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A Escola Sesc de Ensino Médio está lançando um programa gratuito de acompanhamento educacional virtual, com prioridade para estudantes da rede pública de ensino. Trata-se do Programa de Tutoria Educacional à Distância (PTED), que prevê atender mais de 800 alunos de todos os Estados, com foco nos estudantes da rede pública e de menor renda familiar, aproveitando a experiência adquirida nesse período de aulas remotas, devido à pandemia do novo coronavírus. As inscrições para o PTED começarão no dia 18 de agosto e serão feitas digitalmente, no “site” da Escola Sesc do Ensino Médio.

Durante três anos, os participantes do PTED terão apoio nas disciplinas curriculares, por meio de videoaulas e outras estratégias de aprendizagem disponibilizadas em uma plataforma digital completa e com acompanhamento direto de educadores experientes. Além do suporte acadêmico, os jovens terão à sua disposição o acompanhamento tutorial com profissionais especializados, acesso a atividades culturais, apoio específico voltado ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), palestras motivacionais, educacionais e de orientação de carreira. Todos os serviços serão gratuitos, informou, neste domingo (26), a assessoria de imprensa do Sesc.

Rompendo fronteira

O diretor da Escola Sesc, Luiz Fernando Barros, destacou que, com o PTED, a excelência educacional da instituição vai romper a fronteira do “campus”, instalado no Rio de Janeiro, para aprimorar o ensino de jovens regularmente matriculados em diferentes colégios em todo o país. Barros reforçou que uma das missões da escola é o compromisso social com o futuro dos jovens do Brasil. “A pandemia nos ajudou a perceber que é possível levar, para além dos nossos muros, esse compromisso. Esse é um programa que busca aprendizagem mediada pela tecnologia, mas a partir de uma educação humanizada e personalizada, para que esses jovens atendidos tenham educadores apaixonados por ensinar à disposição deles, trabalhando juntos para realizar seus sonhos”.

Barros explicou que muitas experiências em educação à distância (EaD), ainda que bem-sucedidas, encontram dificuldade em aderir aos processos de aprendizagem porque têm conteúdo uniformizado. Segundo afirmou, isso não atende à diversidade dos jovens e das suas aspirações. “O PTED não vai incorrer nesses erros, porque vamos humanizar essas relações entre os estudantes e os professores”, disse.

A plataforma de ensino a distância da Escola Sesc também está adaptada para permitir o acesso fácil por meio de “smartphones”. Os métodos de aprendizagem consideram a dificuldade de acesso à “internet” que a maioria dos estudantes da rede pública tem relatado nesse período sem aulas presenciais. Barros afiançou que serão elaboradas mais parcerias e alternativas de modo a tornar a tecnologia uma aliada dos estudantes e não uma barreira para o funcionamento do PTED.

Atendimento

Inaugurada em 2008 e instalada em um “campus” de 131 mil metros quadrados em Jacarepaguá, zona oeste da capital fluminense, a Escola Sesc de Ensino Médio atende a cerca de 500 jovens, que têm a oportunidade de convívio com a diversidade cultural brasileira por meio de espaços de experimentação, pesquisa e produção do conhecimento, além de promoção do desenvolvimento humano.

A instituição recebe estudantes por meio de dois modelos: no regime residencial, são atendidos alunos oriundos de todos os Estados brasileiros; já o regime externo recebe adolescentes do próprio Estado do Rio de Janeiro. Os estudantes de ambos os regimes formam, com a equipe de educadores, uma comunidade de aprendizagem cujo objetivo principal é a efetiva transformação de vida desses jovens.

(Fonte: Agência Brasil)

Na proa da canoa, o menino Francisco Uruma olhava para o pai e para o avô, que, em concentração, buscavam o pirarucu nas águas do rio, no Alto Solimões. Era mais do que uma pesca. Da mesma forma, o caminho pela mata para buscar açaí era mais gostoso até que a pequena fruta. O que importavam mesmo eram as histórias ao longo dos caminhos. Uruma, de 40 anos de idade, é cacique da Aldeia Tururucari-Uka, do povo da etnia Omágua-Kambeba. Eles vivem em terra na área rural de Manacapuru (AM) desde 2004. O cacique já tem três netos (que vivem em outra aldeia, a sete horas de barco) e espera ser para eles o que os ancestrais representaram na sua vida. Domingo, o pai, de 82 anos, ainda trabalha e gosta de contar histórias. Até pelos exemplos que teve, o cacique orienta que toda a comunidade mantenha contato permanente com os mais velhos para que as tradições e os saberes não se percam. Neste domingo (26), porém, Dia dos Avós, vai ser mais um dia em que os mais velhos serão ouvidos, mas com distância.

“Como a aldeia é em círculo, conversamos aos gritos, cada um da sua casa”. Todos de máscara. A aldeia tem 60 pessoas. Nas conversas, os mais velhos contam histórias de superação e de lendas que revigoram a raiz da comunidade. Falam, também, que é necessário se proteger e se isolar, caso o vírus contamine alguém. No único caso positivo confirmado, a doença não evoluiu. “Precisamos cuidar dos mais velhos que estão conosco”.

Para Uruma, que também tem curso de “coaching”, é preciso que os mais jovens, também em situações como essa, tenham atenção e respeito cada vez que os mais velhos falam. “Estar com os netos é mostrar união, dedicação, passar conhecimentos vividos e mostrar que ser avô indígena também faz parte da sabedoria milenar”, diz o jovem avô cacique, que é pedagogo e agente de saúde. Em tempos de pandemia, ele organizou o povo para não receber visitantes. Nem mesmo a família. A saudade dos netos é uma parte dolorosa dessa história. A aldeia que recebia grupos de turistas teve que se fechar para se proteger. Assim, nem mesmo os familiares que vivem em outras regiões podem entrar. “A gente se fala por telefone e mensagens”.

Ouvir os idosos

A geógrafa Márcia Kambeba, que é mestre e pesquisadora sobre a identidade de sua etnia, ratifica que os avós na aldeia ocupam espaço destacado. “Quando criança, nós somos orientados a ouvir as narrativas dos nossos avós. Os avós são fundamentais na construção do ser-pessoa. É normal, na aldeia, a gente se reunir ao redor da cadeira de um idoso. Enquanto ele fala, todos têm que ouvir em silêncio. Nós somos treinados a ouvir”, afirma.

Ela lembra que a família a estimulava a visitar casas dos mais velhos para ouvir, a cada dia, uma história diferente. “É preciso prestar atenção em cada detalhe falado. Assim, fui aprendendo sobre o rio, sobre a mata e a espiritualidade. Isso contribui para crescermos num ambiente saudável. Os idosos são o eixo de transmissão dos saberes de um povo”. Como pilar de vida, Márcia destaca que a avó, Assunta, falecida em 2001, foi referência fundamental de vida para ela.

“Deitada em uma rede com fibra de tucum, ela contava sobre as dificuldades que eu iria enfrentar”. E apontou os caminhos. A avó falava de natureza à literatura. Hoje, Márcia, que também é escritora, leva poesia a asilos em grandes cidades. “O lugar do idoso não é no quarto do fundo da casa. Eles são nossos troncos velhos e não podem ser silenciados nem ficar à margem de uma família. Há jovens que não querem mais ouvir narrativas. Isso entristece os mais velhos”.

