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No mês em que completa o seu centenário, a Rádio MEC foi o tema central de uma audiência pública realizada na última quarta-feira (12), na Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados. Durante o evento, que debateu o resgate do protagonismo da emissora e a busca pela inovação tecnológica, a radialista aposentada Helena Theodoro foi homenageada. A iniciativa reconhece as mais de três décadas que ela dedicou à Rádio MEC.

A carreira de radialista de Helena é marcada por sua múltipla formação. Natural do Rio, ela é professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com graduações em Direito e em Pedagogia, mestrado em Educação, doutorado em Filosofia e pós-doutorado em História comparada. É referência no país na pesquisa em história e cultura afro-brasileira.

Sua passagem na Rádio MEC, iniciada aos 15 anos de idade, é marcada por programas como Samba na Palma da MãoFaixa Autoral e Origens. Ela também coordenou nacionalmente o Projeto Minerva. Instituído pelo regime militar e produzido pela Rádio MEC, era um programa radiofônico de educação a distância de transmissão obrigatória pelas demais emissoras.

Considerada a primeira emissora do país, a Rádio MEC nasceu como Rádio Sociedade, criada em 1923 por Edgard Roquette-Pinto e Henrique Morize. Doada em 1936 ao Ministério da Educação e Saúde Pública (posteriormente Ministério da Educação e Cultura - MEC), a emissora acabaria sendo rebatizada como Rádio MEC. Mais tarde, a sigla deixaria de ser uma referência à pasta, passando a significar música, educação e cultura, considerados os três pilares da sua programação.

Nessa entrevista concedida à Agência Brasil, Helena Theodoro conta detalhes da sua trajetória na Rádio MEC e discute a importância da emissora. 

Agência Brasil:

Como foi sua entrada na Rádio MEC em 1958? 

Helena Theodoro: 

Um repórter do Diário de Notícias, chamado Pedro Jorge, tinha um projeto que ele chamava de Estudantes do Ano, onde aqueles jovens negros que se destacavam ganhavam uma fotografia no jornal para estimular os outros a estudar. Eu estava estudando no Conservatório de Música, fazendo piano e harmonia. E ele me escolheu como uma das estudantes do ano. Os meus pais eram militantes do movimento negro e eu tinha passado muito bem qualificada para o Instituto de Educação do Rio de Janeiro. Naquela época, as crianças negras não costumavam ser destaque em colégios considerados de qualidade no Rio, como era o Instituto de Educação. E eu passei em sétimo lugar. 

O Pedro Jorge sabia que eu era ligada ao movimento dos meus pais, que batalhavam para a criação do Renascença Clube, frequentavam o Teatro Experimental do Negro do Abdias Nascimento, eram fãs e colaboradores da orquestra do maestro Abigail Moura, participavam de toda a movimentação nos anos 50 do pessoal negro no Rio de Janeiro. E aí ele me convidou para participar do programa Tarde Estudantil como pianista. Era um programa da Rádio MEC de estudantes universitários e secundaristas.

Agência Brasil:

Então você começou como pianista? 

Helena Theodoro: 

Comecei como pianista. Mas no Instituto de Educação, a gente tinha a Associação Metropolitana de Estudantes Secundários. A gente tinha uma consciência muito grande da política nacional, a gente se empolgava com a história da reforma agrária. E eu comecei a escrever no Tangará, que era o nosso jornal dos estudantes secundaristas. Também passei a escrever para o jornal O Metropolitano, que era voltado para os estudantes universitários. 

E depois o pessoal da Rádio MEC começou a se interessar pelas minhas poesias. Eu já escrevia poesia para a Revista Ciência Popular. Eu tive uma formação muito voltada para a arte. Tive uma infância muito estimulada para o campo das artes. O meu pai me levava para todos os concertos para a juventude. Domingo era religiosamente sagrado ir à feira em Vila Isabel, mas antes ele me levava para assistir os concertos para a juventude no Theatro Municipal.

Agência Brasil:

Origens é um dos programas que marca a sua trajetória. Como ele foi pensado? 

Helena Theodoro: 

Em 1963, eu fui efetivamente contratada. E aí eu passei a ser técnica de Comunicação Social. Toda quinta-feira eu tinha programação, e, mais tarde, comecei a fazer os meus próprios programas. Eu comecei com o Mundo da Criança, porque eu já era professora primária e tinha feito uma série de livros nos anos 70. Quando eu me formei em Pedagogia, eu fui junto com o Frei Davi fazer um trabalho de rádio educativo com o pessoal do Mobral [Movimento Brasileiro de Alfabetização, órgão criado pela ditadura militar]. E aí a gente começa a achar brechas para atender a comunidade preta e pobre. E eu fiz o programa Mundo da Criança. Eu buscava fazer na Rádio MEC o que eu tinha feito nos meus livros infantis, mostrando para a criança a importância da natureza. Depois, tivemos uma série com o personagem Bentinho Benedito. O Luiz Carlos Saroldi, que era muito meu amigo, era da Rádio Nacional. Depois foi da Rádio JB [Jornal do Brasil]. Eu pedi a ele para criarmos uma história que falasse de um menino negro criado pela avó, que era de terreiro. E que retratasse o negro como um artista plástico e não como músico, para sair do estereótipo. Vocês não imaginam o quanto eu sofri com a Editora Bloch porque os ilustradores não queriam pintar crianças negras. E também teve a série sobre o dia a dia, onde valorizamos o lixeiro, a empregada doméstica, as pessoas que plantam e que colhem. 

