O Ministério da Educação divulgou, hoje (4), as listas dos estudantes pré-selecionados na segunda chamada do Programa Universidade para Todos (Prouni). O resultado está disponível na página do Prouni. O prazo para comprovação das informações também começa hoje e vai até o próximo dia 11.
Os estudantes pré-selecionados devem comparecer às instituições de ensino e entregar os documentos que comprovem as informações prestadas no momento da inscrição. Quem perder o prazo ou não comprovar os dados será desclassificado.
Os candidatos que não foram pré-selecionados em nenhuma das duas chamadas do Prouni ainda podem disputar uma bolsa por meio da lista de espera. O prazo para que o candidato inscrito manifeste interesse nessa última etapa da seleção é de 18 a 20 de agosto. Nesse caso, o resultado será divulgado no dia 24 de agosto, e as informações devem ser comprovadas até o dia 28 do mesmo mês.
Bolsas de estudo
O Prouni é o programa do governo federal que oferece bolsas de estudo, integrais e parciais (50%), em instituições particulares de educação superior. Nesta edição, 440,6 mil estudantes inscritos disputaram 167,7 mil bolsas em 1.061 instituições.
Para concorrer às bolsas integrais, o estudante deve comprovar renda familiar bruta mensal, por pessoa, de até 1,5 salário mínimo. Para as bolsas parciais (50%), a renda familiar bruta mensal deve ser de até três salários mínimos por pessoa.
Podem participar estudantes brasileiros que não possuam diploma de curso superior e que tenham participado do Exame Nacional do Ensino Médio mais recente e obtido, no mínimo, 450 pontos de média das notas. Além disso, o estudante não pode ter tirado zero na redação.
A partir desta terça-feira (4), o Ministério da Educação (MEC) divulga o resultado dos candidatos pré-selecionados no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). A complementação da inscrição desses estudantes começa hoje mesmo e continua até as 23h59 de quinta-feira (6). Nesta edição, 107.875 inscritos disputam 30 mil vagas, ofertadas em mais de 1,3 mil instituições de ensino superior.
Lista de Espera
Quem não foi selecionado na chamada única do Fies ainda pode disputar uma das vagas ofertadas por meio da lista de espera, em que a inclusão é automática. Nesse caso, o prazo de convocação continua até as 23h59 de 31 de agosto.
Programa
O Fies é um programa do MEC que concede financiamento a estudantes em cursos superiores não gratuitos, em instituições particulares de educação superior. O fundo é um modelo de financiamento estudantil moderno, dividido em diferentes modalidades, podendo conceder juro zero a quem mais precisa. A escala varia conforme a renda familiar do candidato.
Nascimento Moraes, na capa de “Vencidos e Degenerados”
Manoel Caetano Bandeira de Melo: Caxias (MA), 30 de julho de 1918-Rio de Janeiro, 8 de maio de 2008.
Há um confinamento mais que existencial entre a prosa de Nascimento Moraes e a poética de Manoel Caetano, foi o que me despertou a leitura do livro “Esferas Lineares”, de Nauro Machado, tão belo ensaísta quão poeta, a nortear-me com seu valioso instrumental, condições para que eu ratificasse nestes apontamentos ser José Nascimento Moraes, o velho, o maior polígrafo maranhense do século passado, [lê-se séc. XIX] e Manoel Caetano Bandeira de Melo, como é vezo ser do conhecimento de quem estuda e tem intimidade com a literatura, ser um dos maiores poetas brasileiros.
A época de Nascimento Moraes foi toda ela vivida no prumo do cientificismo de Darwin, e no historicismo de Spencer, o pai do Darwinismo Social, em contraponto ao pessimismo de Shopenhauer, filósofo da corrente irracionalista.
Na esteira dessa epistemologia, Manoel Caetano Bandeira de Melo seguiu a trilha do evolucionismo, fortificado pelo entusiasmo do velho mestre Nascimento. Abro aqui um parêntese para dizer que, talvez, esteja nesta caminhada a chave misteriosa da poesia de Caetano, trabalhada com os dois opostos, vida e morte, que o levaram à elaboração de imagens completamente desnudas ante o salvar-se e os estigmas em chamas, ante o bem e o mal, como resultados apurados do possível concreto na teoria do evolucionismo, por onde seguiu contrário ao princípio cristão do criacionismo.
