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O presidente Jair Bolsonaro anunciou, nessa sexta-feira (10), a indicação do professor Milton Ribeiro para ministro da Educação. Ribeiro é doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e graduado em Direito e Teologia. Desde maio do ano passado, integra a Comissão de Ética da Presidência da República. O decreto de nomeação foi publicado em edição extra do “Diário Oficial da União”.

O cargo estava vago desde a semana passada, quando a nomeação de Carlos Alberto Decotelli foi revogada, sem que ele tivesse tomado posse, depois de várias inconsistências curriculares terem vindo à tona.

Ribeiro é o quarto ministro da Educação do governo Bolsonaro. Em declarações recentes, o presidente disse que estava buscando um nome de perfil “conciliador” para a função.

Milton Ribeiro tem uma trajetória ligada à Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde foi reitor em exercício, vice-reitor e superintendente da pós-graduação “lato sensu”. Ele também fez parte do Conselho Deliberativo do Instituto Presbiteriano Mackenzie e da Comissão de Ética e Compliance da mesma instituição.

O currículo de Ribeiro informa que ele já atuou como representante da Universidade Mackenzie na Conferência New Frontiers in the Figth Against Corruption in Brazil at Columbia Law School, nos Estados Unidos, e como diretor-administrativo da Luz Para o Caminho, agência de produção de mídias da Igreja Presbiteriana do Brasil.

(Fonte: Agência Brasil)

É bom completar um trabalho, uma tarefa, uma missão.

É bom estar e sentir-se bem.

Ser movido a desafios, e não a dinheiro.

Estar na sede do poder, mas não ter sede dele.

Não prejudicar, se não puder ajudar.

Não roubar. Não chantagear. Não iludir.

Abraçar, não apunhalar.

Estender as mãos para auxiliar, não para extorquir.

Elevar, ao invés de fazer cair.

Não buscar fora, no mundo, o que só se acha dentro do próprio ser.

Sobreviver após a vida e, ao ser lembrado, sê-lo com a lágrima, não com o cuspe. Com reconhecimento, não com desmerecimento.

Ser lembrado com saudade. Uma saudade que até possa ser brindada com um sorriso que imortaliza, não com o só riso que ironiza. Uma saudade que diga que valeu a pena a nossa existência.

Assumir, doce e espontaneamente, a ingenuidade. E não se conformar com a esperteza, a malícia, a corrupção, a violência, o preconceito, o desrespeito, que só escavam para si côvados de cova.

Que bom enfrentar as dificuldades – e que ótimo não criá-las para os outros.

Ser bom. Se possível, ser com.

Ser humilde, mas não humilhado.

Ousado, não usado.

Incomodar-se, mas não se acomodar.

Ser um ser de esperança; portanto, um ser de inquietudes e angústias sadias.

Ser fúria e ser forte ante a violência menor; mas ser manso e criança ante o Mistério Maior.

Silenciar, quando estratégico; mas gritar, bramir, bradar, rugir, quando indispensável.

Reconhecer-se feito à imagem e à semelhança de Quem o fez, embora sem a perfeição do Bem/Feitor. Ter consciência de que é filho de Deus, não o próprio Deus.

Lembra-te, ó, ser humano: Tu não te tornarás pó – tu ÉS pó. És berro, és borra, és barro.

És pá, és pé, és pó.

A terra que violentas é tua mãe. O solo que pisas é teu irmão. Tu és homem, tu és húmus.

Entretanto, o essencial de ti não veio com o barro. Veio com o toque cálido dos lábios soprando o sopro vívido de Deus.

Tu és a tua alma. E ela é só o que tu tens – para, espera-se, devolvê-la, ao final de tudo, a Deus.

Adeus.

Bom fim de semana.

* EDMILSON SANCHES

O presidente Jair Bolsonaro editou medida provisória (MP) que abre crédito extraordinário de R$ 3 bilhões a Estados, municípios e ao Distrito Federal para o pagamento do auxílio financeiro ao setor cultural. A MP nº 990/2020 foi publicada hoje (10), no “Diário Oficial da União”.

A Lei nº 14.017/2020, que instituiu o auxílio, chamada de Lei Aldir Blanc, foi sancionada por Bolsonaro no fim do mês passado. As atividades do setor – cinemas, museus, “shows” musicais e teatrais, entre outros – foram uma das primeiras a parar, como medida de prevenção à disseminação do novo coronavírus no país.

O texto da lei prevê o pagamento de três parcelas de um auxílio emergencial de R$ 600 mensais para os trabalhadores da área cultural, além de um subsídio para manutenção de espaços artísticos e culturais, microempresas e pequenas empresas culturais, cooperativas e organizações comunitárias. Os Estados, municípios e o Distrito Federal serão os responsáveis pela distribuição dos recursos, de acordo com os critérios definidos na lei.

De acordo com a MP publicada hoje, os recursos serão liberados a partir da contratação de operação de crédito interna (contratos ou emissão de títulos da dívida pública). A MP tem força de lei a partir de sua publicação, mas ainda depende de aprovação do Congresso Nacional.

(Fonte: Agência Brasil)

Estudantes que participaram da edição de 2019 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) podem se inscrever até esta sexta-feira (10), para o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do meio do ano. Serão oferecidas mais de 51 mil vagas em instituições de ensino superior do país.

