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Sala de aula vazia

O fechamento das escolas durante a pandemia de covid-19 poderá ter impacto profundo e de longa duração – cerca de 15 anos – sobre a economia brasileira. A avaliação é da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia, que divulgou, hoje (17), o Boletim MacroFiscal com um box especial sobre os custos socioeconômicos dessa medida.

Segundo a secretaria, o impacto será sentido no Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e riquezas produzidos no país), no aprendizado e produtividade do trabalho e no aumento na desigualdade social, já que o acesso ao ensino remoto, ofertado em substituição às aulas presenciais, é distinto, de acordo com as faixas de renda da população.

A SPE considerou que os efeitos da atual crise podem se estender até o fim de 2022, resultando em um hiato de três anos na educação de uma grande parcela da população que hoje tem entre 5 e 20 anos (idade escolar). “Um prejuízo de dimensões incalculáveis”, diz o boletim.

“Há duas formas extremas de lidar com o problema. É possível imaginar também soluções intermediárias entre elas. A primeira seria simplesmente deixar o hiato educacional cobrar seu preço no estoque de capital humano brasileiro, de modo que jovens entrem no mercado de trabalho com a mesma idade que entrariam sem a pandemia, porém com uma quantidade menor de anos de educação formal”, diz o boletim. “Essa alternativa seria uma verdadeira catástrofe na acumulação de capital humano e na produtividade do trabalho de uma geração inteira”, avaliou a SPE.

A segunda alternativa seria cobrir esse hiato com anos adicionais de estudo após o término da pandemia. “Mas o efeito visual de se postergar por três anos a entrada dos jovens no mercado de trabalho é ‘dramático’”, diz a secretaria, já que haverá uma proporção menor de adultos em idade laboral e, assim, um encolhimento da população que produz riqueza no país.

De acordo com o boletim, esse efeito deve durar por, aproximadamente, 15 anos após o término da pandemia, possivelmente até 2038, até que toda essa parcela da população atingida com a paralisação das aulas entre no mercado de trabalho. “Portanto, escolas fechadas hoje causam um país mais pobre amanhã. E esse amanhã deve perdurar por quase duas décadas”.

Desigualdade de renda

Por outro lado, o boletim destaca que o impacto negativo da pandemia sobre o aprendizado dos alunos não é homogêneo na população, já que há o ensino remoto como substituto do ensino presencial, “embora esteja longe de ser um substituto perfeito”. “Ele [o impacto] tende a ser tanto maior quanto mais baixa é a renda familiar, uma vez que a existência de barreiras para o estudo remoto correlaciona-se fortemente com a renda. Um computador conectado à internet, e um ambiente adequado na residência para o ensino a distância, são requisitos praticamente inatingíveis para milhões de famílias de baixa renda”, acrescenta o boletim.

Para a SPE, é possível, inclusive, que crianças que têm condições materiais para acesso ao ensino a distância também tenham experimentado algum deficit de aprendizado, mas “o prejuízo terá sido muito maior para crianças pobres, porque foram destituídas de qualquer tipo de ensino em 2020”.

A secretaria explica ainda que os efeitos da educação sobre o crescimento econômico são muito bem documentados na literatura macroeconômica e estima-se que cada ano adicional de educação é capaz de impulsionar o crescimento do PIB em cerca de 0,58% no longo prazo. Outra estimativa é que, aproximadamente, 40% da diferença de renda entre o Brasil e os Estados Unidos são fruto do atraso educacional em nosso país.

“Para se ter uma ideia, enquanto em países desenvolvidos, como a Alemanha e os Estados Unidos, a população tenha médias de anos de estudo de 13 ou 14 anos, no Brasil esse número é pouco maior do que 7 anos. Essa diferença evidencia não só uma das razões para o tímido crescimento brasileiro, como também para a baixa qualidade de vida do nosso povo”, diz o boletim.

Além disso, os impactos do baixo nível educacional somam-se a questões relacionadas à disponibilidade de escolas e creches, o que reduz a oferta de mão de obra, em especial, das mulheres; à qualidade do ensino e uma cadeia de outras conexões, como evasão escolar e saúde mental, que potencializam os efeitos da educação sobre o bem-estar econômico no curto e no longo prazos. E isso tende a ser transmitido para as gerações futuras.

Para a SPE, as ações de fechamento de escolas foram justificáveis diante da total incerteza no início da pandemia, mas evidencias recentes vêm demonstrando que a abertura delas pode não ser um fator de risco para a propagação do coronavírus.

“Nosso país optou pelo fechamento completo das escolas públicas no ano de 2020 e por um período muito mais extenso do que o registrado em outros países (média de 40 semanas no Brasil, contra 22 semanas no resto do mundo). E mais: essa política persiste, ressalvadas algumas exceções, em 2021. Nesse sentido, todos os números apresentados até aqui podem ser entendidos como a previsão mais otimista dentre as possibilidades”, ressalta o boletim da SPE.

(Fonte: Agência Brasil)

“Ô ô ô saudade / Saudade tão grande / Saudade que eu sinto / Do Clube das Pás, dos Vassouras / Passistas traçando tesouras / nas ruas repletas de lá”. Os versos do Frevo nº 1 do Recife (1951) anunciam o sentimento de um multiartista que vivia, segundo pesquisadores de sua obra, de forma intensa. 

