A 2ª Mostra de Cinema Egípcio Contemporâneo, realizada pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em formato “on-line”, foi prorrogada por mais uma semana, até o dia 30 de agosto.
Cada um dos 24 filmes da programação agora também ficará em cartaz por um período maior. Os títulos poderão ser assistidos em um intervalo de 24 horas, contado a partir das 17h do dia da exibição.
Serão reprisados três filmes dirigidos por mulheres: o documentário “Joana d'Arc Egípcia” (2016), de Iman Kamel, que discute as experiências das mulheres egípcias que derivaram da Primavera Árabe; “Saída para o sol” (2012), estreia da diretora Hala Lotfy, que mostra o cotidiano de duas mulheres que cuidam de um familiar doente; e “Vila 69” (2013), de Ayten Amin, comédia dramática que retrata a vida de Hussein, um arquiteto em estado de saúde terminal, que tem a rotina alterada pela chegada da irmã e do neto.
Também serão reexibidos, em sessões inclusivas, dois filmes: “Fotocópia” (2017), de Tamer Ashry, um dos filmes mais elogiados pelo público da mostra, com audiodescrição, e “O Portão de Partida” (2014), de Karim Hanafy, que aborda temas como a morte e a tristeza e conta com legenda descritiva.
As exibições são gratuitas, e a programação completa está disponível no “site” do evento.
Rainer Maria Rilke um dos escritores mais lidos de língua alemã foi vastamente traduzido no Brasil, tanto em verso como em prosa; nesta, encontra-se “Cartas a um jovem poeta”, endereçadas ao jovem Franz Kappus – aprendiz de poeta –, (a correspondência com a intelectual Lou Andreas-Salomé, um dos seus grandes amores, responsável pela mudança de seu nome de René para Rainer, como as “Cartas sobre Cézanne”, trocadas com a artista plástica Clara Rilke, sua terna esposa). E mais, dentre estas, ainda, Manuel Bandeira como na versão “Torso arcaico de Apolo”, ou de Cecília Meireles para “A canção de amor e de morte – estandarte Cristóvão Rilke”, ou várias versões feitas por Augusto de Campos, como a “Coletânea de vinte poemas de Rilke”, agora em versos.
Apesar dos caminhos tomados por Rainer Maria Rilke, como “o poeta do inefável”, das “legiões dos anjos” para quem se dirige em “Elegias de Duíno”, ou com a pressão do olhar em que descreve a pantera ou a dançarina espanhola em “Novos Poemas”, que tanto encantou João Cabral de Melo Neto... Teve grande penetração no Brasil, chegando a formar uma espécie de “rilkeanismo na geração brasileira de 45”; no Maranhão, em particular, a geração de 60 embebida pelos métodos teóricos e artísticos da de 30, foi, em José Maria Nascimento que essa adjetivação atingiu em cheio, com a temática de “Oferenda aos lares”, frontalmente no contexto de seu livro”‘Silêncio em Família”: “O não ter Natal / e do Natal a alegria tão-somente / de saber-se hoje uma criança, / assim sentada, / a conferir estrelas entre um templo e um sobrado”.
Aqui se vê, claramente, “o aspecto metafísico elaborado com uma visão pessoal da religião nas histórias do Bom Deus; a valorização do aprendizado do olhar sobre a superfície das coisas, teorizada também em “Rodin”, livro que reúne dois ensaios sobre o escultor francês de quem o autor chegou a ser secretário em Paris e a casar-se depois com uma aluna do grande mestre (Clara que lhe deu, mais tarde, uma única filha, Ruth).
Em “O Livro da Peregrinação”, segunda parte de “O Livro das Horas”, que, assim como o “Livro da Vida Monástica”, é denominado pelo pressentimento de um Deus ainda por vir, enfeixa versos de um teor lírico muito grande, e talvez, por isso, inconscientemente, leva o poeta José Maria a apegar-se a uma espécie de judaísmo, talvez levado pela influência onírica de José Erasmo Dias, o judeu dos Apicuns que, assim, como “O Livro da Vida Monástica”, é dominado pelo pressentimento de um Deus ainda por vir, enfeixa versos de um teor lírico muito grande, o qual oferece ao imortal autor de “Páginas de Crítica”: “Noturnos doloridos finos sons / no ar carregado em verde cruz / Vibram melancólicos pistons / à rósea penumbra da meia-luz...” Ou ainda: “Agora o corpo assim frio exposto / (herança de um sonho estagnado) / pouco reflete da beleza no rosto / terno e triste como a canção ao lado...”