Mais tarde eu passei para o programa Faixa Autoral, na medida em que eu estava muito ligada à divulgação da música preta brasileira. Depois, como eu estava muito interessada na educação, veio o Origens. Nele, coloquei no ar pessoas que não estão mais entre nós como é o caso de Lélia Gonzalez, Maria Beatriz Nascimento, Joel Rufino dos Santos e Oliveira Silveira que deu a sugestão para que o 20 de novembro fosse o Dia de Zumbi. E eu transplantei os contos do Mestre Didi, que são incríveis. Inclusive foi ele quem fez a vinheta do Origens. É ele tocando e cantando. E eu radiofonizei os contos com a equipe de radioteatro. Quem era essa equipe? Nicette Bruno, Paulo Goulart, Fernanda Montenegro e Myriam Pérsia. Vocês não imaginam a qualidade. Eles depois vão para a TV Tupi. Era uma rádio que dava visibilidade aos artistas. 

Na Rádio MEC, a gente tinha contato com os poetas. Walmir Ayala, Vinícius, todo mundo era presente na Rádio MEC. A gente tinha o programa de jazz do Paulo Santos, a gente tinha uma relação muito íntima com todo o movimento cultural. No Samba na Palma da Mão, eu levei Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Aluisio Machado e Dona Ivone Lara que gravou pela primeira vez na Rádio MEC. Todos os grandes sambistas do Rio de Janeiro passaram pelo programa. Eu tinha facilidade de convidá-los porque eu estava casada com o Nei Lopes. Eu comi feijoada feita por Clara Nunes, morram de inveja. Uma pessoa linda, maravilhosa. 

Mas olha a importância de manter a memória da Rádio MEC. Ela é o princípio de tudo. Criou muitos projetos de qualidade. Veja o nosso trabalho incrível nos anos 70 no projeto Minerva, buscando dar consciência crítica através dos programas radiofônicos que eram distribuídos para todo o Brasil. Eu fui coordenadora nacional do projeto. Fomos reconhecidos pelos ingleses.

Esse projeto também recebeu algumas críticas e chegou a ser apelidado de “projeto me enerva”. Como você avalia essas críticas? 

O que a gente estava fazendo? A gente estava vendo a necessidade do país de crescer e pensar criticamente. A quem interessa isso? E a quem não interessa isso? 

Agência Brasil:

Chegou a sofrer alguma interferência do regime militar? 

Helena Theodoro: 

Olha, eu fui na Alemanha e lá eu vi algo que eu quis fazer aqui. O caderno de acompanhamento de conteúdo do Projeto Minerva era vendido nas bancas pela Editora Abril. Eu queria distribuir gratuitamente pelos jornais. A ideia era que os jornais pagassem taxas menores ao governo em troca de espaço para um suplemento. Eu fui mexer com a Editora Abril. Ela ganhava muito dinheiro vendendo esses cadernos. E aí depois de um tempo me tiraram de lá. Fiquei doente. Fiquei dois meses de cama. Eu sempre amei o Projeto Minerva. 

Agência Brasil:

Podemos dizer que seus programas na rádio articulam sua formação artística e política? 

Helena Theodoro: 

A minha vida de pianista, de professora, de militante política e de militante do movimento negro está completamente relacionada. Papai e mamãe eram sócios da orquestra do maestro Abigail Moura. Foi a primeira orquestra voltada para tradição musical africana. Ele usava instrumentos africanos. E quem eu encontro na Rádio MEC  que era uma figura presente na minha vida de filha de um militante: o maestro Abigail Moura. Ele consertava os instrumentos da Rádio MEC e ensaiava a orquestra afro-brasileira lá na Rádio MEC. Então, eu fechei os meus laços de amizade com o maestro Abigail Moura e conheci uma pessoa incrível na minha vida que se chama Haroldo Costa. 

Ao mesmo tempo, a minha mãe havia passado no concurso para os Correios e Telégrafos e trabalhava como intérprete de inglês na Praça Mauá. Era vizinha do edifício A Noite, onde funcionava a  Rádio Nacional. E ela faz amizade com o pessoal da Rádio Nacional. Ela conheceu um jovem que trabalhava como empregador de correspondência que ela adota como se fosse filho. E ela estimula esse menino que é o Hermínio Bello de Carvalho. Então, desde muito cedo, eu fui criando relações que estão ligadas com o movimento negro, com a música popular brasileira e com uma consciência política do nosso país. 

Agência Brasil:

E como você avalia a importância do rádio para o país? 

Helena Theodoro: 

No rádio, você não mostra as coisas, você deixa as pessoas imaginarem. Você desenvolve a intuição. Você estimula a reflexão das pessoas. A televisão te chapa um negócio e é aquilo que você viu e acabou. Historicamente, o rádio foi fundamental para a formação do país. Dona Helza Camêu me ensinou muito cedo que o Brasil no século 19 falava tupi-guarani. E foram as rádios que criaram uma unidade em torno do idioma português em um país continental como o nosso. Principalmente a Rádio MEC  e  Rádio Nacional. E a Rádio Roquette-Pinto também. 

Eu fui à Espanha, onde há grupos separatistas, como os bascos. Na Itália, há uma série de divisões linguísticas. Eu fui em vários países africanos onde não há uma unidade. Inclusive vi uma experiência muito linda no Senegal. Você sabe que lá eles falam aproximadamente sete dialetos. Então, quando a criança entra na escola, ela não se comunica da mesma maneira que a outra. E essas crianças têm um ano para aprender a falar e escrever em francês, que é a língua obrigatória do país. Eles montaram uma estratégia incrível. Reuniram professores doutores pela Sorbonne para trabalhar na alfabetização. Eles fizeram uma seleção dos contos mais populares no Senegal, que são conhecidos diferentes dialetos. Traduziram para o francês e desenvolveram teatro para essas históricas. Eu vi. As crianças vão ouvir essas histórias em francês. Só que elas conhecem essas histórias. São da sua realidade. Eu fiquei pensando: eles usam o método Paulo Freire lá e a gente não usa aqui. E uma coisa mais interessante ainda. Eles usam músicas deles. E colocam letras francesas. É um transplante que facilita a compreensão das crianças. Em um ano, eles conseguem alfabetizar. 