O pernambucano Antônio Maria ficou tão conhecido por clássicos da música brasileira, entre frevos, inspirações de amor, amarguras e samba-canção (repletas também de dor, inclusive), como por sua habilidade em prosa em crônicas diferenciadas. O Frevo nº 2 do Recife (1953) também é dele, tanto letra quanto música: “Mas tem que ser depressa / Tem que ser pra já / Eu quero sem demora / O que ficou por lá”. Antônio Maria viveu intensamente e queria mesmo era falar de amor, como explica o biógrafo Joaquim Ferreira dos Santos, autor de Um homem chamado Maria, em entrevista à Agência Brasil.

Ouça os dois frevos compostos por Antônio Maria, veiculados em programa especial da Rádio Batuta (programa especial realizado pelo Instituto Moreira Salles), que tem apresentação de Joaquim Ferreira dos Santos:

Outro pesquisador da obra de Antônio Maria, o escritor Guilherme Tauil, que promete uma antologia composta por 200 crônicas neste ano do centenário de Maria, concorda que a temática que envolvia as obras do pernambucano eram aquelas do coração. “O que ele perseguia era falar sobre amor”. Antônio Maria nasceu em 17 de março de 1921, em Pernambuco, e começou a carreira em 1938, como locutor na Rádio Clube. Trabalhou e morou em Salvador e Fortaleza. Outras marcas importantes de sua história são a derrocada financeira da família fazendeira e a busca de nova vida no Rio de Janeiro, quando ocorrem as maiores mudanças de sua jornada.

“Ele começou pelo mundo do rádio, da palavra falada e depois transitou para literatura”, afirma Guilherme Tauil.

Diferente de outros autores “puro-sangue” do mundo literário, Maria carregava outras experiências. O primeiro assunto dele é a rádio, onde tratava de assuntos como o futebol, ao lado de Ary Barroso. Foi na Cidade Maravilhosa que se encontrou como cronista e compositor, de forma intensa, trabalhando demais e dormindo de menos, como assinalam pesquisadores. Ele morreu em 1964, aos 43 anos, vítima de um infarto fulminante.

Tradutor do Brasil

Para o biógrafo Joaquim Ferreira dos Santos, que publicou, pela primeira vez, um livro-perfil (Noites de Copacabana) sobre Antônio Maria no ano de 1996, o artista centenário foi um dos grandes tradutores do Brasil em meados do século XX. Ferreira dos Santos recorda-se dos primeiros contatos com a obra de Antônio Maria, quando ouvia suas canções pela Rádio Nacional, interpretadas por cantoras como Elizeth Cardoso e Nora Ney. A primeira obra escrita por Ferreira dos Santos abriu espaço para o artista pernambucano passar a ser cultuado ao lado de outros autores consagrados da literatura e da música.

Em redações, Antônio Maria experimentou as máquinas de escrever de revistas como O Cruzeiro e Manchete, e jornais como Última HoraO Globo, Diário Carioca e O Jornal, seu último local de trabalho.

"A vida de Antônio Maria é o centro de sua obra", analisa Joaquim Ferreira dos Santos, que enxerga o autor e compositor como um homem que "sofria as consequências do abandono e das questões do jogo amoroso": "Parecia que ele sarava estas dores escrevendo. Era uma terapia, a maneira que ele botava esse coração para fora".

Nascido no Nordeste e consagrado no Sudeste, Antônio Maria junta realidades diferentes em sua trajetória: "Ele é um dos tradutores do Brasil", diz Ferreira dos Santos.

“Ele tinha como grande tema em suas músicas a questão sentimental. Ele tratava da dor amorosa de uma forma muito expositiva e elegante. Não entendia como algo machista. Ele se inspirava muito no sofrimento amoroso, mas tinha uma alma solitária”, afirma Ferreira dos Santos. O autor avalia que o artista se sentia sozinho e à parte do mundo, o que o inspirava a escrever os textos. Para o biógrafo, tanto os versos como as prosas das crônicas eram feitas de forma sofisticada. “Nada a ver com as músicas de sofrência de hoje. Antônio Maria era muito elegante no trato do texto”.

No Rio de Janeiro, tornou-se amigo de poetas como Vinícius de Moraes e cronistas como Rubem Braga, que logo viram que havia ali um texto diferente e multifacetado. “Ele vivia para amar e para escrever”, afirma o biógrafo. O escritor afirma que as crônicas tratavam, como nas músicas, da nostalgia da infância e um permanente tom melancólico. Vivia a boemia no Rio de Janeiro, percorria as dores do coração e também não se esquecia do passado.

“É um homem muito marcado pela infância no Recife. Fez frevos belíssimos”. São composições de Antônio Maria obras de sucesso popular como Ninguém me amaManhã de CarnavalMenino grande e Valsa de uma cidade, gravadas e regravadas mesmo décadas depois de sua morte precoce.

Nas crônicas, o biógrafo entende que Antônio Maria fazia parecer fácil a “difícil arte de escrever com simplicidade”. Um campo que surpreendeu até os pesquisadores de sua obra é que, além de tantos talentos da escrita, Antônio Maria fazia caricaturas e outras ilustrações que acompanhavam as temáticas dos textos que publicava. “Antônio Maria queria falar dos sentimentos. E ele foi um craque”.

Vento vadio

O pesquisador Guilherme Tauil, que desenvolveu dissertação de mestrado sobre a obra de Antônio Maria, está envolto na garimpagem de 200 crônicas para uma antologia a ser publicada até o fim do ano de 2021. O livro tem título: Vento vadio (a ser publicado pela Editora Todavia), que era como Antônio Maria pretendia batizar seu primeiro livro, o que nunca foi concluído. “O que a gente está planejando é uma antologia definitiva. E estou com um problema bom, já que selecionei mais de 300 obras para chegar a 200”.

