Uma em cada duas pessoas no mundo discrimina em razão da idade, diz um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado hoje, com recomendações aos governos para que adotem medidas jurídicas e sociais para combater esses preconceitos.
O relatório, elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em colaboração com várias agências da ONU, destaca que esse tipo de discriminação “contribui para a pobreza e a insegurança econômica das pessoas na velhice”, aumentando o isolamento social e a solidão dos idosos.
O estudo, com que a ONU espera lançar uma campanha mundial, conclui que esse tipo de discriminação se verifica sobretudo nos jovens, é mais frequente nos homens que nas mulheres e em pessoas com menos formação.
O chamado “idadismo” pode traduzir-se em várias formas de discriminação, diz o estudo, a começar pelo acesso a serviços de saúde, presente no início da pandemia de covid-19, quando hospitais saturados optaram por salvar pacientes mais jovens, perante a escassez de ventiladores ou de camas nas unidades de cuidados intensivos.
“Falamos de idadismo quando a idade é utilizada para categorizar e dividir as pessoas de forma a que eles sofram preconceitos e injustiças”, afirma o relatório, acrescentando que o fenômeno “reduz a solidariedade entre gerações”.
O relatório, de 203 páginas, aponta, ainda, a existência de discriminação contra os jovens, com os estereótipos a prejudicarem nesse caso mais as mulheres do que os homens.
Segundo o documento, na Europa, - única região com dados disponíveis –, uma pessoa em cada três disse ter sido vítima desse tipo de discriminação. Jovens afirmaram que sofrem mais com esse fenômeno do que outros grupos etários.
A ONU estima que esse tipo de discriminação custe, anualmente, milhões de dólares, citando como exemplo as reformas baseadas em critérios rígidos de idade, que privam a sociedade da experiência das pessoas mais velhas.
A pandemia contribuiu para agravar os estereótipos, lembraram em carta conjunta o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, e a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.
“Temos de combater o idadismo durante e após a crise [sanitária] se queremos garantir a saúde, o bem-estar e a dignidade das pessoas em todo o mundo”, afirma o documento.
Festival Teatro Nosso mostra arte de atores com deficiência
A crença no poder transformador do teatro na vida das pessoas com deficiência levou a organização não governamental (ONG) Instituto Teatro Novo a realizar, a partir de hoje (18), a primeira edição do Festival Teatro Nosso. A ONG atua há mais de 20 anos, desenvolvendo atividades culturais com pessoas com deficiência intelectual em Niterói (RJ). As peças serão transmitidas pelo Facebook (@GrupoTeatroNovo) e pelo YouTube (Instituto Teatro Novo). O evento será encerrado no próximo domingo (21), Dia Internacional da Síndrome de Down.
O Instituto Teatro Novo se originou da companhia Teatro Novo, formada por pessoas com deficiência, em especial autistas ou com Síndrome de Down que, na função de atores e produtores de cultura, influenciam o imaginário coletivo dos espectadores. Para o Festival Teatro Nosso, foram convidados projetos artísticos do Estado do Rio de Janeiro que trabalham com arte inclusiva, para a programação on-line e os debates sobre o capacitismo (discriminação contra pessoas com alguma deficiência) no teatro das pessoas com deficiência. O festival conta com o apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro, por meio da Lei Aldir Blanc.
Transformação
Segundo o psicólogo Rubens Emerick Gripp, que dirige o Instituto Teatro Novo, “a inclusão da arte no dia a dia de pessoas com deficiência intelectual transforma a vida delas completamente”. Gripp é especializado em psicologia clínica e educacional, com mestrado em ciência da arte pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
O psicólogo esclareceu que a criação de espetáculos com assuntos que não fazem parte do cotidiano das pessoas com deficiência, como meio ambiente e câncer, por exemplo, obriga-as a pensar e organizar o próprio pensamento. Outro ponto importante das atividades no grupo de teatro é a convivência com seus iguais. Isso faz com que eles aprendam a respeitar o outro, a esperar a vez, a viver em grupo, disse.
Para Gripp, o teatro traz muitos benefícios para a vida das pessoas e uma reflexão importante para a sociedade em relação às pessoas com deficiência. “As pessoas que não têm deficiência não costumam parar para ouvir e dar atenção aos deficientes, mas, assistindo a um espetáculo feito por eles, elas ouvem. Então, é uma mudança de eixo nas relações”, observou.
Capacitismo
O festival será aberto com uma transmissão ao vivo pela internet, reunindo artistas em um painel temático sobre Capacitismo no Teatro, às 20h, no Facebook, Instagram e YouTube do Instituto Teatro Novo. Amanhã (19), às 20h, o Grupo de Teatro do Oprimido Pirei na Cena, coletivo teatral oriundo do Hospital Psiquiátrico de Jurujuba, em Niterói, apresentará o espetáculo Doidinho para trabalhar. O tema aborda a questão do mercado de trabalho para o usuário de saúde mental.
