro entre os planos humano e divino.

“Daí, também, porque nós, como uma biblioteca pública [vinculada ao Ministério da Cultura] que tem, entre suas funções, reunir todas as manifestações culturais e todo tipo de frente, estamos apoiando o evento”, disse Kika.

Ela explicou que, por ocasião do marcha, a direção da biblioteca decidiu prorrogar, até 15 de setembro, a exposição Cartas à Tereza, que homenageia a líder quilombola e símbolo da resistência negra no Brasil, Tereza de Benguela, e está em cartaz na galeria da Biblioteca Demonstrativa. “Queríamos aproveitar a vinda do público [da caminhada].”

A yalórisá (mãe de santo) Francys de Óya deixou o terreiro Kwe Oya Sogy, que ela coordena, em Samambaia, para prestigiar o encontro no coração de Brasília.

“O que me motivou a vir foi a força e o amor do povo [de terreiro] de querer mostrar a todos que não somos do mal; que somos alegria, saúde, prosperidade – eixos centrais da vida”, disse Francys, comentando o fato das religiões de matriz africana serem alvo de preconceito e violência.

Brasília (DF), 07/09/2025 - Manifestação Exu, celebra resistência dos povos de terreiros e pede o fim da intolerância religiosa. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Dados

De acordo com o Censo de 2022, o número de praticantes dessas manifestações religiosas chegou, em 2022, a 1% da população brasileira – um aumento de mais de 300% em comparação ao resultado de 2010.

Segundo os pesquisadores, o aumento é fruto das políticas públicas de enfrentamento à intolerância religiosa. Ainda assim, dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos revelam que essas religiões e manifestações espirituais são os alvos mais frequentes da intolerância religiosa.

“Este Caminhos para Exu é justamente para desdemonizarmos nosso orixá. Para dizer a todos que, ao contrário do que muitos dizem e pensam, Exu é bom. É lindo. É amor. Basta olhar para esta festa, para este povo lindo”, concluiu a yalórisá.

(Fonte: Agência Brasil)

Salvador - fotos aéreas do Carnaval no Farol da Barra (Valter Pontes/Secom Salvador)

O Carnaval de Salvador é agora oficialmente uma “manifestação da cultura nacional”. O reconhecimento desse status foi sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e publicado no Diário Oficial da União desta segunda-feira (8).

Segundo o Ministério do Turismo, a Lei nº 15.196 reforça “não apenas a importância do espetáculo visual e dos ritmos contagiantes que arrastam multidões, mas também a relevância histórica, social e cultural do festejo, principalmente para a cultura afro-brasileira”.

Com a sansão da lei, a festa ganha “um selo que a consagra em todo o país, prestando homenagem à capital baiana e à toda cadeia produtiva que faz do evento baiano uma experiência única no mundo”.

Em nota, o ministro do Turismo, Celso Sabino, lembra que o Carnaval da capital baiana é conhecido em todo o mundo.

“Com o reconhecimento, estamos dizendo ao mundo que o Brasil reconhece a importância de uma das experiências culturais mais potentes do planeta, uma festa que gera emprego, renda e que é um orgulho imenso para todos nós”, justificou o ministro.

Levantamento da prefeitura de Salvador mostra que, em 2025, o Carnaval atraiu mais de 1 milhão de pessoas e movimentou quase R$ 2 bilhões.

Lei semelhante foi sancionada em maio pelo presidente Lula, reconhecendo, no caso, o Carnaval pernambucano.

(Fonte: Agência Brasil)

A ILHA

*

“São Luís ainda brilha

como o fez antigamente.

Em nosso mar, é uma ilha,

na cultura, é um continente”.

                     (JOSÉ CHAGAS, “São Luís de quatro séculos”)

”É necessário sair da ilha para ver a ilha,

 não nos vemos se não nos saímos de nós”.

                   (JOSÉ SARAMAGO; “O Conto da Ilha Desconhecida”)

*

Na Geografia, uma ilha. Na História, um arquipélago.

A “Upaon-Açu” tupi é uma maravilhosa e maranhense porção de 1.410 quilômetros quadrados de terra abraçada por líquidas e incertas águas dos 106 milhões e 460 mil quilômetros quadrados do oceano Atlântico.

“Upaon-Açu” é ilha grande, mas 75,5 mil vezes menor que a vasta extensão de água salgada que a rodeia, a namora e permanentemente a abraça e lambe circularmente suas partes...

Upaon-Açu é Ilha do Amor, mas também Ilha Rebelde.

Rebelde, expulsou conquistadores.

Amorosa, conquistou admiradores.