O pesquisador, assim como Ferreira dos Santos, entende que Antônio Maria é um escritor memorialista e essa vertente ficou menos explícita ao longo do tempo. “É um tema fortíssimo. Ele tem sensação de deslocamento no Rio de Janeiro. Apesar do grande êxito profissional, ele se sente o tempo inteiro deslocado. Ele volta ao Recife em suas crônicas com frequência e chegou a relatar ter sido vítima de preconceito por causa do sotaque pernambucano". Maria identificava-se como negro e se entendia “gordo”, e essas marcas, segundo o pesquisador, estão na obra do artista.

Em O Evangelho Segundo Antônio, o cronista sintetiza: "Cá estou eu a escrever tolices. Com imensa facilidade – convenhamos. Vivemos dias em que é preciso escrever tolices. Há uma dor preponderante em cada coração". Os pesquisadores entendem que a obra de Antônio Maria é atemporal e pode ser inspiração de leitura no contexto atual. 

“Trata-se, realmente, de um bálsamo na arte brasileira. Nasceu no Nordeste e juntou realidades tão diferentes. Cabe um Brasil inteiro na obra dele, de elegância e sensibilidade artística. Em momentos como os que estamos vivendo, é importante que tenhamos contato com boas leituras, como as crônicas, que são textos do cotidiano e encantam”, afirma Joaquim Ferreira dos Santos. Aliás, novos leitores podem se inspirar pelo trecho final da crônica mencionada: “Com vocês, por mais incrível que pareça, Antônio Maria, brasileiro, cansado, 43 anos, cardisplicente (isto é, o homem que desdenha do próprio coração). Profissão: esperança”

Confira a gravação da crônica O Evangelho Segundo Antônio, narrada por Sidney Ferreira para  interprograma da Rádio MEC:

(Fonte: Agência Brasil)

A intervenção arqueológica da Autoridade de Antiguidades de Israel nas cavernas na região de Qumran, na Cisjordânia, revelou um espólio de artefatos raros. O cesto encontrado na gruta Muraba`at foi considerado o mais antigo do mundo, com 10.500 anos, depois de datado pelo método de Carbono 14.

Essas grutas guardam vivências de múltiplas cronologias. Foi também encontrado um esqueleto de criança datado de 6 mil anos. Diversas moedas do período da Revolta de Bar Kochaba, entre 132 e 136 d.C., terão sido escondidas por judeus durante uma fuga dos romanos e nunca foram resgatadas.

Pontas de seta, tecidos, sandálias e um pente documentam alguns dos objetos do cotidiano de cerca de 2 mil anos. Entre os pergaminhos recuperados, a Autoridade de Antiguidades de Israel revela a decodificação do grego antigo. Apenas o nome de Deus está em hebraico.

“As montanhas estremecem por causa dele, e as colinas derretem. A terra eleva-se diante d`Ele, o mundo e todos os que nele habitam. Quem pode resistir à sua ira? Quem pode resistir à sua fúria? Sua raiva derrama como fogo, e as pedras são quebradas por causa dele”. São esses os novos versículos que se juntam aos fragmentos encontrados em 1953.

As cavernas são ladeadas por desfiladeiros e, para chegar à entrada, é preciso descer em rapel.

A operação arqueológica destinava-se a evitar o saque por ladrões de antiguidades no deserto da Judeia. Depois da descoberta dos Manuscritos do Mar Morto, há 70 anos, no deserto da Judeia, esses lugares tornaram-se muito procurados para contrabandistas de tesouros arqueológicos. 

(Fonte: Agência Brasil)

Estudantes de todo o país dos níveis fundamental, médio e técnico que participam, até o próximo dia 27, da 19ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), desenvolveram projetos que constituem soluções inovadoras para a sociedade. A Febrace tem patrocínio da Petrobras e é uma promoção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

Além de incentivar os estudantes a se aprofundarem na pesquisa científica, o evento premia as melhores ideias, que podem ser vistas e votadas pelos internautas. A feira recebeu em torno de 3 mil inscrições.

Os 345 projetos finalistas, feitos por estudantes dos três níveis de ensino, incluem desde aplicativos para pessoas com necessidades especiais, reciclagem e inteligência artificial, até trabalhos sobre os efeitos da pandemia de covid-19. Os trabalhos são oriundos de todas as regiões do país e envolvem mais de 700 estudantes e 482 professores de 295 escolas. A solenidade de premiação, no dia 27, poderá ser acompanhada no YouTube a partir das 15h.

Reflexão

Segundo o gerente de Patrocínios e Eventos da Petrobras, Aislan Greca, a Febrace “incentiva a reflexão, a criatividade e inovação para a solução de problemas”. Greca acentuou a importância de estimular os estudantes a superar desafios e ultrapassar a barreira do conhecimento científico por meio da pesquisa e da experimentação.

A Petrobras é patrocinadora da Febrace há 15 anos e tem um estande interativo onde as pessoas podem responder a um quiz (jogo) e concorrer a prêmios.

Esta é a primeira vez, desde sua criação em 2003, que a Febrace é totalmente on-line. Estão previstas palestras durante a feira, entre os dias 17 e 25 de março, sempre das 16h às 16h45, pelo canal da feira no YouTube. As palestras são ao vivo e ficarão disponíveis no site.

