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A população de Itinga do Maranhão está em festa. E o motivo para comemoração é o início da reforma do Estádio Municipal Pedro Mourão, localizado no Povoado Cajuapara. Considerada como uma das principais praças esportivas da cidade, o estádio será completamente reformado e ampliado para atender toda a comunidade itinguense. A obra é patrocinada pelo governo do Estado e pelo Armazém Paraíba, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, e conta com o apoio da Prefeitura de Itinga do Maranhão.

De acordo com o projeto da obra, a revitalização do Estádio Municipal Pedro Mourão custará R$ 491.702,13 e será executada em quatro meses. Nesse período, todas as estruturas já existentes na praça esportiva serão devidamente renovadas para dar mais conforto e segurança às pessoas que frequentarem o local, sejam elas atletas ou o público em geral.

O projeto de reforma inclui, além da renovação das estruturas existentes, a construção de uma área de lanchonete, dos banheiros para os torcedores, arquibancadas, vestiários para os atletas, banco de reservas, mureta/alambrado para separar os limites do campo. O Estádio Municipal Pedro Mourão contará, ainda, com uma nova iluminação de LED para poder sediar jogos no período noturno.

Apaixonado por esporte, o prefeito Lúcio Flávio foi um dos principais defensores da necessidade em reformar o Estádio Municipal Pedro Mourão, local que, além de receber, periodicamente, partidas do Campeonato Amador da Zona Rural, é utilizado para o lazer de pessoas de todas as idades do Povoado Cajuapara e regiões adjacentes. Com o início das obras, o gestor agradeceu o patrocínio do governo do Estado e do Armazém Paraíba, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, e disse que a reforma do estádio valorizará as práticas esportivas, além de propiciar um espaço de lazer de qualidade à comunidade.

“O projeto de revitalização do Estádio Pedro Mourão é muito importante para a comunidade itinguense, principalmente para aquele distrito, que possui um campo que precisava ser revitalizado há muito tempo. Agora, com essa reforma, toda, a juventude do Cajuapara e os desportistas em geral vão ganhar, assim como as crianças, os times femininos, os masculinos, os atletas veteranos. Acredito que acertamos muito, buscando apoio no governo Flávio Dino, na Secretaria de Estado do Esporte e Lazer (Sedel) com o secretário Rogério Cafeteira, que muito tem sido atuante com essa Lei de Incentivo. É preciso também agradecer o apoio do Armazém Paraíba que concede esse patrocínio. Parabéns a todos, principalmente do Cajuapara”, afirmou o prefeito Lúcio Flávio.

Com o novo Estádio Municipal, o fomento do esporte na cidade de Itinga do Maranhão está garantido. “Queremos tornar esse local mais bem estruturado. Dessa forma, o objetivo deste projeto é servir de forte estímulo ao esporte entre as comunidades que ali residem, criando condições propícias para o desenvolvimento do convívio esportivo, social, da educação e da saúde. O esporte é um mecanismo de eficácia comprovada, como fator de crescimento humano, comportando vários benefícios, tanto para individualidade como para a coletividade”, explicou o secretário de Esporte e Lazer, Rogério Cafeteira.

(Fonte: Assessoria de comunicação)

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A Estação Ferroviária em Caxias estava abandonada, ruindo. Um caxiense, Arthur Almada Lima Filho, resolveu “comprar briga”. Investiu tempo, talento, paciência, capacidade de luta e de gestão etc. e recuperou o prédio e o transformou na portentosa e orgulhosa sede do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias, que Arthur fundou e dirige.

O passado só ainda está presente e somente terá algum futuro se dele tiverem cuidadores como Arthur Almada Lima Filho.

Aos 91 anos, que se completaram exatamente no último 17 de outubro de 2020, esse renovado Arthur senta-se à sua távola quadrada e pequena no remoçado prédio da Estação Ferroviária (neste momento em grande reforma, após convênio com o Iphan), cuida de aspectos da gestão do Instituto e aplica-se a ler, estudar, pesquisar, escrever, quase sempre sobre fatos históricos de Caxias.