Diz Franklin de Oliveira, um dos maiores críticos brasileiros de todos os tempos, que a altíssima poesia de Rilke, uma das mais gloriosas do nosso século, se lhe serviu de instrumento de fixação da hora perplexa na face dos homens; também ele a usou como veículo de penetração no núcleo mais recôndito de tudo que está aquém e além do homem... E José Maria Nascimento começa por saudar o poeta em sua elegia, enfeixada em sua belíssima “Antologia Poética” a merecer lugar de destaque no Cancioneiro Brasileiro, por ser um livro bonito e por conter a beleza da alma do poeta maranhense: “Como se de tudo só a dor lhe resguardasse, / e a solidão costumeira fosse a sua graça; / e todo o coração nas trevas se iluminasse / ao impacto da luz do sol contra a vidraça”.
Sabe-se, contudo, que Rilke, nascido em Praga, a eslava cidade barroca dos mergulhadores do obscuro, dentre eles Franz Kafka, de lá observou a matéria-prima de sua criação lírica, tendo, a meu ver, em Nascimento, um dos seus grandes seguidores, entre nós, em língua portuguesa, vez que o poeta maranhense é um lírico inato até pela sua personalíssima condição de garimpeiro da linguística, a fazer dançar a bateia para apurar os rubis que se liquefazem no vinho e na fermentação de sua própria vida. E continua... “Como se naquela tarde alguma outra lembrança / flutuasse por sobre os móveis encardidos; / e algo retornasse junto aos dias de criança, / despertando alegrias e tormentos dormidos...”
Ao exercitar a poesia, não apenas com angústia e enigmas oníricos, sem o ar de pesadelo que se expande em tudo, mas com um manejo conceitual de originalidade a duelar nas fronteiras da expressão, como prefere Oswaldino Marques, José Maria Nascimento sabe que a poesia não se prende apenas ao pensamento ou às preces de litania, e prossegue a cantar sua elegia ao poeta de “Eu tenho mortos”: “Como se um amigo estivesse sempre ao seu lado, / testemunha das cismas que a madrugada oferta; / e, de súbito o alvorecer ficasse imobilizado / em homenagem à penúltima e sagrada hora incerta”.
Depois do Impressionismo alemão, nenhum outro movimento teve tão grande relevância de consequências estéticas como o Simbolismo, e Rener Maria Rilke só se individualiza com essa nova estética, quando, então, aparece “O livro das imagens...” E Nascimento conclui: “Como se na intimidade de um longo sonho falho, / o corpo revelasse a sua história num momento; / e na aridez dessa existência houvesse orvalho, / cobrindo as folhas e os frutos do pensamento”.
Já que, se Rilke se dizia uma ilha... Nascimento, em “Naufrágio da Ilha”, completa: “O rio Ingaúra está seco, / morreram as lavadeiras”.
Em “Visões”, o lirismo de José Maria Nascimento – o poeta do Ribeirão –, chega ao cume de um soluço que adormece: “Da juventude aquele olhar ficou, / novas paixões edificando sonhos, / tantas moedas se partiram ao meio, / sobraram pedras sobre mágoas cruas”.
Por fim, o poeta de “Harmonia do Conflito” se confessa arrependido, já que não bebe [nunca mais] nem cachaça de Oratório: “... lançou-me contra as ruínas / das mais tristes boêmias; / foi a dose dupla de minha queda /... contida na bilha da vergonha”.
Não tenhas vergonha, poeta, do vinho virgem bebido, porque, voltando um pouco no tempo, o inconvencional Rimbaud, em “Uma Temporada no Inferno”, confessa “sonhos e terras distantes, desejo de solidão e sede e conhecimento, o passado ancestral e a busca pelo desconhecido (...) Dele emerge o homem rebelde e aventureiro, vivendo – como dizia Verlaine “a própria vida inimitável”: “Jadis, si me souviens biens, ma vie était um festin oú s’ouvraiient tous lês coeurs, ou tous les vins coulaient”. (Antes, se lembro bem, minha vida era um festim em que se abriam todos os corações, todos os vinhos corriam).
O epitáfio de Rilke, escrito por ele mesmo, diz: “Rosa, ó pura contradição, alegria, alegria / de ser o sonho de ninguém sob tantas pálpebras”.