No dia 25, por exemplo, a Petrobras oferece ao público palestra com Flávio Guimarães, fundador e apresentador da plataforma Brincando com Ideias, também patrocinada pela companhia. A plataforma procura incentivar o aprendizado de tecnologia de forma lúdica, explicando de forma simples temas como programação, robótica, internet das coisas (IOT), entre outros.

De acordo com informação da assessoria de imprensa da Petrobras, a plataforma Febrace Virtual, que abriga o evento, permite que o público participe da feira e vote nos projetos. Os visitantes podem assistir a palestras e lives (transmissões ao vivo pela internet), visitar a mostra dos projetos, conhecer os estandes dos patrocinadores e até tirar fotos.

Rigor científico

A coordenadora científica da Febrace, professora Roseli de Deus Lopes, assegurou que, este ano, apesar do formato virtual, a mostra de projetos finalistas terá o mesmo rigor científico e de infraestrutura, o que garante a exposição dos projetos e avaliação por especialistas em uma plataforma especialmente desenvolvida, possibilitando a interação entre o público e os participantes. Em uma votação integrada com o Facebook, os estudantes podem curtir e votar nos projetos preferidos, disse Roseli.

A votação popular garante uma premiação à parte e não interfere nas bancas de avaliação que selecionam os quatro primeiros lugares de cada categoria, esclareceu a professora. Os melhores projetos receberão troféus, medalhas, certificados e o reconhecimento de alguns patrocinadores, totalizando cerca de 300 prêmios. Também serão selecionados projetos para concorrer na Regeneron Isef 2021 – a maior feira internacional do gênero, que ocorre de 16 a 21 de maio.

(Fonte: Agência Brasil)

 “O principal ponto da PEC Emergencial é a tão esperada volta do auxílio emergencial. Essa ajuda aos mais vulneráveis, que ainda terá o valor definido pelo governo, tornou-se indispensável em razão do atual agravamento da pandemia da Covid-19, mas é importante que o pagamento ocorra sem aventuras, sem comprometer as finanças públicas. Tudo isso está garantido na agora Emenda Constitucional 109”.

Foi com essas palavras que o deputado federal Juscelino Filho (DEM-MA) avaliou a promulgação da PEC 186/19 pelo Congresso Nacional. Pelo texto, o governo poderá reservar, este ano, até R$ 44 bilhões do Orçamento para pagar o auxílio. A sessão solene, nessa segunda-feira (15), foi conduzida pelos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

Juscelino Filho enalteceu, ainda, a rapidez com que a PEC Emergencial foi discutida e votada pelo Congresso Nacional. “Mais uma vez, mostramos a responsabilidade do parlamento com os brasileiros e com o país, e que estamos prontos para dar as respostas necessárias neste momento difícil. Priorizando a vida e a minimização dos impactos econômicos e sociais da pandemia, é assim que temos atuado desde o início”, disse o deputado.

(Fonte: Assessoria de comunicação)

Professor dá aula em Manaus

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, reforçou, nesta terça-feira (16), o pedido ao Ministério da Saúde para que professores façam parte do grupo prioritário na vacinação contra a covid-19.

Ribeiro encontrou-se hoje com o atual ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e com o médico Marcelo Queiroga, indicado para assumir a pasta nos próximos dias. “Vim pedir a possibilidade de vacinar todos os professores para voltar às aulas presenciais. Esse pedido está sendo analisado e deve entrar na escala”, disse o ministro da Educação, ressaltando que estão em análise como serão “as questões técnicas e como será realizado [o processo]”.

Milton Ribeiro lembrou que, em outubro do ano passado, enviou ao Ministério da Saúde um ofício pedindo prioridade de vacinação para os professores e os demais profissionais da área.

O Ministério da Educação (MEC) estima que o país tem entre 2,3 milhões e 3 milhões de professores.

(Fonte: Agência Brasil)

Com uma releitura de clássicos brasileiros, o concerto em voz e violão inédito da cantora francesa Pauline Croze, gravado no Studio des Variétés, em Paris, seguido da apresentação do cantor Sévérin, abriu, ontem (15) à noite, a Semana da Francofonia 2021 Brasil, que se estenderá até o próximo dia 20.

O evento é promovido pela Embaixada da França e pela Rede de Alianças Francesas no país. A programação, gratuita e on-line, é transmitida nos canais do YouTube e Twitch da Aliança Francesa Brasil.

A Semana da Francofonia comemora a língua francesa e a cultura de países francófonos com diversificada programação virtual, cujo lema é Respirez, vous parlez français (Respire, você fala francês). No dia 20 de março, é celebrado o Dia Internacional da Francofonia, que tem como objetivo promover a língua e a cultura francesas no mundo.

Atualmente, mais de 300 milhões de pessoas espalhadas pelos cinco continentes falam francês, segundo dados do Observatoire de la Langue Française. Além disso, mais de 80 Estados fazem parte da Organização Internacional da Francofonia (OIF).

O Ar

No Brasil, a programação da Semana da Francofonia 2021 foi concebida pela Embaixada da França e pela Rede de Alianças Francesas no país, reunindo diversos eventos culturais virtuais sob a temática L’air (O ar), divididos pelas áreas de música, audiovisual, artes cênicas, artes visuais, gastronomia e literatura. O Ministério da Cultura francês escolheu dez palavras para 2021 que inspiraram a temática da Semana da Francofonia. São elas aile (asa), allure (olhar),  buller (bolha), chambr e à air (câmara de ar), décoller (decolar), éolien (força do vento), foehn (vento seco europeu), fragrance (fragrância), Insuffler (respirar), vaporeux (vaporoso).