Anatole France, escritor francês (1844-1924), disse que “(...) o passado é o nosso único passeio e o único lugar onde possamos escapar a nossos aborrecimentos diários”, pois “o presente é árido e turvo, o futuro, oculto”. É o caso de Arthur Almada de Lima Filho, que gosta de passear no passado de Caxias, e o faz sem aborrecimento, pois o passado caxiense é, para ele, desafio e combustível, é mister e mistério de arqueólogo, que se vai descobrindo camada a camada, limpando as contaminações, rearrumando em ordem lógica, até a leitura e documentação final.

O paulista Eduardo Paulo da Silva Prado, que nem o Arthur, era homem do Direito e escritor; também acadêmico, foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Viveu só 41 anos, tempo bastante para, entre seus amigos, contarem-se, entre outros, portentos literários e intelectuais como Eça de Queirós e Ramalho Ortigão. Eduardo Prado escreveu: “Certamente o homem deve viver no seu tempo, mas a tendência para a contemplação do passado é um dom nobilíssimo da sua alma”.

Mais do que contemplar, Arthur Almada Filho, no caso do passado de Caxias, contribui para organizá-lo, trazê-lo ao presente para garantir-lhe algum futuro. Como constatou o filósofo e poeta francês Paul Valéry, 149 anos de nascimento em 30 de outubro de 2017: “O passado (...) age sobre o futuro com um poder comparável ao do próprio presente”.

Em geral, Caxias pouco sabe dos esforços e da história, das lutas, lides e lidas desse Arthur Filho, filho caxiense que, à maneira de Bilac, “ama com fé e orgulho” a terra em que nasceu. Juiz de Direito, desembargador, vice-presidente e presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão, presidente da nascente universidade estadual maranhense, é citado no prestigioso e internacional “Who’s Who”, seus votos como jurista são transcritos em obras de Direito, tem seu nome na testada de prédios públicos, seja em fórum seja em escola Maranhão adentro, tais os méritos que a sociedade maranhense quis reconhecer e homenagear. Ex-reitor da Uema, autor de livros, pesquisador infatigável, magistrado intimorato, tem honrado o nome e o ofício do pai e o conceito da família – família que, no passado e no presente (e, pelo visto, para o futuro também), legou tanta gente inteligente para Caxias, o Maranhão e o Brasil.

Pelos feitos que fez, certamente não lhe cabe a observação do educador e abolicionista norte-americano Horace Mann (século XIX): “Tenha vergonha de morrer até ter obtido alguma vitória para a Humanidade”.

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Arthur e eu somos conterrâneos, confrades e amigos, pertencemos às sadias – e lutadoras -- hostes do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias (IHGC), da Academia Caxiense de Letras (ACL) e da Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão (Asleama). E não estamos apenas para estar ou ser, mas para fazer.

É preciso conviver um pouco com o Arthur para ver-lhe os esforços em nome de coisas e causas coletivas. É preciso estar perto para sentir-lhe o entusiasmo e satisfação quando da descoberta de um novo nome de caxiense de talento, ou nova informação sobre Caxias, dados que zanzavam por aí, escondidos sob a poeira da História ou encobertos pelo pó do desinteresse humano.

No fim do ano 2013, Caxias e o Maranhão receberam de presente uma obra (“Efemérides Caxienses”) em que Arthur Almada organizou, sistematizou e sintetizou eventos passados, com nomes e datas da História caxiense, mas com pontos de contato com a História maranhense e brasileira. Como diz o Arthur, ausente todo laivo de ufanismo: “Sem a História de Caxias não há História do Brasil”. E, com ardor e energias moças, já organiza e escreve novas obras de fôlego, como um livro de perfis biográficos e um avançado “Dicionário Biobibliográfico de Autores Caxienses”. Entre outros... (Por exemplo, seu livro “Perfis”, que ele escreveu, mandou imprimir e, na data prevista para lançamento, em 2019, sem dizer nada, não lançou a obra... para permitir que um colega escritor, convidado de outra cidade, pudesse lançar sua obra no auditório do IHGC. Gestos assim são cada vez mais raros, pois nada impedia – a não ser a bonomia arthuriana – que os dois livros fossem lançados na mesma noite.

É esse conterrâneo, caxiense com muito orgulho, que aniversariou no dia 17 de outubro de 2020: nada menos do que 91 anos fazendo valer a pena o dom da Vida recebido e da dedicação com que se entregou à Justiça, ao Direito, à Educação, à Imprensa, à História e à Cultura.