No seu livro “A Neurose do Medo”, Nascimento nos revela a essência de uma consciência nascida da revolta de um homem tocado pela injustiça e ferido na sua sensibilidade pelos golpes do arbítrio, vez que tinha um caráter analítico de tendências dialéticas como se pode constatar no outro seu livro “Vencidos e Degenerados”, onde se vislumbram aqueles personagens dostoieviskianos, como os muitos encontrados em “Humilhados e Ofendidos”, no “Idiota”, no “Jogador” e em “Crime e Castigo”.
O cenário desse estudo romanceado de sociologia foi a nossa São Luís do passado, a Praça João Lisboa em particular, com cafés e boas livrarias, como se fosse uma cidade culta da Europa, onde Nascimento buscou o substrato social de seu tempo, para usá-lo em “Vencidos e Degenerados”, o irmão topofísico, em síntese, de “O Mulato”, de Aluízio Azevedo.
Nascimento foi realmente “Um Lutador” como diz o epíteto traçado ao longo de sua história, cujo emblema estende-se a dois dos seus filhos: Nadir Adelaide, educadora emérita, e Paulo Augusto, este, o autor imortal de “Aquarelas de Luz”.
Da eugenia professoral do velho lutador ainda tinham Raimundinho, Talita e Nascimento Moraes, o filho, este, ainda a carregar no seu bravo peito a angústia dos mártires na ressonância imortal do “Clamor da Hora Presente” que estremeceu a Geração de 45 com seu grito libertário.
A viagem estava contida no húmus de Manoel Caetano. Ouçamo-lo: “... As maiores viagens são as íntimas, / através dos países que imagino. / Das Cordilheiras d’alma, ainda que ínfimas, as estradas das estrelas descortino”.
Aticei o parental darwinista de Manoel Caetano com Nascimento Moraes, no conteúdo epistemológico da evolução das espécies que os dois defendiam. Esse mesmo confinamento dá-se na expectativa laboral da criação artística. Se em “Vencidos e Degenerados”, Nascimento traça à luz da sociologia seus personagens como se pinçados dos textos de Dostoievski, Manoel Caetano, no “Soneto de Díptico” revela a sedução dos sapos da morte com os dramáticos sortilégios de “O Corvo”, de Edgard Allan Poe, tenebrosos, sombrios e incandescentes.
“Canções do Amor e da Morte”, de Manoel Caetano Bandeira de Melo
Têm o “Soneto de Díptco”, também, a cadência rítmica sentida na nódoa maldita e singular de Augusto dos Anjos, único entre nós nessa modalidade simbólica. No “Soneto de Díptico”, ainda, o poeta inscreve o nome de seu pai, o magistrado Públio Bandeira de Melo naquela tábua primitiva com a intenção de fazer-lhe a oração final, já nos momentos em que a monja da morte lhe rodeava. Estes versos têm um corte puramente modernista e são trabalhados em forma fixa, o que me faz dizer que no gênero estão entre os mais belos e perfeitos da Língua Portuguesa: “São os sapos da morte que coaxam / Vieram buscar-me no alto do edifício / não sei como fugir ao malefício / dos sapos que me buscam e que me acham. / Para o salto mortal eles se agacham / os olhos saltam no gelado ofício / de paredes sem luz que não se racham / desabaremos pelo precipício / Percorrendo a torre natural / que rasga o horizonte invertido / navegando voltada para o fundo / aprisionado espaço pela mesma urna / me sentirei de novo protegido / contra esta sensação de ser imundo”.
Oswaldino Marques, professor de Teoria Literária da Universidade de Brasília (UnB), querido amigo, um dos maiores críticos brasileiros, colega de bancada no Liceu Maranhense de Caetano, deixou-nos essa sentença sobre sua poética: “Manoel Caetano faz uma empolgante exibição de sua mestria no domínio da traiçoeira forma fixa. Desde o mais rigoroso soneto canônico, sem desdenhar do molde inglês, até o que eu chamaria de soneto desintegrado, onde, como na música concreta, as palavras são mais unidades de uma montagem verbal do que condutos do fluxo discursivo, em que tudo confirma o acabado do mínimo formal do poeta”.
