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Willian Cândido Barbosa (WILLIAN MARINHO)*

(Imperatriz, 14/3/1962 – Imperatriz, 20/5/2024)

*

Durante décadas, Willian Marinho fez notícia. Hoje, é a notícia que o faz. Willian deixa de escrever para ser (d)escrito.

Pelo mais indesejado dos motivos – e, ao mesmo tempo, o mais certo e inescapável deles: a morte –, William Marinho, jornalista, radialista, desportista, gestor de entidades desportivas e classistas, bacharel em Direito, colega, amigo e parceiro em diversos ideais e lutas, deixa de, jornalisticamente, contar histórias e passa, historicamente, a ser uma delas.

Nessa segunda-feira, 20 de maio de 2024, morreu Willian Cândido Barbosa, o Willian Marinho. Nascido em 1962, ninguém imaginaria que esse ano não apenas anunciava a chegada de Willian ao mundo como, também, por misteriosos arcanos, “embutia” nele, ano, um presságio com tempo certo para acontecer: Willian viveria 62 anos.

William Marinho deixa viúva Cláudia Regina Sousa Barbosa, com quem estava casado há 40 anos, desde 23 de março de 1984. Do casal sobrevieram os filhos Paulo Henrique Souza Barbosa e João Victor de Souza Barbosa.

Na Imprensa, Willian Marinho teve contínua e grande participação profissional. Ingressou no jornalismo em 1979, na “Gazeta de Imperatriz”, jornal que começou a circular em Imperatriz, em 25 de fevereiro daquele ano. Na direção, o empresário do ramo imobiliário Gerardo Marinho Lopes e, na edição, Wilton Alves Ferreira (o Coquinho). Depois, Willian, trabalhou na Rádio Imperatriz, cobrindo o setor de Esportes; no “Jornal do Tocantins”, também de Imperatriz. Em São Luís (MA), Willian Marinho trabalhou nas rádios Timbira e Difusora e no jornal “Diário do Povo”. De volta a Imperatriz, em 1980, foi para a sucursal do “Jornal de Hoje”, diário de São Luís, e para o jornal “O Progresso”, onde se manteve como repórter e colunista até o final da carreira. Em 1987, foi diretor e editor do “Jornal da Cidade”, que ele publicava em Açailândia (MA).

Em “O Progresso” destacou-se como colunista social e, na coluna “Fora da Pauta”, de política e cidade. (Em 1999, cheguei a substituir o Willian nessa coluna, em suas férias, quando também substituí, na coluna “Bastidores”, o à época editor do jornal, Luiz Duarte, por licença-paternidade. Willian Marinho entrevistou-me diversas vezes em seus programas em redes locais de televisão. Em suas colunas (social e política), fez registros sobre diversas ações que empreendi em e por  Imperatriz. Chegou a dispensar para mim diversas manifestações de apoio, como, por exemplo, na histórica campanha que, quase solitariamente, por meio do jornal “O Progresso”, empreendi em 1999 contra a extinção do núcleo de Imperatriz do Hemomar (banco de sangue do governo do Maranhão). Mais de 20 artigos escrevi após saber da terrível pretensão e quase crime de pessoas bem-postas na sede do Hemomar em São Luís, que queriam porque queriam transformar o hemonúcleo imperatrizense em apenas um posto de coleta de sangue (que depois seria analisado e classificado em São Luís, de onde só depois viriam para Imperatriz, com todo custo de burocracia e de vidas. Esse brutal “nonsense” quase se materializou. Gente de Imperatriz morreu em hospital em razão disso. Consegui atestado de óbito e outros documentos que comprovavam o desleixo homicida daquela parte da burocracia estatal. Por fim, meus textos, via “O Progresso”, chegaram ao conhecimento de quem mandava mesmo no governo estadual. Resultado: assessores foram demitidos na capital e o Hemomar de Imperatriz se manteve. E o Willian Marinho, à época assessor na estrutura estadual do governo maranhense em Imperatriz, estava nos bastidores, dando-me, e a Imperatriz, o apoio possível. Relatei no dia 6 de outubro de 1999, em “O Progresso”, no primeiro parágrafo do artigo “Final (ou um novo começo) de uma história de sangue”:

“Durante a inauguração do ‘Farol da Educação’ ontem, 5 [de outubro de 1999], eu não sabia que estava sendo alvo das (boas) preocupações do jornalista William Marinho, desde as 6 horas da manhã. O esforçado assessor de imprensa da Gerência de Desenvolvimento Regional de Imperatriz (Gedrim), todo pressuroso e demonstrando um contentamento próprio de quem, sem trocadilho, vai dar uma boa notícia, procurou-me e anunciou: ‘Por determinação do gerente Antônio Carlos Frota, quero levar você para apresentar ao gerente estadual João Abreu’. Disse mais: ‘A última pessoa de São Luís que não queria a autonomia do Hemonúcleo de Imperatriz foi exonerada’. E resumiu, com o exagero que a alegria dessas horas concede: ‘Teus artigos derrubaram o pessoal de São Luís’. [...]”.

Além de assessor da Gerência Estadual de Desenvolvimento Regional do Tocantins, órgão do governo do Maranhão, Willian Marinho foi assessor de Comunicação Social da Prefeitura de Açailândia (administração Raimundo Pimentel Filho) e, com espírito sociocomunitário, desportivo e classista, foi também presidente da Associação de Imprensa da Região Tocantina, entidade que fundei em Imperatriz, em meados dos anos 1980, e foi vice-presidente e presidente da Sociedade Atlética Imperatriz (time de futebol profissional fundado em 1962 com o nome de Imperatriz Atlético Clube, hoje Sociedade Imperatriz de Desportos, também conhecida carinhosamente “Cavalo de Aço”). Willian também já havia dirigido equipe de futebol de salão (futsal).

Um quadro maior sobre Willian Marinho será objeto de texto ainda esta semana em “O Progresso”, como parte das homenagens em memória do dedicado comunicador social imperatrizense.

Mas, por enquanto, fiquemos com a melhor definição de Willian Marinho, feita por... Willian Marinho – que, sobre si mesmo, resumiu:

“Bom, sou jornalista, radialista e  bacharel em Direito. Gosto de tudo um pouco e quero um novo estado para Imperatriz continuar crescendo. Sou Palmeirense e Cavalo de Aço. Casado e pai de dois rapazes”.

* EDMILSON SANCHES

FOTOS:

Willian Marinho e a esposa, Cláudia Regina. Em setembro de 1987, Willian Marinho gravando reportagem, em reunião da Associação de Imprensa da Região Tocantina (AIRT), observado pelos diretores e jornalistas Tasso Assunção, Edmilson Sanches, Teresinha Chaves (Thetê) e, ao lado dele, Maria José. Na mesa de trabalhos, da esquerda para a direita: José Geraldo da Costa, Conor Pires Faria, Tasso Assunção, Edmilson Sanches, Thetê, Maria José, Willian Marinho e Gilmário Café Camurça.