Você também foi, por três anos, jurada do Prêmio Nacional Jornalista Abdias do Nascimento, criado pela Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira) do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro. Como foi essa experiência? 

É um trabalho incrível de premiar jornalistas que realmente contam para a gente a verdade da vida. Eu acho absolutamente necessário, porque eu acho que a grande responsável do atraso brasileiro é a mídia. A gente tem uma mídia que valoriza a mentira. 

Agência Brasil:

Rádio MEC é vinculada hoje à Empresa Brasil de Comunicação (EBC), fundada em 2007 dentro de um esforço de estruturação do campo público da comunicação. Como você avalia esse processo? 

Helena Theodoro: 

Esse debate é básico. Não pode deixar nas mãos de interesses particulares algo que é de interesse público. Você vê o que o Twitter está fazendo. Estão permitindo até compartilhamento de ameaças de ataque às escolas. É comandado por um homem que tem trilhões de dólares. Há uma falta de ética. Desde sempre eu aprendi que o teu limite acaba onde começa o limite do outro. É preciso parar e pensar. Ouvir e escutar. A rádio nos permite isso. E a rádio pública não tem dono. Ela é de todos. A partir do momento que ela tem conhecimento dessa sua característica, ela não vai ser uma rádio que vai te levar para uma dada religião, que vai te levar para um dado partido. Ela não pode ser esse tipo de rádio. Ela tem que ser diversa. Ela tem que ser plural. Ela tem que ser democrática.

(Fonte: Agência Brasil)

Festival Jaraguá é Guarani Yvyporã

O longa-metragem Para’í, do diretor Vinicius Toro, teve pré-estreia nesse domingo (16), na Terra Indígena (TI) Jaraguá-Guarani, na Vila Jaraguá, zona noroeste da capital paulista. O filme, com estreia nos cinemas prevista para esta quinta-feira (20), foi exibido no início da tarde na segunda edição do Festival Yvy Porã Jaraguá é Guarani.

O longa, selecionado para diversos festivais, como o 51º Festival de Brasília, a 22ª Mostra de Cinema de Tiradentes e o 20º Festival do Rio, foi gravado na TI do Jaraguá e teve participação ativa dos indígenas na produção e no roteiro. 

“Tudo que passou nesse filme é a nossa vida mesmo. Nós continuamos assim dessa mesma forma, vivendo, resistindo, preservando essa floresta, cuidando desses animais”, destacou Sonia Ara Mirim, da comunidade Guarani do Jaraguá, que participou como atriz e roteirista.

O filme, que foi exibido sob uma tenda dentro de uma área de Mata Atlântica, conta a história de duas crianças indígenas que se aventuram para fazer com que algumas sementes de milho colorido guarani germinem e cresçam.

Nessa caminhada, elas se deparam com muitos dos elementos que marcam a vida da comunidade indígena do Jaraguá: a luta pela demarcação das terras e a falta de espaço para plantar; os incêndios criminosos; o contraste da religião tradicional indígena e a evangélica; e a valorização da língua guarani.

“Quando a gente faz um filme como esse, ele retrata a nossa realidade. Não adianta a gente fazer um filme aleatório. Isso aqui é verdadeiro, aconteceu. Nós temos o nosso modo de vida e precisava ser mostrado”, diz Mirim.

Ela destaca, ainda, as dificuldades para o reconhecimento do seu povo. “Nada é fácil para nós. Sempre tem algo que impede os povos indígenas aqui do Jaraguá de serem vistos como somos, nos impede de mostrar nossa cultura. Muitos falam que nós não somos indígenas, que aqui é uma favela, e a gente tinha que mostrar o contrário disso. Sempre estamos procurando mostrar quem somos”.

Temas reais

O diretor Vinicius Toro ressalta que, apesar de ser um filme encenado, o longa incorporou vários temas reais que, inclusive, ocorreram durante a produção do filme. “Um dia antes de a gente entregar o projeto, que a gente estava buscando patrocínio, teve uma queimada, e a gente foi lá registrar”, conta.  

“Essa questão das igrejas [evangélicas] que estão ao redor, a gente começou a incorporar no desenvolver do filme. Tinha essa ideia inicial de ser um filme que tratava de temas reais, mas também ser um filme encenado”.

O filme é uma produção da Travessia Filmes e será lançado nos cinemas pela distribuidora Descoloniza Filmes. O trailer oficial pode ser visto no YouTube.

A Terra Indígena (TI) Jaraguá ainda enfrenta disputas judiciais para a demarcação de terra definitiva. Em 2017, a Portaria 693, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, reduziu a extensão da TI a 1,7 hectare, quando o processo de demarcação indicava que a reserva deveria ser de 512 hectares. Uma liminar, naquele mesmo ano, suspendeu a portaria.

(Fonte: Agência Brasil)

Morreu, no último sábado (15) uma das maiores lideranças negras do Maranhão: Adalberto Conceição da Silva, mais conhecido como Mestre Zumbi Bahia. A morte do mestre de capoeira, cantor, compositor, coreógrafo, percussionista e mestre em Ciências da Educação foi informada pelo Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN-MA).

Até o momento não foi divulgado o motivo da morte de Mestre Zumbi Bahia. “É com pesar que recebemos a notícia da passagem do companheiro Adalberto da Conceição Silva, nosso Mestre Zumbi Bahia. Respeitado e aplaudido pelos seus feitos, Zumbi Bahia deixa um significativo legado na arte e na cultura afrobrasileira, em especial no Maranhão”, informou o CCN, em nota publicada nas redes sociais.