O nosso saudoso poeta e ensaísta Carlos Cunha, acende, num rasgo crítico dos mais luminosos, em seu livro “Lâmpadas do Sol”, esse facho sobre a poética de Caetano: “Na poética de Manoel Caetano Bandeira de Mello, à maneira clássica, ele estabelece uma conexão visceral entre os dois maiores termos universais, cantados e decantados permanentemente. O sentimento do amor para o poeta tem algo de trágico, conflituoso. Ele não enxerga outra perspectiva que não sejam os conflitos que desencadeiam o amor. A partir de tal angústia que lhe é quase imanente, orgânica, o escritor atinge outras emoções graves e sinistras, percorrendo a mesma trilha que o conduz a apreender à vida”.
Por fim, Carlos Cunha, o fantástico declamador dos nossos saraus e madrigais, conclui: “Manoel Caetano Bandeira de Mello, ao lado de indiscutíveis dotes intrínsecos, construiu uma cultura humanística, mais particularmente poética, nas fontes perenes dos escritores clássicos”.
Épica e romântica, metafísica e mística, a poesia de Manoel Caetano personifica-se por uma forma individualizada, com uma grande carga de signos e símbolos a conduzi-la para um subjetivismo dentro daquela estilística hermética de que “a palavra sozinha inventa uma realidade”, como defende o poeta e crítico francês Marlamé.
Em “Tríptico”, creio que, à maneira de um painel devocional, contém-se num poema-balada e vale-se do emprego da metalinguagem o que lhe dar força, melodia e, sobretudo, uma elegante e fina essência verbal, onde existe aquela síntese em que Carlos Drummond de Andrade diz que “as palavras são puras, largas, autênticas, indevassáveis”. Ouçamo-lo: “O homem e sua essência / No corpo da mulher. / Como não amar, amada, / esta língua em que tu falas? / Palavra nossa que estás na terra, tanto buscada, quão pouco achada”. Manoel Caetano, aqui, faz-me lembrar à moda de Thomas Mann que as coisas mais belas desta vida são “os seios da mulher amada e o cérebro do pensador”.
O poeta americano T.S. Eliot, a exercer uma influência e um fascínio em todos nós, benditos pela poesia, ascendeu em Manoel Caetano, como não poderia ser diferente, seu ânimo, quer nas metáforas, nos paradoxos, nas antíteses, nas afirmações abstratas, quer na tensão rítmica, principalmente quando Caetano se apega a visões sombrias a respeito da vida e da morte, vereda já trilhada por Eliot, assim, considerada o reflexo poético do “Ulisses”, de James Joyce.
A isso discorremos, para dizer que, tanto o autor de “Os homens ocos”, quanto Caetano, têm empatia intelectual pelas alegorias da “Divina Comédia”, por Beatriz, principalmente. Nessa epopeia Caetano incursionou por toda sua poética. Sob o olhar dantesco, diz o crítico Haroldo Bruno: “(...) Inquietante pela fusão de elementos sensualistas e de carga ideativa ou sublimadora do real, de paixões terrenas e apelos de evasão, ele quer constituir-se, nos limites de nosso tempo, de nosso espaço cultural, numa espécie de reflexo da divina comédia do século. Projeto ambicioso, mas que representa a intencionalidade de todo poema que procura traduzir o quadro objetivo, em função de um pensamento voltado para os signos permanentes da estada do homem no mundo”.
Caetano sabia como poucos que a poesia é a maior mágica da comunicabilidade entre palavras e ideias, entre valores sonoros representativos de amplitudes emotivas que transcendem as possibilidades dos meios de transverbalização, como também sabia que a poesia é a mais autêntica orgia do homem, e que está na razão de sua emoção exaltante, mesmo sendo transitório, como o sonho de uma doutrina, e uma criação divina.
Foi por isso que Deus quis que Manoel Caetano viesse ao mundo no galope dessa “Humana Promessa”, para que ele cumprisse com dignidade e competência o roteiro de sua “Viagem Humana”.