Transmissão da cultura e saberes

O agricultor Simplício Arcanjo Rodrigues, de 59 anos, um dos fundadores da Coordenação Nacional de Articulação de Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), vive na comunidade de Rio das Rãs, em Bom Jesus da Lapa (BA), onde vivem, pelo menos, 800 famílias e mais de duas mil pessoas. Ele é avô de quatro netos. Todos estão longe: três, a 150km de distância, em outra comunidade na Bahia, e uma caçula em São Paulo. A pandemia adiou os encontros que costumavam ser frequentes nas férias.

Ele entende que um dever de avô é garantir a transmissão da cultura e dos valores de luta do povo dele. Rodrigues reconhece que a invasão de outras influências acaba afastando os jovens mesmo das comunidades centenárias. “O que eu passo para eles é a cultura afro-brasileira, e os valores de respeito à família e a história do povo negro aqui no país. Conhecimento representa empoderamento”. Escravidão, mortes, fugas e preconceito fazem parte das discussões na comunidade.

Ele testemunha uma conquista local que foi direito à terra onde a comunidade vive. A vitória na Justiça, mediante laudo antropológico, completou 14 anos, mesmo havendo registro da presença de quilombolas no local há mais de dois séculos. “Foi muita luta porque havia disputa dessa área por outros grupos”. Essa história é uma das preferidas dos mais jovens. Tanto que ele faz questão de visitar as três escolas da comunidade quilombola para repetir a história do lugar. Por isso, ele se considera um avô também para a comunidade. “Nossos ancestrais morreram na esperança que a gente melhorasse a situação. A história não pode morrer na gente”. E não morre. Há um cemitério nas proximidades da comunidade. E ele considera isso importante para “lembrar de onde viemos”. "Os mortos carregaram os vivos. São nos nossos ancestrais que nós buscamos força e resistência”.

Mesmo com as influências de fora, afinal uma comunidade “não é uma bolha”, Simplício Arcanjo testemunha que tradições são mantidas, como pedir as bênçãos aos mais velhos e as festas religiosas em várias denominações. “Uma das coisas que a gente combinou por aqui é que um deveria respeitar a religião do outro”. São os mais velhos que devem passar isso para os mais jovens. “Aí tanto faz se é neto de sangue ou não”. Simplício sabe que, quando há eventos turísticos na região, que atraem brasileiros e até estrangeiros, os mais jovens conseguem explicar de onde vieram.

Mesmo de longe, a pequena Emanuele, de sete anos, neta de Simplício, diz que tem muito orgulho do que representa o avô para a comunidade. “Ele é um homem batalhador. Ele é muito bom”. A esposa de Simplício, Paulina Souza Rodrigues, de 59, professora de escola da comunidade, sente muito a falta da neta e está angustiada porque sabe que dificilmente terá a visita da neta no fim do ano. “Temos nos falado sempre. Ela diz que está com muita saudade. A neta não desgruda dos avós nas férias. Quando ela vem, não para de brincar. Vai no rio comigo e pede para a gente contar histórias. Agora, está sendo por telefone”. Paulina considera que o papel dos avós está sendo desafiador porque as crianças estão encantadas pelas novidades tecnológicas e nem sempre eles nos escutam.

Quem celebra ter escutado a avó é a professora de português Rosângela do Socorro Ramos, de 52 anos, que nasceu e foi criada na comunidade quilombola de Curiaú, em área rural de Macapá (AP). Hoje, a docente mora na cidade em razão do trabalho, mas ela recorda que foi Maria Jovina Ramos (já falecida), que não pôde estudar, que estimulou que ela fosse fazer faculdade na Universidade Federal do Pará. Na formatura, em 1991, a avó esbanjava orgulho da neta. “Minha avó me mostrou uma visão muito além do tempo dela. Mais do que escolaridade, ela e outras mulheres de minha comunidade fizeram questão de passar para a gente que as mulheres deveriam estudar e ocupar espaço”.

Rosângela é professora em área urbana, mas sempre volta à comunidade. Um dos compromissos é com a Associação das Mulheres Mãe Venina do Quilombo do Curiaú. A missão do grupo é promover discussões com mulheres de várias faixas etárias sobre independência feminina. “Mesmo com tantas influências que os mais jovens recebem de fora, as avós que criaram muitas pessoas na comunidade querem ser ouvidas”. Entre as mensagens, o estímulo ao estudo e ao trabalho para que não fiquem confinadas em uma perspectiva doméstica. “A associação foi criada por inspiração de mulheres como a minha avó”. E de outras mulheres, como a professora Celeste Silva, de 75 anos, 30 netos e 15 bisnetos. “Os dias são difíceis com as novas gerações, mas nós precisamos continuar ensinando o respeito, independentemente de ser família ou não. Aqui na comunidade quilombola, tentamos trazer essas conversas sempre. Nesse momento, ficamos mais distantes por causa do vírus”.

Em grandes cidades

A aposentada Antônia Braz da Silva, de 74 anos, mora na zona leste de São Paulo desde a infância, quando os pais deixaram o distrito de Pedra Tapada, na cidade de Limoeiro (PE), para começar tudo de novo na capital econômica do país. Avó de sete netos e viúva, ela mora sozinha e tem se sentido angustiada e “presa” com a pandemia. A comunicação passou a ser apenas por videoconferência.

“Não sei quando os verei de perto de novo e quando virão aqui (três dos quatro filhos não vivem mais em São Paulo)”. Mesmo acostumada com a distância, ela se sentiu agora mais isolada. Sente falta, por exemplo, da possibilidade da presença e de contar histórias da família. “Quando eles eram menores, faziam mais perguntas e ouviam mais. Hoje, já são adultos e têm menos tempo”. Ficou mais satisfeita no ano passado, quando precisou fazer uma cirurgia, e os netos passaram a perguntar mais sobre ela. Durante a quarentena, vibra com cada ligação que recebe.

Cada ligação também tem um sabor especial para a enfermeira Eleuza Martinelli, em Brasília. Só que, no caso dela, ser avó é uma novidade que surgiu durante a pandemia. “Sempre sonhei em me tornar avó e, em julho de 2019, recebi a notícia de que este sonho iria se realizar. Tudo muito escolhido e preparado para recebermos a Rafaela. Minha primeira neta”. A menina nasceu em Goiânia (GO), em 26 de fevereiro, data em que foi registrado o primeiro caso de covid-19 no país.

“Não imaginávamos que a doença iria trazer tantos transtornos e mudar muito nossos planos. A alegria era muito grande. Uma mistura de sentimentos de avó e de mãe que é indescritível. Porém a pandemia mudou nossos planos e achamos melhor nos distanciar”. A partir daí, as conversas, orientações e carinhos tornaram-se virtuais, mesmo que tão reais. “Trocas de mensagens e chamadas de vídeos viraram rotinas. Neste domingo (26), ela faz 5 meses e está cada dia mais esperta”. Não era de longe como Eleuza e o marido, Jaime, esperavam passar o dia dos avós, mas...“Falo todos os dias com minha filha Mariana, recebemos vídeos e fotos de cada novidade. Sempre reinventando uma nova forma de compensar o contato físico. Aprendemos uma nova maneira de amar que transcende todas as barreiras que a pandemia trouxe”.