“O Centro de Cultura Negra do Maranhão manifesta gratidão e homenagens pela sua contribuição no Akomabu, no Abanjá e se solidariza com familiares e amigos. ‘Me banho nas forças que vem do infinitivo! Atravessando as barreiras do Sol’. Esteja em paz Zumbi Bahia! Que o Orum lhe receba em festa!”, completa a nota.

Em outro post, o CCN agradece ao mestre pelos ensinamentos; pelos “zumbidos culturais”; bem como pela ginga, luta, caráter, “e por nos ter feito entender a grandeza de ser negro... negra! Por nos ter feito respeitar nossa ancestralidade, nossa religião e nossa cultura. Eternamente nossa gratidão”, diz o texto.

Erradicado em São Luís (MA), Zumbi Bahia criou o Coletivo Cultural Oficina Afro. A carreira artística dele teve início no grupo Filhos de Obá, em Salvador (BA). Já no Maranhão, foi coordenador pedagógico do lnstituto Officina Affro.

(Fonte: Agência Brasil)

O grupo Música Antiga, da Universidade Federal Fluminense (UFF), apresenta neste domingo (16), às 10h30, concerto de música ibérica que destaca a obra poética do escritor português Luís Vaz de Camões. O concerto será realizado no Cine Arte UFF, em Icaraí, Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Os ingressos têm valor único de R$ 15.

Especialista em música medieval, renascentista e barroca, o grupo Música Antiga da UFF foi criado em 1982, contando, inicialmente, com nove músicos que acabaram sendo contratados, em 1984, como funcionários pela universidade. Com o decorrer dos anos, muitos dos integrantes se aposentaram, ficando o grupo com cinco músicos. Em 2018, foram abertas duas vagas e, em 2019, mais uma.

O concurso público promovido então pela instituição, em dezembro de 2019, aprovou três musicistas que se integraram ao grupo, composto atualmente por cinco músicos. No ano passado, após a pandemia da covid-19, o grupo voltou a ensaiar e a tocar presencialmente, e promoveu concerto comemorativo dos 40 anos do Música Antiga no teatro da UFF, para o qual foram convidados músicos aposentados do conjunto.

Em seus 40 anos de existência, o Música Antiga da UFF busca recriar a sonoridade da Idade Média e do Renascimento, levando ao espectador as músicas e o fascínio das histórias que compõem seus ricos repertórios, e transmitindo também não apenas a música, mas o contexto histórico e cultural dessas épocas. O grupo vem atuando ao longo de sua trajetória na consolidação do ensino, da pesquisa e da extensão, realizando trabalho de formação de plateia e de conexão da universidade com a sociedade. Os cinco integrantes são Cecilia Aprigliano, Leandro Mendes, Mario Orlando, Rosimary Parra e Sônia Leal Wegenast.

Leandro Mendes informou à Agência Brasil que os instrumentos tocados pelo grupo incluem flautas doces, viela de arco (instrumento medieval antecessor do violino), percussão, harpa, viola da gamba (instrumento surgido em torno de 1400, antecessor do violoncelo), alaúde e vihuela (viola de mão). Leandro Mendes e Sônia Leal Wegenast cantam solo e todos fazem coro.

Camões

O programa do concerto engloba 15 músicas renascentistas portuguesas, com poesias do poeta português Camões que foram musicadas, além de canções que teriam versos do poeta ou, ainda, músicas de compositores da mesma época. O tema foi sugerido por Mario Orlando, que está fazendo doutorado e teve como uma das matérias as poesias de Camões.

”Ele fez o levantamento das músicas dessa época que teriam poesias de Camões. Como não eram muitas músicas, a gente preencheu [o repertório] com compositores da mesma época, como Luys Milan e compositores anônimos. Porque a gente usa muito cancioneiros renascentistas que têm músicas anônimas, entre as quais o Cancioneiro de Paris, Cancioneiro do Palácio, Cancioneiro D’Elvas, Cancioneiro de Belém, que é português. Usamos também canções de Antonio de Cabezón, que era compositor da época, entre outros”, disse Leandro Mendes.

Entre as músicas cantadas que têm poesias de Camões, destaque para Minina dos Olhos VerdesFoyse Gastamdo a EsperançaSeñora bem PodereyVida da Mynha Alma, todas escritas em português e castelhano arcaico, explicou Mendes.

O poeta português viveu entre 1524 e 1580 e teve sua poesia musicada em diversas peças encontradas em cancioneiros ibéricos. Na poesia de Camões, as redondilhas são elaboradas a partir de um mote. Na música instrumental do século 16, percebem-se novas elaborações melódicas a partir de uma estrutura musical já conhecida, oriunda da música vocal ou da dança.

Confira aqui o programa completo.

(Fonte: Agência Brasil)

Cerca de 200 indígenas de dezenas de etnias do Brasil participam, neste fim de semana, da 13ª edição da feira de artesanato indígena, de apresentações de cantos e danças rituais, de pintura corporal, de oficinas de arte e de contação de histórias. A programação inclui ainda a exibição de filmes, um espaço de ervas medicinais e a realização de palestras e debates para discutir questões indígenas. Pela primeira vez o evento ocorre nos jardins do Museu da República, no Catete, zona sul do Rio. Até o ano passado, o local era o Parque Lage, no Bairro do Jardim Botânico, também na zona sul do Rio. O horário de funcionamento é das 9h às 17h30, e a entrada é franca para todas as idades.