Upaon-Açu nasceu índia. Quiseram-na francesa. Holandesa. Portuguesa. Rebelde – sempre –, recusou estes para, amorosa  – sempre –,  acolher todos... como brasileira.

Nesta Ilha brotaram maranhenses e aportaram outros brasileiros, além de estrangeiros. Gentes das várias regiões do país e forasteiros dos diversos continentes do mundo.

Por esse efeito de atração, Upaon-Açu é Ilha Magnética, Ilha Bela.

Sem preconceito, Upaon-Açu é cosmopolita, plurivalente, multicultural. É tanto Atenas quanto tanto é Jamaica.

Upaon-Açu é ilha só na Geografia mas é arquipelágica, plural, tentacular, na História, nas Artes, na Cultura, ou seja: na sua gente.

Em Upaon-Açu uniram-se cromossomos de interesses histórico-político-administrativos e socioeconômico-culturais e dessa união fizeram nascer cidades. A “alma mater”, São Luís, foi fundada em 1612 – e, por tão antiga, por/tão ancestral, muitas das vezes deixa passar ou assume a condição de ilha quando é, legal e honrosamente, município, mas não apenas: é município e capital, aliás, a única entre as capitais brasileiras com sua área territorial totalmente contida em uma ilha.

Depois de São Luís, a Ilha viu nascerem-lhe mais três filhos-municípios, mais três-cidades-filhas: São José de Ribamar, com fundação em 1627; Paço do Lumiar, em 1761; e Raposa, caçula, existente desde os anos 1940.

E é São Luís que se revela, para olhos e lentes. Máquinas e mentes.

É São Luís, imensa, que se contém neste livro. Do celuloide à celulose. Imagens bem impressas, impressões bem imaginadas.

Imagens atuais que trazem memórias ancestrais. A São Luís da História brasileira, quando o Brasil ainda não era Brasil, nem brasileiro. São Luís-ilha, terra tupi – tupinambás... tremembés... potiguaras... São Luís-porto, de Pinzón, primeiro trimestre de 1500, antes de Cabral (que aqui não aportou).

São Luís de Daniel. Daniel de La Touche, também de La Ravardière. São Luís equinocialmente França, trienalmente francesa: 1612-1615.

São Luís de Alexandre e de Jerônimo. Alexandre de Moura e Jerônimo de Albuquerque. Um expulsa os franceses; o outro, passa a administrar o lugar.

São Luís de Maurício e de Johann. Maurício de Nassau e Johann von Koin. São Luís novamente “estrangeira”, trienalmente holandesa (1641-1644).

São Luís novamente retomada. Portugueses e colonos em armas desarmam a continuação das ambições neerlandesas. Para os batavos, agora é vazão. Hora de evasão. Saída. Fuga.

São Luís das guerras e dos amores – Gonçalves Dias e Ana Amélia.

São Luís da lavra e palavra. Prosa e verso. Ficção e realidade.

São Luís em qualquer canto: música, canto, encanto.

São Luís histórica. Retórica. Pictórica. Escultórica.

São Luís carmelita. Jesuíta. Franciscana.

São Luís indígena. Europeia. Africana.

São Luís maranhense. Brasileira. Americana.

São Luís cultural  – patrimônio. Mundial.

São Luís dos desejos  –  miragem.

São Luís ao longe  –  paisagem.

São Luís das chegadas  –  ancoragem.

São Luís vida – aprendizagem.

São Luís casarões e ruas  –  viagens.

São Luís neste livro  –  Que imagens!

* EDMILSON SANCHES

Texto publicado originalmente no livro “Nossa São Luís”, de Brawny Meireles.

Rio de Janeiro (RJ), 03/09/2025 - Viviane Ferreira. Políticas afirmativas para o audiovisual negro. Foto: Marcus Leoni/Divulgação

A Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (Apan) promoveu nesta semana uma audiência no Congresso Nacional para debater o futuro das políticas afirmativas no setor do cinema. O encontro, convocado pela Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, contou com a presença de parlamentares, lideranças do audiovisual e representantes da sociedade civil.

"As discussões em Brasília ocorrem em um cenário que a Apan considera um “ponto de inflexão” para o audiovisual brasileiro: de um lado, há conquistas recentes em políticas públicas; e, de outro, o desafio de consolidar a reparação histórica e o fortalecimento de uma indústria que reflita, de fato, a pluralidade e a potência da população negra, maioria no país’’, reflete a presidente da Apan, Tatiana Carvalho Costa.

Para a presidenta da associação, o momento é estratégico para a construção de um debate público capaz de sensibilizar diferentes setores da política nacional.