Pela primeira vez, além dos cursos de graduação presenciais, o Sisu 2020.2 vai ofertar vagas na modalidade a distância (EaD). Além de ter feito o Enem de 2019, os interessados não podem ter zerado a redação. Estudantes que fizeram o exame na condição de treineiros não podem participar.

Inscrição

Por meio do “site” do Ministério da Educação (MEC), na tela “Minha inscrição”, o candidato poderá escolher até duas opções de cursos, por prioridade, na mesma instituição ou em universidades diferentes. Para fazer a primeira escolha, basta clicar em “Fazer inscrição na 1ª opção”. A pesquisa de vagas pode ser feita por nome do município, instituição ou curso. Após selecionar a opção, basta clicar em “Escolher este curso” para continuar.

Nesta fase, o candidato deverá indicar se irá participar do Sisu pelas vagas de ampla concorrência, pela Lei de Cotas (Lei nº 12.711/2012) ou pelas políticas afirmativas das instituições. No caso das universidades e dos institutos federais, os alunos de escola pública que se candidatarem às vagas reservadas serão divididos em grupo e subgrupo, conforme renda familiar e raça. Clique em “Escolher esta modalidade” para continuar.

Critérios

De acordo com o edital do Sisu, a ordem dos critérios para a classificação de candidatos é a seguinte: maior nota na redação, maior nota na prova de linguagens, códigos e suas tecnologias; maior nota na prova de matemática e suas tecnologias; maior nota na prova de ciências da natureza e suas tecnologias e maior nota na prova de ciências humanas e suas tecnologias.

Lista de espera

Segundo cronograma divulgado pelo MEC, o resultado da primeira chamada do Sisu será divulgado no dia 14 de julho. O candidato que não foi selecionado em uma das duas opções, em primeira chamada, deverá manifestar seu interesse em participar da lista de espera, por meio da página do Sisu na “internet”, entre os dias 14 e 21 de julho. A partir daí, basta acompanhar as convocações feitas pelas instituições para preenchimento das vagas em lista de espera, observando prazos, procedimentos e documentos exigidos para matrícula ou para registro acadêmico, estabelecidos em edital próprio da instituição, inclusive horários e locais de atendimento por ela definidos.

(Fonte: Agência Brasil)

Durante a pandemia de covid-19, os dispositivos eletrônicos com acesso à “internet” se tornaram um elemento fundamental na vida de muitas crianças brasileiras. Os “tablets”, celulares, “smart” TVs (televisor com acesso à “internet”) e os “videogames” se tornaram o único passatempo de muitas crianças e adolescentes, que estão confinados em casa há mais de 100 dias.

Para construir uma relação saudável, criativa e segura das crianças com o mundo digital, as famílias têm papel fundamental, diz a pesquisadora do programa Criança e Natureza, do Instituto Alana, Maria Isabel Amando de Barros. Segundo ela, para começar, pais, mães e responsáveis também precisam rever os hábitos digitais.

“Somos um verdadeiro espelho para as crianças. Nesse sentido, é muito bom compartilhar com elas que vários desafios estão postos também para nós: sentimos que a “internet” "rouba" tempo de outras atividades como sono, alimentação, atividade física e lazer. Muitas vezes, não temos clareza sobre os pensamentos, sentimentos ou impulsos que nos levam a pegar o celular e temos muito a aprender para, de fato, usar a tecnologia a nosso favor”.

É assim que a consultora imobiliária Carla Christiane de Carvalho Pereira procura orientar seu filho Caio, de 10 anos, e a filha Clara, de 8. “Oriento a pesquisar sobre significado das coisas, manuais, configuração da televisão, do celular, dos eletrodomésticos. Acho importante, já que eles têm essa facilidade com a tecnologia”.

Carla diz que faz acertos com eles e direciona os conteúdos a serem vistos, sempre com muito diálogo. Para jogos e navegação, eles só podem ficar até as 21h. “Não tenho muita regra de quantidade de horas, mas não pode usar nenhum tipo de tecnologia durante as refeições, durante as lições, não podem levar para o banheiro. São pequenas restrições, para educação mesmo. O restante do dia é liberado”.

Ela conta que sabe o que eles acessam e, quando tem algo que não acha adequado, conversa com eles. “O YouTube deles é monitorado. Sei o que consomem. O Caio vê muito tutorial de ‘vídeogame’, já a Clara vê músicas e desafios. As crianças nasceram preparadas para essa era digital, a preparação que a gente tem que fazer é na absorção de conteúdo. Quando o Caio vê um vídeo que tem muito palavrão, ou linguagem e conteúdo impróprios, converso com ele. Quantos aos canais da Clara, verifico quem a está seguindo e digo que só pode segui-la quem tem até 12 anos. Então, ela mesma fica atenta. Acho que a vigilância existe, mas é adaptável. Então, eu trabalho a questão do discernimento ao receber esses conteúdos, sempre com muito diálogo”.

Segundo a pesquisadora do Instituto Alana, os responsáveis devem seguir esse caminho, o do diálogo. “As pesquisas mostram que a principal estratégia para ajudar as crianças a terem bons hábitos é mediar sua relação com o mundo digital de forma construtiva, ou seja, mostrando os desafios e analisando como suas ferramentas podem nos ajudar a ter experiências ‘on-line’ onde prevaleçam as conexões significativas, os aprendizados com sentido e a diversão saudável”.