No dia 20, às 20h, será a vez do grupo Corpo Tátil, coletivo teatral que surgiu no Instituto Benjamin Constant, instituição de ensino para deficientes visuais situada no Rio de Janeiro, com a encenação da peça Dá um tempo pra falar de tempo.
O grupo Teatro Novo encerra o festival no dia 21, às 19h, com a apresentação da peça O câncer, a pessoa e o remédio. Todas as apresentações serão gravadas sem público, no Teatro Municipal de Niterói, respeitando os protocolos de segurança com relação à pandemia de covid-19. A programação é gratuita. As apresentações terão legendas e tradução em libras e ficarão disponíveis no Facebook e no canal do YouTube do Instituto Teatro Novo depois das transmissões on-line.
Instituto Teatro Novo
Festival Teatro Nosso
O Instituto Teatro Novo não tem fins lucrativos. A ONG realiza ações socioculturais voltadas para pessoas com deficiência, especialmente deficiência intelectual (autismo e Síndrome de Down). Seus projetos visam à inclusão, cidadania, ao empoderamento, empreendedorismo, anticapacitismo, e bem-estar das pessoas com deficiência, em linguagem simples e acessível.
A instituição oferece oficinas no Teatro Cacilda Becker, no Rio de Janeiro, e no AeroClube Charitas, em Niterói, com média de 60 alunos. Essas oficinas são núcleos de teatro-escola com alunos com deficiência intelectual, que encenam, semanalmente, apresentações abertas ao público, servindo de referência a professores e estudantes.
Atualmente, porém, e desde do início da pandemia, as aulas das oficinas de teatro têm ocorrido de forma remota. Ao todo, já foram realizadas mais de 50 peças ao longo desses anos de trabalho, com a criação inclusive de espetáculos específicos para várias empresas.
Convidados
O Corpo Tátil é um coletivo teatral criado na sede no Instituto Benjamin Constant. Os trabalhos foram iniciados em 2003, sob a coordenação da professora Marlíria Flávia, em princípio como uma atividade extracurricular para apoiar a educação de pessoas cegas. Entretanto, o trabalho ganhou autonomia e conta hoje com cinco atores fixos, além da manutenção das atividades culturais e educativas, constituindo referência no trabalho artístico específico e includente de pessoas com deficiência visual.
O Grupo de Teatro do Oprimido Pirei na Cena foi criado em 1997. Ele é composto por pessoas da área de saúde mental e visa a discutir, por meio do Teatro do Oprimido, temas do universo da loucura. Com sete espetáculos criados, o grupo já recebeu vários prêmios, entre eles o Ações Locais, da Secretaria de Cultura de Niterói, o Prêmio Culturas Populares, do Ministério da Cultura (MinC), Loucos pela Diversidade, da Secretaria de Cidadania Cultural do MinC, e o Prêmio Agente Jovem de Cultura do MinC.
No ano passado, devido à pandemia, o grupo Pirei na Cena enfrentou surtos e ansiedades, que o levaram a criar um experimento estético sobre loucura e isolamento social. Esse trabalho será apresentado no Festival Teatro Nosso.
Marte já foi um mundo úmido, com água abundante na superfície. Mas isto mudou dramaticamente bilhões de anos atrás, o que deixou para trás a paisagem desolada que conhecemos hoje. Então, o que aconteceu com a água? Cientistas têm uma nova hipótese.
Pesquisadores disseram nesta semana que algo entre 30% e 99% dela pode estar retido atualmente dentro de minerais na crosta marciana, o que contraria a ideia já antiga de que ela simplesmente se perdeu no espaço escapando pela atmosfera superior.
"Achamos que a maior parte da água de Marte se perdeu na crosta. A água se perdeu três bilhões de anos atrás, o que significa que Marte é o planeta seco que é hoje há três bilhões de anos", disse Eva Scheller, doutoranda no Instituto de Tecnologia da Califórnia e principal autora do estudo financiado pela Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa) e publicado nessa terça-feira (16), no periódico científico Science.
No início de sua história, Marte pode ter possuído água líquida em sua superfície aproximadamente equivalente, em volume, a metade do Oceano Atlântico — o suficiente para ter coberto todo o planeta com água, talvez a uma profundidade de 1,6 quilômetro.
Presa em minerais
A água é composta de um átomo de oxigênio e dois de hidrogênio. A quantidade de um isótopo de hidrogênio, ou variante, chamado deutério presente em Marte fornece algumas pistas sobre a perda de água. À diferença da maioria dos átomos de hidrogênio que só têm um único próton dentro do núcleo atômico, o deutério – ou hidrogênio “pesado” - conta com um próton e um nêutron.