A comerciante Graça Carvalho, de 61 anos, avó de três netos, mora em Parnamirim (RN), na Grande Natal, e optou por ficar longe para se proteger e também à mãe dela, Maria, de 95 anos. Está passando um tempo na casa da família, em Santana do Matos, a 200km da capital potiguar. Graça foi avó pela terceira vez durante a pandemia. Ana Letícia completou um mês de vida. “O que a gente deseja para os netos é amor, proteção. Neste momento, a forma de fazer isso é todo mundo se cuidar ficando longe”.

O cuidado com os idosos

Avós têm razão em estar em alerta e serem cuidadosos, mas a contaminação não significa uma sentença de morte, segundo o médico Thiago Rodrigues, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, no Distrito Federal. Ele testemunha que a possibilidade da infecção tem elevado a tensão entre os mais velhos, mas é necessário, sobretudo, fazer a prevenção adequada. “Nesse momento, guardar distanciamento é importante. Os idosos são elos mais fracos e vulneráveis. Neste Dia dos Avós, a celebração tem que ser com distanciamento dos mais jovens”. O médico explica que o organismo dos idosos é mais suscetível principalmente por causa da pneumonia que o vírus pode provocar.

“A pneumonia viral acaba inflamando o nosso pulmão e diminui a capacidade de oxigenação do nosso sangue. Nos idosos, pelo processo de envelhecimento natural, eles estão mais vulneráveis às doenças crônicas que afetam o organismo de forma sistêmica. Quem tem alguma comorbidade acaba tendo uma descompensação das doenças que já possuía”, explica. Além da preocupação com o distanciamento, o médico indica que é necessária também atenção com o estado emocional dos mais velhos. “O distanciamento físico não deve significar isolamento de carinho. Um reflexo positivo desse momento tem sido uma preocupação das pessoas se conectarem mais. Uma condição de muitos idosos em momento de não pandemia já era o de isolamento e eram colocados à margem. Neste momento, os jovens também estão experimentando isso e percebem também que existe solidão. Uma ligação nesse Dia dos Avós é um gesto importante nesse contexto. Após a pandemia, imagino que pode haver um renascimento do desejo de abraçar e de estar mais perto dos idosos”.

No outro lado desse abraço, pode estar a criança. Presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade de Pediatria de São Paulo, o médico Marco Aurélio Sáfadi, explica que as complicações com crianças e bebês são muito raras. “Não quer dizer que não exista risco. A maioria das crianças que tem a doença passa de uma forma tranquila. Temos dúvidas sobre o papel das crianças na transmissão do vírus. Dados preliminares indicam que os principais transmissores são adultos jovens. Mas é necessária muita cautela e especial cuidado em caso de convivência entre crianças e avós”. O médico recomenda que as crianças, de todas as idades, devem utilizar máscara para proteção dos mais velhos. No aspecto emocional, ele considera que, em uma situação de pós-pandemia, os mais novos terão condições de se readaptar à realidade. “Elas têm uma capacidade de superar o que ocorreu. Mas devemos considerar os contextos sociais de muitas famílias em situação de precariedade”.

A psicóloga Daniela Taborianski Lima, que atua em Bauru (SP), concorda que as crianças têm uma compreensão maior e capacidade de readaptação que os adultos desconhecem. Mesmo diante da distância dos avós, há um lugar reconhecido pelos menores. “Os avós trazem um modelo de amorosidade, que representa segurança. Tanto é assim que, em momentos de dificuldade e dor, costumamos recordar da experiência com eles e elas”. A psicóloga recomenda que os adultos devam conversar abertamente sobre a situação com os menores, explicando que essa situação é temporária e que, por isso, se deu o isolamento. Da mesma forma, ela salienta que, tanto para crianças como para os idosos, momentos como esse podem requerer acompanhamento profissional de forma que as pessoas sejam cuidadas emocionalmente. Inclusive, Daniela Lima experimenta aos 40 anos a experiência de ser avó. “Está sendo uma experiência enriquecedora e amorosa com minha pequena Alice, de dois anos”.

“Amorosidade também é ensinado”

Seja nas comunidades centenárias, em área rural, sob o movimento da natureza, ou apreendido nas correrias das vidas urbanas, chamar vó e vô costuma aliviar o dia. “Amorosidade também é ensinado”, explica a psicóloga. Amor para ensinar a pescar, lutar e traduzir os “mistérios da vida”. Por enquanto, de longe. “Em breve vamos nos encontrar em um novo normal. A vida vai seguir e em cada etapa vamos reinventar uma forma de viver intensamente esse amor que até então eu desconhecia”, diz a avó Eleuza Martinelle, em Brasília. “Eu não sei se tenho tanto a ensinar. Mas sei falar do passado”, como diz o avô Simplício Rodrigues, em comunidade quilombola na Bahia. Avós são feitos desse saber vivo, de uma saudade em andamento, e desse lugar-amor multiplicado.

(Fonte: Agência Brasil)

O trovão cala
a chuva fala
e me entala                                                                                                                                                      o coração.

O som é forte
tom de morte
mas com sorte                                                                                                                                                     e oração

não morro não.

* EDMILSON SANCHES

2

Filha de Serrano. Nasceu, cresceu, saiu, estudou, formou-se, venceu, voltou e quer compartilhar, com a sua gente, um pouco do que aprendeu na vida familiar (pais e irmãos) e na vida profissional (professora, educadora e administradora de instituições de ensino). Ela representa humildade, sensibilidade, bom caráter, lealdade, responsabilidade e, acima de tudo, há o senso de querer o bem pra si e para seus irmãos de Serrano.

Esse desejo de ser gestora municipal de Serrano não surgiu por acaso nem por vaidade e, sim, por necessidade. Necessidade de corrigir o que está errado. Garantir a quem mais precisa – a população serranense – o básico na Saúde, na Educação, ou seja, o bem-estar das pessoas. Oferecer ao povo de Serrano acesso ao que é obrigação dos gestores realizarem. Dar aos seus conterrâneos tranquilidade, coisa que não tem acontecido nesse município maranhense.

“Observando o sofrimento dos meus irmãos é que nasceu o nosso desejo de fazer alguma coisa pela nossa terra e pela nossa gente. Por tudo que passei, aprendi e vejo, sei que é possível se fazer muita coisa. Nós sabemos e conhecemos as pessoas que podem nos ajudar a mudar e melhorar a vida dos nossos irmãos”, comenta a Professora Marileide.

“Quem me conhece e conhece a minha história sabe que não quero a prefeitura para tirar recursos, enriquecer. Queremos porque temos certeza de que, juntos, poderemos fazer um grande trabalho, principalmente para as pessoas mais necessitadas, excluídas. Temos andado pelo nosso município e constatado que as necessidades são muito maiores do que a gente imaginava. O nosso povo precisa e merece uma oportunidade de ter uma gestora que conhece a realidade do nosso município, que sabe e quer fazer. O povo da minha terra vai ter essa oportunidade. Só depende, agora, de se querer mudar ou continuar sofrendo”, acrescentou a Professora Marileide.

(Fonte: Blog do Paulinho Castro)

Neste domingo, quero lembrar os CACÓFATOS e os CLICHÊS.

Dicas gramaticais
CACOFONIA fere os ouvidos e o bom gosto. Conheça alguns exemplos:

1 – “Como ela, a coordenadora da campanha...”

2 – “Tijuca ganha mais uma”.

3 – “O atletismo é o esporte que havia dado mais medalhas para o Brasil”.