Maria Isabel explica que essa mediação ativa é diferente para cada faixa etária e deve ser adequada a cada criança, de acordo com sua individualidade e interesses. Deve, também, ser baseada no diálogo, na escuta e reflexão com a própria criança sobre a forma como ela se apropria das tecnologias.

“Há que se avaliar qual caminho faz mais sentido em cada fase da infância: dosar o tempo, considerar a qualidade do conteúdo, combinar onde e como os dispositivos podem ser acessados e, acima de tudo, fazer do mundo digital uma experiência compartilhada entre crianças e adultos, pais, mães e filhos, educadores e estudantes”, diz a pesquisadora. Para ela, “há outro aspecto importante: a construção de um sólido repertório de interesses, habilidades e rotinas ‘off-line’, que, certamente, irão ajudar a criança a desenvolver a autorregulação em relação ao uso do ambiente digital”.

Dessa forma, a consultora financeira Luciana Flávia Bonsembiante busca conduzir o filho Enzo, de 6 anos, no mundo digital. “Digo para ele ver conteúdos educativos, como os aplicativos de leitura, jogos voltados para a idade dele. Incentivo também para a criatividade. Ele adora gravar vídeo e tem um canal no YouTube. Então, eu procuro incentivar essa parte também”.

Quanto ao tempo, ela diz que há horários determinados para usar as telas. “Cerca de uma hora durante a manhã e mais uma hora à noite. A tarde é voltada para o estudo e algum tipo de educação física. A gente orienta sobre os conteúdos inadequados, sobre conversas com estranhos e, graças a Deus, nunca tivemos nenhum tipo de contratempo em relação a ele conversar com qualquer tipo de pessoa. Ficamos muito atentos porque é um perigo na época de hoje. Fora de casa, a utilização é muito esporádica, ele tem o próprio celular, mas, geralmente, evito que ele saia de casa com o aparelho”.

Ela conta que, às vezes, o filho quer ficar mais um pouco com o celular, mas aí ela o chama para outras atividades. “Gosto muito de brincar com ele de quebra-cabeça, lego. Ele adora montar e desmontar coisas e, assim, vai. É muito disciplinado e é bem obediente”.

Tempo de exposição às telas

No caso de crianças até 2 anos, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda evitar exposição às telas. Para crianças de 2 a 5 anos, a recomendação é de até uma hora por dia, sempre com supervisão. Esse tempo pode ser estendido até duas horas por dia para crianças de 6 a 10 anos. Já crianças e adolescentes entre 11 e 18 anos devem limitar seu tempo “on-line” a duas ou três horas por dia.

“Entretanto, as pesquisas também mostram que o tempo de tela não é a medida mais relevante ou a única variável a ser considerada quando pensamos em cuidar da relação que as crianças estabelecem com o mundo digital. Afinal de contas, passar uma hora assistindo sozinho a filmes violentos, permeados por mensagens publicitárias, é completamente diferente de assistir em família a um documentário sobre música ou vida selvagem”, pondera a pesquisadora.

Maria Isabel acrescenta que é fundamental avaliar e refletir a intenção do tempo de tela: por que a criança vai ter essa experiência, o que ela vai aprender ou vivenciar com ela, a qualidade do conteúdo acessado e ainda se esse tempo de tela está impedindo que a criança realize atividades importantes como dormir, se alimentar, brincar ao ar livre e interagir com outras crianças e adultos.

Dieta digital

A pesquisadora Maria Isabel considera que uma forma de avaliar se um conteúdo digital é bom é semelhante a quando escolhemos o que vamos comer. “Numa boa dieta digital prevalecem conteúdos sem violência gratuita, conteúdos publicitários, notícias falsas, mensagens discriminatórias e desafios perigosos”.

Ela orienta que bons conteúdos são aqueles em que há respeito à privacidade e à identidade “on-line”. “São aqueles vinculados aos produtos e plataformas que respeitam nossa capacidade de desconectar e nos ajudam a encontrar espaço e oportunidades para brincar, criar, ler, desenhar, jogar, entre inúmeras possibilidades de encontros significativos conosco e com o outro. Em suma, bons conteúdos digitais são aqueles que trazem mais autoria - em oposição àqueles de uso mais passivo –, são acessados com intenção e nos fazem bem”.

Responsabilidade

Na visão da pesquisadora, a responsabilidade com o ambiente digital não é apenas do usuário. “É muito importante também percebermos – e compartilharmos esse aspecto com as crianças – que a responsabilidade por uma relação saudável, criativa e segura com o ambiente digital não é apenas do usuário. É também do governo, das empresas e das plataformas de tecnologia. É fundamental advogarmos por um ambiente digital mais humano, que proteja nossa privacidade, resguarde nossa capacidade de desconectar e fortaleça nossos laços sociais”, defende Maria Isabel.

Para contribuir com esse debate, o Instituto Alana, com o apoio do Nic.Br, da Safernet Brasil e do portal Lunetas, está realizando o evento “Ser Criança no Mundo Digital – série de conversas ‘on-line’”. Os diálogos serão transmitidos pelo Instituto Alana. A estreia da série de conversas foi no dia 26 de junho, e os dois primeiros episódios podem ser acessados em Episódio 1 e Episódio 2.