O hidrogênio comum pode escapar pela atmosfera rumo ao espaço mais imediatamente do que o deutério. Segundo os cientistas, a perda de água pela atmosfera deixaria para trás uma proporção muito grande de deutério na comparação com o hidrogênio comum. Os pesquisadores usaram um modelo que simulou a composição do isótopo de hidrogênio e o volume de água de Marte.
“Existem três processos essenciais dentro deste modelo: injeção de água do vulcanismo, perda de água para o espaço e perda de água para a crosta. Através deste modelo, e comparando-o com nossa série de dados de isótopo de hidrogênio, podemos calcular quanta água se perdeu para o espaço e para a crosta”, disse Scheller.
Os pesquisadores sugeriram que grande parte da água não saiu do planeta, mas acabou presa em vários minerais que contêm água como parte de sua estrutura mineral – argilas e sulfatos em particular.
O fechamento das escolas durante a pandemia de covid-19 poderá ter impacto profundo e de longa duração – cerca de 15 anos – sobre a economia brasileira. A avaliação é da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia, que divulgou, hoje (17), o Boletim MacroFiscal com um box especial sobre os custos socioeconômicos dessa medida.
Segundo a secretaria, o impacto será sentido no Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e riquezas produzidos no país), no aprendizado e produtividade do trabalho e no aumento na desigualdade social, já que o acesso ao ensino remoto, ofertado em substituição às aulas presenciais, é distinto, de acordo com as faixas de renda da população.
A SPE considerou que os efeitos da atual crise podem se estender até o fim de 2022, resultando em um hiato de três anos na educação de uma grande parcela da população que hoje tem entre 5 e 20 anos (idade escolar). “Um prejuízo de dimensões incalculáveis”, diz o boletim.
“Há duas formas extremas de lidar com o problema. É possível imaginar também soluções intermediárias entre elas. A primeira seria simplesmente deixar o hiato educacional cobrar seu preço no estoque de capital humano brasileiro, de modo que jovens entrem no mercado de trabalho com a mesma idade que entrariam sem a pandemia, porém com uma quantidade menor de anos de educação formal”, diz o boletim. “Essa alternativa seria uma verdadeira catástrofe na acumulação de capital humano e na produtividade do trabalho de uma geração inteira”, avaliou a SPE.
A segunda alternativa seria cobrir esse hiato com anos adicionais de estudo após o término da pandemia. “Mas o efeito visual de se postergar por três anos a entrada dos jovens no mercado de trabalho é ‘dramático’”, diz a secretaria, já que haverá uma proporção menor de adultos em idade laboral e, assim, um encolhimento da população que produz riqueza no país.
De acordo com o boletim, esse efeito deve durar por, aproximadamente, 15 anos após o término da pandemia, possivelmente até 2038, até que toda essa parcela da população atingida com a paralisação das aulas entre no mercado de trabalho. “Portanto, escolas fechadas hoje causam um país mais pobre amanhã. E esse amanhã deve perdurar por quase duas décadas”.
Desigualdade de renda
Por outro lado, o boletim destaca que o impacto negativo da pandemia sobre o aprendizado dos alunos não é homogêneo na população, já que há o ensino remoto como substituto do ensino presencial, “embora esteja longe de ser um substituto perfeito”. “Ele [o impacto] tende a ser tanto maior quanto mais baixa é a renda familiar, uma vez que a existência de barreiras para o estudo remoto correlaciona-se fortemente com a renda. Um computador conectado à internet, e um ambiente adequado na residência para o ensino a distância, são requisitos praticamente inatingíveis para milhões de famílias de baixa renda”, acrescenta o boletim.
Para a SPE, é possível, inclusive, que crianças que têm condições materiais para acesso ao ensino a distância também tenham experimentado algum deficit de aprendizado, mas “o prejuízo terá sido muito maior para crianças pobres, porque foram destituídas de qualquer tipo de ensino em 2020”.
A secretaria explica ainda que os efeitos da educação sobre o crescimento econômico são muito bem documentados na literatura macroeconômica e estima-se que cada ano adicional de educação é capaz de impulsionar o crescimento do PIB em cerca de 0,58% no longo prazo. Outra estimativa é que, aproximadamente, 40% da diferença de renda entre o Brasil e os Estados Unidos são fruto do atraso educacional em nosso país.
“Para se ter uma ideia, enquanto em países desenvolvidos, como a Alemanha e os Estados Unidos, a população tenha médias de anos de estudo de 13 ou 14 anos, no Brasil esse número é pouco maior do que 7 anos. Essa diferença evidencia não só uma das razões para o tímido crescimento brasileiro, como também para a baixa qualidade de vida do nosso povo”, diz o boletim.
