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RIO, 460 ANOS – E CAXIAS E O MARANHÃO COM ISSO? (A CIDADE MARAVILHOSA E O ESTADO MARAVILHOSO)*

– "Até onde iríamos nesse desfile de grandes nomes maranhenses que, em geral, nós maranhenses deles pouco sabemos, ou não sabemos? A quantidade de nomes é tal que dobraríamos as esquinas da paciência e testaríamos o limite de páginas de papel e espaços digitais".

– (...) "Essa coleção de nomes forma um patrimônio simbólico, um potencial da Economia Criativa, um capital intelectual fantástico que não pode ser deixado assim, no desperdício, na não recorrência, no esquecimento".

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Há dez anos, no dia 1º de março de 2015, na página principal de apenas um “site” de notícias, a expressão “Cidade Maravilhosa” aparecia pelo menos sete vezes em manchete e títulos de textos (como, por exemplo, no endereço eletrônico http://noticias.uol.com.br/rio-de-janeiro, às 9h12) . “Cidade Maravilhosa”, como se sabe, é uma figura de linguagem (autores classificam como perífrase, antonomásia, epíteto...) para denominar a cidade Rio de Janeiro, capital do Estado brasileiro de mesmo nome.

Dez anos depois, neste 1º de março de 2025, a ferramenta de buscas Google traz incontáveis referências aos 460 anos do Rio de Janeiro e à expressão “Cidade Maravilhosa”, um sinônimo para a capital fluminense.

Essa expressão – “Cidade Maravilhosa” –, de tanto que “pegou”, é nome de música (de 1934, depois considerada hino oficial do município carioca: “Cidade Maravilhosa / cheia de encantos mil...”).

“Cidade Maravilhosa” também foi nome de programa de rádio, é título de diversas obras: a escritora francesa Jane Catulle Mendès (1867-1955) publicou em 1913 em Paris “La Ville Merveilleuse” (“A Cidade Maravilhosa”), livro de poemas sobre o Rio de Janeiro, onde estivera dois anos antes, de setembro a dezembro de 1911. Tenho um exemplar de obras com esse nome, de 1922, de autoria de Olegário Mariano, pernambucano que morava no Rio, e outra de igual título do maranhense de Caxias Coelho Netto, que também residia na capital carioca.

Enfim, no Brasil e no mundo, é automático: “Cidade Maravilhosa” é sinônimo de “Rio de Janeiro”. Dezessete letras por doze. Métrica e poeticamente, um septissílabo e um pentassílabo.

Pois bem: antes de 1º de março, em 2015 e neste 2025, há dias que a grande Imprensa (rádio, jornal, televisão, Internet), sobretudo a do Sudeste, vinha fazendo e divulgando matérias sobre o Rio de Janeiro e seus 450 / 460 anos. Invariavelmente, a expressão “Cidade Maravilhosa” está ali, naquelas matérias. “Cidade Maravilhosa” é a expressão-alma que dá “vida” ao nome-corpo “Rio de Janeiro”.

O que não vi, não li, não escutei foi a referência, mínima que pudesse ser, a quem se tornou o maior divulgador da expressão “Cidade Maravilhosa” como perfeita substituta, dublê de corpo e alma do topônimo “Rio de Janeiro”. A expressão “cidade maravilhosa” já constava de textos e títulos de matérias jornalísticas veiculadas pela Imprensa carioca pelo menos desde 1907 e 1913.

Pois o maior divulgador desse epíteto / perífrase / antonomásia / metonímia foi um maranhense multitalentoso – como o eram os diversos maranhenses, sobretudo escritores, que, individualmente ou com a família, se mudaram para a antiga Capital Federal, o Rio, em especial no século XIX.

O grande divulgador da expressão “Cidade Maravilhosa” é o maranhense de Caxias Henrique Maximiano Coelho Netto, que surpreendeu e encantou o Brasil com seus mais de cem livros e milhares e milhares de textos em jornais, além de centenas de discursos e outros pronunciamentos.