Esse caxiense de boa cepa sabe, já há muito tempo mas sobretudo a esta altura da vida, que, como ele, muitos de nós, neste jogo da existência, temos mais passado que futuro. E disto nem ele nem nós temos receio. Pois, para nós, para gente do naipe de Arthur Almada Lima Filho, o passado nos fortalece.

Como no dizer do poeta e dramaturgo francês Henry Bataille (1872—1922):

“O passado é um segundo coração que bate em nós”.

Parabéns e feliz aniversário, Arthur!

Saúde e paz, Conterrâneo (de Caxias),

Colega (de pesquisas e escritas),

Parceiro (de ideias e ideais),

Companheiro (de Rotary),

Confrade (de Academias)

e Amigo – de sempre.

* EDMILSON SANCHES

Fotos:
Arthur Almada Lima Filho e seus livros; e com Edmilson Sanches, no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (São Luís) e, em Caxias, no Instituto Histórico e Geográfico de Caxias e no Bar do Cantareli (com Cantareli e Antônio, motorista e colega ex-jogador de futebol em times caxienses).

– 16 de outubro: Dia da Alimentação e Dia do Engenheiro de Alimentos

O CARDÁPIO DA FOME

– Devido à extrema pobreza, até hoje há famílias brasileiras pedindo a Deus o pão que o diabo amassou.

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“Eu vi a cara da fome
na seca de vinte e um.
Oi, bicha da cara feia,
só mata a gente em jejum!”
(Um cantador de Bacabal/MA)

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Neste 2020, completaram-se 45 anos.

Em agosto de 1975, após exato um ano de iniciado, foi encerrado o Estudo Nacional de Despesa Familiar (Endef), a maior pesquisa já realizada no Brasil sobre o que consomem as famílias brasileiras. O Endef teve o apoio da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Coordenados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1.100 pesquisadores caíram em campo e se tornaram testemunhas oculares da luta desigual pela sobrevivência, desenvolvida por nada menos de 55 mil famílias pesquisadas em todo o Brasil.

O que esses pesquisadores presenciaram não está em gibi nenhum. Por isso, a pesquisa foi guardada a sete chaves por diversos anos. Tanto o IBGE quanto os pesquisadores do Endef mantiveram-se num silêncio compreensivelmente covarde: a ditadura, a censura, a repressão, a desconsideração às pesquisas do gênero, a banalização da miséria e da fome em todo o país serviram de lacre na boca de quantos, “in loco”, sofreram com a situação de penúria de milhares de brasileiros.

Em fins de 1985, dez anos depois, alguns pesquisadores daquela época retornaram aos mesmos locais de moradia de seus entrevistados. E a situação não havia mudado; isto é, estava pior que antes. É de perguntar-se como aqueles brasileiros ainda sobreviviam, pois o que eles comem – quando têm o que comer – está, como registrava a Imprensa na época, “abaixo do que a Organização Mundial de Saúde julga possível para que um ser humano continue vivo”.

Eu sei, leitor: Depois de um razoável café da manhã e, depois, um bom almoço, nós talvez não estejamos mais preocupados com isso. A própria efemeridade do jornal (que no dia seguinte será substituído por outro), a reciclagem das notícias (que amanhã também serão substituídas por diversos meios de comunicação) contribuem para que nos preocupemos menos constantemente com tão indigesto/indigente assunto. Também se pode dizer que: “Não sou culpado nem sou eu quem resolverá esses problemas”. Pelo menos por enquanto, essa negação e transferência de responsabilidade fica servindo para nosso particular descargo de consciência.

Então, passemos a bola para os políticos com mandato. Não são eles os legítimos representantes do povo? E por que, então, os políticos nada fazem? Por que continuam a encher o pobre só com discursos?

Quem tem fome alimenta-se de substância, não de sentido.

Governantes e políticos, o que lhes falta para mudarem para melhor essa situação? Falta-lhes sentimento no coração (como quer um romântico) ou, em verdade, falta-lhes vergonha na cara (como queria Capistrano de Abreu em sua “constituição” de dois artigos)?