O diretor Cultural da Aliança Francesa no Rio de Janeiro, Quentin Richard, destacou, em entrevista à Agência Brasil, a importância da Semana da Francofonia para a disseminação do idioma francês no país e no mundo. “A Semana da Francofonia é o ponto de encontro de todos os amantes da língua francesa e nos permite promover a evolução permanente, a modernidade e a grande diversidade da nossa língua. Esta semana permite afirmar o enriquecimento e a evolução da língua pelos mais de 300 milhões de falantes em todo o mundo que a praticam ao mesmo tempo, demonstram a sua solidariedade e o seu desejo de conviver e defender as liberdades, nas suas diferenças e na sua diversidade”.

Richard acredita que os eventos organizados pelas alianças francesas no Brasil e seus parceiros mostram que a língua francesa é mais do que profundamente viva. “Trata-se também de modos de ser, de viver e de fazer cultura comum. É uma linguagem que aceita e valoriza a diversidade, a miscigenação e a inclusão”.

Curta em francês

A programação on-line da Semana da Francofonia destaca a mostra Curta em Francês, realizada em parceria com o Serviço Social do Comércio de São Paulo (Sesc SP). A programação gratuita ficará disponível na plataforma do Sesc São Paulo até 15 de abril.

Foram selecionadas 11 obras, sendo dois filmes suíços, dois belgas e sete franceses, que representam a produção audiovisual contemporânea desses países e a diversidade cultural da comunidade francófona. A proposta dos organizadores, no período difícil da pandemia de covid-19, é sugerir às pessoas que assistam a filmes que transmitam a sensação de ar fresco, dando-lhes oportunidade de escaparem para novos lugares por meio do cinema.

Hoje (16) e na quinta-feira (18), às 14h, e também às 19h do dia 18, será realizado o evento Leituras de Clássicos Franceses e Poesias, com a obra Pequeno Príncipe (Le Petit Prince) em música, e os poemas Brumes et Fjords, de Renée Vivien, além da experiência musical e poética Chaise longue, musique et poésie com o grupo Pelouse, do artista francês Xavier Machault.

Para crianças a partir de 8 anos, a Semana oferece o ateliê Tintas Naturais, com o fotógrafo e artista visual Benoît Fournier, que ensina a fazer tintas somente com materiais orgânicos, além da criação de instrumentos com objetos reciclados com Tucaninho Musical, da dupla Raquel Rihan Cypel e Bidu Campeche. Será nos dias 17, às 10h, e 24, às 18h30.

O público poderá conferir também a exposição virtual Fronteiras – 9º Prix Photo Aliança Francesa, que apresenta as séries vencedoras do prêmio de fotografia, no site www.prixphotoaf.com.br.  Entre os fotógrafos participantes, destaque para Osmar Gonçalves dos Reis Filho (Fortaleza/CE – 1º lugar) com a série A Sobrevivência dos Vagalumes (1ª imagem); Kitty Paranaguá (Rio de Janeiro/RJ – 2º lugar) com a série Tempo Presente (2ª imagem) e Luiz Baltar (Rio de Janeiro/RJ), menção honrosa com o ensaio Favelicidade (3ª imagem). Os visitantes poderão visualizar as três séries fotográficas premiadas e, ainda, terão acesso a áudios e vídeos dos fotógrafos.

Estarão à disposição do público também playlists (listas de músicas) propostas por What The France, marca do Centre National de la Musique (CNM), criada para realçar a riqueza da produção musical francesa em todo o mundo. Mais informações no endereço https://whatthefrance.org/pt-pt/.

Composições de grandes nomes do cenário da música da França se misturam às criações de novos talentos.

Fotonovelas

Outra novidade da Semana da Francofonia no Brasil é o concurso de fotonovela sobre o tema Respirar em francês. Utilizando as dez palavras escolhidas pelo Ministério da Cultura daquele país para o evento, o público poderá inventar uma história que combine com as fotografias propostas pelos organizadores, colocando nos balões palavras para os diálogos. Os autores do concurso são a Aliança Francesa e o Serviço de Cooperação Educativa da Embaixada da França no Brasil.

As fotonovelas individuais devem ser enviadas até as 17h, horário de Brasília, do dia 15 de abril, em formato PDF, para o endereço [email protected]. As informações para participação estão disponíveis no site da Aliança Francesa Rio.

Apenas uma produção será aceita por candidato. Podem participar adolescentes de 13 a 17 anos e adultos acima de 18 anos de idade. Serão escolhidos dez vencedores que receberão kits e vale-presentes. Os resultados serão divulgados no dia 3 de maio, nas redes sociais das alianças francesas do Brasil.

Na série Almoço com..., o público participará de entrevistas exclusivas com artistas e profissionais franceses e francófonos até 19 de março, sempre às 12h, nos canais YouTube da Aliança Francesa Brasil e Aliança Francesa Rio de Janeiro. As entrevistas serão, em sua maioria, em francês, mas terão legendas em português.

Os entrevistados, a partir de hoje (16), são Frédéric Monnier, chef francês residente no Rio de Janeiro e maître cuisinier de France; Claire Diao, cineasta francesa de origem da Burkina Faso; Benoît Fournier, fotógrafo francês residente no Rio de Janeiro; e os músicos Raquel Rihan Cypel e Bidu Campeche, idealizadores do projeto Tucaninho Musical.