O Maranhão de hoje não sabe fazer jus aos maranhenses talentosos de ontem. O Maranhão não se autorreconhece. Não adotou um pingo de sadia ousadia, de criativa audácia, para (im)pôr-se em seu lugar como instrumento de destaque no concerto da Federação.

Falando no geral, pergunte-se a um estudante maranhense ou a um outro cidadão a escalação do seu time de futebol (geralmente paulista ou carioca) e ele lhe poderá detalhar até como deram os passos e passes que culminaram no terceiro gol do segundo tempo do primeiro turno do ano de mil e lá vai fumaça. Genial. Louvável. É o amor ao futebol.

Agora, pergunte-se quem e que (enorme) diferença fizeram ao Brasil ou ao mundo escritores, cientistas, gestores públicos, artistas e políticos nascidos em muitos casos nas brenhas da hinterlândia maranhense, muitas das vezes com todas e aparentes pré-condições para darem errado na vida, pela soma de fatores socioeconômicos, educacionais, familiares, territoriais...

Maranhenses que causariam orgulho aparente, explícito, e não apenas latente, potencial, a cidades como Paris, a países como a França... Mas esses nossos irmãos – ilustres desconhecidos – não mereceram até hoje dos setores Público e Privado um conjunto de ações sistêmicas e sistemáticas, orgânicas e organizadas para, até mesmo, (re)validar nossa “fama” de “Atenas Maranhense” e (re)ativar ou inspirar espíritos conterrâneos para os valores e validade da Cultura, da Arte, da Educação, do Conhecimento, da Ciência, da Literatura, da (boa) Política.

Dá vergonha ou, mais ainda, tristeza, saber o tanto de esforço, tempo, talento e outros recursos que homens e mulheres maranhenses despenderam em nome de uma coisa, em defesa de uma causa. Gentes maranhenses que têm recebido muito mais reconhecimento e homenagens em solo não maranhense do que na própria terra que as viu nascer.

Nestas comemorações dos 460 anos do Rio de Janeiro o Maranhão poderia estar saudando a antiga capital brasileira em peças publicitárias copatrocinadas, em textos assinados, em matérias jornalísticas, onde se destacasse o talento do maranhense Coelho Netto como autor da expressão “Cidade Maravilhosa” e se resgatasse ou se reafirmasse a identidade ou coirmandade maranhense e carioca, a partir mesmo da enxurrada de ações e realizações de que foram agentes os muitos e talentosos maranhenses que tiveram o Rio como segunda terra em sua vida.

Poucos Estados ombreiam-se com o Maranhão na quantidade e qualidade de seus filhos de destaque. MANOEL ODORICO MENDES, escritor, político, tradutor, é o precursor no Brasil da moderna tradução criativa. Sua tradução das obras de Virgílio e Homero são até hoje objeto de estudos e elogios. A Unicamp (Universidade Campinas) e seu Instituto de Estudos da Linguagem têm , permanente, o “Projeto Odorico Mendes”. Odorico Mendes é nome de rua no Rio de Janeiro e é bisavô de Maurice Druon, famoso escritor francês, autor do mundialmente conhecido livro “O Menino do dedo Verde”, decano da Academia Francesa, falecido em 2009.

TEÓFILO ODORICO DIAS DE MESQUITA, advogado, jornalista, escritor, é patrono da Academia Brasileira de Letras e autor da obra responsável pela introdução do Parnasianismo no Brasil.

JOAQUIM DE SOUSA ANDRADE DE CAUKAZIA PEREIRA, o Sousândrade, escritor vanguardista, formado em Paris, é autor de obra tida como das mais originais e instigantes do Romantismo no Brasil e precursor do Modernismo na Literatura.