Novos tempos, Nova República, novos governos... Velha fome, antiga miséria. Foi Marat, revolucionário francês, quem disse: “De que adianta a liberdade política para quem não tem o que comer? Ela só tem valor para teóricos e políticos ambiciosos”.

Mas o que fazer para que os políticos mudem sua própria mentalidade? Como fazê-los entender que eles, políticos que são, devem comportar-se como servidores e não como patrões do povo?

À maneira de James Clarke, pode-se dizer que, infelizmente para nós, nossos políticos, cheios de interesses individuais e particulares, só pensam na eleição seguinte... enquanto os verdadeiros políticos, os que carregam interesses públicos e coletivos, pensam na geração seguinte.

Não, este texto não é um libelo contra os políticos, mas dá vontade de repetir: “Basta de políticos! O mundo precisa é de pessoas honestas”.

Não serão os eleitores a dar respostas ao problema da fome. Afinal, é para encontrar soluções que existem políticos, governantes e cabeças pensantes, todos regiamente remunerados pelo assalto aos salários – chamado, eufemisticamente, de impostos.

Seria interessante ver esses políticos e governantes embarcarem no trem da tristeza rumo ao Brasil que não consta dos programas, folhetos e guias coloridos das agências de turismo. Ver a miséria em preto e branco.

“COMIDAS TÍPICAS” – Seria interessante vê-los provar das “comidas típicas” postas na mesa daqueles brasileiros iguais a eles. Em Alvorada, no Rio Grande do Sul, partilhariam as cascas de batata com que se alimentam certas famílias.

Na favela de Pirambu, em Fortaleza (Ceará), dividiriam água com sal e miúdos siris.

Em Porto Feliz (São Paulo), repartiriam ratos no almoço. (Frisar bem, conforme registrado no relatório do IBGE, que “são ratos, e não preás”.)

Em Mossâmedes, Goiás, deglutiriam telhas.

Também no Ceará, poderiam mastigar “barro, carvão, sabão e outras coisas”.

Em Volta Redonda (Rio de Janeiro), algo mais suculento: lavagem de porco. Ainda no Estado do Rio, um complemento à comida provada em Alvorada: às cascas de batata juntar-se-iam... folhas de batata.

Em Santa Catarina, miolo de xaxim.

No Paraná, consoante com a região, folhas de café (que, segundo as anotações dos pesquisadores, “têm gosto de torresmo”).

Em terras mineiras, mais comida “natural”: talos e folhas de abóboras e chuchus.

Em Tucunduva, Caucaia, no Ceará, “uma farinhazinha, um açuquinha na boca” e só.

Em outras regiões do país (inclusive em Brasília), seriam provados pratos típicos de... lixo e calangos.

E degustariam até mesmo (oh vergonha das vergonhas!)... fezes humanas.

Por aí vão os diversos tipos de “comida” devidamente anotados pelo IBGE e que são o prato de resistência de milhares de famílias brasileiras no Brasil inteiro. Que vergonha!

Certamente menos gordos, os políticos e governantes que voltassem vivos desse itinerário da fome teriam elementos de sobra e justificados motivos para repensarem uma séria política de alimentação e justiça social neste país.

Urge a paralisação dos discursos meramente partidários, laudatórios, louvaminheiros.

Urge, pois, uma ação – antes que ruja uma reação.

De qualquer forma, vergonha não é se alimentar (!) de telhas, ratos, folhas e fezes. Vergonhosa, imoral, obscena é a incapacidade política, a indecência administrativa, para transformar o panorama da fome do Brasil.

Este país não pode mudar enquanto grande parte de seu povo continuar na mesma.

O cruel quadro da fome, de cores fortes e reais, exposto pela pesquisa do IBGE há 45 anos, ainda perdura para muitos brasileiros Brasil adentro, e permite-nos dizer, num infeliz trocadilho, que, devido à extrema pobreza, até hoje há famílias pedindo a Deus o pão que o diabo amassou.

E que seja (satis)feita a sua vontade.

Amém.

* EDMILSON SANCHES

(escrito e publicado originalmente na década de 1980).

Pesquisa com professores que lecionam em 26 Esados e no Distrito Federal, em 118 cidades brasileiras, mostra que 82,4% deles se sentem extremamente ou muito confiantes com relação ao seu preparo técnico para o ensino “on-line”, enquanto, no início da pandemia do novo coronavírus, 52,9% se sentiam totalmente despreparados, ou muito pouco preparados tecnicamente, quando as aulas virtuais se iniciaram em março, como forma de evitar a disseminação do vírus.