O do poeta José Maria Nascimento, a cantar o verso, esse seu estranho amigo, bem que poderia ser este, de aqui a mil anos como diria Baudelaire: “Tigre faminto de termos originais / pantera da minha jovialidade; / ele o solitário verso / banhou-se nas minhas lágrimas / comeu todo o sal do meu batismo”.
Todas as grandes vozes poéticas do nosso tempo, desde T.S. Eliot a Fernando Pessoa, tiveram seus ecos apocalípticos em “Terra Devastada”. Uma espécie de código, de estrondo!
Mas o grito de José Maria Nascimento transcende como se este fosse: “Quem, se eu gritasse, entre os anjos me ouviria?”
* Fernando Braga, in “Caderno Alternativo”, do Jornal “O Estado do Maranhão”, 10, de outubro de 2007; in “Conversas Vadias” [Toda prosa], antologia de textos do autor.
A Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura está com inscrições abertas para o Curso Livre de Preparação do Escritor (Clipe), dessa vez em formato “on-line”, até 7 de setembro, com o objetivo de colaborar com a formação e o aprimoramento de novos escritores. Durante o isolamento social devido à covid-19, toda a programação da instituição está sendo realizada de forma virtual.
A versão “on-line” do curso, que não limita o número de vagas, possibilita o acesso a maior número de participantes espalhados por todas as regiões do país, que gostam de escrever e buscam desenvolver técnicas da escrita criativa nos gêneros conto, crônica e ensaio. A formação é voltada a pessoas com idade a partir dos 18 anos, e o pagamento será apenas no ato da inscrição, no valor de R$ 60.
Ministradas pelos escritores Veronica Stigger, Marcelino Freire e Tiago Novaes, as aulas ficarão disponíveis a partir do dia 8 de setembro em plataforma virtual. Os inscritos têm 21 dias, a contar do primeiro acesso, para entrar nos conteúdos e 30 dias para enviar os textos propostos nos módulos.
Os próprios participantes podem escolher os melhores dias e horários para aproveitar o curso. Serão 12 aulas, sendo quatro de cada gênero – conto, crônica e ensaio –, incluindo propostas de exercícios e indicação de bibliografia para leituras complementares.
De acordo com a organização do curso, o material produzido pelos alunos passará por uma seleção no fim do curso com a possibilidade de publicação no “site” do museu, pelo Centro de Apoio ao Escritor (CAE), e na revista eletrônica “Grafias”, ações da Casa das Rosas voltadas à criação literária e à reflexão sobre o ofício dos escritores.
Criado, em 2013, o Clipe ocorre anualmente. Já teve mais de 6 mil inscritos em sete anos de atividade e acolheu 420 participantes, o que resultou em mais de 100 títulos publicados, muitos deles com prêmios de incentivo para publicação.
A Casa das Rosas faz parte da Rede de Museus-Casas Literários da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do governo do Estado de São Paulo, gerenciada pela Poiesis.
Em tempos de pandemia do novo coronavírus, a 15ª edição da Mostra de Cinema de Ouro Preto (15ª CineOP) será realizada este ano em formato virtual. O evento, gratuito, ocorre de 3 a 7 de setembro. Desde sua criação, em 2006, na cidade mineira de Ouro Preto, o festival se destaca dos demais por se dedicar à preservação do audiovisual e a tratar o cinema como patrimônio cultural.
“A gente está conseguindo reunir uma programação abrangente, mantendo o mesmo propósito do evento presencial de oferecer uma programação estruturada em três temáticas: preservação, história e educação”, disse à Agência Brasil a coordenadora da CineOP e diretora da Universo Produção, Raquel Hallak. O público vai poder conhecer filmes relacionados a cada uma das temáticas e, também, participar de 20 debates com profissionais ligados ao audiovisual, à educação e à preservação. Os debatedores vão refletir sobre o momento atual que o audiovisual está passando, quais são as perspectivas de futuro, como se dá o diálogo entre cinema e educação e quais são as expectativas em relação à preservação, “que é sempre um setor que fica à margem da cadeia produtiva do audiovisual”, lembrou a coordenadora.