JOÃO MENDES DE ALMEIDA, advogado, jornalista, líder abolicionista, escritor, foi o maranhense redator da Lei do Ventre Livre e foi considerado o jornalista mais completo do Brasil. Em São Paulo, sua vasta obra jurídica foi relançada. João Mendes mereceu busto e praça com seu nome na maior cidade brasileira, São Paulo, além do nome de seu filho, João Mendes de Almeida Júnior, dado ao fórum paulistano... No Maranhão, quem sabe disso?, quem o estuda?, que escola ou rua ou praça recebe seu nome?, que homenagens lhe são creditadas?, que honrarias lhe são, mesmo pós-morte, atribuídas?

ADERSON FERRO, odontólogo, formado em Paris, considerado “Glória da Odontologia Nacional”, autor de obra pioneira nessa Ciência – foi o primeiro brasileiro a escrever um livro sobre Odontologia. É também um dos introdutores da anestesia odontológica no Brasil. Quanto ao Maranhão, deixa-nos de boca aberta o desconhecimento e o não esforço para reassumir a maternidade desse ilustre filho, reconhecido e homenageado em outros lugares – mas não aqui. Há livro inteiro dedicado a Aderson Ferro... de autoria não maranhense.

JOAQUIM GOMES DE SOUSA, o Sousinha, matemático, escritor, tradutor, estudou Matemática e Medicina (em que se doutorou) na Europa. É considerado o primeiro físico e matemático brasileiro e, segundo alguns, o maior matemático do Brasil até hoje. Também surpreendeu a Europa com seus vastos conhecimentos nas ciências dos números e cálculos.

HENRIQUE MAXIMIANO COELHO NETTO, eleito “Príncipe dos Prosadores Brasileiros”, entre tanta coisa que legou ao Brasil, a consolidação do título “Cidade Maravilhosa” para o Rio e a autoria do título “Cidade Verde” para Teresina. E mais: desportista e capoeirista que era, foi o responsável pela elevação da capoeira no Brasil e pela ampliação de significado da palavra “torcida” com o sentido de grupo de adeptos de um time de futebol. Seu filho João, apelidado “Preguinho”, foi o autor do primeiro gol da Seleção Brasileira de futebol em Copa do Mundo.

MARIA FIRMINA DOS REIS é considerada a primeira romancista brasileira. Seu primo, FRANCISCO SOTERO DOS REIS, é autor de monumental obra de estudos filológicos (Língua Portuguesa).

ANTÔNIO GONÇALVES DIAS é introdutor do Indianismo na Literatura brasileira, autor de decantados livros e dos mais declamados e citados versos da Poesia brasileira: “Minha terra tem palmeiras / Onde canta o sabiá / ...”. Quem canta o Hino Nacional Brasileiro também canta Gonçalves Dias e o Maranhão, pois a mais importante composição musical do país tem versos desse maranhense de Caxias.

RAIMUNDO DA MOTA DE AZEVEDO CORREIA, magistrado, professor, diplomata, escritor, membro fundador da Academia Brasileira de Letras, é autor maranhense citado e recitado pela beleza de seus versos e importância dentro do Parnasianismo e Simbolismo brasileiros.

CELSO TERTULIANO DA CUNHA MAGALHÃES é o maranhense pioneiro do estudo do folclore no Brasil, responsável pelo lançamento das bases metodológicas do folclorismo nacional. Embora voltado mais para a poesia popular, seu trabalho se estendeu também pelo teatro, a poesia, a ficção e a crítica.

HUMBERTO DE CAMPOS VERAS, escritor, jornalista, político, da Academia Brasileira de Letras, é autor de volumosa obra, conhecida e reconhecida por muito tempo.