Com relação ao tempo de preparo das aulas, 96,6% dos professores relataram impacto, o que certamente contribuiu para o desgaste físico e emocional, enquanto 3,4% disseram que não tiveram prejuízos. Já com relação à duração de tempo de aula, 76,6% afirmaram que o tempo de preparação sofreu impacto, e 23,1% responderam não ter tido influência na duração de tempo de aula.

A pesquisa foi realizada pela International School e contou com o apoio do EDC Collab – Educational Development Centre, plataforma colaborativa cocriada, em 2019, por professores de todo o país.

Aos mais de 300 professores indagados na pesquisa, 49,5% têm atuação direta na educação infantil, 63,40% no fundamental e 11,70% no ensino médio. Dados colhidos na pesquisa mostraram o tipo de dispositivos utilizados pelo professor nas aulas “on-line”, sendo 19,7% “desktop” com “internet”, 83,7% “laptop” com “internet”, 45,5% celular com “internet”, e 7% “tablet” com “internet”. Cerca de 66,8% disseram não compartilhar esses mesmos dispositivos com algum integrante da família, e 33,2% afirmaram o contrário. A pesquisa foi realizada em agosto deste ano, e contou com 325 participantes.

Saúde mental dos professores

De acordo com a pesquisa, 91,7% confessaram ter procurado ajuda psicológica durante esse período, e 8,3% não buscaram plataformas de aconselhamento de saúde mental. Quando perguntados o quão se sentem preparados emocionalmente desde o início da pandemia até os dias atuais, o cenário é positivo. Entre os entrevistados, 64,6% relataram que, no início das aulas remotas, se sentiam totalmente ou muito inseguros emocionalmente, ao passo que, hoje, a percepção é outra: 58,5% se sentem muito ou totalmente confiantes, um dado que surpreendeu positivamente.

“A área da educação foi uma das mais afetadas nesse contexto, e, para os professores, o peso é ainda maior: as expectativas depositadas foram enormes, pois esperava-se que eles resolvessem todas as questões educacionais, ajudando alunos a continuar aprendendo como antes – em um contexto totalmente diferente – e sem terem tido, na maioria dos casos, a oportunidade de receber formação adequada prévia para iniciar as aulas remotamente”, comentou a gerente do Educational Development Centre da International School, Catarina Pontes.

Diante dos obstáculos da profissão, esse sentimento tem mudado e sido positivo, opina Catarina. “Esses números nos mostram que, apesar de a situação estar longe de ser ideal, nossos camaleões estão superando as dificuldades outra vez e, também, ilustram a importância da formação dos docentes”.

Com relação às escolas oferecerem alguma formação extra neste período, 46,2% dos respondentes disseram que não receberam, e 53,8% – confirmaram que foi oferecida. Já com relação a se haviam feito algum outro curso fora do colégio de atuação, 31,1% afirmaram que não buscaram, e 68,9% responderam que aderiram a outros estudos de aperfeiçoamento neste período. Já no quesito desenvolvimento profissional, 17,2% não se aprimoraram durante esse tempo, enquanto 82,8% sentiram necessidade de recorrer a essas ferramentas.

(Fonte: Agência Brasil)

Em tempos de pandemia, a foto do formando com o diploma na mão é tirada na sala de casa. Se a cena parece “comum” nos dias de hoje, o retrato tirado pelo estudante Iury Moraes, este semestre, mostra o contrário.

Primeiro estudante surdocego a se formar na Universidade de Brasília (UnB), Iury ultrapassou inúmeros desafios para exibir, orgulhoso, o “canudo” na mão.

O jovem de 26 anos nasceu com catarata e surdez profunda congênita e ingressou no curso de Letras, em 2016. Ele também foi o primeiro estudante surdocego a entrar na instituição.

Com ajuda da mãe, Elemregina Moraes, Iury conta que sempre estudou em escolas públicas em Brasília, com colegas com e sem deficiência, surdos e cegos ouvintes.