“Essa audiência pública foi super importante, sobretudo, neste momento em que se discute a reparação histórica. Ela pode ajudar em uma sensibilização do Parlamento, do poder público, nos estados e municípios, e da população em geral, para uma consciência maior sobre a importância da manutenção e ampliação das ações afirmativas no audiovisual, pensando também as empresas de pessoas negras e indígenas”.

Uma pesquisa publicada pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), em 2016, apontava que 2% dos diretores de filmes lançados comercialmente eram negros. Entre roteiristas, o índice era de apenas 4%.

Em 2019, um levantamento do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa/Uerj) revelou que, entre 142 longas-metragens brasileiros lançados, apenas um tinha sido dirigido por uma mulher negra até aquele ano. Entre 1908 e 2015, dos mais de 2,5 mil filmes brasileiros produzidos, menos de 1% tiveram protagonismo negro.

"Isso significa que, em mais de um século de cinema, a história da população negra foi apagada ou estigmatizada’’, reitera Márcia Cândido, do Gemaa.

Pesquisa do Gemaa sobre participação de mulheres no audiovisual em 2022 - Marcia Rangel é subcoordenadora de Pesquisas do Gemaa. Foto: Gemaa/Divulgação
Márcia Rangel

“As políticas afirmativas são fundamentais para promover uma participação mais diversa na produção audiovisual nacional. Elas garantem não só maior inclusão de grupos sociais como construtores de representação, como também impactam nas próprias representações criadas, com perspectivas sociais variadas que passam a chegar ao público”, complementa Cândido.

Natália Carneiro representou o o Geledés/Instituto Mulher Negra na audiência e ponderou que o cinema não é apenas uma indústria cultural.

"É um espelho e, mais do que isso, é uma máquina de fabricar imaginários. Ele define quem pode ser herói, quem pode ser protagonista, quem é sempre figurante. Ele ensina gerações inteiras a imaginar a si mesmas — ou a não se ver em lugar nenhum. E o que vemos hoje? Vemos que, historicamente, a população negra foi sistematicamente excluída do cinema brasileiro’.’

Durante sua explanação, Carneiro também citou o conceito de epistemicídio, uma destruição e apagamento de conhecimentos, saberes e culturas de povos não assimilados pela cultura ocidental. Segundo ela, isso se manifesta no cinema pela ausência de protagonistas, na redução de pessoas negras a estereótipos e na recusa em permitir que elas narrem suas próprias histórias.

"Não é apenas uma exclusão simbólica. É uma forma de negar humanidade’’.

Brasília (DF), 03/09/2025 - Pesquisadora Natália Carneiro. Políticas afirmativas para o audiovisual negro. Foto: Samyz Cruls/Divulgação
Natália Carneiro

Carneiro cita um levantamento ainda inédito do Geledés, que avalia a distribuição de recursos em quase três décadas de indústria cinematográfica.

"Identificamos que, em 2022, por exemplo, os homens brancos obtiveram cerca de 30 vezes mais investimentos públicos em seus filmes do que as mulheres negras”, complementa Natália Carneiro.

Participante da mesa de discussão na Câmara, a pesquisadora, cineasta e produtora Viviane Ferreira apresentou o estudo "Empresas audiovisuais vocacionadas para reparação histórica”.

"As empresas que atuam na reparação são aquelas atuantes no setor audiovisual que apresentem, em seu corpo societário, 50% ou mais de pessoas negras e ou indígenas com poder decisório sobre 50% ou mais das quotas societárias’’, definiu a cineasta.

Viviane Ferreira foi a segunda mulher negra no Brasil a dirigir individualmente um longa-metragem de ficção, sendo precedida por Adélia Sampaio, com Amor Maldito, em 1984.  Seu longa, Um Dia Com Jerusa (2020) aborda temas como a solidão e a ancestralidade da mulher negra, por meio do encontro de personagens de diferentes gerações.

Além de dados, o estudo da pesquisadora apresenta as questões que envolvem a produção cinematográfica e o que seria o "cinema negro", que ela define como "conjunto de movimentos cinematográficos, estético-políticos, integrados por corpos-negros territórios, munidos de poder de invenção e orientados pela liberdade poética para articular estéticas e subjetividades capazes de fortalecer trilhas e caminhos que conduzam corpos-negros à utopia do “bem viver” no imaginário coletivo social’’.

"Não adianta só fazer filmes. Precisamos também formar os nossos. Não adianta só fazer filmes, temos que ter uma empresa para fazer filmes. Não adianta só fazer filmes, tem que aprender a captar recursos. Então, sem fortalecimento de nossas empresas, não estamos em um lugar de tranquilidade fazendo filmes".