A feira com 90 barracas de expositores é organizada pela Associação Indígena Aldeia Maracanã (AIAM), com o apoio institucional do Museu da República e do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). O evento celebra também o Dia dos Povos indígenas, nome aprovado no ano passado no Congresso Nacional por iniciativa da então deputada federal Joênia Wapichana para o antigo Dia do Índio, comemorado em 19 de abril.

Participam os povos indígenas Guarani, Pataxó, Puri, Fulni-ô, Tukano, Kaingang, Guajajara, Ashaninka, Tikuna, Tupinambá, Baniwa, Waurá, Kamayurá, Kayapó, Mehinako, Pankararu, Kariri-Xocó, Karajá, Potiguara, Sateré Mawé, Bororo, Kadiwéu, Kambeba, Ananbé, Kichua e Goitacá.

A presidente da Associação Indígena Aldeia Maracanã (AIAM), Marize Guarani, destacou que esta é a primeira edição que ocorre com a existência do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), e a criação da pasta chama atenção da população brasileira para a presença desses povos no Brasil. “Todos esses séculos nós vivemos aqui invisíveis, negados, silenciados. Neste censo, já sabemos que passamos de 865 mil para quase 1,7 milhão, mas a gente ainda não sabe qual é o percentual que temos no contexto urbano, agora. No Censo de 2010, nós éramos quase 40% da população. Completamente negados, onde mesmo sendo território indígena, porque todo o Brasil é território indígena”, disse à Agência Brasil.

Marize Guarani lembrou ainda que no português falado no Brasil há muitas palavras em tupi-guarani e muita gente nem se dá conta. Como exemplo, citou os bairros da capital fluminense, de Niterói e de distrito e cidade da Região Metropolitana do Rio.

“Você sabe o que é Ipanema? O que é Jacarepaguá? Sabe o que quer dizer Tijuca, Grajaú, Itaipuaçu, Maricá? Tem uma série de palavras no tronco tupi-guarani que as pessoas falam. Eu nasci onde hoje é um bairro, mas era território indígena. Nasci em Turiaçu, hoje é um bairro que fica entre Madureira e Rocha Miranda. Acha que alguém pode dizer que aquele não foi um território indígena com o nome de Turiaçu? O nosso português não é igual a qualquer português falado no mundo”, afirmou, revelando que, atualmente, há 305 povos indígenas no Brasil, número bem abaixo dos 1,4 mil que existiam anteriormente.

“O que aconteceu aqui foi um genocídio sem tamanho e também não falamos sobre isso. Também não falamos que, quando você perde o seu território, acaba vindo para as cidades, que foram construídas com mão de obra indígena. As cidades são verdadeiros cemitérios onde você enterra territórios indígenas, línguas e povos indígenas, a cidade do Rio de Janeiro se constrói a partir do genocídio do povo tupinambá que vivia aqui. E quem conta esta história?”, indagou.

A Associação Indígena Aldeia Maracanã reúne integrantes de várias etnias que vivem em contexto urbano no Grande Rio e também das oito aldeias Guarani e Pataxó que existem nos municípios de Paraty, Angra dos Reis e Maricá.

Indigenista da AIAM, Toni Lotar, que é também um dos organizadores do evento, disse que este ano é muito especial para os povos indígenas, porque além da criação do ministério, terminou o mandato do governo anterior que, segundo ele, não desenvolvia políticas específicas para esses povos. “Nesse encontro aqui vai rolar muita energia positiva. Eles estão muito satisfeitos com o novo cenário que se estabeleceu no Brasil em relação a eles e ao meio ambiente. Além disso, é uma oportunidade do Rio de Janeiro de conhecer a cultura indígena”, completou.

O indigenista disse que a expectativa é receber 10 mil pessoas nos dois dias e isso é uma oportunidade de geração de renda para os expositores indígenas. “Todos os povos indígenas têm na produção e venda de artesanato o seu principal fator de renda. Então em um evento como esse com 90 barracas eles conseguem vender os seus artesanatos e levar dinheiro para as suas comunidades”, observou.

Conforme a programação, o filme deste sábado (15) é o curta-metragem Abya Yala, na sequência haverá debate sobre a questão dos indígenas em contexto urbano. Amanhã, haverá a exibição do curta-metragem A Saga da Aldeia Maracanã, seguida de uma mesa de debate sobre as origens, conquistas e luta atual do movimento indígena, que em 2006 fez a ocupação cultural do prédio do antigo Museu do Índio, ao lado do estádio do Maracanã. O evento está lançando a campanha Restauro Já, para cobrar do governo do estado a promessa de restaurar o prédio do antigo espaço que foi tombado em 2013 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), para inaugurar no local o Centro de Referência da Cultura Viva dos Povos Indígenas, aberto aos 305 povos indígenas que existem no Brasil.

(Fonte: Agência Brasil)

O Museu das Culturas Indígenas, em parceria com o Conselho Indígena Aty Mirim, promove várias atividades gratuitas em abril, mês em que é celebrado o Dia dos Povos Indígenas (19). A programação conta com feira de artesanato, palestras, rodas de conversa e oficinas.

De quarta-feira (19) a domingo (23), estarão expostos trabalhos de diversos detentores de saberes tradicionais, que ficam também disponíveis para venda.

Na manhã e na tarde de quarta-feira, serão realizados debates sobre os direitos dos povos indígenas, a resistência e proteção dos territórios. Às 15h30, apresenta-se o Coral Guarani Mbaraete, da Terra Indígena Jaraguá, localizada na zona norte paulistana.

Em seguida, será inaugurada a fachada do museu, com pinturas e grafismos de artistas indígenas de oito territórios do interior, litoral e Grande São Paulo. O momento contará com uma cerimônia de reza.

Na quinta-feira (20), às 18h, o artista Denilson Baniwa e o cacique Awá Mbaraeté Dju fazem um diálogo sobre arte indígena contemporânea e a luta pelos territórios.