* Fernando Braga, in jornal “O Estado do Maranhão’, São Luís, 14/12/08, originais in “Conversas Vadias”, antologia de textos do autor.
São Paulo é o primeiro Estado brasileiro a construir e homologar o novo currículo para o ensino médio, documento determinado pela lei de reforma do ensino médio, sancionada em 2017. O currículo foi aprovado dia 29 de julho, por votação unânime, pelo Conselho Estadual da Educação de São Paulo. A homologação foi anunciada, nesta segunda-feira (3) pelo governador João Doria durante entrevista coletiva.
Segundo Doria, o objetivo é criar uma escola que dialogue com a realidade atual da juventude. “E que se adapte às necessidades dos estudantes e os prepare para viver em sociedade e enfrentar os desafios de um mercado de trabalho dinâmico. Essa é a proposta do novo ensino médio de São Paulo”, disse.
O currículo está alinhado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do ensino médio, homologada pelo atual secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, quando ocupou o cargo de ministro da Educação, em dezembro de 2018. Durante a coletiva, Rosseli disse que São Paulo sempre foi referência quando se fala em construção curricular e vai servir de grande exemplo. “Nosso bônus demográfico acaba agora, entre o final do ano de 2022 para 2023. Começamos a virar a chave e teremos menos jovens. Por isso, formá-los cada vez melhor será ainda mais importante para o nosso país”, disse o secretário.
O novo currículo terá 12 opções de cursos, chamados de itinerários formativos e permitirá aos alunos escolher as disciplinas com as que mais se identifiquem. A previsão é que o currículo seja implementado progressivamente aos alunos da 1ª série do ensino médio em 2021. Em 2022, para os estudantes da 2ª série, e para a 3ª série, em 2023.
Rossieli disse que, se não houver uma das opções perto da casa do estudante, ele poderá fazer uma parte em outra escola. “Estamos falando de um leque de opções, onde as escolas poderão trabalhar. Estamos trabalhando em modelo em que o jovem poderá fazer parte em uma escola e parte em outra. Mas a criação dos itinerários é para atender a esse tipo de demanda. Existem itinerários que são previstos como unificados. Isso vai depender do projeto de cada uma das escolas”, explicou.
O processo de construção do currículo foi iniciado em 2019 com uma pesquisa entre 140 mil estudantes e 70 mil profissionais da rede. Também foi debatido em seminários e por meio de consulta pública. “Somente no período da pandemia, tivemos seis seminários, com 70 mil profissionais da rede participando, e uma consulta com 397 mil contribuições, ou seja, um documento construído coletivamente com muitas críticas e sugestões”, enfatizou o secretário.
Novo currículo dá autonomia
O currículo do ensino médio paulista está estruturado em 3.150 horas, distribuídas em um período de três anos. Do montante total da carga horária, 1.800 horas são destinadas à formação básica, e o restante, 1.350 horas, é referente aos itinerários formativos. Esses itinerários terão mais do que a carga mínima prevista na legislação, que é de 3 mil horas.
Na formação geral básica, os estudantes terão os componentes curriculares divididos em áreas de conhecimento como linguagens e suas tecnologias (língua portuguesa, artes, educação física e língua estrangeira); matemática; ciências humanas e sociais aplicadas (história, geografia, filosofia e sociologia); e ciências da natureza e suas tecnologias (biologia, química e física).
Na carga horária referente aos itinerários formativos, o estudante precisa escolher uma ou duas áreas de conhecimento da formação geral para aprofundar seus estudos, ou ainda, a formação técnica e profissional para se especializar.
Os componentes do programa Inova Educação também farão parte dos itinerários formativos, com as disciplinas eletivas (educação financeira, teatro, empreendedorismo), projeto de vida (aulas que ajudam o estudante na gestão do próprio tempo, na organização pessoal, no compromisso com a comunidade) e tecnologia e inovação (mídias digitais, robótica e programação).
“Incluímos algo que é inovador e fundamental para o nosso país. Precisamos, desde o ensino médio, incentivar mentes para serem professores para a transformação do país. Precisamos atrair talentos, teremos itinerário formativo para incentivar também a formação de professores”, destacou Rosseli.