As noites da Semana da Francofonia serão reservadas para transmissões ao vivo e lançamentos de vídeos, que ocorrerão entre os dias 15 e 19 de março, sempre às 19h. Cada dia será focado em diferentes temáticas, obedecendo à seguinte ordem: música, gastronomia, cinema, poesia e fotografia. 

(Fonte: Agência Brasil)

O programa Qualifica Mais-Emprega Mais, uma iniciativa dos ministérios da Educação (MEC) e da Economia, está com inscrições abertas de cursos on-line de qualificação profissional para jovens com até 29 anos. Nesta primeira fase, que funcionará como projeto-piloto, serão disponibilizadas 6.069 vagas gratuitas. São três cursos oferecidos na área de tecnologias da informação e comunicação (TICs): programador de sistemas, programador web e programador de dispositivos móveis.

Os cursos terão duração de cerca de 200 horas cada um. Neste primeiro momento, eles estão sendo ofertados para jovens que residam em 11 regiões metropolitanas do país: Salvador, Fortaleza, Brasília, Belo Horizonte, Recife, Florianópolis, Joinville, Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e Campinas. Além da qualificação, os estudantes que concluírem os cursos serão auxiliados para inserção no mercado de trabalho.

De acordo com a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do MEC, a seleção dos estudantes será realizada pela plataforma EduLivre, por meio do preenchimento de uma trilha educacional, onde os candidatos vão conhecer o contexto do mercado de trabalho no qual pretendem inserir-se. A trilha ficará aberta até o dia 11 de abril e contará com informações sobre os cursos e postos de trabalho a eles relacionados, além de apresentar aos candidatos alguns exercícios sobre o conteúdo apresentado na própria trilha.

A partir do dia 12 de abril, os participantes selecionados receberão um e-mail para a confirmação de matrícula, enviado diretamente por uma das sete instituições selecionadas pelo governo para o programa.

Para a realização da matrícula, os selecionados devem residir em uma das 11 regiões metropolitanas participantes e terem o ensino médio completo. As aulas estão previstas para começar em 10 de maio.

Mais detalhes do Qualifica Mais estão disponíveis no site do prgrama na internet.

(Fonte: Agência Brasil)

Papa Francisco lidera missa pela canonização de cinco pessoas no Vaticano

O Vaticano disse nesta segunda-feira (15) que padres e outros ministros da Igreja Católica não podem abençoar uniões homossexuais, e que tais bênçãos "não são lícitas" se forem realizadas.

A Congregação para a Doutrina da Fé, o organismo doutrinário do Vaticano, divulgou a determinação em resposta a dúvidas e ações de algumas paróquias sobre a concessão dessas bênçãos como um gesto de acolhimento de católicos gays, já que a Igreja não permite o casamento homossexual.

O papa Francisco aprovou a resposta, afirmou a congregação, acrescentando que ela "não pretende ser uma forma de discriminação injusta, mas antes um lembrete da verdade do rito litúrgico".

Ela ainda disse que tais bênçãos não são permitidas, embora sejam "motivadas por um desejo sincero de acolher e acompanhar pessoas homossexuais" e ajudá-las a crescer na fé.

A nota da congregação lembrou que, como o casamento entre um homem e uma mulher é um sacramento, e bênçãos estão relacionadas ao sacramento do casamento, essas não podem ser estendidas a casais homossexuais.

"Por essa razão, não é lícito administrar uma bênção em relacionamentos ou parcerias, mesmo estáveis, que envolvem atividade sexual fora do casamento (ou seja, fora da união indissolúvel de um homem e uma mulher aberta em si mesma à transmissão da vida), como é o caso das uniões entre pessoas do mesmo sexo”. 

(Fonte: Agência Brasil)

Em todo o país, universitários reclamam de prejuízos causados pela liberdade das faculdades modificarem, a qualquer tempo, o conteúdo de seus cursos. Estudantes, especialistas e entidades ouvidas pela Agência Brasil dizem que os mais afetados por súbitas mudanças pedagógicas são os alunos de instituições particulares que, em muitos casos, veem o sonho da formatura adiado e têm que arcar com custos inesperados.

As queixas aumentaram com a pandemia da covid-19, que forçou todo o ensino a se ajustar às restrições às aulas presenciais, mas não são recentes. Basta pesquisar na internet para encontrar dezenas de reclamações e pedidos de orientação jurídica sobre reflexos das mudanças de matriz curricular. Em sites como o Reclame Aqui, internautas se queixam de terem que cursar novas disciplinas; da redução de carga horária ou da extinção de matérias. Os estudantes atribuem esses problemas à autonomia das instituições que implementam mudanças que acabam afetando quem já está estudando.

Na semana passada, no Distrito Federal, discentes de Psicologia de uma das faculdades que recentemente reformularam seus currículos organizaram um abaixo-assinado por temerem perda de qualidade do ensino. Em Florianópolis, uma universidade alterou não só os currículos de vários de seus cursos no fim do primeiro semestre de 2020, como anunciou que disciplinas, antes presenciais, passarão a ser virtuais, mesmo após a pandemia. Um problema para o estudante Alex Chernehaque que foi obrigado a trancar o curso que fazia, de julho a dezembro de 2020, por mudanças, sem prévio aviso, em práticas comuns na universidade.