4 – “Na vez passada, foi diferente”.

5 – “Deu um beijo na boca dela”.

6 – “Este detalhamento será executado por cada um dos setores”.

7 – “Isso ocorreu por razões desconhecidas”.

8 – “Hoje, foi dia de ensaio geral”.

9 – “Com o fim do ‘pool’ das companhias de ônibus...”

10 – “Flávio pediu a bola, e Cafu deu”.

Problemas fonéticos diferentes (não são cacófatos) que também ferem os ouvidos:

11 – “O consumidor denuncia, e o Procon confirma”.

12 – “Polícia desarma mais uma bomba...”

13 – “Uma máquina vai testar a resistência dos móveis...”

14 – “Restos da bomba foram levados para a perícia no Paraná”.

15 – “A equipe apresenta-se muito bem preparada tanto fisicamente como tecnicamente”.

CLICHÊS são expressões batidas e repetitivas que empobrecem o estilo. Evite.

Exemplos:
1 – O agente da lei teve que invadir a aeronave.

2 – Ao apagar das luzes, o Sampaio conseguiu dar a volta por cima e, finalmente, fez as pazes com a vitória.

3 – O chefe do Executivo respondeu em alto e bom som.

4 – Via de regra, esse tipo de notícia estoura como uma bomba no Congresso Nacional.

5 – É preciso aparar as arestas e chegar a um denominador comum.

6 – Foi dar o último adeus ao amigo, e foi obrigado a dizer cobras e lagartos para o administrador do cemitério.

7 – Sua explicação deixou a desejar.

8 – Nada vai empanar o brilho da sua conquista.

9 – Sua contratação veio preencher uma lacuna.

10 – Vamos encerrar com chave de ouro.

11 – O atacante estava completamente impedido.

12 – O todo-poderoso Flamengo perdeu para um desconhecido clube da terceira divisão.

13 – A festa não tem hora para acabar, mas amanhã o carioca volta à dura realidade.

14 – São imagens impressionantes que nos deixam uma lição de vida.

15 – Mas nem só de “shows” vive a cantora.

16 – Muitos finalmente poderão realizar o sonho da casa própria.

17 – Resta saber se o governo vai pôr a ideia em prática.

18 – Bandidos fortemente armados invadiram o banco e transformaram o saguão numa verdadeira praça de guerra.

19 – E o cidadão tupiniquim continua sua via-crucis.

20 – A fúria da natureza deixou um rastro de destruição.

21 – As ruas viraram verdadeiros rios, e o barco era o único meio de transporte.

22 – O artista foi recepcionado por um batalhão de repórteres e cinegrafistas.

23 – A ousadia dos traficantes não tem limites.

24 – Para você ter uma ideia, eram 20 quilos de cocaína pura.

25 – Cinco times ainda lutam para fugir do fantasma do rebaixamento.

Teste da semana:
Assinale a opção que completa, corretamente, a frase abaixo:
“Sei que entre ___________ e ___________ sempre __________ certos desentendimentos, mas, agora, você se __________ porque o diretor ameaçou despedir todos os funcionários que discutam aqui dentro”.
(a) mim / você / houve / previna;
(b) eu / você / houve / previna;
(c) eu / ti / houve / precavenhas;
(d) mim / ti / houve / precavenhas;
(e) mim / si / houveram / precavenha.

Resposta do teste: Letra (a).
“Eu” é pronome pessoal do caso reto. Deve ser usado na função de sujeito. A presença da preposição “entre” e o fato de ser um complemento exige o uso de um pronome pessoal oblíquo tônico (= mim), por isso o correto é “entre mim e você”. O verbo HAVER, no sentido de “existir”, é impessoal: não tem sujeito e só deve ser usado no singular. O verbo PRECAVER-SE é defectivo. Nos tempos do presente só apresenta a 1ª pessoa e a 2ª pessoa do plural: nós nos precavemos e vós vos precaveis. Isso significa que as formas “precavenha” e “precavenhas” não existem. Devemos substituí-lo pelo verbo PREVENIR.

3

Lá fora o mundo me esperava,
com suas mandíbulas pesadas,
abertas e retesadas, querendo mastigar-me;

a guerra era santa e as lanças afiadas,
os dias eram longos, e as noites eram tardas;

o céu imenso, o frio intenso;
e a Universidade era invadida por botas e cavalos;

havia gênios de lâmpadas e dragões alados;

Kafka era encontrado a perambular
pela esplanada,
e teorias e conceitos varavam as madrugadas,
e poemas renasciam em noites enluaradas,
auroras e crepúsculos, planaltos e alvoradas;

voltar não é preciso, navegar é preciso,
por mares nunca dantes navegados.

* Fernando Braga, in “Poemas do tempo comum”, São Luís, 2009.

O deputado federal Juscelino Filho (DEM-MA) solicitou ao Ministério do Desenvolvimento Regional que solucione as pendências burocráticas que têm prejudicado mais de 3.200 famílias maranhenses, referentes a conjuntos habitacionais financiados pelo Programa Minha Casa, Minha Vida em Imperatriz e em São Luís. O parlamentar, que acompanhou o ministro Rogério Marinho durante sua agenda oficial, na Região Tocantina, nessa sexta-feira (24), pediu “atenção especial” por parte do governo federal para resolver os problemas dos residenciais e beneficiar as famílias que necessitam de uma moradia digna.

Em Imperatriz, os transtornos burocráticos ocorrem no Residencial Canto da Serra, onde as obras estão atrasadas. “No encontro com o ministro Rogério Marinho, pedi atenção especial para que possamos resolver as pendências de dois residenciais. Um deles é o Residencial Canto da Serra em Imperatriz, no qual 3 mil famílias já deveriam estar morando. Por erros no projeto de drenagem, as obras atrasaram, mas o ministério tem aportado recursos e buscado soluções. O ministro e eu vamos acompanhar isso de perto”, afirmou o deputado.

No caso do Residencial José Chagas, no Bairro São Francisco, em São Luís, a burocracia é de outra natureza. O empreendimento está pronto para receber 248 famílias beneficiadas, mas falta apenas o habite-se. A pendência motivou a reunião dos deputados Juscelino Filho e Neto Evangelista com representantes da Caixa Econômica Federal na última quinta-feira (23).

“Essas pessoas estão vivendo em palafitas, em situação de risco, e precisam se mudar urgentemente. Por isso, atendendo a um pedido meu e do deputado estadual Neto Evangelista, o ministro Rogério Marinho se comprometeu a liberar as unidades enquanto a solução do habite-se corre em paralelo. Acredito que, na próxima semana, essas famílias já estarão ocupando os imóveis”, explicou Juscelino Filho.

Sobre as dificuldades burocráticas apresentadas por Juscelino Filho sobre os residenciais de Imperatriz e de São Luís, o ministro Rogério Marinho mostrou-se bastante otimista. “Temos todo o interesse para que essa situação burocrática seja rapidamente resolvida. Em relação a Imperatriz, queremos o quanto antes dar a ordem de continuidade dos serviços e, sobre São Luís, acredito que, até sexta-feira da próxima semana (31), o Residencial José Chagas possa estar recebendo as famílias e resolvendo esse problema”, disse Marinho.