(Fonte: Agência Brasil)

Blutmond  Mondfinsternis , oranger Mond am 21.01.2019, 04:10 Uhr, Eintritt des Supermondes in den Kernschatten der Erde, Nordrhein-Westfalen, Deutschland *** Eclipse of the super moon, lunar eclipse, red supermoon, blood moon / Blutmond, lua de sangue, red orange full moon with sparkling stars on January 21, 2019, Germany. Nordrhein-Westfalen Deutschland, WesteuropaNo Use Switzerland. No Use Germany. No Use Japan. No Use Austria

Um eclipse lunar total – o segundo do ano – ocorre neste domingo (7). O ponto alto, quando a Lua fica totalmente imersa na sombra da Terra e adquire coloração avermelhada, caracteriza a chamada Lua de Sangue.

“A cor se deve à forma como a luz do Sol interage com a atmosfera terrestre. Mesmo totalmente encoberta pela sombra escura da Terra, a Lua ainda recebe luz solar indiretamente, filtrada pela atmosfera”, detalhou o Observatório Nacional.

O fenômeno não será visível no Brasil, mas haverá transmissão ao vivo, a partir das 12h (horário de Brasília), pelo canal no YouTube do Observatório Nacional, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Durante a live, astrônomos amadores e profissionais que fazem parte do programa vão comentar as imagens em tempo real. A previsão é transmitir todas as etapas do eclipse, por meio do auxílio de parceiros internacionais.

Confira o cronograma completo do fenômeno:

  •  Início da fase penumbral: 12h28
  • Início da fase parcial: 13h27
  • Início da fase total: 14h31
  • Auge da fase total: das 15h12 às 15h53
  • Fim da fase parcial: 16h57
  • Fim da penumbra: 17h55

Entenda

Segundo o Observatório Nacional, eclipses lunares ocorrem quando a Lua entra na sombra da Terra. Essa sombra é dividida em duas partes: a umbra, que é completamente escura por não receber nenhuma luz solar direta; e a penumbra, que ainda recebe alguma iluminação do Sol.

“Quanto mais perfeito é o alinhamento entre Sol, Terra e Lua, maior é a duração do eclipse total”, destacou o órgão. Quando a Lua entra na penumbra, ocorre o eclipse penumbral; quando entra na umbra, o eclipse parcial; e, quando está totalmente dentro da umbra, ocorre o eclipse total.

(Fonte: Agência Brasil)

– Quem é o autor da frase que está na Bandeira do Brasil?

– É ainda possível escrever algo inédito?

– “ORDEM E PROGRESSO” – UM LEMA MARANHENSE?

– Gonçalves Dias escreveu “ordem e progresso” seis anos antes do francês Auguste Comte.

*      

– A APROPRIAÇÃO DE TEIXEIRA MENDES

– A INSPIRAÇÃO EM AUGUSTE COMTE

– E A “MEDITAÇÃO” DE GONÇALVES DIAS

* * *

Quem é o autor da frase que está na Bandeira Nacional do Brasil?

Dois nomes logo são lembrados na resposta: o primeiro é o de Raimundo Teixeira Mendes, escritor, filósofo, maranhense de Caxias, que, em novembro de 1889, repassou para os governantes da época o modelo da bandeira brasileira, prontamente adotado e elogiado (claro, registraram-se algumas insatisfações).

O segundo nome vinculado ao lema “Ordem e Progresso” é o do francês Auguste Comte, escritor e filósofo, que queria uma “religião da Humanidade”, criou o Positivismo – filosófico-religioso ou religioso-filosófico – e, em seus textos sobre a causa, cunhou a frase: “O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim". Em francês: “L'Amour pour principe, et l'Ordre pour base; le Progrès pour but”.

É patente que o caxiense Teixeira Mendes, à época morando no Rio de Janeiro (RJ), inspirou-se na frase do francês Comte quando pensou no dístico que integraria a Bandeira brasileira, que ele, Teixeira Mendes, criou – e que substituiu a “cópia servil” da bandeira americana então adotada (por quatro dias) como bandeira da novel República sul-americana, em 1889.

Alguns creditam a frase como constante no livro “Testament d'Auguste Comte”, 570 páginas, de novembro de 1896.

Fui pesquisar. Fui ver. Realmente, está ali, na página 90 do “Testament”. A frase francesa distribui-se pela oitava e nona linhas da página e inicia o segundo parágrafo (ou o primeiro, já que as sete linhas anteriores são continuação de parágrafo da página 89).

O “Testament” tem, na verdade, nome mais longo; intitula-se: “TESTAMENT D'AUGUSTE COMTE AVEC LES DOCUMENTS QUI S'Y RAPPORTENT PIÈCES JUSTIFICATIVES PRIÈRES QUOTIDIENNES, CONFESSIONS ANNUELLES, CORRESPONDANCE AVEC Mme. DE VAUX PUBLIÉ PAR SES EXÉCUTEURS TESTAMENTAIRES, CONFORMÉMENT À SES DERNIÈRES VOLONTÉS”.