(Fonte: Agência Brasil)

Uma vida curta não é, necessariamente, uma vida pequena. A grandeza de uma existência não é expressa pela quantidade de dias decorridos entre a certidão de nascimento e o atestado de óbito.

Grandeza tem a ver com qualidade, intensidade. Dedicação. Grandiosidade.

No dia 1º de julho de 2020, completaram-se 100 anos de nascimento do poeta, declamador, jornalista e radialista Rogaciano Bezerra Leite.

Do município de São José do Egito, mais exatamente no Sitio Cacimba Nova, Povoado Umburanas, hoje território de Itapetim, em Pernambuco, onde nasceu em 1920, numa quinta-feira, até o Rio de Janeiro (RJ), em uma terça-feira, 7 de outubro de 1969, quando o coração do homem não aguentou a intensidade do artista, Rogaciano Leite caminhou caminhos nunca dantes caminhados pela maioria de seus conterrâneos nordestinos. Nesse itinerário de vida e ofício, Rogaciano, jornalista, escreveu reportagens premiadas; poeta, escreveu versos declamados; compositor, escreveu canções gravadas; declamador, recitou e interpretou poemas aplaudidos.

Os caminhos que Rogaciano caminhou levaram-no, no Brasil, de Norte a Sul do país, sendo destacado e distinguido tanto em Manaus, capital do Amazonas, referência da maior floresta tropical do mundo, quanto em Santos, em São Paulo, referência do maior porto da América Latina.

Os caminhos que Rogaciano caminhou, os ares por onde voou e os mares que atravessou levaram-no a países da Europa (Portugal, França e Espanha), de onde tirou fotos, informações e inspiração para escrever reportagens e outros textos.

O filho dos agricultores Manoel Francisco Bezerra e Dª Maria Rita Serqueira Leite, o marido da aracatiense Maria José Ramos Cavalcante, o pai de Rogaciano Leite Filho, Anita Garibaldi, Roberto Lincoln, Helena Roraima, Rosana Cristina e Ricardo Wagner, era um peripatético, andarilho, “globe-trotter”, em igual tempo sertanejo e cosmopolita, andando e ensinando, escrevendo e emocionando. Um homem homenageado. Conhecido e reconhecido.

Talento tão singular quanto plural – a ponto de ser Rogaciano um incomum caso de estudante a ingressar em uma Faculdade (de Filosofia do Ceará, em Fortaleza) para um curso superior (Letras Clássicas) apresentando uma obra sua (“Acorda, Castro Alves!”) e fazendo a prova vestibular de Latim em versos... mas versos alexandrinos, de 12 sílabas e outros que tais, e ainda evocando Cícero e Ovídio, consagrados escritores e poetas clássicos romanos dos séculos I e II antes de Cristo. Mereceu nota dez. Além disso, com sua atividade de jornalista e poeta o levando para muito além da capital cearense, onde estava a Faculdade, Rogaciano foi liberado da presença nas aulas e só comparecia nos dias de prova. Formou-se – tendo sido “o primeiro Cantador a alcançar um grau tão elevado”, como atestam os igualmente cantadores Francisco Linhares e Otacílio Batista, em sua “Antologia Ilustrada dos Cantadores”, obra publicada em 1976, com segunda edição em 1982.

Talento destacado também por seus pares. Foi amigo do poeta Manuel Bandeira, pernambucano que nem ele. O romancista baiano Jorge Amado que escreveu e o elogiou pelo poema a Castro Alves. Câmara Cascudo, o notável antropólogo, advogado, historiador e jornalista potiguar, fez a apresentação da principal obra rogacianiana, “Carne e Alma”, publicada por Irmãos Pongetti Editores, do Rio de Janeiro, em 1950. Na música, “monstros sagrados” da MPB clássica como Francisco Petrônio, Nélson Gonçalves e Sílvio Caldas, entre outros, gravaram composições de Rogaciano. Foi ele quem destravou as portas do tradicional e à época elitizado Theatro José de Alencar, na capital cearense, para os cantadores, os repentistas, os cordelistas, os agentes, fazedores e admiradores da rica cultura popular nordestina. Como jornalista, Rogaciano ganhou, em diversas categorias, nada menos que dois prêmios Esso de Jornalismo, além de uma menção honrosa. Não é pouco...

Em 1947, Rogaciano Leite veio ao Maranhão – esteve em São Luís e em Caxias. Intelectual, poeta e declamador, apresentou-se, por obra e graça dos amigos ludovicenses, no Teatro Artur Azevedo. Desse tempo, sobrevivem memórias em seus colegas escritores que o conheceram naqueles idos, entre os quais o advogado, ex-deputado e acadêmico Sálvio Dino e o advogado, poeta e crítico literário Fernando Braga.

Em Caxias, Rogaciano apresentou-se em noite concorrida no Cine Rex. Lembranças dessa apresentação ainda se mantêm presentes, por exemplo, em Arthur Almada Lima Filho, desembargador, escritor, acadêmico, e Frederico José Ribeiro Brandão, advogado, escritor, ex-deputado federal por São Paulo, que participaram do evento – ambos caxienses e meus confrades no Instituto Histórico e Geográfico de Caxias e na Academia Caxiense de Letras.