Raquel Hallak destacou que o evento comemorativo dos 15 anos da CineOP tem o desafio de reunir, na programação, atividades de formação, com a oferta de oficinas e palestras internacionais; realizar o Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais e o Encontro Latino-americano de Educação; além de mais de 90 filmes em exibição. “O diferencial de Ouro Preto é que ele é o único evento que trata o cinema como patrimônio e convida a educação a dialogar, para estar presente, a entender como a educação utiliza o audiovisual como instrumento de transformação social, construção da cidadania e como essas duas linguagens se enriquecem mutuamente”.
Segundo Raquel, a mostra evidencia como o audiovisual pode estar próximo da educação e pensar o contexto das imagens na escola, do ponto de vista da produção, com os próprios alunos produzindo conteúdo e, também, da difusão. “E direcionando para uma discussão para além do que se vê nos filmes. O que as imagens estão nos dizendo”.
Televisão
A 15ª CineOP vai abordar, também, os 70 anos da televisão brasileira, que serão comemorados no dia 18 de setembro. O evento fará um recorte do tema central Cinema de Todas as Telas. “Cada temática do festival fez um recorte curatorial”. Na preservação, serão enfocados os arquivos televisivos e, ao mesmo tempo, as novas formas de difusão; na educação, será abordada a ressignificação das telas das janelas como enquadramento e possibilidade de gerar imagens; e a história, que fará um retrospecto do que foi a televisão, do que é e do que poderá ser.
Estão previstas quatro oficinas para um público acima de 16 anos. Elas fazem parte do programa de formação do evento e visam despertar novos talentos, além de ser oportunidade de reciclagem. “É uma questão vital para o crescimento da indústria cinematográfica no país. Sem mão de obra, a gente não consegue fomentar essa indústria”, comentou Raquel Hallak.
Serão oferecidas, ainda, pela 15ª CineOP quatro “master class” (aula dada por especialista de notório saber em determinada área do conhecimento) internacionais que vão estar dialogando com as temáticas preservação e educação. “A ideia é que os eventos possam estar fomentando essa discussão, aproximando, não deixando essa lacuna acontecer, no momento em que a gente vê que a cultura está sendo o carro-chefe do distanciamento, do isolamento social. A cultura tem sido, cada vez mais, consumida dentro de casa e pouco valorizada”.
Aproximação
A coordenadora da CineOP acha que é o momento de os festivais devolverem esse papel de aproximação e discussão sobre a importância de valorizar o que é produzido no país e incentivar, cada vez mais, que as políticas públicas possam acontecer em favor dessa produção, que produz emprego e renda. “Eu acho que a gente tem de estar junto, mostrando a força que a gente representa em todos os sentidos. Enquanto indústria que não polui; que mais cresce no mundo, que é a indústria da economia criativa; que produz e fala o que nós somos, porque um país sem memória é um país sem identidade”. Na visão de Raquel Hallak, a mostra de Ouro Preto vai ser uma oportunidade e instrumento de luta e salvaguarda pelo patrimônio do cinema.
Essa vai ser a primeira experiência do evento no formato “on-line”. Entretanto, como a “internet” já mostrou que é uma ferramenta que veio para ficar e que as pessoas estão aprendendo a consumir por meio dos canais digitais, Raquel considerou que se trata também de uma oportunidade nova de alcance. “Com uma programação ‘on-line’, você deixa de ter barreiras de deslocamento e de fronteiras. É uma oportunidade de ampliar o alcance do público e o seu engajamento e levar essa ação cultural para o maior número de pessoas possível”.
A expectativa dos organizadores é que as pessoas que já conhecem o evento vão assistir e as que não conhecem terão oportunidade de desfrutar da programação, “que está bem bacana, bem intensa e diferenciada”. Raquel observou que esse é o primeiro evento de festivais que vai ocorrer que não será simplesmente um catálogo de filmes. “Ele está mantendo os pilares de formação, reflexão, exibição e difusão”, concluiu.
Resultados
Ao longo das 14 edições anteriores, a mostra CineOP promoveu 83 dias de programação gratuita, com 465 sessões de cinema e a exibição de 1.115 filmes, sendo 216 longas, 67 médias e 832 curtas metragens.
A CineOP recebeu mais de 3.750 convidados, entre eles 37 estrangeiros, e mais de 800 profissionais de imprensa credenciados. Promoveu 15 edições do Seminário do Cinema Brasileiro: fatos e memória; 15 edições do Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais e dez edições do Encontro da Educação – Fórum da Rede Kino, totalizando 210 debates.