Como diz o título, foi publicado de acordo com as “últimas vontades” de Comte. Mas o ano de 1896 refere-se à segunda edição. A primeira é de 12 anos antes, 1884. A obra foi publicada por um “fundo tipográfico” da “execução testamentária de Auguste Comte” (“Fonds typographique de l'exécution testamentaire d'Auguste Comte”).

Fui adiante nas pesquisas. A citação constante da edição de novembro de 1896 do “Testament” não caberia, pois a proclamação da república no Brasil dera-se sete anos antes, em 1889 (coincidentemente, em novembro também). Portanto, repita-se, foi neste ano, 1889, que o caxiense Teixeira Mendes apresentou o desenho do nosso pavilhão. Mas como a primeira edição do “Testament” comtiano é de 1884, cinco anos antes da proclamação da república brasileira, a fonte poderia ser essa.

Como disse, fui adiante. Fui ao “site” do prestigioso jornal francês “Le Monde”, um dos mais importantes e mais respeitados do mundo, publicado desde 19 de dezembro de 1944. Pois bem: no “site” encontro a frase de Comte e o crédito de que ela vem do livro “Système de Politique Positive”, daquele autor. O próprio “site” registra a data de publicação do livro: 1852.

Se forem considerados apenas esses registros, poder-se-ia reivindicar que o caxiense Antônio Gonçalves Dias escreveu a expressão “ordem e progresso” seis anos antes de aparecer, em 1852, a obra “Sistema de Política Positiva”, do francês Auguste Comte.

Com efeito, no dia 8 de maio de 1846, na sua obra “Meditação”, Gonçalves Dias escreveu:

“E não pelejais por amor do progresso, como vangloriosamente ostentais.

“Porque a ORDEM E PROGRESSO são inseparáveis: – e o que realizar uma obterá a outra.” (Destaque meu).

*

Portanto, façamos a cronologia:

– 1846, 8 de maio: Gonçalves Dias escreve “ordem e progresso” em seu livro “Meditação” (43 anos antes da proclamação da república no Brasil). A frase é: “Porque a ORDEM E PROGRESSO são inseparáveis: – e o que realizar uma obterá a outra.”;

– 1852: publicação do livro “Système de Politique Positive”, de Auguste Comte, onde originalmente está a frase inspiradora do lema “Ordem e Progresso”, constante na Bandeira do Brasil. A frase comtiana, seis anos após a de Gonçalves Dias, é: “O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim.";

– 1884: primeira edição do “Testament” do francês Auguste Comte;

– 1889, 15 de novembro: Proclamação da República no Brasil;

– 1889, 19 de novembro (depois oficializado como o Dia da Bandeira brasileira): o caxiense Teixeira Mendes apresenta o desenho da Bandeira brasileira por ele idealizada. Sua sugestão foi imediatamente adotada e não foi demovida por insatisfações de alguns políticos e outros movimentos;

– 1892, novembro: segunda edição do “Testament” de Auguste Comte.

* * *

Em 5 de setembro de 2025 completam-se 168 anos da morte do escritor e filósofo francês Auguste Comte, ocorrida em Paris em 5 de setembro de 1857. O nome completo do talentoso francês era Isidore Auguste Marie François Xavier Comte e ele nasceu em Montpellier, em 19 de janeiro de 1798. Assim, em 2025, são 227 anos de nascimento do criador do Positivismo.

Este é um texto aligeirado sobre “anterioridades” relacionadas ao lema “Ordem e Progresso”, que foi apropriado pelo caxiense Raimundo Teixeira Mendes de texto (e ideias) de autoria de um filósofo de que ele era seguidor, Auguste Comte.

Claro que há distinções, diferenciações na textualização de “Ordem e Progresso”: Gonçalves Dias escrevia um romance (com elevada carga de crítica sociopolítica); Auguste Comte defendia uma causa, queria instituir uma nova religião, por ele considerada a “religião da humanidade”, o Positivismo.

Assim, a palavra “ordem” e a palavra “progresso”, isoladamente ou em conjunto, permeiam os livros, os textos do autor francês, inclusive mesmo antes de sua obra de 1852, considerada a obra-fonte da frase que inspirou o caxiense, maranhense e brasileiro Teixeira Mendes na elaboração da Bandeira de seu país.

Gonçalves Dias dominava o francês, conhecia Paris. Poderia ter tido acesso à obra comtiana? Sim, poderia. Por sua vez, Teixeira Mendes – que conhecia Comte, que conhecia a França e sabia francês – TAMBÉM conhecia seu conterrâneo, o igualmente caxiense, o talqualmente maranhense e patrioticamente brasileiro Gonçalves Dias.