Além disso, os impactos do baixo nível educacional somam-se a questões relacionadas à disponibilidade de escolas e creches, o que reduz a oferta de mão de obra, em especial, das mulheres; à qualidade do ensino e uma cadeia de outras conexões, como evasão escolar e saúde mental, que potencializam os efeitos da educação sobre o bem-estar econômico no curto e no longo prazos. E isso tende a ser transmitido para as gerações futuras.
Para a SPE, as ações de fechamento de escolas foram justificáveis diante da total incerteza no início da pandemia, mas evidencias recentes vêm demonstrando que a abertura delas pode não ser um fator de risco para a propagação do coronavírus.
“Nosso país optou pelo fechamento completo das escolas públicas no ano de 2020 e por um período muito mais extenso do que o registrado em outros países (média de 40 semanas no Brasil, contra 22 semanas no resto do mundo). E mais: essa política persiste, ressalvadas algumas exceções, em 2021. Nesse sentido, todos os números apresentados até aqui podem ser entendidos como a previsão mais otimista dentre as possibilidades”, ressalta o boletim da SPE.
“Ô ô ô saudade / Saudade tão grande / Saudade que eu sinto / Do Clube das Pás, dos Vassouras / Passistas traçando tesouras / nas ruas repletas de lá”. Os versos do Frevo nº 1 do Recife (1951) anunciam o sentimento de um multiartista que vivia, segundo pesquisadores de sua obra, de forma intensa.
O pernambucano Antônio Maria ficou tão conhecido por clássicos da música brasileira, entre frevos, inspirações de amor, amarguras e samba-canção (repletas também de dor, inclusive), como por sua habilidade em prosa em crônicas diferenciadas. O Frevo nº 2 do Recife (1953) também é dele, tanto letra quanto música: “Mas tem que ser depressa / Tem que ser pra já / Eu quero sem demora / O que ficou por lá”. Antônio Maria viveu intensamente e queria mesmo era falar de amor, como explica o biógrafo Joaquim Ferreira dos Santos, autor de Um homem chamado Maria, em entrevista à Agência Brasil.
Outro pesquisador da obra de Antônio Maria, o escritor Guilherme Tauil, que promete uma antologia composta por 200 crônicas neste ano do centenário de Maria, concorda que a temática que envolvia as obras do pernambucano eram aquelas do coração. “O que ele perseguia era falar sobre amor”. Antônio Maria nasceu em 17 de março de 1921, em Pernambuco, e começou a carreira em 1938, como locutor na Rádio Clube. Trabalhou e morou em Salvador e Fortaleza. Outras marcas importantes de sua história são a derrocada financeira da família fazendeira e a busca de nova vida no Rio de Janeiro, quando ocorrem as maiores mudanças de sua jornada.
“Ele começou pelo mundo do rádio, da palavra falada e depois transitou para literatura”, afirma Guilherme Tauil.
Diferente de outros autores “puro-sangue” do mundo literário, Maria carregava outras experiências. O primeiro assunto dele é a rádio, onde tratava de assuntos como o futebol, ao lado de Ary Barroso. Foi na Cidade Maravilhosa que se encontrou como cronista e compositor, de forma intensa, trabalhando demais e dormindo de menos, como assinalam pesquisadores. Ele morreu em 1964, aos 43 anos, vítima de um infarto fulminante.
Tradutor do Brasil
Para o biógrafo Joaquim Ferreira dos Santos, que publicou, pela primeira vez, um livro-perfil (Noites de Copacabana) sobre Antônio Maria no ano de 1996, o artista centenário foi um dos grandes tradutores do Brasil em meados do século XX. Ferreira dos Santos recorda-se dos primeiros contatos com a obra de Antônio Maria, quando ouvia suas canções pela Rádio Nacional, interpretadaspor cantoras como Elizeth Cardoso e Nora Ney. A primeira obra escrita por Ferreira dos Santos abriu espaço para o artista pernambucano passar a ser cultuado ao lado de outros autores consagrados da literatura e da música.
Em redações, Antônio Maria experimentou as máquinas de escrever de revistas como O Cruzeiro e Manchete, e jornais como Última Hora, O Globo, Diário Carioca e O Jornal, seu último local de trabalho.
"A vida de Antônio Maria é o centro de sua obra", analisa Joaquim Ferreira dos Santos, que enxerga o autor e compositor como um homem que "sofria as consequências do abandono e das questões do jogo amoroso": "Parecia que ele sarava estas dores escrevendo. Era uma terapia, a maneira que ele botava esse coração para fora".