Conheci dois dos filhos de Rogaciano Leite: o Roga Filho, como alguns o chamavam, também jornalista e escritor, conheci-o em Fortaleza e até o homenageei em um poema, “Estoril”, sobre um bar e restaurante dos intelectuais e boêmios da noite fortalezense; e Helena Roraima Iracema Cavalcante Leite, engenheira civil, com estudos superiores em Economia Política e Social pela pela Universidade Complutense de Madrid, conheci-a em Brasília (DF). Rogaciano Filho faleceu em 5 de março de 1992, em São Paulo (SP). Helena Roraima, que mora há anos na capital da Espanha, conheci-a na Capital Federal, onde por anos foi minha colega, na assessoria da presidência da maior instituição financeira federal de desenvolvimento regional da América Latina.

É Helena Roraima que, com as limitações ditadas pela atual pandemia mundial, desenvolve, com competência e carinho, um esforço enorme para juntar os ecos, repercussões e ressonâncias de e sobre seu pai, documentados em matérias de jornais, fotografias de amigos, depoimentos de admiradores, enfim, tudo o que, espalhado na materialidade dos documentos físicos ou na digitalidade do universo virtual, possa (re)constituir um pouco dos muitos passos dados por Rogaciano Leite Brasil adentro e mundo afora.

Procurado por Helena Roraima décadas depois de nossas atividades em Brasília, juntei-me aos esforços da filha e, também, saí em busca de informações e pessoas que pudessem enriquecer e ampliar, ainda mais, o acervo que está sendo montado, para exposição em futuro evento pós-pandemia – o que também o farão as prefeituras de São José do Egito e de Itapetim, que já haviam elaborado grande – e adiada “sine die” – programação em homenagem ao ilustre filho pernambucano.

Por enquanto, um dos principais suportes de documentação e divulgação do acervo rogacianiano está no endereço eletrônico https://www.facebook.com/centenariorogaciano.leite.1 . Este “link” leva a uma página da rede social Facebook, criada e administrada por Helena Roraima. Nesse espaço, estão desde versos escritos até áudios, imagens, depoimentos etc. da breve vida e vasto mundo do poeta Rogaciano Leite.

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Não seria pedir muito que o centenário de Rogaciano Leite fosse comemorado com ele aqui presente, em carne, osso, alma e talento. Já não se estranha o completar-se um século de vida – até porque a Ciência anda aí anunciando que o homem bicentenário já está entre nós, ou seja, corre-se o saudável risco de um bebê que nasceu por estes dias ter festa de aniversário vivinho da silva em 2220.

Assim, especialmente hoje, morrer aos 49 anos parece uma afronta, uma indignidade ao ser humano, única criatura feita à imagem e semelhança do Criador... Dá para imaginar o quanto de potencialidades ainda flamejavam no íntimo mental de Rogaciano Leite. Mas, segundo os velhos latinos, “aquele a quem os deuses estimam, morre jovem” – ou, no idioma do antigo Lácio, que tão bem Rogaciano dominava: “Quem dil diligunt, adolescens moritur”. É frase de Titus Maccius Plautus, o dramaturgo romano Plauto, que viveu ali entre o segundo e o terceiro séculos antes de Cristo e que se teria abeberado em obra do grego Ménandros, o autor original da oração.

A valer essa máxima greco-latina, pode-se dizer que os deuses têm lá seus momentos de bom gosto: já cansados de bobos, truões e bufões em sua corte divina, nada como os deuses “pescarem”, no grande oceano da vida humana, alguém muito bom, que os pudesse deleitar com récitas ou recitais, canções e composições e, ainda, de quebra, pudesse escrever-lhes os perfis e seu cotidiano eterno.

Talvez Rogaciano Leite, sabendo dessa sentença, tenha imprimido um ritmo tão intenso na arte de escrever, fazer e viver em sua vida de 49 anos, 3 meses e 1 semana. Foram pouco mais de 49 anos que bem parecem cem.

Pois ele sabia: os bons, quando os deuses querem, correm o risco de partirem mais cedo...

Viva Rogaciano.

* EDMILSON SANCHES

A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) assinou, na última segunda-feira (6), a Ordem de Serviço para início da pavimentação asfáltica de diversas ruas em Lago da Pedra (MA). Os recursos, de quase R$ 2,2 milhões, são fruto de uma emenda parlamentar do deputado federal Juscelino Filho (DEM-MA). A previsão é que os trabalhos comecem nos próximos dias.

“Esse asfaltamento é de extrema importância para o município e a população. Por isso, estarei em Lago da Pedra, para acompanhar o início das obras”, diz. “Soube que teve gente dando a notícia na cidade, fazendo barulho, mas omitindo que os recursos foram garantidos pela emenda de minha autoria. É preciso frisar a verdade: sem a indicação que fiz ao Orçamento, o governo federal não liberaria esse valor”, acrescenta Juscelino Filho.