Não tenho dúvidas de que Teixeira Mendes verdadeiramente bebeu na frase de Auguste Comte.

Também não tenho dúvidas de que, consideradas as datas das obras do francês Comte (“Sistema de Política Positiva”) e do caxiense Gonçalves Dias (“Meditação”), este, no mínimo, tem uma certa anterioridade na construção frasal, acrescida de complemento explicativo.

Evidentemente, ninguém tem domínio de tudo o que se escreve e já se escreveu em nosso planeta, nos diversos idiomas, existentes e já extintos. Uma contagem do Google Books, que se iniciou com cerca de 600 MILHÕES de títulos, após processos de refinamento, fechou com 130 MILHÕES de livros (quantidade de títulos únicos, não total de exemplares) já escritos e publicados.

Outros registros estatísticos nos informam que surge 1 livro novo a cada 30 segundos. Que em UM ANO são UM MILHÃO (1.000.000) de livros, os quais precisariam de 20 quilômetros de estantes para acomodá-los. Tristemente se registra que, para cada livro que um ser humano lesse em 1 dia, ele teria de não ler outros QUATRO MIL livros.

Desse modo, é quase impossível não haver construções frasais iguais ou assemelhadas nos livros e literaturas deste mundo. Como já escrevi, nós humanos temos de ser ilimitados em nossos limites: temos, em caracteres latinos, apenas 26 letras para escrevermos todos os poemas de amor – e também todas as declarações de guerra;...

... temos apenas 10 algarismos para com eles calcularmos todas as distâncias astronômicas e medirmos as variadas dimensões microscópicas;...

... temos apenas 7 notas musicais, para com elas elaborarmos a sinfonia mais enlevadora e a música brega mais rasgada...

Enfim, somos incontidos em nossas contenções. Somos superposições.

Somos humanos – buscando uma ORDEM no caos ético e o PROGRESSO ante desigualdades sociais.

Somos humanos.

* EDMILSON SANCHES

ILUSTRAÇÕES:

O dístico (lema) na Bandeira brasileira. Retratos dos caxienses Teixeira Mendes e Gonçalves Dias e do francês Auguste Comte. Folha de rosto do "Testament d'Auguste Comte", edição de 1892, e registros do "site" do jornal francês "Le Monde". Livro de Edmilson Sanches sobre Raimundo Teixeira Mendes, autor da Bandeira do Brasil.

Brasília (DF), 05/09/2025 - O cineasta Silvio Tendler. Foto: MST/Divulgação

O cineasta Silvio Tendler, 75 anos, morreu na manhã desta sexta-feira (5), no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada nas redes sociais da produtora fundada pelo cineasta, a Caliban. Ele estava internado no Hospital Copa Star, em Copacabana. 

"Silvio deixa uma filha, um neto, mais de cem obras, incontáveis amigos, centenas de ex-alunos, uma legião de fãs e a semente da justiça social plantada em todos nós", confirma a produtora pelo Instagram. 

Documentarista premiado, com uma centena de títulos, Tendler se notabilizou por sua cinematografia de cunho político e histórico. Ele realizou os longas-metragens sobre ex-presidentes, como "Os anos JK — Uma trajetória política" (1980), "Jango" (1984), e "Tancredo: A travessia" (2011).

O cineasta também produziu filmes sobre intelectuais, pesquisadores e artistas brasileiros como Josué de Castro – Cidadão do Mundo (1994), Milton Santos - Pensador do Brasil (2001); Glauber o Filme, Labirinto do Brasil (2003).

É dele documentário “O Mundo Mágico dos Trapalhões” produzido em 1981 e até hoje reconhecido por ter atingido a maior bilheteria para filmes nacionais no segmento: 1,8 milhão de espectadores.

Pelas redes, a Casa Rui Barbosa (ligada ao Ministério da Cultura) assinala que Tendler teve “uma vida inteira dedicada a contar a história recente do país com coragem, compromisso e denúncia.”

Silvio Tendler foi condecorado duas vezes pelo governo federal: a primeira vez pela Ordem de Rio Branco em 2006 (Presidência da República); e a segunda vez, este ano, como comendador da Ordem do Mérito Cultural (Ministério da Cultura).

O enterro de Silvio Tendler será no domingo (7), às 11h, no Cemitério Comunal Israelita do Caju, localizado na zona portuária do Rio. Ele se descrevia como “um utopista” que acreditava “que a vida vai melhorar”.