“Até então, podíamos escolher as matérias que quiséssemos, independentemente do semestre, desde que não tivessem pré-requisitos. Cada aluno podia montar sua grade levando em conta as disciplinas obrigatórias que devia cursar para se formar”, comentou Chernehaque, explicando que, antes de se matricular em psicologia, já estudava direito na mesma instituição.

“Por dois anos, fui fazendo matérias de diferentes períodos do curso de psicologia. Até que, com a mudança da matriz curricular e as novas normas, a faculdade me informou que eu teria que retornar ao primeiro semestre de psicologia, alegando que eu não tinha concluído nenhum semestre”, diz o estudante.

Integrante de um diretório acadêmico, Chernehaque garante que a mudança prejudicou outros alunos. Segundo ele, o que a universidade propôs “para minimizar o prejuízo” foi descontar a carga horária das matérias cursadas das horas de atividades complementares que ele precisa fazer durante o curso de psicologia.

“Ou seja, ou conquisto, na Justiça, o direito de seguir conforme previa a matriz curricular anterior, de quando me matriculei, ou aceito voltar ao início do curso e praticamente perco os dois anos que já estudei”, lamentou o estudante, que recorreu ao Ministério Público, mas não descarta a hipótese de abandonar o curso pela metade.

Em Fortaleza, depois de decidir fazer uma segunda graduação, a jornalista Edwirges de Oliveira também teve que lidar com os efeitos de duas mudanças de matriz curricular implementadas em um curto espaço de tempo. Ao dar à luz a sua filha, em abril de 2018, ela já tinha cursado três semestres do curso de Design de Interiores de uma faculdade particular. Foi quando decidiu trancar a matrícula e se afastar, temporariamente, dos estudos.

“Quando voltei, no começo de 2019, o currículo tinha sido modificado. Conversei com o coordenador do curso, que me disse que o melhor era eu aderir à nova grade, mais moderna, com novas disciplinas”, contou Edwirges.

“A própria faculdade ajustou meu currículo, aproveitando as disciplinas que eu já tinha cursado. Só depois eu notei que algumas das matérias que eu já tinha cursado separadamente tinham sido unidas em uma só, e que parte do conteúdo eu já tinha estudado. Como algumas coisas eu ainda não tinha visto, preferi seguir o novo currículo”, relembra Edwirges.

No começo de 2020, Edwirges teve que voltar a trancar a matrícula por mais um semestre. Foi quando a faculdade fez uma nova mudança.

“Continuei com minha grade anterior, de 2019, mas tive que me reorganizar para entender o que faltava para me formar. Identifiquei que tinha que cursar uma matéria que não aparecia no sistema. Consultei a coordenação, que me informou que a disciplina tinha sido mesclada à outra, que eu já tinha feito, e que foi automaticamente aproveitada quando do ajuste do meu currículo. Ou seja, no fim, alguns conteúdos eu vi duas vezes. Outros, eu não estudei”, assegura Edwirges, que acabou pagando para fazer outros cursos específicos para suprir a lacuna na formação acadêmica.

Por ter identificado casos em diferentes regiões e entender que o problema não se limita a uma ou outra instituição de ensino, a reportagem optou por não mencionar o nome de nenhuma faculdade.

Abusos

Integrante da Comissão Especial de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e professor universitário, o advogado Lindojon Gerônimo julga que, embora fundamental para manter os cursos ajustados às constantes mudanças do mercado de trabalho, a autonomia das faculdades de modificarem a matriz curricular a qualquer momento tem permitido a prática de abusos.

“Não há nada de errado em, de tempos em tempos, uma faculdade modificar sua matriz curricular para se ajustar às mudanças do mercado. Isto faz parte da autonomia universitária, prevista na LDB”, disse o advogado, se referindo à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Em seu Artigo 53, a lei, de 1996, estabelece que as universidades têm autonomia para, entre outras coisas, fixar currículos, bem como para criar, organizar e extinguir cursos e programas, desde que “observadas as diretrizes gerais pertinentes”.

“Infelizmente, algumas instituições abusam desta prática, interpretando a legislação de forma a se favorecerem. No caso de entidades privadas, com as quais o aluno tem uma relação contratual que envolve pagamentos financeiros, a questão não é tão simples, pois é preciso levar em conta, também, o Código de Defesa do Consumidor e o Direito Civil contratual”, pondera Gerônimo, destacando que o Código, em seu Artigo 51, define que são nulas as cláusulas contratuais consideradas abusivas, entre elas, as que provoquem ônus excessivo ao consumidor.

“Se não houver acordo entre as partes, caberá à Justiça decidir o que é abusivo”, explica o advogado, citando, como exemplo, casos de trancamento de matrículas. “Se o contrato prevê que o aluno pode trancar a matrícula por um certo período, sem custos, é o caso de se analisar o que a faculdade exige dos estudantes que retornam ao curso. Mesmo que o contrato estabeleça que eles podem ter que cursar uma ou outra nova matéria ao pedir o destrancamento. Porque uma coisa é a instituição incluir uma disciplina que se tornou necessária. Outra é exigir que um aluno que está perto de se formar tenha que se ajustar à grade de quem está ingressando na faculdade. Principalmente, se houve uma mudança drástica da matriz curricular após ele ter iniciado o curso”, sustenta o advogado.