Nascido no Nordeste e consagrado no Sudeste, Antônio Maria junta realidades diferentes em sua trajetória: "Ele é um dos tradutores do Brasil", diz Ferreira dos Santos.
“Ele tinha como grande tema em suas músicas a questão sentimental. Ele tratava da dor amorosa de uma forma muito expositiva e elegante. Não entendia como algo machista. Ele se inspirava muito no sofrimento amoroso, mas tinha uma alma solitária”, afirma Ferreira dos Santos. O autor avalia que o artista se sentia sozinho e à parte do mundo, o que o inspirava a escrever os textos. Para o biógrafo, tanto os versos como as prosas das crônicas eram feitas de forma sofisticada. “Nada a ver com as músicas de sofrência de hoje. Antônio Maria era muito elegante no trato do texto”.
No Rio de Janeiro, tornou-se amigo de poetas como Vinícius de Moraes e cronistas como Rubem Braga, que logo viram que havia ali um texto diferente e multifacetado. “Ele vivia para amar e para escrever”, afirma o biógrafo. O escritor afirma que as crônicas tratavam, como nas músicas, da nostalgia da infância e um permanente tom melancólico. Vivia a boemia no Rio de Janeiro, percorria as dores do coração e também não se esquecia do passado.
“É um homem muito marcado pela infância no Recife. Fez frevos belíssimos”. São composições de Antônio Maria obras de sucesso popular como Ninguém me ama, Manhã de Carnaval, Menino grande e Valsa de uma cidade, gravadas e regravadas mesmo décadas depois de sua morte precoce.
Nas crônicas, o biógrafo entende que Antônio Maria fazia parecer fácil a “difícil arte de escrever com simplicidade”. Um campo que surpreendeu até os pesquisadores de sua obra é que, além de tantos talentos da escrita, Antônio Maria fazia caricaturas e outras ilustrações que acompanhavam as temáticas dos textos que publicava. “Antônio Maria queria falar dos sentimentos. E ele foi um craque”.
Vento vadio
O pesquisador Guilherme Tauil, que desenvolveu dissertação de mestrado sobre a obra de Antônio Maria, está envolto na garimpagem de 200 crônicas para uma antologia a ser publicada até o fim do ano de 2021. O livro tem título: Vento vadio (a ser publicado pela Editora Todavia), que era como Antônio Maria pretendia batizar seu primeiro livro, o que nunca foi concluído. “O que a gente está planejando é uma antologia definitiva. E estou com um problema bom, já que selecionei mais de 300 obras para chegar a 200”.
O pesquisador, assim como Ferreira dos Santos, entende que Antônio Maria é um escritor memorialista e essa vertente ficou menos explícita ao longo do tempo. “É um tema fortíssimo. Ele tem sensação de deslocamento no Rio de Janeiro. Apesar do grande êxito profissional, ele se sente o tempo inteiro deslocado. Ele volta ao Recife em suas crônicas com frequência e chegou a relatar ter sido vítima de preconceito por causa do sotaque pernambucano". Maria identificava-se como negro e se entendia “gordo”, e essas marcas, segundo o pesquisador, estão na obra do artista.
Em O Evangelho Segundo Antônio, o cronista sintetiza: "Cá estou eu a escrever tolices. Com imensa facilidade – convenhamos. Vivemos dias em que é preciso escrever tolices. Há uma dor preponderante em cada coração". Os pesquisadores entendem que a obra de Antônio Maria é atemporal e pode ser inspiração de leitura no contexto atual.
“Trata-se, realmente, de um bálsamo na arte brasileira. Nasceu no Nordeste e juntou realidades tão diferentes. Cabe um Brasil inteiro na obra dele, de elegância e sensibilidade artística. Em momentos como os que estamos vivendo, é importante que tenhamos contato com boas leituras, como as crônicas, que são textos do cotidiano e encantam”, afirma Joaquim Ferreira dos Santos. Aliás, novos leitores podem se inspirar pelo trecho final da crônica mencionada: “Com vocês, por mais incrível que pareça, Antônio Maria, brasileiro, cansado, 43 anos, cardisplicente (isto é, o homem que desdenha do próprio coração). Profissão: esperança”
Confira a gravação da crônicaO Evangelho Segundo Antônio, narrada por Sidney Ferreira para interprograma da Rádio MEC:
A intervenção arqueológica da Autoridade de Antiguidades de Israel nas cavernas na região de Qumran, na Cisjordânia, revelou um espólio de artefatos raros. O cesto encontrado na gruta Muraba`at foi considerado o mais antigo do mundo, com 10.500 anos, depois de datado pelo método de Carbono 14.