Para ele, ter pessoas com deficiência estudando em escolas regulares força as instituições a promoverem políticas de acessibilidade e inclusão.

A diretora do Instituto de Letras da UnB, Rosana Rigota, relata que os desafios foram muitos – para ele e para a universidade.

Iury se formou em licenciatura em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e português como segunda língua. Cerca de 30 surdos, três deles surdocegos, estudam atualmente no Instituto de Letras da UnB.

Segundo a presidente do Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao Múltiplo Deficiente Sensorial, Cláudia Sofia Pereira, há, pelo menos, 7 mil estudantes com essa deficiência no Brasil.

Iury não pretende parar. Dar aulas, fazer mestrado e doutorado estão nos planos do jovem. Perguntado se, diante das dificuldades, pensou alguma vez em desistir, ele foi categórico: "nunca".

(Fonte: Agência Brasil)

A menina-moça saiu de casa, do lar, da vigilância de seus pais. Era um domingo de sol. Sol radiante. Vivificador. Sol Vida. Um céu límpido. Uma paisagem de luz com os borrões das nuvens alvas, paradas umas e em movimento outras. E havia, em tudo, a presença encantadora desta coisa que Bilac chamou de “alegria da vida, alegria da vida”. E a menina-moça, iluminada de sonhos, banhada de inocência, tudo nela amor pureza, amor virgindade do corpo e da alma, saiu para o domingo banhado de sol ardente, “vida e calor”.

Tinha um endereço certo: o Casino Maranhense. No Casino, a fascinação dos divertimentos. No Casino, a fascinação da piscina. A água na (...)1 da luz. Porção d’água parada, porção d’água em oscilações mínimas. Um poema de emoção em tudo. Uma paisagem num deslumbramento da Natureza em festa, Natureza acordada, profundamente sentida. Em tudo a vida, em tudo a alegria contagiante. Em tudo o encantamento dos sonhos mais lindos, ilusões que se perdiam, que iam e vinham. Pensamentos no mundo tranquilo das divagações. Pensamento no alvoroço das idades. Pensamentos num balaio de improvisações as mais diversas. Tudo calmo. Tudo quieto. Tudo num convite de paz, num convite íntimo para as diversões mais extravagantes.

Muitas crianças no Casino. No banho da piscina. Muitas crianças correndo. Outras paradas, olhando apenas, fora do cenário das travessuras, dos brinquedos, das correrias. E outras à borda da piscina, olhando aquela porção de “mar” trançado naquele recinto de dimensões pequenas. Outras meninas e outros meninos no banho de mar, no banho de sol. E, no meio das crianças, lá estava Maria de Lourdes. Lá estava a aluna inteligente, a aluna do Colégio Santa Tereza. Com ela, a sua inocência. Junto dela a expressão melhor dos seus 13 anos e mais dois anos a teríamos na festa social das debutantes. Tudo nela alegria, tudo nela Vida. E Maria de Lourdes sem saber, sem pressentir que estava vivendo o seu último domingo. Despedia-se da Vida, da Vida amor, da vida estudo, da vida trabalho e deveres. No lar, seus pais. Com a mãe, talvez, quem sabe, os maus presságios. Uma desconfiança que não se fez angústia. O coração das mães tem os seus mistérios: prevê o Bem e o Mal. Sente a aproximação das borrascas e pressente os dias das bonanças. “Coração de Mãe não engana!” Talvez no lar, com a progenitora, a presença duma desconfiança, um pensamento mais forte a lhe segredar cuidados, a lhe apontar sombras agoureiras. Talvez.

Mas Maria de Lourdes estava no esbanjamento das suas alegrias. Envolvida pelos seus pensamentos de menina-moça, tudo nela um poema de encantamento. Magia na moldura dos seus 13 anos. E Maria de Lourdes brincava. Sorria. Ria. Iluminação de sol nos seus cabelos, no seu rosto, nos seus olhos vivos. Olho olhando a Vida. Coração na pulsação da Vida. E a piscina lá estava. Atração dos sentidos. Reflexões de luz, brilho de sol na superfície líquida. E Maria de Lourdes olhava a piscina, a água no convite do banho. Insistente. Dominando até. E Maria de Lourdes, acreditamos, foi para a piscina. Aproximou-se. Olhou a água e jogou-se para o mergulho. Mas, com ela, mergulhava a Vida, sua Vida. Mergulhava seu corpo de menina-moça. Um mergulho só.