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília - 27/06/2023 - O Programa Universidade Para Todos (Prouni) oferta bolsas de estudo, integrais e parciais (50% do valor da mensalidade do curso), em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições de educação superior privadas. As inscrições podem ser feitas pelo celular ou pelo computador. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O prazo para os estudantes pré-selecionados no Programa Universidade para Todos (Prouni), referente ao segundo semestre de 2025, para comprovar as informações declaradas no momento da inscrição, termina nesta sexta-feira (5).

Para validar a bolsa do Prouni, os candidatos devem entregar a documentação completa à instituição de ensino superior privada para a qual foram selecionados virtualmente – na página da entidade na internet –, ou presencialmente, dependendo das regras da faculdade.

A lista de espera do programa federal está disponível no Portal Único de Acesso ao Ensino Superior, na aba do Prouni.

A lista de espera do Prouni 2025/2 é voltada aos inscritos que não foram selecionados nas chamadas regulares do programa ou que foram reprovados por não formação de turma na faculdade escolhida.

O programa federal oferece bolsas de estudo parciais (50% do valor da mensalidade) e integrais (100%) em instituições privadas. 

Documentação

Entre os documentos que precisam ser entregues pelo estudante estão os de identificação com foto e CPF e dos membros do grupo familiar; comprovantes recentes de renda que atestem a renda bruta mensal de todos os membros da família; comprovante de residência em nome do estudante ou de um dos membros da família; certificado de conclusão do ensino médio que atenda aos requisitos do ProUni, como ter feito o ensino médio em escola pública.

Para quem estudou em escola particular como bolsista é necessária uma declaração da escola que comprove a condição.

Obrigações da faculdade

A faculdade particular deverá emitir formulário de comprovação de entrega da documentação, no momento em que a recebe.

Até 12 de setembro, as instituições de ensino participantes deverão anunciar se o candidato teve o registro reprovado ou aprovado. Neste último caso, deverá emitir o termo de concessão de bolsa.

De acordo com o edital, as entidades de ensino superior particulares que optarem por efetuar processo próprio de seleção já deverão ter comunicado formalmente aos candidatos pré-selecionados sobre essa exigência.

É proibida a cobrança de qualquer tipo de taxa para a seleção dos candidatos ao Prouni.

Para esta edição, o ProUni oferece mais de 211 mil bolsas – 118 mil integrais e 93 mil parciais. As bolsas são destinadas a mais de 370 cursos de 887 instituições privadas de ensino superior.

Prouni 20 anos

Criado pelo Ministério da Educação (MEC) em 2004, o Programa Universidade para Todos tem como público-alvo os estudantes sem diploma de nível superior.

Em 20 anos, o governo federal contabiliza mais de 3,5 milhões de estudantes beneficiados. Desses, 2,5 milhões estudaram gratuitamente. Os demais custearam 50% do valor da mensalidade.

Atualmente, o programa beneficia 632.503 estudantes, matriculados em 1.851 instituições privadas de ensino superior no Brasil, sendo 533.790 integral.

(Fonte: Agência Brasil)

O Acadêmico Jáder Cavalcante, de São Luís, linguista, romancista, autor publicado em prosa e verso, conhecedor da Língua Portuguesa como poucos, escreveu–me e deixou sutil instigação, a partir do que, a seguir, trago algumas reproduções públicas de diversas reflexões particulares.

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A cordata questão trazida vem a propósito da redação de um convite de posse de nova diretoria de uma Academia da região Norte do Brasil.

Abaixo da denominação da solenidade (a cerimônia de posse), o documento anuncia: “O evento será acompanhado de momentos culturais: poemas, prosas, músicas e poesia”.

Comento.

É vezeiro o uso simultâneo das palavras “verso”, “poesia” e “poema” como sinônimas. Claro, há especificidades, sutilezas, extensões semânticas e outros significados e sentidos que não ou nem sempre se comunicam de um para outro substantivo. Que nem gente, cada palavra guarda para si um traço peculiar, um “ton sur ton” que lhe é próprio, que é – pode–se dizer – só seu.

No caso da redação do convite, tenho para mim que os termos  “poemas” e “poesia”, na mesma linha, só se justificam se o segundo (“poesia”) estiver com o sentido de “aquilo que desperta emoção”, ou “o que causa emoção, enlevo”, “o que desperta sentimento de beleza”. Tudo isto, é claro, referindo–se ao evento daquela Academia nortista ou a parte dele, que são os prometidos “momentos culturais” – como está no convite –, com seus “poemas”, “prosas” e “músicas”.

Talvez haja – e certamente há – redação mais feliz, sobretudo se feita por quem sabe das nuanças do escrever, do escrever não apenas literalmente mas literariamente. Pois, sem desdouro para uma ou outra, há a arte de escrever e há a arte de escrever com arte.