Essas grutas guardam vivências de múltiplas cronologias. Foi também encontrado um esqueleto de criança datado de 6 mil anos. Diversas moedas do período da Revolta de Bar Kochaba, entre 132 e 136 d.C., terão sido escondidas por judeus durante uma fuga dos romanos e nunca foram resgatadas.
Pontas de seta, tecidos, sandálias e um pente documentam alguns dos objetos do cotidiano de cerca de 2 mil anos. Entre os pergaminhos recuperados, a Autoridade de Antiguidades de Israel revela a decodificação do grego antigo. Apenas o nome de Deus está em hebraico.
“As montanhas estremecem por causa dele, e as colinas derretem. A terra eleva-se diante d`Ele, o mundo e todos os que nele habitam. Quem pode resistir à sua ira? Quem pode resistir à sua fúria? Sua raiva derrama como fogo, e as pedras são quebradas por causa dele”. São esses os novos versículos que se juntam aos fragmentos encontrados em 1953.
As cavernas são ladeadas por desfiladeiros e, para chegar à entrada, é preciso descer em rapel.
A operação arqueológica destinava-se a evitar o saque por ladrões de antiguidades no deserto da Judeia. Depois da descoberta dos Manuscritos do Mar Morto, há 70 anos, no deserto da Judeia, esses lugares tornaram-se muito procurados para contrabandistas de tesouros arqueológicos.
Estudantes de todo o país dos níveis fundamental, médio e técnico que participam, até o próximo dia 27, da 19ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), desenvolveram projetos que constituem soluções inovadoras para a sociedade. A Febrace tem patrocínio da Petrobras e é uma promoção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
Além de incentivar os estudantes a se aprofundarem na pesquisa científica, o evento premia as melhores ideias, que podem ser vistas e votadas pelos internautas. A feira recebeu em torno de 3 mil inscrições.
Os 345 projetos finalistas, feitos por estudantes dos três níveis de ensino, incluem desde aplicativos para pessoas com necessidades especiais, reciclagem e inteligência artificial, até trabalhos sobre os efeitos da pandemia de covid-19. Os trabalhos são oriundos de todas as regiões do país e envolvem mais de 700 estudantes e 482 professores de 295 escolas. A solenidade de premiação, no dia 27, poderá ser acompanhada no YouTube a partir das 15h.
Reflexão
Segundo o gerente de Patrocínios e Eventos da Petrobras, Aislan Greca, a Febrace “incentiva a reflexão, a criatividade e inovação para a solução de problemas”. Greca acentuou a importância de estimular os estudantes a superar desafios e ultrapassar a barreira do conhecimento científico por meio da pesquisa e da experimentação.
A Petrobras é patrocinadora da Febrace há 15 anos e tem um estande interativo onde as pessoas podem responder a um quiz (jogo) e concorrer a prêmios.
Esta é a primeira vez, desde sua criação em 2003, que a Febrace é totalmente on-line. Estão previstas palestras durante a feira, entre os dias 17 e 25 de março, sempre das 16h às 16h45, pelo canal da feira no YouTube. As palestras são ao vivo e ficarão disponíveis no site.
No dia 25, por exemplo, a Petrobras oferece ao público palestra com Flávio Guimarães, fundador e apresentador da plataforma Brincando com Ideias, também patrocinada pela companhia. A plataforma procura incentivar o aprendizado de tecnologia de forma lúdica, explicando de forma simples temas como programação, robótica, internet das coisas (IOT), entre outros.
De acordo com informação da assessoria de imprensa da Petrobras, a plataforma Febrace Virtual, que abriga o evento, permite que o público participe da feira e vote nos projetos. Os visitantes podem assistir a palestras e lives (transmissões ao vivo pela internet), visitar a mostra dos projetos, conhecer os estandes dos patrocinadores e até tirar fotos.
Rigor científico
A coordenadora científica da Febrace, professora Roseli de Deus Lopes, assegurou que, este ano, apesar do formato virtual, a mostra de projetos finalistas terá o mesmo rigor científico e de infraestrutura, o que garante a exposição dos projetos e avaliação por especialistas em uma plataforma especialmente desenvolvida, possibilitando a interação entre o público e os participantes. Em uma votação integrada com o Facebook, os estudantes podem curtir e votar nos projetos preferidos, disse Roseli.
A votação popular garante uma premiação à parte e não interfere nas bancas de avaliação que selecionam os quatro primeiros lugares de cada categoria, esclareceu a professora. Os melhores projetos receberão troféus, medalhas, certificados e o reconhecimento de alguns patrocinadores, totalizando cerca de 300 prêmios. Também serão selecionados projetos para concorrer na Regeneron Isef 2021 – a maior feira internacional do gênero, que ocorre de 16 a 21 de maio.