Formação de professores
Durante a coletiva, foi apresentada a nova coordenadora da Escola de Formação de Professores de São Paulo, Raquel Teixeira, que foi deputada federal e secretária de Educação de Goiás. Raquel enfatizou a importância dos professores. “Se havia alguma dúvida da importância do papel dos professores, essa pandemia escancarou a essencialidade desses profissionais. Assumir a escola de formação de professores num momento de profundas mudanças, é uma tarefa que assumo com enorme entusiasmo”.
Raquel disse ainda sobre o desafio de treinar os professores para tantas novidades, no meio de uma pandemia: “Formação é a essência de estarmos preparados para os novos desafios. A reforma do ensino médio começa no ano que vem, por algumas escolas de forma gradual. Com o retorno presencial, poderemos avaliar o que alunos aprenderam, ou não, com ensino remoto e daremos maior apoio ao professor para o reforço e reconquista das aprendizagens perdidas”.
A professora, que é formada em letras, mestre pela Universidade de Brasília (UnB) e doutora em linguística pela Universidade da Califórnia, Estados Unidos, assume a Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação Paulo Renato Costa Souza (Efape) de São Paulo.
Mesmo com a autorização da prefeitura e da Justiça para o retorno às aulas presenciais nas escolas particulares, para estudantes dos 4º, 5º, 8º e 9º anos do ensino fundamental, os estabelecimentos de ensino não reabriram hoje (3).
O Sindicato dos Estabelecimentos de Educação Básica do Município do Rio de Janeiro (Sinepe) informou que, no levantamento feito pela manhã com as escolas afiliadas, não foi constatado o retorno às atividades presenciais em nenhuma delas.
As aulas presenciais estão suspensas desde março, por causa da pandemia de covid-19, e a rede particular manteve as atividades de forma remota, com aulas “on-line”. O Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (Sinpro-Rio) informou que a categoria está em greve, confirmada em assembleia no sábado. A entidade disse, ainda, que teve notícia de apenas uma escola retornando com os alunos de forma presencial, na Freguesia de Jacarepaguá.
Ontem, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e a Defensoria Pública entraram com uma Ação Civil Pública na Justiça para impedir a reabertura das escolas particulares na capital, com pedido de tutela antecipada. Mas o pedido e o recurso foram negados no plantão judiciário.
A Prefeitura do Rio de Janeiro autorizou, no dia 20 de julho, o retorno às atividades presenciais nas escolas privadas a partir de hoje, dando aval quanto à Vigilância Sanitária para o retorno voluntário dos estabelecimentos.
Data indefinida
No entanto, o governo do Estado afirmou que cabe à Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) a decisão sobre o retorno das aulas nas escolas particulares, e que ainda não definiu data para o retorno das aulas.
As medidas restritivas em vigência no Estado para evitar a propagação do novo coronavírus valem até, pelo menos, 5 de agosto, incluindo a suspensão das aulas presenciais das redes de ensino estadual, municipal e privada.
Segundo a Seeduc, o protocolo de retorno às aulas terá duração de 15 dias e será iniciado assim que a Secretaria de Saúde informar que há condições de voltar.
A Justiça negou pedido de tutela antecipada feita pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) para impedir a reabertura das escolas particulares na capital, fechadas desde março por causa da pandemia de covid-19. O órgão entrou com Ação Civil Pública ontem (2), e o pedido de urgência foi negado no plantão judiciário do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), pela juíza Márcia Alves Succi.
Novo recurso apresentado, ontem, pela Defensoria Pública foi negado hoje (3). Na ação, o MP-RJ e a Defensoria pediram a suspensão do decreto municipal que autoriza a reabertura das escolas privadas a partir de 1º de agosto. Segundo o órgão, a decisão da prefeitura traz risco à vida e saúde da coletividade, além de promover desigualdade de acesso à escola.
“A ação destaca estudo publicado pela Fundação Oswaldo Cruz em 20 de julho que considera prematura a abertura das escolas no atual momento da pandemia. Considerando ainda o alto índice de contágio, tal estudo estima que são previstas 3 mil novas mortes no Rio de Janeiro com um possível retorno das aulas em agosto”, afirma o MP-RJ.