Vejamos. A redação original informa: “O evento será acompanhado de momentos culturais: poemas, prosas, músicas e poesia.”

Indo para as nuanças, talvez “acompanhado” não seja o termo mais preciso ou adequado. Os “momentos culturais” não propriamente “acompanharão”, não é como a banda musical que, aqui sim, acompanha um cantor. Acompanhar tem a ver com simultaneidade, constância, grudado que nem piolho de cobra em veado, como se dizia popularmente em priscas eras. Daí o verbo “acompanhar” ter em sua formação a antecedência do prefixo “a–“, que vem do latim “ad–“, que transmite a ideia de direção e proximidade: “acompanhar” é, assim, “estar em companhia”.

Talvez, como sugestão, a frase ficasse mais razoável assim: “A solenidade terá apresentações musicais e literárias em agradável noite de cultura”. Troca–se a palavra “evento” por “solenidade”, pois a primeira, embora não esteja incorreta, é mais indicada para acontecimentos de grande fluxo de pessoas, algo mais, digamos, feérico!... Já “solenidade” confere certa distinção para ocorrência realizada com liturgia, rito ou formalidade, mais estrita e restrita, de fluxo limitado etc.

Por outro lado, vale dizer que toda a solenidade / todo o evento é um “momento cultural”, e não apenas os instantes onde se ouçam cantos, declamações e/ou leituras de textos poéticos e prosaicos. Os esperados discursos de despedida e de assunção do cargo de presidente são o ponto alto, o mais distintivo   –– e, na solenidade ou evento, são, “et pour cause”, as peças e os momentos culturais por excelência.

A pluralização dos designativos das formas de expressão “prosa” e “poema”, com o substantivo singular “poesia” ao final, pode causar imediata “estranheza”, nos de percepção linguística mais aguçada, por esses termos estarem bem próximos, na mesma linha da frase. Isso porque, no geral, tem–se “verso”, “poesia” e “poema” como sinônimos, “a mesma coisa”, da mesma forma como, no geral, sem refinamento linguístico, semântico, igualam–se os termos “música” e “canção”.

Tanto em um quanto em outro caso, ou seja, tanto em relação à Literatura quanto em relação à Música, “verso”, “poesia” e “poema” e “música” e “canção” são e não são a mesma coisa. Depende do pretexto e do contexto. Daí a sutileza entre a arte de escrever e a arte de escrever com arte. Ou da arte de compor e da arte de compor com arte (Literatura e Música, tudo é composição...).

A valer a datação dos lexicógrafos e outros arqueólogos da Língua, a palavra “verso” é do século 13; “poesia”, século 15; e “poema”, do primeiro quinto do século 18, isto é, 1720.

“Verso”, a palavra mais antiga, é ao mesmo tempo parte e todo: tanto pode ser a linha de um poema quanto uma parte dele (uma quadra, por exemplo) ou todo ele (como na frase: “Sua vida está contada em verso e prosa”).

Já “poema” é palavra de semântica específica. Poema é forma. É a composição em verso. Quando muito, o sentido da palavra “poema” – extraído do enlevo que poesias e “a” poesia em geral provocam – amplia–se para absorver significados ligados à beleza, à sensibilidade, à perfeição, à magia (neste caso, fascínio, magnetismo), como nas frases: “Aquela mulher é um poema!...” / “Ao contemplar as matas e montanhas não viu matas e montanhas – viu um poema...”.

Por fim, “poesia” é praticamente tudo. “Poesia” é antes, durante e depois.

É a inspiração para escrever.

É a arte de escrever.

É a composição escrita.

Poesia é “antes” porque poesia tem a ver com sensibilidade, emoção, sentimento de beleza, inspiração... (“Estados” prévios, anteriores, ao ato de escrever).

Poesia é “durante” porque poesia é poder criativo, arte, talento, técnica de escrever, de compor (em) versos. Não foi sem razão que os gregos, sabiamente, deram o nome de “poiésis” (em latim, “poésis”) aos atos de fazer, fabricar, industriar, artificiar, engenhar, confeccionar, construir, compor... criar. Para os gregos antigos, tanto havia “poiésis” (poesia) na formulação de um perfume quanto na composição de uma música. Havia / há poesia tanto na estrutura de navios quanto na escritura de versos.

Poesia é “depois” porque poesia é o poema feito, o conjunto de linhas ou versos bem dispostos, na ordem que a métrica impõe ou, livremente, na ordem que a sensibilidade e vontade do autor põe.

Etimologicamente, poesia é criação.

Biologicamente, vida é poesia.

Assim, viva a Poesia!

* EDMILSON SANCHES