CATULO DA PAIXÃO CEARENSE (seu pai era do Ceará; sua mãe, maranhense), nascido em São Luís, é o poeta e músico autor do que é considerado o “hino nacional sertanejo” e primeira música sertaneja gravada no Brasil, “Luar do Sertão” (quem não se lembra de “Não há, ó gente, ó não, / luar como este do sertão (...)”. “Luar do Sertão” foi gravada por, entre outros, Luiz Gonzaga, Vicente Celestino e Maria Bethânia. Trata-se, como dito, da primeira música sertaneja gravada no Brasil – e o que o Maranhão faz com esta informação, nestes tempos de proliferação da música dita “sertaneja”? Além disso, Catulo, que foi relojoeiro no Rio e parceiro de Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth, é considerado o responsável pela reabilitação do violão nos salões da alta sociedade carioca e pela reforma da "modinha", uma espécie de canção espirituosa ou amorosa.

E os talentosos irmãos Azevedo? ALUÍSIO TANCREDO BELO GONÇALVES DE AZEVEDO, escritor, diplomata, jornalista, caricaturista, desenhista e pintor, que lançou no Brasil o Naturalismo, com seu romance “O Mulato”, de 1881. ARTUR NABANTINO GONÇALVES DE AZEVEDO, mais velho que Aluísio, dramaturgo, poeta, contista, crítico, jornalista brasileiro, é no Brasil o principal autor do gênero teatral chamado “teatro de revista”, que traz números musicais com sensualidade e comédias com críticas políticas e sociais. Foi o maranhense Artur Azevedo o responsável pela criação da lei que obrigava a construção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro -- inaugurado, aliás, com uma peça do igualmente maranhense Coelho Netto. Ambos os irmãos moraram no Rio e foram sócios fundadores da Academia Brasileira de Letras.

ADELINO FONTOURA CHAVES, jornalista, ator e poeta, maranhense que é o patrono da cadeira número 1 da Academia Brasileira de Letras. Sua obra, sua vida precisam ser divulgadas, conhecidas...

ODYLO COSTA, FILHO, jornalista, escritor, membro da Academia Brasileira de Letras, chefiou redações de publicações importantes no Rio de Janeiro e São Paulo, é considerado o responsável pela renovação do jornalismo brasileiro, a partir da modernização do “Jornal do Brasil”, hoje extinto. Poucos sabem que Odylo foi primeiro diretor da revista de reportagens “Realidade” (1966-1976), da Editora Abril, empresa da qual também foi membro do Conselho Editorial.

CELSO ANTÔNIO SILVEIRA DE MENEZES, pintor, escritor e professor brasileiro, um dos maiores escultores brasileiros, considerado o introdutor do Modernismo nas Artes Plásticas do Brasil. Amigo de Di Cavalcanti, Cândido Portinari, mereceu os melhores reconhecimentos de Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e, entre outros, Otto Lara Resende, autor de um verdadeiro manifesto onde escreve, textualmente: “(...) considero um absurdo que até hoje, no final de 1989, um artista do valor e da importância de Celso Antônio não tenha tido ainda o reconhecimento que merece”. E o Maranhão, o que faz, o que diz?

SINVAL ODORICO DE MOURA, magistrado e político, um raro caso de alguém que foi governante de quatro Estados no Brasil. Era conselheiro do imperador.

RAIMUNDO TEIXEIRA MENDES, maranhense de Caxias cuja luta em prol das causas sociais, a partir do Rio de Janeiro, inundou o país de benefícios, como redator das primeiras leis de proteção à mulher trabalhadora, ao menor trabalhador e aos, à época, doentes mentais. Também defendia questões indígenas e a criação da hoje Fundação nacional dos Povos Indígenas (Funai) foi criada sob sua inspiração. Se hoje há legalmente diversidade religiosa e liberdade de crença e culto, ela teve início com Teixeira Mendes, redator do dispositivo constitucional que fez a separação Igreja—Estado... Entre tantas “coisas” que fez e foi, é um dos principais nomes do Positivismo (aqui e no mundo) e é autor da Bandeira Brasileira. Não fosse Teixeira Mendes e correríamos o risco de ter, como nossa, a bandeira dos Estados Unidos pintada de verde e amarelo.

CÉSAR AUGUSTO MARQUES, múltiplo talento de médico atuante, pesquisador incansável, escritor e historiador, autor de obras inaugurais da historiografia maranhense e brasileira.