Por meio do Programa de Formação Audiovisual, o evento contabiliza 105 oficinas e “workshops” e uma “master class” realizados. Em parceria com a rede pública de ensino da cidade de Ouro Preto, a mostra promoveu 41 sessões do projeto Cine Expressão – A Escola vai ao Cinema, com exibições especialmente selecionadas para crianças, adolescentes e jovens.
Para estimular o diálogo do cinema com todas as artes, a CineOP promoveu, ainda, 14 exposições, 15 cortejos da arte, sete cine-concertos e 93 “shows”, com a participação de artistas que se têm destacado na cena mineira e nacional, abordando questões políticas, sociais, estéticas, comportamentais e filosóficas.
O Parque Nacional da Tijuca vai reabrir, amanhã (24), ao público a trilha da Pedra Bonita. A visitação poderá ser feita de segunda a sexta-feira. Nos fins de semana, o local permanecerá fechado. A trilha, que foi aberta no dia 9 de julho, precisou ser interditada no dia 1º de agosto.
O fechamento aconteceu porque parte dos visitantes insistiu em descumprir as atuais regras temporárias de visitação. As normas englobam, por exemplo, o uso obrigatório de máscara durante a trilha, o descarte de lixo para fora do Parque, o horário limite de visitação (das 8h às 17h) e o respeito a grupos de, no máximo, 10 pessoas, com distanciamento de 2 metros entre cada uma.
A reabertura será monitorada, e o comportamento das pessoas vai ajudar na decisão futura de reabrir a trilha também nos fins de semana. Em 2019, cerca de 160 mil visitantes realizaram a trilha da Pedra Bonita, que está entre as mais procuradas do parque.
O curta-metragem “Inspirações”, produzido por alunos da Escola Municipal Adalgisa Nery, situada em Santa Cruz, zona oeste do Rio, com o apoio da Secretaria Municipal de Educação, foi o vencedor da mostra Júri Popular do 3º Festival de Cinema Curta Caicó, no Rio Grande do Norte. O filme foi dirigido e protagonizado pela aluna Ariany de Souza e mostra o racismo como um dos obstáculos na vida dos jovens negros que moram na periferia.
Ariany considerou o prêmio o reconhecimento do esforço, concentração e foco no trabalho. “O filme mostrou que todo mundo pode realizar seu sonho”, disse a jovem, moradora também da zona oeste da capital fluminense. Ela própria escreveu as músicas e poesias do filme.
O Festival de Caicó exibiu 115 filmes, divididos em quatro mostras competitivas e seis paralelas. Os vencedores foram escolhidos por votação “on-line”. O professor Ygor Lioi, coordenador do #CinEscola, com a parceria dos cineastas Nathalia Sarro e André da Costa Pinto, afirmou que é “gratificante saber que a educação pública municipal pode ser um caminho para a transformação social por meio da arte”. Lioi acrescentou que o prêmio “é dedicado aos alunos que foram guerreiros, se empoderaram e hoje são visíveis”.
FestTaguá
A expectativa dos estudantes e do professor Ygor Lioi é que o curta “Inspirações”, fruto do projeto #CinEscola, poderá ser premiado mais uma vez. Ele está na disputa das mostras Competitiva e Seleção Popular do 15º Festival Taguatinga de Cinema (FestTaguá2020), no Distrito Federal, cujo resultado será divulgado no fim deste mês.
Segundo informou a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Educação, no início do ano passado, o professor de história decidiu criar uma matéria eletiva para ensinar os alunos do 9º ano da Escola Municipal Adalgisa Nery os primeiros passos de uma produção audiovisual.
Além de “Inspirações”, os alunos produziram mais dois curtas. Um deles é “Para todos”, que fala da necessidade de se romper os muros visíveis e invisíveis para possibilitar que pessoas com necessidades especiais, LGBTs, mulheres, entre outros grupos, participem de partidas de futebol; o outro filme é “Ainda somos os mesmos”, que questiona os pais dos jovens sobre quais eram seus sonhos na infância e como eles veem o mundo atualmente.
O cavalo despeado e solto como um poema
livre, galopa com outros cavalos selvagens.
Abstraído, o cavalo é mais verde que o verde
subjetivo que lhe inspira o impressionismo.
O cavalo imaginado pelo gênio de Gauguin
é multifário, e respira pelas largas narinas
o verde de Brasília e o aroma de Martinica.
O cavalo, na pastagem, é mágico e lógico
ao pão do seu alimento, e nunca se mudou
ou fugiu daquele velho quadro na parede.
