Ensinar o aluno a ser auditor cívico e a fiscalizar a execução de políticas públicas no âmbito escolar é a missão do projeto Controladoria na Escola, desenvolvido no Centro de Ensino Fundamental (CEF) 404, de Samambaia, em Brasília (DF). Trata-se de uma iniciativa da Controladoria Geral do Distrito Federal (CGDF) que promove o controle social, a educação ética e cidadã e o combate à corrupção. Este é o tema do programa “Educação no Ar”, exibido pela TV MEC na última quinta-feira (23).
O projeto ensina, de forma lúdica, como se faz uma auditoria, o significado de educação fiscal e aborda pequenos atos cometidos no dia a dia que se enquadram na categoria de corrupção. Assim, o aluno atua como fiscal, identifica problemas e propõe mudanças para a melhoria do ambiente escolar.
O diretor do CEF 404 de Samambaia, Paulo Rogério Leão, participa do projeto desde o ano passado e conta que, quando a CGDF procurou a escola, todos abraçaram a ideia imediatamente. “Ficamos felizes, pois são iniciativas novas. Nós sempre esperamos novos projetos”, valoriza. A iniciativa também entusiasmou os pais dos alunos: “Eles ficaram vislumbrados [de ver] como uma entidade que parecia tão inacessível estava agora dentro da escola. Perceberam que a mão do Estado está chegando às pessoas que precisam”.
Participação
Os estudantes foram escolhidos como auditores. O papel deles é fiscalizar, apontar os problemas da escola e mostrar também as soluções. “Uma coisa simples como o lixo no pátio”, resume o diretor. “É o Estado que vai resolver ou somos nós? O trinco do banheiro que está quebrado, a parede que está suja... São pequenas coisas que eles próprios visualizam e apontam quem pode resolver o problema”.
O projeto envolve toda a comunidade escolar. Até o ano passado, participavam os alunos do nono ano do ensino fundamental e do ensino médio. Em 2017, os estudantes do oitavo ano também começaram a atuar diretamente. “Agora, o que eles apontam nessa auditoria e [a indicação de] quem vai resolver os problemas envolve todo mundo”, reforça Paulo Rogério.
Com a iniciativa, outros três projetos surgiram na escola: a monitoria, a horta comunitária e a revitalização do espaço. A participação ativa nesse trabalho estimulou os estudantes a buscarem mais. “Necessariamente, esse projeto trouxe melhorias para dentro da escola”, avalia o diretor. “O aluno chega à horta e não sabe o que é um quiabo. Eu digo: vá ao laboratório e faça uma pesquisa. Aí, de quebra, ele adquire conhecimentos sobre irrigação e questões matemáticas”.
Prêmio
A CGDF lançou o primeiro prêmio Escola de Atitude, ligado ao projeto Controladoria na Escola. A unidade escolar vencedora receberá R$ 50 mil. “Os alunos sabem que esse dinheiro é para a escola e faremos uso dele conforme a orientação dos próprios estudantes”, adianta Paulo Rogério. “Agora, a escola tem vários auditores capazes de dizer onde a escola deve usar esse dinheiro”. A motivação, lembra ele, vai além da premiação financeira, pois os professores também concorrem a bolsas de estudo em nível de mestrado.
A parte de revitalização do ambiente escolar é feita pela comunidade. “Eles manifestaram o interesse de estar dentro da escola para consertar uma lâmpada, uma torneira, o reparo do bebedouro etc.”. Um dos entraves que a CEF 404 de Samambaia sempre buscou transpor foi a questão da participação da comunidade dentro da escola.
“O fato de os estudantes se sentirem pertencentes àquele ambiente não é simples”, analisa Paulo Rogério. “Explicar aos pais que as notas do filho dependem de alguns fatores e que eles, pais, podem contribuir dentro da escola é um desafio. A parceria com outros órgãos, antes vistos como inacessíveis, passa a mostrar aos pais que eles também podem ser protagonistas na vida dos filhos”.
(Fonte: MEC)