ANDRESA MARIA DE SOUSA RAMOS, estudada por escritores, sociólogos e antropólogos brasileiros e estrangeiros, é a Mãe Andresa, sacerdotisa de culto afro-brasileiro de renome internacional, última princesa da linhagem direta africana fon. Andresa Ramos comandou durante 40 anos a Casa de Mina em São Luís, até morrer em 1954, aos cem anos de idade. O vice-presidente e presidente da República João Fernandes Campos Café Filho vinha ao Maranhão cumprimentar e pedir as bênçãos a essa maranhense de Caxias.

O grande UBIRAJARA FIDALGO DA SILVA, o primeiro dramaturgo negro brasileiro, ator, diretor, produtor, bailarino, apresentador de TV e criador do Teatro Profissional do Negro, reconhecido e homenageado nos grandes centros brasileiros como Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Enquanto isso, no Maranhão, quem sabe da existência de tamanho talento, falecido em 1986, no Rio de Janeiro? Quem do Maranhão já patrocinou montagem de suas peças, a edição de seus textos em livros, encenados e inéditos? Qual autoridade bancou uma exposição sobre seus trabalhos, a exibição de documentários sobre Ubirajara Fidalgo, desconhecido em vida por seus conterrâneos de Caxias, onde nasceu, e não reconhecido após a morte, e cuja filha, a cineasta Sabrina Fidalgo, luta pela preservação e divulgação da obra de seu pai e nosso conterrâneo?

No Maranhão, nasceram CÉSAR FERREIRA OLIVEIRA, “revolucionário constitucionalista” em São Paulo e “Herói da Guerra de Canudos”, e JOÃO CHRISTINO CRUZ, responsável pela criação do Ministério da Agricultura, agrônomo que fez estudos em outros países e é o presidente de honra da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), em cujo auditório fiz pronunciamento relembrando a importância, entre outros, desse grande maranhense.

ANTÔNIO CARLOS DOS REIS RAYOL, compositor, tenor, violinista e regente brasileiro, que já aos 13 anos ensinava música, tirou primeiros lugares, foi para a Itália e tem obra ainda a ser, digamos, “popularizada”. Assim também ELPÍDIO PEREIRA, maestro e músico de renome internacional, autor do hino de sua cidade natal, Caxias, estudou e apresentou-se na França e em diversos Estados brasileiros. A obra elpidiana é publicada em livro por outros Estados. No Maranhão, musicalmente, ninguém (se) toca.

JOÃO LOPES DE CARVALHO, pintor e desenhista, que estudou sua arte em Portugal, onde, por seu grande talento, já aos 16 anos, em 1862, foi elogiado por muitos jornais de Lisboa. Nascido em Caxias, sua arte era de tal qualidade que um de seus quadros ele recusou-se a vender, para doar para o Imperador patrono das Artes.

JOAQUIM ANTÔNIO CRUZ foi médico, militar e político e participou da demarcação de fronteira do Brasil com a Argentina e votou pela lei que terminou por abolir os castigos corporais nas Forças Armadas

JOSÉ ARMANDO DE ALMEIDA MARANHÃO, teatrólogo, escultor, caricaturista, considerado “A Pedra Angular do Teatro Paranaense”. Estudou na Alemanha, Inglaterra, França, Itália, Portugal, Espanha, Suíça, Bélgica e Holanda e teve aulas com nomes notáveis do Cinema e das Artes Cênicas, como Luchino Visconti, Federico Fellini, Roberto Rosselini, Michelangelo Antonionni, Lawrence Olivier, entre outros.

LIENE TEIXEIRA, caxiense, foi a primeira engenheira-agrônoma formada na Universidade federal de Viçosa, em Minas Gerais. Fez doutorado em Botânica, na USP (Universidade de São Paulo). A qualidade de seus estudos e pesquisas levou a Botânica a, após sua morte, homenagear a maranhense com seu nome dado a um espécime vegetal.