Em sua decisão, a juíza Márcia Alves Succi alegou que, na análise preliminar dos autos, não encontrou “prova inequívoca capaz de convencer acerca da verossimilhança das alegações e o risco de dano irreparável ou de difícil reparação” pretendido na ação.
A juíza afirmou que não se trata de matéria recente, visto que o decreto é do dia 22 de julho, e que o Supremo Tribunal Federal já decidiu que as regras de isolamento devem ser definidas pelos Estados e municípios.
“O STF já decidiu que compete aos Estados e municípios definir regras sobre isolamento, pois, as regras constitucionais também visam à racionalidade coletiva de modo que o ente público seja capaz de coordenar as ações que se façam necessárias para o retorno das atividades presenciais sem restrições de funcionamento. E, em sede de plantão, não ficou demonstrada a extrapolação de limites de segurança e cumprimento de regras pelo município”.
Segundo a prefeitura, o aval para a reabertura inclui apenas a parte da Vigilância Sanitária, e cabe aos proprietários dos estabelecimentos a decisão sobre o retorno ou não das aulas presenciais. “Destaca-se que não cabe à prefeitura essa regulação sobre reabertura de escolas particulares nem creches privadas. A posição da Prefeitura do Rio é apenas autorizativa quanto aos protocolos e ao cumprimento deles por parte da Vigilância Sanitária”, destacou o órgão em nota.
Greve
Diante da possibilidade do retorno às aulas presenciais, os professores das escolas particulares decidiram, em assembleia no sábado, manter a greve iniciada no dia 6 de julho. O Sindicato dos Estabelecimentos de Educação Básica do Município do Rio de Janeiro (Sinepe) deve divulgar um balanço ainda hoje sobre quantas escolas reabriram.
Não há data definida para retorno das aulas nas escolas municipais.
Nauro Diniz Machado [São Luís, 2 de agosto de 1935 – São Luís, 28 de novembro de 2015].
É bem difícil ficar-se sem dizer nada diante da beleza estético-formal contida na poemática de Nauro Machado.
Acabo de receber “Percurso de Sombras” [lê-se 2014], que só pelo oferecimento e pela generosidade do poeta, já quebraria por si, qualquer resistência de silêncio... Irresistível provocação sentimental de um irmão de estrada, de sombrios sonhos e de terríveis sombras, a ferir, chagar mesmo minha saudade de tantas lonjuras...
Apressei-me de logo a registrar a chegada de seu livro em minha página no Facebook, sem a surpresa de continuar a ver o poeta ainda em seu barro cru, como se recém-saído de uma olaria de pesadelos... E uterino como sempre em seu estar-se divino, o satânico sobrepõe-se e faz-me publicar “Réquiem para uma Mãe”: “Tudo já entrado em ti, tudo, / enfim estás em ti, / como os pés nos seus sapatos, / dizendo ser a tua morte. / Viúva da eternidade / a se fazer como um sonho / da carne imune ao real. / Dor: arranca a tampa da água / a um náufrago marinheiro, / e o telegrama do fêmur /à volúpia do ovário, / morto ventre de onde eu vim / com meus calos e naufrágios. / Dor: inverte os lábios da água / dando de beber a mãe / pela boca de um cadáver”.
A lavoura do léxico nauromachadiano nos atordoa pela sua precisão e pelo seu fôlego a resistir seu canto-lógico e a dispor-se cartesiano, quando, assim, tira a prova dos “Noves fora”: “Não necessariamente / é igual uma cama / a outra cama, como / uma noite é de outra / feita a mesma noite [...] E até mesmo à soma / que nos subtrai, / nós, humanamente, / somos desiguais”.
E o poeta segue pelos becos e ladeiras de São Luís a soltar balões de eternas infâncias, pelas sombras das noites, balões que se soltam de suas mãos carregadas de trevas e furadas pelos pregos do tempo, até chegar a um dezembro festivo a renascer no peito ferido do poeta, onde se aninham flores no seu esôfago, como se fossem miolos de um pão sagrado que Nauro tivera de engolir um dia, para arrebentar-lhe e lhe arrematar o grito: “Minhas netas da luz, / do meu filho o retrato, / iluminando os olhos / da minha mãe sem pálpebras”.