No sábado (22), haverá apresentação da dança Xondaro e do Coral Guatapu, da Aldeia Nhanderu Pó, de Mongaguá (litoral paulista), às 17h.

No dia 27, será oferecida uma formação para produtores culturais e comunidades indígenas para elaboração de projetos e captação de recursos em editais públicos.

programação completa está disponível na página do Museu das Culturas Indígenas. A instituição fica no Bairro da Água Branca, zona oeste da capital paulista.

(Fonte: Agência Brasil)

Tem início neste sábado (15) e vai até o dia 23 de abril a pesquisa Alfabetiza Brasil realizada com professores alfabetizadores para compreender quais são os conhecimentos e as habilidades que uma criança alfabetizada deve ter. Os resultados vão servir para definição de um padrão nacional de avaliação da alfabetização dos estudantes, além de ajudar na formulação de política pública nacional de alfabetização.

A realização da pesquisa está a cargo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O estudo será realizado com 341 professores de todas as capitais e 291 municípios, com bons resultados no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). As aplicações da pesquisa estarão concentradas em cinco capitais-sede, uma por região do país: Belém, Recife, Brasília, São Paulo e Porto Alegre.

Para participar do estudo, os professores alfabetizadores precisam atender aos seguintes critérios: ter graduação em pedagogia, experiência docente mínima de cinco anos em turmas de alfabetização, atuação em turma de 2º ano do ensino fundamental no ano letivo de 2023 e ser reconhecido pela comunidade escolar pela qualidade do trabalho desenvolvido como alfabetizador.

Para definir o que vai ser avaliado na alfabetização dos alunos, o Ministério da Educação (MEC) se orientou pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que determina as normas e currículos pedagógicos para as redes de ensino públicas e privadas no que diz respeito à educação infantil e ensinos fundamental e médio no Brasil.

O MEC entende que a alfabetização está completa quando o aluno domina os três eixos da alfabetização: a escrita, a leitura de palavras e frases e a produção de textos. Esta pesquisa analisará como são desenvolvidas com autonomia 10 habilidades desses três eixos, conforme parâmetros avaliados no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), nas edições de 2019 e 2021.

Para serem considerados alfabetizados, os alunos do 2º ano, com idade média de 7 e 8 anos, deverão, por exemplo:

• Conhecer o alfabeto e dominar convenções gráficas, como letras maiúsculas e minúsculas e cursiva (letras em escrita continua);

• Compreensão da escrita;

• Saber ler, reconhecendo, globalmente, as palavras. Leitura de frases e localização de informações explícitas em textos;

• Compreender porções maiores de texto;

• Ter fluência e rapidez de leitura;

• Ter domínio de grafemas e fonemas, relacionando elementos sonoros de uma palavra com a representação escrita dela;

• Escrever um texto.

Pontuação

As habilidades medidas terão oito níveis de pontuação, sendo o nível 1 o mais básico (com desempenho de 650 a 675 pontos) e o oitavo, o mais alto da escala (desempenho igual ou maior que 825 pontos). O Inep acrescentou, ainda, o nível abaixo de 1, quando os estudantes demonstram probabilidade menor que 65% de dominar as habilidades testadas na alfabetização.

Os resultados da pesquisa serão analisados junto a outras questões vindas dos testes de língua portuguesa do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), já aplicados no 2º ano do ensino fundamental.

(Fonte: Agência Brasil)

CT Sports

Chegou a hora da grande final da segunda edição da Copa Ludovicense de Futebol 7 Feminino, competição patrocinada pelo governo do Estado do Maranhão e pela Potiguar, por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte. As equipes do Jeito Moleque e do CT Sports decidem o título em jogo único na tarde deste domingo (16), a partir das 15h45, na Arena Olynto, no Bairro do Olho d'Água, em São Luís. A partida será transmissão ao vivo pelo canal do Planeta Esportivo no YouTube.

O Jeito Moleque tem a melhor campanha da Copa Ludovicense, com 100% de aproveitamento em cinco partidas disputadas. Após avançar ao mata-mata como líder do Grupo C, a equipe goleou o Nosso Futebol por 5 a 1 nas quartas de final e venceu o Brutos por 4 a 3 nas semifinais. Em sua caminhada na competição, o Jeito Moleque marcou 25 gols e sofreu sete.

A equipe do CT Sports, por sua vez, também defende sua invencibilidade na Copa Ludovicense e está evoluindo a cada partida no torneio. Dono da segunda melhor campanha do Grupo D, com uma vitória e dois empates, o CT goleou o Espias por 6 a 1 nas quartas de final e venceu a semifinal contra o Atlético Cohab por 2 a 0. Em cinco jogos, o CT Sports anotou 20 gols e sofreu apenas cinco gols.

Jeito Moleque

Terceiro lugar

Antes da final entre Jeito Moleque e CT Sports, a Copa Ludovicense de Futebol 7 Feminino terá a disputa de terceiro lugar entre Atlético Cohab e Brutos. As duas equipes duelam pela medalha de bronze a partir das 15h deste domingo (16), na Arena Olynto.

Copa Ludovicense

Vale destacar que esta edição da Copa Ludovicense de Futebol 7 Feminino contou com a participação de 16 times. Na primeira fase, as equipes foram distribuídas em quatro grupos e jogaram entre si dentro de suas respectivas chaves. Os dois primeiros colocados de cada grupo avançaram para a fase seguinte.

A definição dos grupos foi feita por meio de sorteio, realizado durante a solenidade de lançamento da competição. Na ocasião, a organização da Copa Ludovicense entregou kits completos de uniformes (camisa, calção, meião e bolsas esportivas) para todos os 16 times participantes. Todo esse material está sendo utilizado pelas equipes no torneio.