De acordo com o deputado do Democratas, será autorizado, nos próximos dias, calçamento de outras 17 vias em Lago da Pedra, no valor de R$ 1,3 milhão. “Vai ter gente querendo fazer cortesia com o chapéu dos outros novamente, mas os recursos também são fruto de uma emenda parlamentar nossa e de toda a atuação junto ao presidente da Codevasf, Marcelo Moreira, com quem me reúno frequentemente”, afirma.

Juscelino Filho reforça, ainda, o compromisso com os lagopedrenses. “Vou continuar atuando por uma vida melhor para a população de Lago da Pedra, em parceria com o prefeito Laércio Arruda e todo o nosso grupo. Esse será sempre o meu compromisso: fazer justo à confiança dos eleitores e honrar a palavra dada e tudo que foi assumido”, finaliza.

(Fonte: Assessoria de comunicação)

“A publicidade para engajar e mobilizar públicos” é o tema da “live” de hoje (9/7), do projeto Inspire e Comunique, apresentado no Instagram pelas jornalistas Franci Monteles e Yndara Vasques. A “live” será às 19h30, no Instagram @franci_monteles.

O convidado desta semana é o publicitário maranhense Bruno Lima, da B.Lima Marketing de Resultados, que atua assessorando empresas e influenciadores digitais e chega a movimentar grandes públicos em prol de grandes projetos no Brasil e no exterior. O publicitario falará de suas experiências, curiosidades e os desafios desse tipo de comunicação que envolve muita criatividade para engajar ou conectar-se com o público.

Outros assuntos que, também, serão abordados durante a “live” são a publicidade e a era digital nestes tempos de pandemia. O primeiro diz respeito a mudanças que ocorreram nos últimos anos na forma de fazer publicidade com o advento da “internet”, das redes sociais e nos surgimentos dos influenciadores digitais. “Vai ser um bate-papo bem interessante sobre o mercado de comunicação, tempos de pandemia e reinvenções”, diz o publicitário.

Em meio à pandemia, a publicidade também sofreu seus impactos. Ao mesmo tempo em que se viu obrigada a fazer mudanças rápidas nos conceitos das propagandas, a publicidade também é afetada pela crise sanitária e econômica.

“Estamos vendo muitas mudanças na comunicação de maneira geral, nestes últimos meses, em razão da pandemia. Desde o fato de ter que entender o contexto atual, o trabalho, “home office’, o mergulho no digital, as ‘lives’, mudanças de campanhas e a própria crise batendo à porta de algumas empresas. A publicidade e vários outros segmentos dentro da comunicação são ferramentas importantes que podem ajudar as empresas e organizações a atravessarem esta fase e são alguns dos assuntos que nortearão nosso bate-papo de hoje à noite com o publicitário Bruno Lima”, explica Franci Monteles.

(Fonte: Assessoria de comunicação)

“Se estiver com saudades, pode abrir os ouvidos e inspirar os olhos”. Os versos estão enfileirados na memória, nos arquivos, no coração de um país, no alento, na esperança de um gigante que respondia pelo apelido em diminutivo, um Poetinha. Brasileiros que estão hoje longe da família, de amores da vida, de amigos, podem encontrar também a beleza de cada segundo e do viver ao (re)visitar a obra eternizada do gênio Vinícius de Moraes, que morreu há exatos 40 anos, no dia 9 de julho de 1980, aos 66 anos de idade.

O artista que dizia que a “distância não existe” rogava que não queria “mais esse negócio de você longe de mim”. “E por falar em saudades, onde anda você?”. Celebrado na academia, nas aulas de literatura, nas rodas de amigos, nas emissoras de rádio, nos bares, no café da manhã e na boemia, Vinícius é esperança erudita em bom popular: “dentro dos meus braços / os abraços hão de ser milhões de abraços”. Profano e sagrado, tudo junto e misturado: “diz-lhe numa prece, que ela regresse porque não posso mais sofrer”. Poetinha está vivíssimo, garantem os estudiosos e todos os apaixonados. Aliás, nesta quinta, um grupo de artistas fará uma apresentação em “live” para celebrar a memória do autor, dos encontros e das saudades.

A produtora cultural Gilda Matoso, de 68 anos, viúva de Vinícius de Moraes, organiza o evento, que começa às 19h, no canal dela no YouTube, contará com nomes como Toquinho, Gilberto Gil, Maria Creuza e Mariana de Moraes, Cynara (Quarteto em Si), e os poetas Marcel Powell, Antônio Cícero, Geraldo Carneiro e o ator Aloísio de Abreu. Cada artista vai escolher algo para cantar e conversar sobre ele. “Eu fico abismada. Tanta gente que não era nem nascida na época é muito fã dele. É uma obra eterna. A obra é verdadeira, rebuscada e, ao mesmo tempo, tão popular”, disse. Gilda Mattoso admira toda a obra do artista, mas destaca uma canção em especial que também celebra a saudade: “Marcha de Quarta-feira de Cinzas”. A música deve ser interpretada, na apresentação desta quinta, pela cantora Maria Creuza.

Obra amorosa

A neta do poeta, Mariana de Moraes, 50 anos, afirma que o exemplo de ética, e o olhar amoroso de Vinícius (que morreu quando ela tinha 11) são fundamentais para a vida e para a obra que ela também construiu. “Por mais triste que seja o assunto que ele trata, Vinícius consegue enxergar aspectos positivos. Ele exercia a compaixão, a caridade e a poesia”. A artista compara a música e os versos a uma forma de rezar. “Vinícius sensibilizava. É importante consumir a obra dele porque trazem esperança e alento, mesmo quando a temática é triste”.