“O principal ponto da PEC Emergencial é a tão esperada volta do auxílio emergencial. Essa ajuda aos mais vulneráveis, que ainda terá o valor definido pelo governo, tornou-se indispensável em razão do atual agravamento da pandemia da Covid-19, mas é importante que o pagamento ocorra sem aventuras, sem comprometer as finanças públicas. Tudo isso está garantido na agora Emenda Constitucional 109”.
Foi com essas palavras que o deputado federal Juscelino Filho (DEM-MA) avaliou a promulgação da PEC 186/19 pelo Congresso Nacional. Pelo texto, o governo poderá reservar, este ano, até R$ 44 bilhões do Orçamento para pagar o auxílio. A sessão solene, nessa segunda-feira (15), foi conduzida pelos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Juscelino Filho enalteceu, ainda, a rapidez com que a PEC Emergencial foi discutida e votada pelo Congresso Nacional. “Mais uma vez, mostramos a responsabilidade do parlamento com os brasileiros e com o país, e que estamos prontos para dar as respostas necessárias neste momento difícil. Priorizando a vida e a minimização dos impactos econômicos e sociais da pandemia, é assim que temos atuado desde o início”, disse o deputado.
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, reforçou, nesta terça-feira (16), o pedido ao Ministério da Saúde para que professores façam parte do grupo prioritário na vacinação contra a covid-19.
Ribeiro encontrou-se hoje com o atual ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e com o médico Marcelo Queiroga, indicado para assumir a pasta nos próximos dias. “Vim pedir a possibilidade de vacinar todos os professores para voltar às aulas presenciais. Esse pedido está sendo analisado e deve entrar na escala”, disse o ministro da Educação, ressaltando que estão em análise como serão “as questões técnicas e como será realizado [o processo]”.
Milton Ribeiro lembrou que, em outubro do ano passado, enviou ao Ministério da Saúde um ofício pedindo prioridade de vacinação para os professores e os demais profissionais da área.
O Ministério da Educação (MEC) estima que o país tem entre 2,3 milhões e 3 milhões de professores.
Com uma releitura de clássicos brasileiros, o concerto em voz e violão inédito da cantora francesa Pauline Croze, gravado no Studio des Variétés, em Paris, seguido da apresentação do cantor Sévérin, abriu, ontem (15) à noite, a Semana da Francofonia 2021 Brasil, que se estenderá até o próximo dia 20.
O evento é promovido pela Embaixada da França e pela Rede de Alianças Francesas no país. A programação, gratuita e on-line, é transmitida nos canais do YouTube e Twitch da Aliança Francesa Brasil.
A Semana da Francofonia comemora a língua francesa e a cultura de países francófonos com diversificada programação virtual, cujo lema é Respirez, vous parlez français (Respire, você fala francês). No dia 20 de março, é celebrado o Dia Internacional da Francofonia, que tem como objetivo promover a língua e a cultura francesas no mundo.
Atualmente, mais de 300 milhões de pessoas espalhadas pelos cinco continentes falam francês, segundo dados do Observatoire de la Langue Française. Além disso, mais de 80 Estados fazem parte da Organização Internacional da Francofonia (OIF).
O Ar
No Brasil, a programação da Semana da Francofonia 2021 foi concebida pela Embaixada da França e pela Rede de Alianças Francesas no país, reunindo diversos eventos culturais virtuais sob a temática L’air (O ar), divididos pelas áreas de música, audiovisual, artes cênicas, artes visuais, gastronomia e literatura. O Ministério da Cultura francês escolheu dez palavras para 2021 que inspiraram a temática da Semana da Francofonia. São elas aile (asa), allure (olhar), buller (bolha), chambre à air (câmara de ar), décoller (decolar), éolien (força do vento), foehn (vento seco europeu), fragrance (fragrância), Insuffler (respirar),vaporeux (vaporoso).
O diretor Cultural da Aliança Francesa no Rio de Janeiro, Quentin Richard, destacou, em entrevista à Agência Brasil, a importância da Semana da Francofonia para a disseminação do idioma francês no país e no mundo. “A Semana da Francofonia é o ponto de encontro de todos os amantes da língua francesa e nos permite promover a evolução permanente, a modernidade e a grande diversidade da nossa língua. Esta semana permite afirmar o enriquecimento e a evolução da língua pelos mais de 300 milhões de falantes em todo o mundo que a praticam ao mesmo tempo, demonstram a sua solidariedade e o seu desejo de conviver e defender as liberdades, nas suas diferenças e na sua diversidade”.
Richard acredita que os eventos organizados pelas alianças francesas no Brasil e seus parceiros mostram que a língua francesa é mais do que profundamente viva. “Trata-se também de modos de ser, de viver e de fazer cultura comum. É uma linguagem que aceita e valoriza a diversidade, a miscigenação e a inclusão”.