À tona não mais veio Maria de Lourdes. Não mais. Ficara lá embaixo, no fundo da piscina. A Morte a esperava lá embaixo ou fora com Maria de Lourdes. Presa nela. Cá em cima, a angústia. Cá em cima, o sofrimento em muitos corações. No alto, o mesmo céu azul, as mesmas nuvens na ronda silenciosa do firmamento em festa, a festa do sol na paisagem geográfica da Ilha, da cidade, a terra-berço de Maria de Lourdes.

Hora de aflição. Instantes de inquietações. E, depois, a realidade terrível. Maria de Lourdes morta. Maria de Lourdes sem vida. Seu coração deixara de bater.

E, em casa, uma Dor chorando no coração de seus pais.

E Maria de Lourdes foi se encontrar com o Filho do Carpinteiro: “deixar vir a mim as criancinhas”.

E nos lembramos mais do poeta: “Mas a criança no-lo ensina: se viu morrer Jesus quando homem feito, nunca teve uma filha pequenina”. Nunca teve.

* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inédito) – “Jornal do Dia”, 10 de julho de 1965 (domingo).

Nota:
1 No material (original), não foi possível identificar a palavra escrita pelo autor.

Neste domingo, ainda falando sobre...

Palavras homônimas e parônimas

...

56. INFLAÇÃO ou INFRAÇÃO
Inflação = ato de inflar:
A nossa inflação está muito alta.

Infração = ato de infringir:
Cometeu uma infração de trânsito.

57. IMANAR ou EMANAR
Imanar = magnetizar:
Os dois estão imanados.

Emanar = sair de, exalar:
Cheirava mal devido à emanação de gases.

58. IMINENTE ou EMINENTE
Iminente = está prestes a ocorrer:
A chuva é iminente.

Eminente = ilustre, célebre:
É um eminente advogado.

59. INCERTO ou INSERTO
Incerto = duvidoso, incorreto:
Ela tem um futuro incerto.

Inserto = inserido:
Seu nome está inserto na lista.

60. INCIPIENTE ou INSIPIENTE
Incipiente = principiante, novato:
Era um projeto muito incipiente.

Insipiente = que não é sapiente, ignorante:
Seus argumentos eram insipientes.

61. INFLIGIR ou INFRINGIR
Infligir = aplicar, impor pena:
O guarda infligiu a multa.

Infringir = transgredir, violar:
O motorista infringiu a lei.

62. LOCADOR ou LOCATÁRIO
Locador = proprietário do imóvel, quem aluga;
O locador queria aumentar o valor do aluguel.

Locatário = quem toma por aluguel:
O locatário foi despejado.

63. LISTA ou LISTRA
Lista = relação ou risco, linha:
Seu nome não estava na lista.
Sua camisa tinha listas verticais.

Listra = só risco, linha:
Estava com uma camisa listrada.

64. LUSTRO ou LUSTRE
Lustro = polimento ou período de cinco anos:
Vou esperar um lustro para gozar outra licença-prêmio.

Lustre = candelabro:
O lustre da sala estava quebrado.

65. PAÇO ou PASSO
Paço = palácio:
Vivia no paço real.

Passo = ato de andar:
Deu dois passos e caiu.

Teste da semana
Que opção completa, corretamente, a frase abaixo?
“__________, com calor, os rumos que __________ imprimir ao movimento”.
(a) Discutiu-se / se pretende;
(b) Discutiram-se / pretendem-se;
(c) Foi discutido / pretendem-se;
(d) Foram discutidos / pretendem-se;
(e) Discutiram-se / se pretende.

Resposta do teste: Letra (e)
O sujeito do verbo DISCUTIR é “os rumos”. Se o sujeito está no plural, o verbo deve concordar no plural: “Discutiram-se” ou “Foram discutidos”. E o sujeito do verbo PRETENDER é “imprimir ao movimento”. Quando o sujeito é formado por uma oração, o verbo deve concordar no singular. Além disso o pronome relativo “que” exige que o pronome átono “se” fique antes do verbo (= próclise).