E sereno continua a ouvir as “Vozes do Natal” que lhe chegam assim: “Cristo do anverso, / em minha costa, / durante séculos / dizendo a Lázaro: / – Vem para fora! / – Vem para fora!...”.
E ainda, no percurso do Advento, clama aos “Milagres Natalinos”: “Porque só tu não me apartas, / boneca da minha mãe, / da infância do meu pai / imputrescível nos anos [...] Todo Natal, como mar, / volta sempre à mesma praia, / enchendo as eternas águas / com o choro dos meus pais...”.
Assim o “Pássaro de Deus” alça voo para o percurso das sombras, como se bebesse o nepente benfazejo para esquecer, não a imagem de Lenora, mas “as cáries da carne na boca dos vocábulos” e ainda com o mesmo ritornelo canto igual ao daquele corvo agourento, pousa nos umbrais do poeta Nauro Machado para ouvi-lo dizer que “há coisas que assustam / sem palavra alguma, / assim como as há, / como nossos cúmplices, / pela indiferença / na boca de um morto” [...] “quebrei-as nas mãos / desse estéril poema / de cisne nenhum, / entre o pão e o vocábulo / as virtudes dos pássaros / de nossa inocência”.
E diante da “Praça de um poeta” onde se materializa sua memória de carne e verbo, há tempos, périplo indesejável entre esse espaço e a “Casa das Tulhas”, solene no seu comum de “Feira da Praia Grande”, Nauro revive o cancro de dolorosos dias a ressuscitar quase apodrecido pelos muitos açoites que o fazem agora justificar-se diante de um vazio que lhe deflora: “Sabendo olhar / na escuridão, / o povo vê / que não sou nada, / e nem serei / até morrer. / E embora diga / o inverso disso, / o povo sabe / que sou igual / ao mais comum / de todos eles... [...] Alguma coisa, / depois de eu morto, / me habitará / vivendo ainda”.
“Naurito” velho de guerra, enfim chegamos naquele estágio em que não mais reconhecemos nossas visões, porque nosso passado não é mais nosso companheiro, parafraseando Mário de Andrade... Aqui estão alguns traços sobre o belo miolo do teu livro, muito bem apanhado graficamente pelas ilustrações do artista Pedro Meyer... Dize-me que Deus haverá de salvar-te, ainda que andes pelo vale das trevas... É belo o salmodiar de David quando se tem coragem, principalmente embalado pela fé que tens... Agradeço-te o alimento espiritual que tanto agradaria a Verlaine ou a Paul Valéry, tenho certeza, porque mesmo na brenha de um “percurso de sombras”, os teus cantos “são enredos de aranhas costurando os verbos...”.
* Fernando Braga, in jornal “O Estado do Maranhão”, 4 de janeiro de 2014, original in “Conversas Vadias”, antologia de textos do autor.
Como parte do projeto de fortalecimento do Democratas no Maranhão, a legenda tem se preparado para conseguir bons resultados nas eleições municipais deste ano. Nesse sábado (1º/8), por exemplo, o DEM-MA lançou, oficialmente, a candidatura à reeleição do prefeito de Pio XII, Carlos do Biné, com Lúcia da Pesca como vice. O evento foi realizado nas dependências da AABB e contou com a presença do presidente estadual da legenda, deputado federal Juscelino Filho (DEM-MA) e do ex-deputado estadual Stênio Rezende.
Em seu discurso, Juscelino Filho destacou a importância da reeleição de Carlos do Biné pelo Democratas. “Com o prefeito Carlos do Biné, tenho certeza de que vamos rumo à vitória para continuar construindo uma nova história no município”, afirmou.
Em busca de mais um mandato como prefeito de Pio XII, Carlos do Biné agradeceu ao apoio da direção estadual do Democratas e garantiu que continuará trabalhando com seriedade. “Temos a seriedade, o compromisso no trabalho e a vontade de fazer muito mais. Não descansaremos para continuar fazendo a diferença por nossa cidade”, disse.