A Copa Ludovicense de Futebol 7 Feminino tem as seguintes equipes participantes: AFA, Atlético Cohab, Boa Esperança, Brutos/Magnólia, Cruzeiro, CT Sports, Espias, Fênix, Fut Girls, IJC, Jeito Moleque, Moto Club, Nosso Futebol, RB Sports, Trivela e Vasco Academy.

Outras informações sobre a competição estão disponíveis nas redes sociais oficiais do torneio no Instagram e no Facebook (@copaludovicensedefut7fem).

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Pesquisadores do Museu Nacional apresentaram, nessa quinta-feira (13), o Santa Filomena, a primeira peça a ser incorporada à coleção de meteoritos da instituição após o incêndio de 2018. 

Pesando cerca de 2,8kg, o fragmento foi adquirido pelo Museu Nacional após uma chuva de meteoritos em 2020, sobre a cidade de Santa Filomena, em Pernambuco. A cidade foi literalmente "invadida" por dezenas de curiosos, pesquisadores e até caçadores do exterior atrás das pedras. 

A pesquisadora do Museu Nacional/UFRJ, Maria Elizabeth Zucolotto, que é pioneira na pesquisa dos meteoritos, e Amanda Tosi, Diana Andrade e Sara Nunes estavam entre as primeiras pessoas a chegar à cidade, as únicas representantes da ciência. Elas conseguiram obter as amostras estudadas. 

De acordo com a professora Elizabeth Zucolotto, “dentre os diversos fragmentos caídos na cidade, este foi o escolhido para compor a coleção do museu por apresentar características únicas. Entre elas, a presença de uma crosta de fusão fresca e depressões na superfície que parecem marcas de dedo, menos comuns de serem vistos em exemplares do tipo rochoso”. A professora destaca que o meteorito apresenta linhas de fluxo descendo pelas laterais, formadas em meteoritos que mantêm uma orientação bastante estável à medida que passam pela atmosfera. 

Fóssil do Sistema Solar

O meteorito Santa Filomena, apresentado na quinta-feira (13), pode ser descrito como um "fóssil" do sistema solar, ou seja, trata-se de um fragmento de um asteroide com propriedades muito primitivas, que se formou bem no início da criação do Sistema Solar, tendo uma idade aproximada de 4,56 bilhões de anos, segundo explicou a pesquisadora Amanda Tosi. 

“Podemos destacar que, desde então, não ocorreram mudanças físicas e químicas significativas em seus minerais, estando quase da mesma forma de sua formação há bilhões de anos”. Ela afirmou que um dos focos do trabalho publicado é sobre como alguns minerais ajudam a estimar o máximo de temperatura a que a rocha foi submetida, assim como a taxa de resfriamento do corpo asteroidal que deu origem ao meteorito. Dessa maneira, eles são vestígios de como era nosso Sistema Solar primordial e nos dão pistas de como os corpos planetários, asteroides e cometas se formaram. 

Chuva de estrelas

Amanda Tosi explicou que o meteorito Santa Filomena pode ser classificado como um condrito, que são meteoritos rochosos comumente encontrados. “O que não é comum é o fato de partes desse meteorito terem atingido uma zona urbana, incluindo o pedaço relativamente grande recuperado para o Museu Nacional/UFRJ”.

Outro ponto de destaque, de acordo com a astrofísica e professora no Observatório do Valongo, Diana Andrade, é a possibilidade de documentar a passagem do meteoro por câmeras, o que viabilizou o estabelecimento de sua trajetória. Além de propiciar uma melhor noção de onde os pedaços caíram, pode ser comprovado que o meteorito Santa Filomena veio do cinturão dos asteroides, que fica entre Marte e Júpiter. Tal fato foi registrado pela primeira vez em uma queda de meteorito no Brasil. 

As Meteoríticas

O nome do grupo surgiu quando Maria Elizabeth Zucolotto foi a campo, com as “marinheiras de primeira viagem” Amanda Tosi e Diana Andrade, quando caiu um meteorito na Bahia, no segundo semestre de 2017.

Na longa viagem que fizeram, as pesquisadoras criaram um grupo de trabalho para encontrar as "pedras que caem do céu", atuando em todas as etapas da pesquisa, desde o trabalho de campo, passando pelo estudo em laboratório, e, sobretudo, na divulgação dessa ciência.

De acordo com a professora Beth, “as pesquisas sobre meteoritos são realizadas já há algum tempo, mas poucos são os que se dedicam a este ramo da ciência no Brasil, especialmente mulheres. Uma coisa é estar no laboratório e receber um pedaço de algum meteorito para fazer a análise, mas outra bem diferente é ir ao campo para prospectar e encontrar essas raras e importantes evidências do universo”. Ela afirmou que sempre procura incentivar novos pesquisadores a encontrar esses registros, o que é uma tarefa bastante árdua. 

Publicação do estudo

O artigo foi publicado na Meteoritics & Planetary Science (MaPS), revista mensal internacional de ciência planetária publicada pela Meteoritical Society, uma organização acadêmica que promove pesquisa e educação em ciência planetária, após passar por um extenso estudo de mineralogia, química e petrografia para compreender os processos de formação e eventos ocorridos antes de chegar à Terra. 

Reabertura do Museu Nacional

Segundo Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional, apresentar uma peça como essa é muito importante para a pesquisa, para a história e para o acervo. A instituição conta com uma coleção de minerais de extrema relevância para a ciência. 

“Esse trabalho, publicado em uma das principais revistas da área mostra, mais uma vez, que os profissionais do Museu Nacional continuam gerando pesquisa de qualidade e realizando parcerias, demonstrando que a instituição está mais viva do que nunca! A previsão é de abrir grande parte do Museu nos primeiros meses de 2026, exibindo peças de destaque como o meteorito Santa Filomena”, comemora o diretor Alexander Kellner. 