Palavras são pessoas feitas de letras, caracteres;
têm elas até parentesco – chamam cognação:
humildade e humanidade, sim, entre outros misteres,
trazem mesma origem, elemento de formação.

No princípio das duas visível semelhança: “hum-”.
“Hum-”, prefixo que fixa a similar identidade
e traz e junta ao conjunto das pessoas em comum
algo único, virtude de quase santo: humildade.

Mas, já se disse, essas duas palavras são como irmãs,
e assim como irmãs discutem, brigam, se desentendem
– uma delas se volta para coisas térreas, chãs.

Assim, quão mais aumenta de humanos a quantidade,
mais os traços se desvanecem, os laços se (o)fendem
... e a Humanidade se esquece de sua irmã Humildade...

* EDMILSON SANCHES

O tempo passa veloz
a levar-me consigo
atroz, enquanto escrevo...

Sou pretérito de mim mesmo!

Procuro-me e não me acho,
tampouco me reconheço,
sou um simples anônimo
que por mim repasso...

No espelho apenas
um rosto gasto,
de um homônimo
talvez, raso e vasto.

Sou apenas de mim
uma voz que ressoa,
heterônimo de vez,
de um Fernando, talvez,
ou de uma outra Pessoa!

* Fernando Braga, “O Puro Longe”, Caldas Novas, 2012.

Instituto Moreira Salles (IMS) reabriu na Avenida Paulista, região central da capital, com uma exposição da fotógrafa chilena Paz Errázuriz. O espaço estava fechado há quase sete meses, desde o início da pandemia, e voltou a funcionar nesta semana, com a flexibilização da quarentena na cidade de São Paulo. A mostra traz 150 imagens e faz uma retrospectiva da trajetória da artista.

Autodidata, Errázuriz começou a trabalhar com fotografia na década de 1970, após abandonar a carreira de professora primária devido a ascensão da ditadura de Augusto Pinochet. Em 1981, fundou a Associação de Fotógrafos Independentes que documentou as manifestações e outras expressões de resistência contra o regime.

Manicômio e transexuais

Apesar da importância da cobertura desses fatos, Errázuriz voltou sua produção a trabalhos autorais em que estabelece relações com comunidades muitas vezes estigmatizadas. Frequentou, por um longo período, o hospital psiquiátrico Philippe Pinel de Putaendo, a 200 quilômetros da capital chilena, Santiago.

Na década de 1990, após estabelecer vínculos afetivos com as pessoas internadas, produziu “O infarto da alma”, ensaio em que retrata os casais que se formam ao longo dos anos no manicômio. Algum tempo depois, publicou “Antessala da nudez”, em que os pacientes são retratados no espaço para banho, mostrando a violência das instituições psiquiátricas que amontoavam pessoas apartadas da sociedade sob o estigma da loucura.

Em “O pomo de adão”, a fotógrafa registrou o cotidiano de transexuais que trabalhavam em bordéis de Santiago e Talca. Os registros mostram um pouco do dia a dia: preparando-se para o trabalho, caminhando pelas ruas e os locais onde dormiam.

Visitação e segurança

A exposição é gratuita e vai até o dia 3 de janeiro. É preciso agendar a visita pela página do instituto.

“A gente ainda está vivendo a pandemia, e a gente fez adaptações para seguir os protocolos e fazer uma experiência segura para todos, funcionários e visitantes”, enfatiza a coordenadora do IMS Paulista, Joana Reiss Fernandes.

Além dos horários marcados, os visitantes precisam usar máscara e foram feitas adaptações para a circulação dentro do prédio. “Para que as pessoas circulem pelo prédio sem se cruzar muitas vezes, garantir o distanciamento adequado. Então, a gente criou um percurso único”, acrescenta.

Mesmo com as mudanças, ainda é possível aproveitar a vista da Avenida Paulista na varanda do edifício, ponto onde grande parte do público aproveita para tirar fotos. “As pessoas podem tirar “selfie” de máscara. A gente pede que as pessoas façam isso na saída. Com o agendamento de horário, a gente consegue garantir poucas pessoas circulando pelo prédio ao mesmo tempo”, diz Joana.

Ela também pede para que o público evite levar mochilas e bolsas grandes, porque, devido aos protocolos de segurança, o guarda-volumes está fechado.

(Fonte: Agência Brasil)