E a vida de dedicação do cientista FRANCISCO DAS CHAGAS OLIVEIRA LUZ, falecido em 2017? Maranhense de Caxias, farmacêutico-bioquímico, professor da Universidade de Brasília (UnB), era obstinado na pesquisa e resultados na área de Medicina Tropical, sobretudo os voltados para o diagnóstico e tratamento de doenças que atingem pessoas mais carentes, como calazar e malária. Seu trabalho contribuiu para o aperfeiçoamento e apressamento na identificação e no combate desses males, devolvendo saúde e bem-estar ao grande número de pessoas que eram – e as que ainda são – infectadas.

JOAQUIM JOSÉ DE CAMPOS DA COSTA MEDEIROS E ALBUQUERQUE, nascido em Caxias, chefiava uma unidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Rio de Janeiro, e tornou-se o realizador do primeiro Recenseamento Geral do Brasil, em 1872.

Maranhense de Pedreiras, o médico JOSÉ EDUARDO MORAES REGO SOUSA (1934-2022) é o pioneiro da Cardiologia Intervencionista e realizou os primeiros exames de cineangiocoronariografia no Brasil (1966). Considerado o “pai” do “stent” farmacológico, para o qual criou a técnica de revesti-lo com um medicamento (rapamicina) e implantá-lo na artéria coronária, responsável pela oxigenação do coração. O Dr. Eduardo foi homenageado em diversos países por sua contribuição à Medicina e à Saúde, com a salvação de milhões de vidas com sua técnica e o nanotubo que está presente no peito de pessoas de todo o planeta.

Até onde iríamos nesse desfile de grandes nomes maranhenses que em geral nós maranhenses deles pouco sabemos, ou não sabemos? A quantidade de nomes é tal que dobraríamos as esquinas da paciência e testaríamos o limite de páginas de papel e espaços digitais.

Ainda assim, ao que parece, maior que o rol de nomes, maior que esse escondido e escuro “hall” da fama, parece ser a desvontade, o desamor, o “nem te ligo” a que o Maranhão submete esses e outros – muitos outros – maranhenses. Há, sim, plenas condições (potenciais e a serem construídas) para se reavivar a estrela do Maranhão na constelação de grandes, ilustres, úteis, talentosos nomes que fizeram positiva diferença para este País e lhe ajudou a construir ou fixar a identidade, a brasilidade, a maranhensidade. Nestes 460 anos do Rio de Janeiro, podemos dizer que o Rio é brasileiro, mas a Cidade Maravilhosa... é maranhense.

Essa coleção (incompleta) de nomes forma um patrimônio simbólico, um potencial da Economia Criativa, um capital intelectual fantástico que não pode ser deixado assim, no desperdício, na não recorrência, no esquecimento.

Programas, projetos e ações factíveis podem ser desenvolvidos, adotados, para estar permanentemente presentes nas escolas e universidades públicas e, quiçá, particulares do Estado. Podem, com a adequada abordagem e o devido estímulo, ser pautas permanentes da Imprensa maranhense, brasileira e, até, internacional; podem ser temas de concursos, objeto de estudos, de pesquisas, de obras de estudiosos, pesquisadores, autores, alunos, professores...

Enfim, podem saudavelmente ocupar a mente de maranhenses e brasileiros, levando multidões a ampliarem ainda mais o salubre e incontido orgulho de ser maranhense e brasileiro.

Este réquiem é lançado para pessoas que, como Moisés, saibam falar do que outros não falam...

... saibam enxergar  o que outros não enxergam...

... saibam fazer onde tantos esqueceram...

Pelos seus 460 anos, parabéns ao Rio em que tantos nadaram, beberam, moraram, viveram.

* EDMILSON SANCHES

IMAGENS:

1º de março de 2025: Rio, 460 anos; o caxiense Coelho Netto e a bandeira do Maranhão. Livros com o título "Cidade Maravilhosa".

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