Agenda em Imperatriz

Nessa sexta-feira (24), o deputado Juscelino Filho esteve em Imperatriz onde acompanhou o ministro de Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, na vistoria de obras da prefeitura em parceria com o governo federal e na solenidade da assinatura de ordem de serviço para o asfaltamento de mais de 11km de asfalto na cidade.

O deputado anunciou, ainda, que está destinando recursos para a pavimentação de mais vias urbanas do município. Vale lembrar que, recentemente, Juscelino Filho assegurou recursos na ordem de R$ 4 milhões – que já estão empenhados – para a execução da obra de criação de um anel viário em Imperatriz de grande importância para desafogar o trânsito na cidade interligando a Avenida Pedro Neiva à BR-010.

(Fonte: Assessoria de comunicação)

Houve um tempo em que a música era para ser ouvida com a consciência.

Consciência do outro. Do sofrimento do outro.

Fraternidade. Solidariedade. Irmandade.

Foi no dia 13 de julho de 1985 que ídolos do "rock and roll" tocaram para os estômagos famintos da Etiópia (África).

Fome que dura até hoje.

Com um “show” simultâneo em Londres (Reino Unido) e na Filadélfia (Estados Unidos) e também na Austrália e no Japão, o show “Live Aid” (um feliz duplo sentido: “ajuda ao vivo”) atingiu, pelo menos, cem países e cerca de 2 bilhões de pessoas.

Entre os participantes, cantores, músicos e bandas de minha adolescência e de todas as épocas: The Who, Status Quo, Dire Straits, Led Zeppelin, Queen, David Bowie, BB King, Mick Jagger, Sting, Scorpions, U2, Paul McCartney, Phil Collins, Eric Clapton, Black Sabbath, Tina Turner, Santana, The Pretenders, Bob Dylan, Lionel Ritchie...

E lembrando esses nomes, recordo-me dos muitos mais que eu ouvia nos idos anos 1970/1980: AC/DC, Bread, ELO (Electric Light Orchestra), Black Oak Arkansas (Carvalho Negro do Arkansas), Uriah Heep, o sinfônico rock do YES / Genesis / Rick Wakeman, ELP (Emerson Lake Palmer), UFO, Pink Floyd, Kraftwerk, Yanni, Jean Michel Jarre, Kitaro, Giorgio Moroder, Joahann Timman, Beatles, KC and the Sunshine Band, Jeff Beck (e outros “monstros” da guitarra: Eric Clapton, Lou Van Eaton, Santana...), Voyage, Vangelis, The Vamps, Stevie Wonder, Janis Joplin, Nazareth...

E ainda Chicago, Bruce Springsteen, Carpenters, Barrabas, Automat, Aretha Franklin, Anthony Philips, Andreas Vollenweider, Alice Cooper, The Peppers, Isaac Hayes, Iron Maiden, Passport, Alan Parson's Project, Gary Glitter, Grand Funk Railroad, Harry Nilson, Eurythmics, Simply Red, Frank Sinatra, Men At Work, Ruby Winters, Scorpions, Simon and Garfunkel, Israel Sings, Mercedes Sosa, Willie Nelson, Rush, Rick Wakeman, The Moody Blues, The Monkees, Munich Machine, Ravi Shankar, Marillion, Larry Coryell, Creedence Clearwater Revival, Yazoo, Frank Zappa, Supertramp, The Concept, Commodores, Green on Red, Deep Purple e muito, muito mais...

Claro que havia muita MPB. Do “A” do "Abertura" ao “Z” dos Zés Geraldo e Ramalho. E o “rock” do Terço, da Casa Encantada, Casa das Máquinas, Joelho de Porco, Rita Lee e muito, muito mais...

Esse povo todo não está somente nas lembranças ou na memória. Todos estão em discos LP (vinil) e CD e DVD ou “Blu-ray”, que guardo com zelo e os reescuto em conservado toca-discos e no “player” dos discos digitais.

Como se lê, não faço nenhuma objeção aos CDs / DVDs / “Blu-rays” nem aos núsicos clássicos, do “A” do italiano Albinoni ao “Z” do tcheco Zelenka (coincidência: tanto Albinoni quanto Zelenka eram elogiados por Johann Sebastian Bach).

Clássica, erudita, popular, folclórica, sacra, a música é a trilha sonora da História humana e da história de cada um de nós.

Qual é a sua trilha musical?

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Falando em Música (“rock” é música), não há como não reiterar registros de músicos mais pertos de nós, seja pela espacialidade, seja pela brasilidade/regionalidade. Embora sejam músicos de um modo, digamos, mais brasílico, eles também têm suas referências rockeiras.

São artistas (compositores, instrumentistas, cantores) da música imperatrizense, tocantina, maranhense e nordestina.

Conheço muitos deles e conheço um pouco mais de seus trabalhos, em especial as produções mais antigas, que coleciono. Já escrevi textos sobre alguns desses músicos, compositores e intérpretes, e diversos deles – e suas produções, os discos – foram descritos e documentados na “Enciclopédia de Imperatriz”, que escrevi, lançada no primeiro semestre de 2003, nos ecos dos 150 anos de Imperatriz.

E referindo-me só às obras gravadas que tenho (em DVD, CD, LP, K-7, compacto duplo e simples), estão trabalhos e primeiros discos do Neném Bragança (falecido em 15 de janeiro de 2015) e outras produções “antigas” da “rapaziada”, por exemplo:

Wilson Zara Zara (meu ex-colega de faculdade), Henrique Guimarães (competente; um dia será [re]descoberto...), Clauber Martins, Zeca Tocantins, Washington Brasil,...

...Lourival Tavares (parceiro de composições, uma delas – “Cenas” – gravadas no seu disco “Lobo da Lua”), Luis Carlos Dias (meu apoiador e general de campanha), o (ins)piradíssimo e “fissurado” Chiquinho França (sobre quem escrevi textos e para quem agradeci a espontânea colaboração com belíssimo “blue” que compôs para campanha eleitoral minha),...

...meu colega e amigo Gildomar Marinho, Deive Campos, Lena Garcia, Olívia Heringer, “Canta Imperatriz” (CD), Carlinhos Veloz (a quem entreguei título de “Cidadão de Imperatriz”, por minha indicação e pelo que representa sua música “Imperador Tocantins”, hino não oficial de Imperatriz), Chico Brawn (que leva adiante projeto de formação musical para crianças), Erasmo Dibell, Nani Vieira (Ernanes Vieira), VieiraDK6, Dumar Bosa, Elcias, Franck Seixas, Genésio Tocantins, Itamar Dias Fernandes, Adrianna Dias,...

...Dona Francisca do Lindô e da Mangaba (caxiense como eu; conversava com ela em sua residência no Bairro Santa Inês, de Imperatriz; falecida em 5 de junho de 2017), Zuza e seu sax, Paulo Pirata (ou Paulo Maranhão), Ostérnio, Josean Amaury, Ires, Lídia, Gerson Alves, Ed Millson, Diogo Rodrigues, Ageu Santos, Adriana e suas Adrenalinas, Marcelino, Samya, Cleyton Alves, Alcides, Flor de Maria, Cia. Cristã de Fátima (Cocrifá), Victor Cruz, Lídia,...