Excepcionalidade

Diretor-executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), Solon Caldas, diz que casos como os identificados pela reportagem sempre foram “pontuais”. Contudo, reconhece que, com a pandemia da covid-19 e a necessidade das instituições de ensino ajustarem a prestação de serviço às restrições a aulas presenciais, o problema pode ter se tornado “mais complexo”.

“Em termos gerais, a legislação garante a autonomia didático-pedagógica das universidades, e os órgãos competentes as autoriza a fazer as modificações que julgarem necessárias”, disse, lembrando que os contratos de prestação de serviço informam aos alunos ou a seus responsáveis que as faculdades podem modificar o currículo a qualquer momento e que, consequentemente, algum “ajuste” pode ser exigido.

“Os alunos estão cientes de que as instituições têm autonomia pedagógica para fazer as mudanças que a lei permite”, acrescentou Caldas, destacando que os “pontos fora da curva” devem ser tratados caso a caso.

“Não há receita de bolo. O que a Abmes recomenda é que as instituições cumpram tudo o que a lei exige, preservando a qualidade dos cursos. E que, principalmente neste momento atípico, em um contexto em que, possivelmente, todas as instituições de ensino tiveram que fazer alguma adequação, haja bom senso tanto por parte das universidades quanto dos estudantes”, disse o representante da associação, lembrando que, no que diz respeito à adoção de aulas remotas, as instituições vêm seguindo o que prevê a Lei nº 14.040.

Em vigor desde agosto de 2020, a lei estabelece normas educacionais excepcionais a serem adotadas durante o tempo que durar a pandemia, entre elas, a possibilidade de os cursos superiores optarem por atividades pedagógicas não presenciais como forma de cumprir a carga horária exigida.

Falhas

Já segundo o presidente da Associação Brasileira de Procons (ProconsBrasil), o advogado Filipe de Araújo Vieira, a controvérsia é um fato. “Cotidianamente, recebemos alunos reclamando de prejuízos decorrentes de alterações naquilo que contrataram. Principalmente de estudantes que estão prestes a concluir o curso e, de repente, são surpreendidos por mudanças que retardarão sua formatura”, declarou Vieira.

“O contrato de prestação de serviço educacional é marcado por dois eixos interdependentes: o pedagógico, discutido no âmbito do MEC, e o contratual, que diz respeito à relação de consumo. Para nós, órgãos de defesa dos consumidores, qualquer alteração em grades curriculares têm que levar em conta os dois eixos, não podendo causar prejuízos aos contratantes”

O presidente da ProconsBrasil defende que as instituições de ensino respeitem um tempo mínimo para implementar qualquer alteração da matriz curricular. E que, de preferência, as mudanças se apliquem apenas às turmas que estiverem ingressando no curso.

“A nosso ver, a princípio, os estudantes têm direito adquirido à grade curricular em vigor quando ingressaram na faculdade e assinaram o contrato com a instituição de ensino. Entendemos que a grade precisa ser modificada de tempos em tempos, que o conhecimento evolui, que novas tecnologias são desenvolvidas, mas é preciso que o aluno tenha tempo para se preparar. Caso contrário, ele não tem qualquer segurança quanto ao tempo que levará para concluir o curso”.

Já para o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão, os conflitos crescentes decorrem do que ele considera “falhas” na regulamentação do ensino superior privado. “A falta de normativas adequadas gera espaço não só para mudanças unilaterais da estrutura curricular, mas também para a ampliação das disciplinas a distância sem qualquer reparação econômica para os alunos”, comentou Montalvão.

“Qualquer mudança curricular precisa ser amplamente debatida com os alunos, algo que, em geral, não acontece. Além disso, o ideal é que qualquer alteração seja aplicada apenas a quem se matricular após ela ter sido aprovada. Do contrário, as instituições farão o que bem entendem, prejudicando a muitos alunos que demorarão mais para se formar”, acrescenta Montalvão.

Normas

A reportagem consultou o Ministério da Educação e o Conselho Nacional da Educação (CNE) sobre o assunto e aguarda retorno.

Responsável por assessorar o ministério no diagnóstico de problemas e deliberar sobre medidas para aperfeiçoar os sistemas de ensino, o conselho emitiu, em 2018, um parecer sobre o tema.

Na ocasião, consultado pelo MEC sobre a necessidade de criação de regras para as mudanças de grade curricular ou de as faculdades concederem aos alunos a opção de escolher entre grade antiga e a nova, o conselho respondeu que as universidades têm autonomia para definir e alterar seus currículos, devendo apenas “informar aos interessados, antes de cada período letivo, os programas e demais componentes curriculares”, “de modo a preservar os interesses dos estudantes e da comunidade universitária”.

No parecer – homologado em julho de 2020, com a publicação no Diário Oficial da União –, o CNE cita ainda o trecho de uma súmula de 1992, a Súmula 03, para lembrar que o antigo Conselho Federal de Educação (CFE) já tinha se posicionado no sentido de que “estudantes não possuem direito adquirido em relação à grade curricular”, não sendo as instituições de ensino obrigadas a manter inalterável, ao longo de todo o curso, a matriz inicialmente proposta”.

Na Súmula 03, entretanto, os antigos conselheiros também alertavam que “o enfoque pedagógico recomenda que não se submeta o processo educativo, que é por natureza contínuo e cumulativo, a transições bruscas ou modificações traumáticas” e que “a implantação de novos currículos, mínimos ou plenos, deve adotar processo gradual que facilite os ajustamentos adequados" - trecho não mencionado no parecer de 2018.

(Fonte: Agência Brasil)