Mariana de Moraes diz que esse é um momento para estar com Vinícius. “Ele diz que o amor vai prevalecer. Ele produziu uma forma amorosa”. Ela cita a poesia/canção “Eu não existo sem você” como um exemplo desse olhar lírico: “Eu sei e você sabe que a distância não existe. Que todo amor só é bem grande se for triste. Por isso, meu amor, não tenha medo de sofrer. Pois todos os caminhos me encaminham pra você”.

Vinícius escreveu sobre as coisas do coração e foi equilibrado, analisa a neta. “Ele uniu pensamento, coração e ação. Ele era um homem que ajudou muita gente, muitos artistas. Ele agiu como homem e transformou sentimentos em palavras”, admira-se. Por isso, para ela, a obra de Vinícius é tão inspiradora para diferentes públicos. “É importante pensar coisas belas”. Ela recorda que o avô chamava, com carinho, as pessoas pelo diminutivo. E surgiu o apelido do Poetinha.

Mas ela contextualiza que o autor chegou a ser boicotado por trazer conteúdo também popular. “A poesia dele conseguiu furar o bloqueio, e ele é reconhecido como um grande poeta a par de ser também compositor. A obra dele resiste forte e voltou a ser estudada nas universidades”. Mariana de Moraes lamenta que as novas gerações são também bombardeadas de material sem qualidade, tanto na música quanto na poesia. E, por isso, ela defende que os jovens devem ser apresentados, cada vez mais, aos grandes autores.

Mariana recorda que decidiu cantar desde criança sob inspiração de João Gilberto. “Eu conheci a obra de Vinícius pelo o que eu ouvia do João. E passei, com o tempo, a ser convidada para eventos a celebrar a memória dele. E me apropriei do que ele produziu. Eu reverencio muito a obra do meu avô”.

Permanência em diferentes cenários

Estudioso da obra de Vinícius de Moraes, o professor Eucanaã Ferraz, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), entende que o poeta é completo e único em função da trajetória também popular. “Vinícius é um personagem presente no dia a dia de muitas faixas etárias e classes sociais. Foi um poeta que fez obras para crianças (como o álbum ‘Arca de Noé’), o que faz com que o interesse por ele passe de geração para geração”. O pesquisador destaca o pensamento sofisticado de Vinícius mesmo em um lugar de grande apelo artístico, de apreço pela simplicidade e, ao mesmo tempo, de rigor estético.

Eucanaã Ferraz ressalta as temáticas universais do artista, que fazem com que a obra seja considerada atual. “Todo artista fala com o seu tempo e com aqueles que o antecederam. E ele provoca em cada um de nós algum tipo de pergunta. E nos provoca perguntas que nem sabíamos que tínhamos. A obra de arte é um lugar de inquietações, nem sempre de respostas”.

A professora Sylvia Cyntrão, também pesquisadora da obra de Vinícius na Universidade de Brasília (UnB), destaca que ele teve extrema preocupação social, como na poesia “A rosa de Hiroshima”, embora ele tenha ficado mais conhecido pela temática do amor-paixão. “A poética modernista de Vinícius expressa preocupações essenciais que são fruto desse eterno impasse entre a aceitação da realidade na forma que se apresenta e a esperança utópica que podemos modificá-la pelo amor”. Para ela, o legado do autor traz pistas preciosas de como homens e mulheres devem enfrentar a realidade.

A pesquisadora organizou o livro “O verso vivo de Vinícius de Moraes: olhares sobre o mais amado”.

O professor de literatura Tiago de Carvalho, do Instituto Federal de Brasília, destaca que a obra de Vinícius é um tema que encanta também o ensino fundamental e médio, já que os alunos trazem referências ao poeta, ainda que não tenham tantas informações como os universitários. Os mais jovens percebem que o Poetinha foi admirado no morro e também pela elite. “Um homem que tinha causas ligadas às massas. Ele transitava entre o popular e o erudito e deve ser estudado tanto nas academias quanto cantado pelo povo”. O professor indica que o poeta se popularizou pela forma como cantava o amor, e pela visão redentora do sentimento. “Ele captou isso como ninguém. Apaixonado pela vida pelo amor, e se entrega ao samba e à bossa-nova. Ninguém faria como Vinícius em todas as camadas da sociedade, tanto na música como na poesia”.

Ele recorda que a obra de Vinícius deve ser contextualizada como multifacetada. “Amor e saudade são temas que sobressaem. O poeta se destaca também por versos sociais como em ‘Operário em Construção’. Além disso, está também em temas como a religião e até o erotismo. Podíamos nos perguntar onde estaria Vinícius hoje. Era um homem amoroso na poesia e com as pessoas”. O espaço das saudades em Vinícius é um lugar do amor, afirmam os estudiosos. “Nós somos seres em construção. A poesia dele é grande também porque não é dogmática”.