...César & Matheus, Suzanna, Jandel & Jordão, Ray & Roger, Plebeu & Nativo, Acássio Reis, Rael & Ricardo, Grupo Celebr'Art, Banda Baetz, Júlio Nascimento, Fruta Mel, Pollyana, Valdenice, Elizeth Gomes, Chirley Camargo, Conexão Explosão, Cristo Melquíades, Luciano Guimarães & Banda, Marcos Villar, Forró Doce Paixão, Furacão Brasil, Galego & Adriano, Benerval Silva, Elissâmya, Elson Santos,...

...Raimundo Soldado, Paulinho dos Teclados, Pedrinho dos Teclados, Sandez, Raimundo Paulino e os Conscientes do Forró, Ray Douglas, Henrique Braga, Paulinho, Arão Filho, Wilson Júnior & Luciano, entre outros.

Documentei exaustivamente quase todos eles na “Enciclopédia de Imperatriz”, que escrevi, lançada em março de 2003.

Não esquecer as obras e outros autores maranhenses como Josias Sobrinho (tenho quase todos seus CDs, com dedicatória e tudo), “Arrebentação da Ilha”, Beto Pereira, Boizinho Barrica, Bumba-boi de Morros, Chico Saldanha, Cláudio Valente e Sérgio Habibe, Coral do Maranhão, Gerude, Hermógenes Som Pop, “Pedra de Cantaria”, Tribo de Jah, Tutuca, Ubiratan Sousa e Souza Neto.

De Minas Gerais, Rubinho do Vale.

De São Paulo, Ângelo Alves.

Do Pará, Wada Paz.

Em Fortaleza (CE), “entrosei-me” com o pessoal da música popular cearense. Gente do naipe de Calé Alencar (abraço, amigo!), Pingo de Fortaleza, Acauã, Edmar Gonçalves (além de músico, excepcional artista plástico/pintor; é primo do Calé Alencar), Augusto Bonequeiro, Lúcia Menezes, Abdoral Jamacaru, Adauto Oliveira, Alcântara, André & Cristina, Bernardo Neto, Cacau, Cego Oliveira, Cleivan Paiva, Jabuti, Manassés, Patativa do Assaré, Ricardo Augusto, Ronaldo Lopes & Banda Oficina, Talis Ribeiro, Tom Canhoto, e outros... (Calé, como está esse povo todo?)

Fiz textos sobre Chiquinho França, Luis Carlos Dias, Zeca Tocantins, Lourival Tavares (que gravou duas músicas minhas e dele)... Também escrevi sobre o Luís Brasília (falecido em 14 de fevereiro de 2011), jornalista e produtor cultural, criador do programa de TV “ArteNativa” (Mirante/Rede Globo), que divulgou ou lançou diversos nomes e obras.

Também ouço e aplaudo excelências musicais como Heury Ferr (violão), Humberto Santos e Junior Schubbert (violino), excepcionais nos instrumentos que tocam com mestria e Maestria.

Em minha terra natal, Caxias, Chico Belezza Beleza, Naum, Roger Maranhão, Jorge Bastiani, Antônio Cruz (falecido este ano), Hilter (violão) e tantos outros são referência e orgulho caxiense, que nem José Salgado Maranhão, letrista de nome e nomeada, residente no Rio de Janeiro (RJ), com suas produções já gravadas por diversas grandes estrelas da MPB.

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Os artistas da música acima são de variada flora, florada e floração. Todos os gêneros de composição. Da MPB ao “gospel”, do compromisso com a raiz que se finca na terra ao pólen que se espalha e se espraia pelos ares, mares, lares e outros lugares de muitos cantares.

* EDMILSON SANCHES

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançou, nesta sexta-feira (24), o guia Busca Ativa Escolar em Crises e Emergência, para apoiar Estados e municípios na garantia do direito à educação de crianças e adolescentes durante a pandemia da covid-19.

Segundo o Unicef, diante da pandemia, as escolas precisaram ser fechadas, deixando cerca de 35 milhões de crianças e jovens longe das salas de aula. Foram criadas opções para a continuidade da aprendizagem em casa, mas nem todos estão conseguindo manter o processo de aprendizagem, principalmente os mais vulneráveis.

Para reverter esse quadro, mesmo enquanto as escolas ainda estão fisicamente fechadas, o Unicef afirma que é preciso ir atrás de cada um dos alunos e tomar as medidas necessárias para que consigam retomar os estudos. Essa é a proposta do Busca Ativa Escolar, estratégia lançada em 2017 e, agora, adaptada para situações de calamidade pública e emergências, como a pandemia da covid-19

O guia visa a ajudar as escolas no seu planejamento de reabertura ou de readequação de ações. Está dividido em três seções, com orientações para potencializar a busca ativa e enfrentar a crise, e orientações para o acolhimento e o cuidado dentro das escolas, divididos por etapa escolar. Além disso, traz conteúdos de referências que podem ser usados pelos municípios.

“Não há como definir uma data única de volta às aulas presenciais no país, que tem de ser decidida de acordo com a situação epidemiológica de cada Estado e município. Mas a preparação das redes escolares para a reabertura de maneira segura deve ser prioridade absoluta em todo o país, assim como a busca ativa de quem não está conseguindo aprender com as escolas fechadas”, disse a representante do Unicef no Brasil, Florence Bauer.

De acordo com o Unicef, o fechamento das escolas criou significativo impacto negativo na aprendizagem, na nutrição, pois muitas crianças dependem da merenda escolar, e na segurança dos jovens, em especial os mais vulneráveis.

Segundo a agência da ONU, mesmo com as opções de atividades para a continuidade das aprendizagens em casa, pelo menos 4,8 milhões de crianças e adolescentes em todo o Brasil não têm acesso à “internet” em casa, “além de outros milhões com acesso precário ou falta de equipamento, não podendo manter o vínculo com a escola durante todo o período de isolamento social”. Esses fatores, somado a questões econômicas, contribuem para a evasão.

“A exclusão escolar afeta os mais vulneráveis. Há 6,4 milhões de meninas e meninos que já estavam com dois ou mais anos de atraso escolar, e correm o risco de não conseguir mais voltar. E há, ainda, mais de 1,7 milhão que já estavam fora da escola antes da pandemia, e estão ficando, cada vez mais, longe dela”, afirmou o chefe de Educação do Unicef no Brasil, Ítalo Dutra.

Reabertura com segurança

De acordo com o Unicef, além de encontrar as crianças que estão fora da escola, ou em risco de abandonar, é fundamental preparar as unidades para receber os estudantes em segurança, diminuindo os riscos de infecção pelo novo coronavírus.

Isso inclui adaptações no ambiente escolar que mantenham estudantes, famílias e profissionais de educação protegidos, como adaptações no transporte escolar, na ventilação das salas de aulas e no acesso à água e saneamento nas escolas, entre outros pontos.

Segundo a agência da ONU, há também que se investir em práticas pedagógicas e apoio psicossocial a educadores e profissionais para a retomada.

“Crianças e adolescentes são as vítimas ocultas da pandemia, sendo quem mais sofre com as consequências da crise em médio e longo prazos. É urgente que os governos priorizem crianças e adolescentes em seus planos de reabertura e invistam nas ações necessárias para a retomada das escolas. O Unicef chama cada Estado e município a agir agora para garantir condições seguras de funcionamento das escolas e a analisar a situação da pandemia para definir o momento seguro de reabrir”, disse Florence Bauer.

O presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz Miguel Martins Garcia, destacou a centralidade da escola na vida do estudante, evidenciada nessa época de pandemia. “Tanto que os municípios de uma maneira geral têm procurado, de alguma forma, chegar até as casas, manter um vínculo, dar orientações às famílias para que continuem a avançar no processo de aprendizagem com a consciência de que aprendemos de uma forma diferente”, disse.

O guia é uma parceria do Unicef com a Undime, o Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde.

(Fonte: Agência Brasil)

Centro Cultural (prédio do século XIX)

Em mensagens escritas no Facebook, os escritores Humberto Barcelos e Tasso Assunção, cada um a seu tempo, manifestam vontade de saber por que tantos brasileiros talentosos e ilustres são filhos da maranhense Caxias.

Gonçalves Dias, autor da “Canção do Exílio”, que tem versos no Hino Nacional brasileiro; fundador do Indianismo na Literatura brasileira.

Teófilo Dias, fundador do Parnasianismo na Literatura brasileira.

Celso Antônio de Menezes, o Modernismo nas Artes Plásticas.

Teixeira Mendes, criador da Bandeira Brasileira, redator da Lei de liberdade de crença e culto no Brasil, inspirador da criação da Fundação Nacional dos Índios, antigamente Serviço de Proteção aos Índios, pioneiro na defesa da existência de leis de proteção à mulher trabalhadora, ao menor trabalhador, aos doentes mentais.

Coelho Netto, três vezes indicado ao Prêmio Nobel, introdutor do cinema seriado no Brasil, eleito Príncipe dos Prosadores Brasileiros, autor da ideia para o Hino Nacional brasileiro ter uma letra, criador da palavra “torcedor” com o sentido de “aquele que torce por uma agremiação esportiva”; responsável pela aceitação da capoeira como esporte digno.

João Christino Cruz, agrônomo, com estudos em diversos países, criador do Ministério da Agricultura e presidente de honra da Sociedade Nacional de Agricultura.

Adérson Ferro, considerado “Glória da Odontologia Brasileira”, pioneiro no uso de anestesia na Odontologia; primeiro brasileiro a escrever e lançar livro técnico sobre odontologia, no século XIX.

Armando Maranhão, considerado “A Pedra Angular do Teatro Paranaense”, que estudou na Europa com diretores de Cinema do porte de Federico Fellini, Michelangelo Antonioni, Roberto Rossellini, Luchino Visconti, Laurence Olivier.

João Mendes de Almeida, advogado, jornalista e escritor, redator da Lei do Ventre Livre, presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, homenageado com busto e nome de praça central em São Paulo (SP).

Sinval Odorico de Moura, magistrado e político, um raro caso de alguém que foi governante de quatro Estados no Brasil.

Andresa Maria de Sousa Ramos, estudada por escritores, sociólogos e antropólogos brasileiros e estrangeiros, é a Mãe Andresa, sacerdotisa de culto afro-brasileiro de renome internacional, última princesa da linhagem direta “fon”, que comandou durante 40 anos a Casa de Mina em São Luís, até morrer em 1954, aos cem anos de idade.

Ubirajara Fidalgo da Silva, o primeiro dramaturgo negro brasileiro, ator, diretor, produtor, bailarino, apresentador de TV e criador do Teatro Profissional do Negro, reconhecido e homenageado nos grandes centros brasileiros como Rio de Janeiro e São Paulo.

Elpídio Pereira, maestro e músico de renome internacional, autor do hino de sua cidade natal, Caxias, estudou e apresentou-se na França e em diversos Estados brasileiros.

João Lopes de Carvalho, pintor e desenhista, que estudou sua arte em Portugal, onde, por seu grande talento, já aos 16 anos, em 1862, foi elogiado por muitos jornais de Lisboa.

Joaquim Antônio Cruz foi médico, militar e político e participou da demarcação de fronteira do Brasil com a Argentina e votou pela lei que terminou por abolir os castigos corporais nas Forças Armadas.

E diversos outros nomes, inclusive do presente.

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Realmente, o que dizer dessa fenomenologia caxiense?

Fiz um pequeno esforço, e escrevi um pouco sobre o tema, depois de alguma pesquisa. Consta do conteúdo de meu livro “TEIXEIRA MENDES – ESSE NOME É UMA BANDEIRA”, de 2011. Veja-se:

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Mirante da Balaiada, no histórico Morro do Alecrim

*É para algo incerto e insabido, é para a certeza e a dúvida, o encontro e a busca, para a ignorância e sabedoria, para desvelos e desvarios, para a superfície e para o subterrâneo, para ocultamentos e revelações, para resmungos e orações, para a ciência e, maravilha!, para a transcendência – é para isso e muito mais que humanos somos feitos.

Um desses seres de busca e iluminação, de aclaramento e revelação, Raimundo Teixeira Mendes, nasceu, sabemos, em Caxias mas para o Brasil. Teixeira Mendes nasceu com a especial impregnação do magnetismo, do telurismo que influenciou ou se agregou ao caráter, à personalidade dos muitos caxienses que nasceram naquele incomum século XIX. Caxienses que, carregados do poder telúrico, emigraram para centros maiores, de onde puderam irradiar suas benfazejas emanações de inteligência e de fibra, de talento e de luta, de questionamentos e soluções.

Deixo um pouco de lado o filho e torno à mãe, a mãe-terra, a terra-mãe – Caxias. Volto a tratar da força telúrica, da energia do solo natal sobre os filhos que nele – ou dele – nascem.

Quem pesquisar haverá de concluir que o século XIX foi prolífico em dar grandes nomes caxienses ao país e ao mundo. Haveria algo de, digamos, especial no solo caxiense daquele tempo, ainda não plastificado pela pavimentação asfáltica que impermeabiliza o chão e vulnera, pelos desvios da corrupção, o caráter de tantos administradores e a prática da Administração Pública neste país?

Haveria, sobretudo naquele excepcional século XIX, haveria no solo caxiense, no seu ar, na água, no ambiente, alguma etérea substância, uma intangível matéria, um invisível elemento ou uma especial propriedade que, por motivoss que a razão desconhece, se introduzisse, se infiltrasse em um ser e nele se impregnasse, hibernasse e homeopaticamente liberasse um poder, uma energia ou uma força que estimulasse a pessoa a esculpir caráter, a ter comportamentos e fazer brotar talentos e trabalhos diferenciados em relação ao comum da população? Enfim, pode a terra em que se nasce ter ou conter algo que influencie positivamente a inteligência e o desempenho de um filho dela?

A resposta parece ser sim. Com certeza, eram outros os tempos e o ambiente (meteorológico e sociocultural) da Caxias em que Teixeira Mendes nasceu e onde viveu seus primeiros anos.

Há quem defenda a influência direta dos fatores geográficos e climáticos na formação de pessoas e sociedades.

Como de entrada aborda o professor maranhense, doutor e autor, Ricardo Leão, em sua monumental obra “Os Atenienses: A Invenção do Cânone Nacional”, “a hipótese de que os costumes, os hábitos, os temperamentos, a cultura e a civilização como um todo eram resultado da influência direta dos climas sobre o psiquismo das pessoas cruzou séculos, através da obra de literatos, filósofos, cientistas (...)”. O estudioso e premiado professor maranhense relaciona autores, transcreve trechos (inclusive nas línguas originais) de respeitados autores, a partir do influente – há 2.400 anos – filósofo grego Aristóteles e seu livro “A Política”.