Regulamentação de propriedade de meteoritos

Outro aspecto importante foi a discussão sobre quem deveria ser o dono de um meteorito. A corrida ao meteorito Santa Filomena abriu uma discussão que tramita no Congresso Nacional sobre a regulamentação da propriedade de meteoritos que caem em solo brasileiro. 

Com a polêmica, a Sociedade Brasileira de Geologia entrou em ação e, com ajuda de cientistas e demais interessados, conseguiu propor um complemento ao projeto de lei, no qual se regula que 20% de um novo meteorito encontrado, respeitando-se o limite máximo de 1kg, deverá ser disponibilizado para a ciência e depositado em uma instituição científica.

Neste momento, esse projeto de lei segue tramitando no Congresso Nacional. De um lado, pesquisadores que relutam na venda e posse de meteoritos e, do outro, os que apoiam a regulamentação, que pode garantir mais meteoritos brasileiros para a pesquisa, uma vez que a lei prevê uma porcentagem da rocha para a ciência, liberando o restante para o comércio. 

“A venda da propriedade dos meteoritos regulamentada por lei impossibilita que eles saiam do país ilegalmente e indica que haverá uma fiscalização suficiente para proibir o contrabando. Um exemplo que temos próximo de uma lei que proíbe a venda está na Argentina e, desde então, ‘praticamente não existe’ mais meteorito argentino, pois a maioria é tirada clandestinamente do país e vendida como se tivesse caído em outro lugar”, explicou Zucolotto. 

Para mais informações sobre descobertas na pesquisa de meteoritos acesse o site.

(Fonte: Agência Brasil)

O Museu de Arte do Rio (MAR), situado na Praça Mauá, zona portuária da cidade, inaugura, neste sábado (15), a mostra inédita Revenguê: uma exposição-cena, do artista visual, escritor e dramaturgo carioca Yhuri Cruz. Segundo o curador-chefe do MAR, Marcelo Campos, o ineditismo se deve ao próprio formato teatral da exposição, que ocorre a partir de cenas, onde Cruz faz, com outros artistas, apresentações que vão ocorrer mais de uma vez durante o projeto.

Novas obras serão criadas diante do público. As primeiras encenações estão marcadas para amanhã e domingo (16), às 14h. As próximas encenações ainda estão sendo planejadas, mas a ideia é ter, pelo menos, uma encenação a cada mês da mostra. A exposição ficará em cartaz até 1º de outubro, funcionando das 11h às 17h, de quinta-feira a domingo.

“Eu definiria esse espetáculo como uma exposição-cena, mas também como uma mostra que encontra o artista com vontade ampliada de criação”, comentou Campos, que é também curador da exposição Revenguê, ao lado de Amanda Bonan, Jean Carlos Azuos, Amanda Rezende e Thayná Trindade. Ele explicou que a criação de Yhuri Cruz envolve desenhos, objetos, instalações e, sobretudo, dramaturgia. “É uma exposição dramatúrgica, construída a partir de um texto que ele escreve, que é o Revenguê. De outro lado, o texto gera para ele uma base para as encenações”.

Revenguê é uma palavra que não existe, disse Yhuri Cruz. Deriva da palavra inglesa revenge, que significa vingança. De acordo com o artista, a história trata da vingança da vida e da política da presença. A exposição é dividida em quatro núcleos e o público se sentirá em uma espécie de arena, com arquibancadas e chão vermelho, onde verá as cenas teatrais e criativas se desenvolverem ao vivo.

Afrofuturismo

Marcelo Campos destacou que o artista tem usado o termo afrofuturismo para a mostra. “É algo a ser pensado mesmo: a possibilidade que você tem a partir da ideia de futurismo, que é uma ideia branca, europeia, italiana, e ter a presença de um artista negro pensando assuntos mais ampliados, em torno da criação fabular, inventar planetas, seres, pensar o futuro desses planetas. Acho que isso define bastante aquilo que a gente tem quando encontra a criação do Yhuri Cruz - uma criação fabular, de situações inexistentes, mas pautadas em outras discussões contemporâneas, da vida atual”.

Ao longo dos próximos meses, a mostra receberá também shows e palestras. O curador-chefe do MAR afirmou que, com essas peculiaridades, a exposição vai ter significativo apelo de público. “Primeiro, porque o desenho da exposição conta com arquibancadas, lugares para as pessoas sentarem. Já nesse desenho existe a concepção de recepção teatral a esse público”. Por outro lado, chamou a atenção o fato de que a cena vai ser colocada em vídeo, que poderá ser assistido também, como se as pessoas estivessem entrando em uma sala de exibição. “Então, há vários caminhos ali para que o público possa refletir sobre aquilo que está vendo”.

Novas linguagens

A apresentação de novas linguagens e representações artísticas é um dos principais objetivos do MAR. Por isso, o diretor e chefe da representação da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) no Brasil, Raphael Callou, comentou que como Cruz é um jovem artista carioca que produz obras que fazem sempre parte de uma história, trazer o repertório de Revenguê para o museu é garantir ao público novas possibilidades de observação e reflexão do fazer artístico. Para Callou, Yhuri se destaca com arquivos da negritude e de sua pesquisa por meio da encenação e do teatro.

Desde janeiro de 2021, o MAR é gerido pela OEI, organismo internacional de cooperação que tem na cultura, na educação e na ciência os seus focos, desde a fundação em 1949. O Museu de Arte do Rio é um equipamento da prefeitura carioca, em parceria com a Fundação Roberto Marinho. 

(Fonte: Agência Brasil)