Quarenta anos depois de sua morte, os pesquisadores reconhecem que ainda há muito o que ler e ouvir para compreender mais sobre o célebre autor. Enquanto a academia esmiúça os dotes estéticos e estilísticos do poeta, os fãs, em saudades, apaixonados, têm seus olhares próprios para a esperança e para o amanhã, nas rodas de cantoria que já planejam para quando a pandemia passar. "Assim como o Oceano, só é belo com o luar. Assim como a Canção, só tem razão se se cantar...". Todos teremos razão em cantar a esperança e a saudade que ele, em tantas formas, deixou como legado.

Veja, abaixo, “Caminhos da Reportagem” com história de Vinícius de Moraes

Confira reportagem especial do Brasil sobre o poetinha

Memória Rádio MEC relembra poesias e crônicas de Vinícius de Moraes

(Fonte: Agência Brasil)

Será um milagre o finito de nós resistir ao infinito do tempo.

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Uma coisa é você ter história; outra, é a história lhe ter.

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Como o sabem os médicos e biólogos – mas não apenas eles –, os seres humanos são finitos: nascem, vivem, morrem.

Somos os mais perfeitos (?) e complexos elementos da (ou na) Natureza,...

... somos os únicos com percepção de si mesmos,...

... somos os únicos organismos vivos que conferem sentido aos demais organismos vivos e às coisas materiais e imateriais que (n)os rodeiam e, entanto, somos seres de existência curta,...

... de escassa longevidade,...

... de pouco tempo de vida.

Enquanto isso, outros representantes do reino animal estão nadando de braçadas à frente dos humanos no oceano da vida. Há peixes – carpas, por exemplo – que vivem fácil mais de 220 anos.

Tubarões e lagostas sesquicentenários.

Tartarugas e baleias bicentenárias (e estas são mamíferos que nem nós...).

Ostras e moluscos de quatro séculos.

E nem se fale de certas águas-vivas (medusas), que, simplesmente, são imortais, voltam ciclicamente a ficar jovens após um tempo na maturidade, e assim vão vivendo... para sempre.

No reino vegetal, árvores de quatro milênios, como pínus, ciprestes e teixos.

E é de admirar a resistência, a duração dos pequenos, dos muuuuuuuuuuuuuuuito pequenos, os micróbios, que dominam, no mínimo, 80% da biomassa da Terra (os seres vivos, plantas incluídas) e vivem muito, e bote muito nisso.

Os micro-organismos são a prova de que tamanho não é documento.

Há bactérias que são quase eternas, podendo viver dezenas (há registros de centenas) de milhões de anos.

... Mas ninguém quer ser uma bactéria ultralongeva,...

... ou um fungo semieterno,...

... muito menos um vírus (i)mortal...

De qualquer maneira, fartos ou minguados em anos, os organismos vivos (ou pelo menos 99,9% deles) têm algo em comum:

... vão sumir,

... de-sa-pa-re-cer.

E cada infinitesimal molécula deles (e nossa) procurará ou formará outra estrutura.

A Ciência afirma: apenas 0,1% dos organismos terá a sorte de virar fóssil, e assim existir/resistir no tempo, embora nada assegure que o fóssil de um ser vivo ou de parte dele (animal, vegetal ou coisa e tal) seja encontrado.

Será um milagre o finito de nós resistir ao infinito do tempo. Sem fósseis, sem registros, é impossível a algo ou alguém existir na História – pois História é a existência conhecida, contada.

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O livro é o novo fóssil. Um fóssil de papel. Um fóssil que se dá a conhecer.

Livros são pequenas pirâmides de celulose e tinta que conservam o principal dos tesouros humanos: conhecimento, informações sobre a vida de algo ou alguém.

É neles, livros, que deixamos marcas, caracteres, figuras. Neles, imprimimos, isto é, assumimos e revelamos a beleza e o desespero,...

... a alegria e a angústia,...

... o sentido, a sensação e o sentimento de sermos o que somos (gente) no desfrute de termos o que temos (vida).

Assim, cada livro vai-se mantendo como um seguro a mais contra o esquecimento, a perda, o sumiço, a extinção.

Rascunho de eternidade, um livro nos livra do pó. Faz-nos sobreviver ao túmulo.

Algumas pessoas permitem-se pequenos exercícios de posteridade. Seres comuns e iguais – animais – ante a Ciência, mas únicos e especiais – sujeitos – ante a História.

Seres singulares em sua pluralidade e plurais em sua singularidade.

Apesar disto, não importaria para a História o trabalho de cada um, a vida de cada um, se isto não fosse comunicado.

Pois uma coisa é você ter história; outra, é a História lhe ter.

Só há eternidade na História.

Entre outras coisas, um livro documenta histórias vividas e histórias de vidas ainda vívidas.

Evidentemente, um livro não documenta toda a história de cada ser – não existem livros assim. Um livro com uma história de alguém é um resumo pessoal, lacônico, que apenas anuncia a pessoa, informa (o) que ela é, diz que está, comunica que chegou. Conta que existe. Conta um pouco de sua existência.

Não importa quanto tempo viva um ser: ele só será ser se se souber que ele é, ou foi. E um livro serve – também – para isso.

De alguma forma, ficção ou realidade, romântico ou técnico, todo livro é um livro de História.

Da pequena História de cada um na imensidão do Tempo que é de todos – e do Tudo...

* EDMILSON SANCHES