Segundo Ricardo Leão, outro autor, o francês Jean-Baptiste Dubos, em obra de 1719, “sustenta a tese de que determinados povos [...] dão provas de possuir um melhor gosto, produzem um grande número de artistas, cujas criações são de qualidade superior”. Dubos chega a escrever que “o clima de cada povo é sempre, conforme creio, a principal causa das inclinações e dos costumes dos homens [...]”.

Outro francês que o estudioso Ricardo Leão acolheu, François-Ignace Espiard de la Borde, afirma: “[...] do Gênio de uma Nação, a Causa fundamental é o Clima, com várias outras, subordinadas e consecutivas [...]. O Clima é a mais universal, mais íntima Causa física”. Ricardo Leão analisa também o escritor e filósofo alemão Johann Gottfried von Herder, de cuja obra “Ideias Para Uma Filosofia da História da Humanidade”, dos finais do século XVIII, extrai que: “Cada homem é, portanto, em último resultado, um mundo, que em seus fenômenos externos apresenta semelhanças com aqueles de seu meio [...]”. Herder foi aluno de Kant e nele deve ter observado e dele deve ter absorvido as ideias sobre o telurismo e a influência climática e geográfica no desenvolvimento humano.

Por sua vez, o também professor doutor maranhense Rossini Corrêa, advogado e sociólogo e autor de extensa e variada obra, em seu livro “Atenas Brasileira: A Cultura Maranhense na Civilização Nacional”, refere-se às “clivagens sobreviventes”, espécie de separações ou diferenciações sociais a partir da espacialidade territorial, “que contrapõe o litoral ao sertão”: neste “persistiria o arcaico, o primitivo”; naquele, “o moderno, civilizado”.

Além da força telúrica e da teoria dos climas, há a Teoria dos Grandes Homens, para a qual “o progresso humano ocorre devido aos esforços de indivíduos excepcionais”. A Teoria dos Grandes Homens tem origem na obra do professor, historiador e escritor escocês Thomas Carlyle, que observava e, ao final, afirmava: “Entre as massas indistintas e semelhantes a formigueiros existem homens iluminados e chefes, mortais superiores em poder, coragem e inteligência. A história da humanidade é a biografia desses indivíduos, a vida de seus grandes homens”.

Do outro lado, voltada para as características do tempo e não para a excepcionalidade de um ou mais indivíduos, está a teoria Zeitgeist, para a qual “as realizações humanas refletem ou se desenvolvem a partir do caráter essencial de uma época”. “Zeitgeist” é termo alemão que significa “espírito do tempo” e é tradução para a expressão latina “genius seculi”, o “espírito guardião do século”, diferente do “genius loci”, o espírito que tutela ou toma de conta de um lugar. “Genius Seculi” é o título da obra do filólogo prussiano-alemão Christian Adolph Klotz, do século XVIII, mas o conceito de Zeitgeist tornou-se mais conhecido por meio da obra do filósofo alemão Hegel.

Em apresentação ao livro “A Intelectualidade Maranhense: Fase Contemporânea”, de Clóvis Ramos, o escritor Romildo Teixeira de Azevedo, membro da Academia de Letras de Brasília e presidente do Centro Norte-rio-grandense em Brasília, cita dois caxienses e reconhece: “O Maranhão ostentou, por muito tempo, a fama realmente merecida de ser a ‘Atenas Brasileira’, o que muito honrava seu povo, reconhecido em todo o território nacional, até hoje, como um dos mais sensíveis às belezas do espírito, especialmente no campo da literatura. // De fato, aquela terra intelectualmente fértil proveu o humo necessário ao surgimento do maior poeta brasileiro de todos os tempos, Antônio Gonçalves Dias, assim como do príncipe dos nossos prosadores, o escritor Henrique Maximiano Coelho Netto, ambos originários da pequena Caxias”.

Existem algumas analogias acerca do poder indutor e redentor da terra. Pois, comparam, assim como a planta que nasce traz a partir de suas raízes os elementos essenciais de e para sua vida, assim o ser humano – que é pó – também vem impregnado das essencialidades da (sua) terra. É como a água mineral e a lama medicinal do nosso balneário Veneza, de onde, na infância, eu trazia latinhas cheias para serem usadas contra, sobretudo, problemas de pele, a pedido de vizinhos lá da Rua Bom Pastor, no Porto Grande. Quando brota na Veneza caxiense, a água já traz em si o que lhe é principal, suas características benfazejas à sede e à saúde.

E não poderíamos deixar de mencionar a Bíblia e esse caráter de intimidade, senão unidade, do ser humano e a terra. Afinal, está ali, no Gênesis. Somos terra e somos água. A terra, retirada do Jardim; a água, da umidade do sopro vivificador de Deus. E não nos esqueçamos de que o nome do primeiro homem, Adão, em hebraico significa “barro”. Somos, portanto, água e terra; somos LAMA, somos ALMA. Com Deus, no Éden, éramos lama com alma. Após o pecado original, tornamo-nos alma com lama. E as expressões “Lembra-te, ó homem, que és pó” e “Seja-te a terra leve” relembram-nos, a primeira, de onde divinamente viemos, e, a outra, para onde humanamente retornaremos. A própria palavra “humano” teria origem na palavra latina “humus”, que significa “solo”, “chão”, “terra”, o que, assim, antecipa nossa ancestral e edênica procedência.

Mesmo saindo de Caxias, os caxienses dos Oitocentos não deixaram Caxias sair deles. Um substrato permaneceu. “A emigração vai atingindo as gerações sucessivas, cujos expoentes, entretanto, já saem culturalmente ou emocionalmente formados no Maranhão” – registra no verbete “Maranhão” a “Enciclopédia Mirador Internacional”, de 1995. Da parte de Teixeira Mendes, pelo menos, sua ligação com Caxias era bem visível, bem legível: de modo quase invariável ou muito frequentemente, Teixeira Mendes, após assinar ao final um novo texto ou livro, acrescentava, abaixo de seu nome uma linha de texto contendo as seguintes palavras: “Nascido em Caxias (Maranhão), em 5 de janeiro de 1855”. Que beleza de atitude e demonstração de apreço pela terra natal! Se isso era usual para Teixeira Mendes, não era comum como prática nem nos dois séculos pelos quais passou nem, muito menos neste 3º milênio.

Essas citações e etimologias, as referências religiosas, as teses ou teorias acerca da gênese das personalidades fora do comum é apenas fina moldura para o incompleto retrato que ora tento pintar. Teixeira Mendes é conhecido mais por sua única obra feita em tecido do que por suas centenas de trabalhos postos em papel. É citado mais pela bandeira que ele idealizou do que pelas ideias dele que se transformaram em bandeiras.

A grandeza – dir-se-ia: enormidade – do caxiense Raimundo Teixeira Mendes ainda não foi adequadamente medida, sopesada, avaliada, estudada, em especial por nós mesmos seus conterrâneos. Não fosse a bandeira nacional e as esparsas referências ao seu apostolado positivista e Teixeira Mendes permaneceria na “região glacial do esquecimento”, na expressão do crítico português Camilo Castelo Branco usada para profetizar (ainda bem que não se confirmou...) sobre onde iria parar a obra de outro caxiense, Gonçalves Dias, caso este não tivesse morrido jovem, ou, no dizer camiliano, “se vivesse mais alguns anos”.”

* EDMILSON SANCHES