Curta em francês
A programação on-line da Semana da Francofonia destaca a mostra Curta em Francês, realizada em parceria com o Serviço Social do Comércio de São Paulo (Sesc SP). A programação gratuita ficará disponível na plataforma do Sesc São Paulo até 15 de abril.
Foram selecionadas 11 obras, sendo dois filmes suíços, dois belgas e sete franceses, que representam a produção audiovisual contemporânea desses países e a diversidade cultural da comunidade francófona. A proposta dos organizadores, no período difícil da pandemia de covid-19, é sugerir às pessoas que assistam a filmes que transmitam a sensação de ar fresco, dando-lhes oportunidade de escaparem para novos lugares por meio do cinema.
Hoje (16) e na quinta-feira (18), às 14h, e também às 19h do dia 18, será realizado o evento Leituras de Clássicos Franceses e Poesias, com a obra Pequeno Príncipe (Le Petit Prince) em música, e os poemas Brumes et Fjords, de Renée Vivien, além da experiência musical e poética Chaise longue, musique et poésie com o grupo Pelouse, do artista francês Xavier Machault.
Para crianças a partir de 8 anos, a Semana oferece o ateliê Tintas Naturais, com o fotógrafo e artista visual Benoît Fournier, que ensina a fazer tintas somente com materiais orgânicos, além da criação de instrumentos com objetos reciclados com Tucaninho Musical, da dupla Raquel Rihan Cypel e Bidu Campeche. Será nos dias 17, às 10h, e 24, às 18h30.
O público poderá conferir também a exposição virtual Fronteiras – 9º Prix Photo Aliança Francesa, que apresenta as séries vencedoras do prêmio de fotografia, no site www.prixphotoaf.com.br. Entre os fotógrafos participantes, destaque para Osmar Gonçalves dos Reis Filho (Fortaleza/CE – 1º lugar) com a série A Sobrevivência dos Vagalumes (1ª imagem); Kitty Paranaguá (Rio de Janeiro/RJ – 2º lugar) com a série Tempo Presente (2ª imagem) e Luiz Baltar (Rio de Janeiro/RJ), menção honrosa com o ensaio Favelicidade (3ª imagem). Os visitantes poderão visualizar as três séries fotográficas premiadas e, ainda, terão acesso a áudios e vídeos dos fotógrafos.
Estarão à disposição do público também playlists (listas de músicas) propostas por What The France, marca do Centre National de la Musique (CNM), criada para realçar a riqueza da produção musical francesa em todo o mundo. Mais informações no endereçohttps://whatthefrance.org/pt-pt/.
Composições de grandes nomes do cenário da música da França se misturam às criações de novos talentos.
Fotonovelas
Outra novidade da Semana da Francofonia no Brasil é o concurso de fotonovela sobre o tema Respirar em francês. Utilizando as dez palavras escolhidas pelo Ministério da Cultura daquele país para o evento, o público poderá inventar uma história que combine com as fotografias propostas pelos organizadores, colocando nos balões palavras para os diálogos. Os autores do concurso são a Aliança Francesa e o Serviço de Cooperação Educativa da Embaixada da França no Brasil.
As fotonovelas individuais devem ser enviadas até as 17h, horário de Brasília, do dia 15 de abril, em formato PDF, para o endereço [email protected]. As informações para participação estão disponíveis no site da Aliança Francesa Rio.
Apenas uma produção será aceita por candidato. Podem participar adolescentes de 13 a 17 anos e adultos acima de 18 anos de idade. Serão escolhidos dez vencedores que receberão kits e vale-presentes. Os resultados serão divulgados no dia 3 de maio, nas redes sociais das alianças francesas do Brasil.
Na série Almoço com..., o público participará de entrevistas exclusivas com artistas e profissionais franceses e francófonos até 19 de março, sempre às 12h, nos canais YouTube da Aliança Francesa Brasil e Aliança Francesa Rio de Janeiro. As entrevistas serão, em sua maioria, em francês, mas terão legendas em português.
Os entrevistados, a partir de hoje (16), são Frédéric Monnier, chef francês residente no Rio de Janeiro e maîtrecuisinierde France; Claire Diao, cineasta francesa de origem da Burkina Faso; Benoît Fournier, fotógrafo francês residente no Rio de Janeiro; e os músicos Raquel Rihan Cypel e Bidu Campeche, idealizadores do projeto Tucaninho Musical.
As noites da Semana da Francofonia serão reservadas para transmissões ao vivo e lançamentos de vídeos, que ocorrerão entre os dias 15 e 19 de março, sempre às 19h. Cada dia será focado em diferentes temáticas, obedecendo à seguinte ordem: música, gastronomia, cinema, poesia e fotografia.