Abstruso e de um silêncio que se faz ouvir,
o cavalo oculto nunca quis esquartejar-me,
e nunca, relinchante, se foi campo em fora.
O cavalo por si lhe cabe, e à tuna, o tenho!
* Fernando Braga. In “O Sétimo Dia”, São Luís, 1997.
E fugimos, mais uma vez, dos acontecimentos políticos, fatos e homens, comentários e críticas. Afastamo-nos de tudo isto. E, diante de nós, está o domingo e, com ele, a paisagem geográfica da cidade – a ILHA. E, com ela, uma mistura de ONTEM e de HOJE. Um passado que nos viu nascer, e um presente que nos assiste. O berço e a caminhada para o túmulo. Começo e fim. Vida e morte. Os dois extremos. As duas realidades palpitantes da VIDA. Abrir os olhos para a VIDA e para depois fechá-los para a MORTE. É isto. Desgraçadamente é isto. Encantadoramente é isto. Mas é na VIDA que a gente se encontra mais à vontade. Mas é na MORTE que está a verdadeira VIDA. Todo um tempo sonhando as coisas mais bonitas. E a gente crescendo dentro dos sonhos. Uma mocidade que domina. Deslumbra. Fascina. Preponderante. Uma velhice que vem de manso. Que se agasalha de manso. Impressiona e envolve. Tem carícia para o adormecer ligeiro. E tem impulsos para o acordar impressionante. E na realidade de tudo, nós. Nós e os pensamentos. Nós numa sequência de emoções. Nós em planejamentos. Nós no exercício de várias funções. Nós na execução dos planos. Das realizações. Nós e a obra. O trabalho. A valorização da nossa presença na Terra. No chão onde se nasce e onde se morre.
Mas é isto mesmo. E vamos deixar as divagações. Vamos olhar a VIDA. Lá no alto, um sol. Abundância de luz. Luz queimando a terra. Luz vivificadora. Luz dominadora. Lá no alto, um céu azul. Vestido de branco. Um céu tranquilo. Nuvens brancas manchando o azul. Um sol clareando tudo. E um mar lá fora estrugindo. Encrespado de ondas. Ondas se desfazendo e se refazendo em ondas. Um espelho d’água cintilante. Raios do sol se filtrando nas águas. O sol se banhando no mar! Mar agitado, queimado de sol! Extravagância duma realidade tremenda. E, na terra, nós, a gente, os sonhos. Uma paisagem humana no deslumbramento doutras emoções. Um bar cheio de gente. Uma porção de gente bebendo. Uma igreja cheia de gente. Uma porção de gente rezando. Contrita. Lá adiante, um hospital. Uma porção de gente morrendo aos poucos. E lá adiante, um clube. Uma porção de gente gastando, esbanjamento do “poder econômico”. Em tudo, vida. Vida crescendo em vida. Vida que decresce em morte. Mas dominando o sol. Claridade e sombra dominando a cidade. No céu, a mesma colorização, as mesmas tintas. A mesma tranquilidade. Mais um pouco, há mudanças e surgem outros aspectos. Há um sol na tarde. Esmaecido. E as sombras são mais tensas. Um sol numa agonia aparente de falecimento total. E as sombras se condensam cada vez mais. E o sol se fechando em sombras. Transformação em tudo. Simbolismo admirável dos extremos: VIDA e MORTE. De momento, a noite. No alto, um azul diferente na iluminação das estrelas. Estrelas que são sóis. Sóis que são estrelas. Luz na abundância doutras luzes. De há muito que o Dia findou. De há muito que a Noite iniciou a caminhada. Dia, VIDA! Noite, MORTE! E Bilac: “Nunca morrer assim... Num dia assim, assim...” E outro poeta: “Nunca morrer assim... numa noite assim...” Em ambos: Nunca morrer!...
E conosco a fuga. Fugindo da realidade brutal que aí existe... Mas será que fugimos? Será que nos enganamos a nós mesmos? Não. A impressão é que saímos dos acontecimentos políticos, fatos e homens, comentários e críticas. E ficamos com os nossos pensamentos. Ficamos com a paisagem geográfica da Cidade – a ILHA. E, com ela, estes paralelos e contrastes. Divagações do espírito que se liberta que, procurando a VIDA, vai se encontrar com a MORTE.
E, com os nossos leitores, esta página de HOJE. Mais uma página solta nesta coluna.
* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inédito) – “Jornal do Dia”, 25 de junho de 1963 (domingo).
Neste domingo, apresentamos palavras com dupla grafia.
Eis alguns exemplos que já aparecem registrados nas mais recentes edições de nossos principais dicionários e no Vocabulário Ortográfico publicado pela Academia Brasileira de Letras.
1 – abóbada (e abóboda);
2 – aborígene (e aborígine);
3 – arteriosclerose (e aterosclerose);
4 – assobiar (e assoviar);
5 – aterrissar (e aterrizar);
6 – babador (e babadouro);
7 – bêbado (e bêbedo);
8 – bebedouro (e bebedor);
9 – berinjela (e beringela);
10 – botijão (e bujão);
11 – caatinga (e catinga);
12 – chimpanzé (e chipanzé);
13 – descarrilar (e descarrilhar);
14 – diabetes (e diabete);
15 – dgnitário (e dignatário);
16 – doceria (e doçaria);
17 – estada (e estadia);
18 – garagem (e garage);
19 – hidrelétrica (e hidroelétrica);
20 – infarto (infarte e enfarte e enfarto);
21 – listra (e lista);
22 – loura (e loira);
23 – percentagem (e porcentagem);
24 – quatorze (e catorze);
25 – cota (e quota);
26 – cotidiano (e quotidiano);
27 – reescrever (e rescrever);
28 – seriíssimo (e seríssimo);
29 – subumano (e sub-humano);
30 – taberna (e taverna);
31 – tataraneto (e tetraneto);
32 – televisionar (e televisar);
33 – termelétrica (e termoelétrica);
34 – terraplenagem (e terraplanagem);
35 – trecentésimo (e tricentésimo);
36 – voleibol (e volibol);
37 – xucro (e chucro).
O uso do hífen
Devemos usar o hífen:
1) Para dividir sílabas:
or-to-gra-fi-a, gra-má-ti-ca, ter-ra, per-do-o, ra-i-nha, trans-for-mar, tran-sa-ção, su-bli-me, sub-li-nhar, rit-mo…
2) Com pronomes enclíticos e mesoclíticos:
encontrei-o, recebê-lo, reunimo-nos, encontraram-no, dar-lhe, tornar-se-á, realizar-se-ia…
3) Antes de sufixo -(GU)AÇU, -MIRIM, -MOR:
capim-açu, araçá-guaçu, araçá-mirim, guarda-mor…
4) Em compostos em que o primeiro elemento é forma apocopada (BEL-, GRÃ-, GRÃO- …) ou verbal:
bel-prazer, grã-fino, grão-duque, el-rei, arranha-céu, cata-vento, quebra-mola, para-lama, beija-flor…
5) Em nomes próprios compostos que se tornaram comuns:
santo-antônio, dom-joão, gonçalo-alves…
6) Em nomes gentílicos:
cabo-verdiano, porto-alegrense, espírito-santense, mato-grossense…
7) Em compostos em que o primeiro elemento é numeral:
primeiro-ministro, primeira-dama, segunda-feira, terça-feira…
8) Em compostos homogêneos (dois adjetivos, dois verbos):
técnico-científico, luso-brasileiro, azul-claro, quebra-quebra, corre-corre, zigue-zague…
9) Em compostos de dois substantivos em que o segundo faz papel de adjetivo:
carro-bomba, bomba-relógio, laranja-lima, manga-rosa, tamanduá-bandeira, caminhão-pipa…
10) Em compostos em que os elementos, com sua estrutura e acento, perdem a sua significação original e formam uma nova unidade semântica:
copo-de-leite, couve-flor, tenente-coronel, pé-frio...
Teste da semana
Assinale a opção que completa, corretamente, as lacunas da frase abaixo:
“__________ V.Sa. com __________ subordinados os cuidados que tem __________”.
(a) tende / vossos / convosco mesmo;
(b) tenha / vossos / consigo mesma;
(c) tenha / seus / convosco mesmo;
(d) tende / vossos / consigo mesmo;
(e) tenha / seus / consigo mesmo.
Resposta do teste: Letra (e).
Vossa Senhoria é pronome de tratamento. A concordância é a mesma de VOCÊ, ou seja, deve ser feita com verbos e pronomes de terceira pessoa: “TENHA Vossa Senhoria com SEUS subordinados os cuidados que tem CONSIGO mesmo”.