Para o ex-deputado Stênio Rezende, “a soma de nossas forças seguirá rumo a grandes conquistas no município de Pio XII”, analisou.
Eleições 2020
Vale lembrar que as eleições municipais deste ano foram adiadas de outubro para novembro em razão da pandemia provocada pelo novo coronavírus. Dessa forma, foram fixadas as datas de 15 de novembro e 29 de novembro para os dois turnos de votação para eleger prefeitos e vereadores em 5.568 municípios do país.
– “[...] o mundo restará o mesmo sem minha quota de angústia e sem minha parcela de nada”.
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Há quase cinco anos, em 28/11/2015, a Poesia maranhense e universal perdeu um Poeta maranhense e universal. Na madrugada daquele dia, um sábado, Nauro Diniz Machado morreu.
Hoje, Nauro (re)nasce. É dia de seu aniversário de nascimento, havido em São Luís.
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Por mais que digam que poetas não morrem, isso é só... uma liberdade poética.
Poetas morrem, sim, embora possa não morrer a poesia de cada um, poesia que, contrariamente, pode até se tornar mais vívida e vivida.
Nauro Machado havia completado, em 2015, seus exatos 80 anos de nascimento. Se sua poesia era universal, o poeta era provinciano, isto é, gostava de ficar, de permanecer em sua cidade natal, dela só se afastando para raras incursões fora do Estado.
Desde a década de 1970 que conheço Nauro. Conheci-o por intermédio do jornalista e escritor teresinense-caxiense Vítor Gonçalves Neto: eu escrevia, adolescente, uma página literária no jornal “O Pioneiro”, de Caxias, dirigido pelo Vítor (falecido há 30 anos, em 1989).
Em Caxias, Imperatriz e São Luís reencontrei Nauro Machado em momentos fortuitos. Apenas uma vez combinamos um encontro, um almoço, momento que juntos partilhamos em Imperatriz.
Além de alguns livros com dedicatória, tenho e mantenho do Nauro boa imagem como pessoa, agradável e sem “intelectualismos” nas conversas que (man)tivemos, bem-humorado, apesar da gravidade do rosto nas fotos.
Chego a dizer que, pelo menos nos momentos comuns que dividimos, Nauro Machado era um sujeito muito simples. Claro que, aqui e acolá, se a conversa descambava para algo mais, digamos, sofisticado em termos de Literatura, ali estava o literato à altura. Sua obra, então, nem se fala: mentes mais competentes dela já falaram e vêm falando, analisando, avaliando... com as melhores notas.
Se Nauro era ou parecia ser um sujeito comum, sua obra, não.
Nauro, filho de "seu" Torquato e dona Maria de Lourdes, marido de Arlete (escritora de ótimas obras), homem versado nas Artes e na Filosofia, partiu há quase cinco anos para o desvelamento do mistério pós-morte.
Em verso não metrificado, Nauro media-se a si mesmo, ao dizer que estava ocupando...
... “o espaço que não é meu, mas do universo”,...
...”espaço do tamanho do meu corpo aqui, enchendo inúteis quilos de um metro e setenta e dois centímetros [...]”.
Nesse poema “do ofício”, Nauro menciona aqueles que o...
...”mandam pro inferno, se inferno houvesse pior que este inumano existir burocrático”.
Também ouve ou identifica “o escárnio da minha província” e vaticina (pois que é um vate...) que...
... “o mundo restará o mesmo sem minha quota de angústia e sem minha parcela de nada”.
Liberdades poéticas e sensibilidades literárias à parte, claro que Nauro Machado era, com Ferreira Gullar e José Salgado Maranhão, a grande referência maranhense contemporânea além-Maranhão na difícil arte da grande “ars poética”.
Claro que seu espaço ia além, muito além, dos automedidos 172 centímetros.
Claro que o inferno não é uma escolha nem lugar para onde se mande, se ele existir – como o verso nauriano se permitiu duvidar.
Claro que não há escárnio – só ex-carne.
É claro que o mundo e a Vida continuarão sem Nauro – pois é do mundo e da Vida continuarem, ainda que sem um ser que sabia observá-los,...
...sabia absorvê-los...
... e sabia (re)pintá-los com originais pinceladas de letras.