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Principal atleta paralímpico do Maranhão, o nadador Davi Hermes voltou a fazer história em sua quarta e última participação nos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), maior competição de desporto universitário da América Latina. Representando a Universidade Ceuma, Davi, que é atleta da Viva Água e conta com os patrocínios do governo do Estado e da Potiguar por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, teve uma performance de alto nível nos JUBs 2025, disputados em Natal: com dois ouros, uma prata e dois bronzes em provas realizadas entre segunda-feira (13) e quinta-feira (16), o nadador maranhense atingiu a marca de 20 medalhas em quatro anos e colocou o seu nome entre os maiores vencedores do evento nacional em todos os tempos.

Em sua participação nos JUBs 2025, Davi Hermes se destacou ao conquistar duas medalhas de ouro nas provas dos 50m e 100m borboleta. Além disso, o atleta da Universidade Ceuma ficou com a prata na disputa dos 200m nado livre e garantiu o bronze nas provas dos 50m e 100m nado livre, mostrando todo o seu talento na competição nacional. Em quatro participações nos JUBs, Davi conquistou 13 ouros, quatro pratas e três bronzes, desempenho que coloca o atleta maranhense como uma referência da natação paralímpica brasileira nas últimas temporadas.

"Meu último JUBs como aluno de graduação foi mágico! Muita gratidão por representar a Universidade Ceuma e fazer parte da equipe do Maranhão em um torneio com excelentes atletas de natação e natação paradesportiva. Agradeço ao meu clube, a Viva Água, aos meus técnicos, meu fisioterapeuta e minha nutricionista pela preparação e treinamento. Também agradeço por todo o apoio que recebo da Potiguar e do Governo do Estado, por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte. Graças a esse apoio, tenho a possibilidade de realizar uma preparação adequada para alto rendimento e poder representar meu Maranhão e as pessoas com T21 em eventos dentro e fora do Estado! Muito feliz e grato a Deus por tudo!", afirma Davi Hermes.

2025 vitorioso

Antes de brilhar nos JUBs 2025, Davi Hermes foi um dos principais nomes do Open Internacional CBDI, disputado em julho, em São Paulo. O atleta da Viva Água faturou cinco medalhas, sendo dois ouros nas provas dos 50m e 100m borboleta, uma prata nos 200m borboleta e um bronze nos 200m livre. Também em julho, Davi Hermes representou a Universidade Ceuma nos Jogos Universitários Maranhenses (JUMs), onde se destacou nas provas de 50m livre, 50m borboleta e 100m borboleta, garantindo a sua quarta classificação para os Jogos Universitários Brasileiros (JUBs).

Pouco antes, em junho, Davi Hermes teve uma excelente performance na II Copa Brasil Paradesportiva de Natação, que foi disputada na Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Apcef), em São Luís. O atleta da Viva Água faturou seis medalhas na competição, com destaque para o bicampeonato nas provas dos 50m e 100m borboleta, além de conquistar três pratas e um bronze.

Os pódios na II Copa Brasil Paradesportiva de Natação reforçaram o ótimo ano de Davi Hermes, que também se saiu bem no revezamento e nos 50m nado livre do VII Troféu Ivan Pereira, que ocorreu em junho e foi válido como 2ª etapa do Circuito Master de Natação 2025. Com esse desempenho, Davi ajudou a Viva Água a faturar o título por equipes do evento estadual.

Em abril, Davi Hermes fez história no Campeonato Brasileiro de Natação CBDI 2025, promovido pela Confederação Brasileira de Desportos para Deficientes Intelectuais com o apoio do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Mostrando todo o seu talento e personalidade, o nadador maranhense faturou o hexacampeonato na prova dos 50m borboleta da competição nacional e atingiu a marca de 300 medalhas em sua vitoriosa carreira.

No começo da temporada de 2025, Davi Hermes também faturou cinco medalhas no Torneio Início da FMDA e no Troféu Aníbal Dias, válido como 1ª etapa do Circuito Maranhense Master de Natação, e venceu as provas dos 50m nado livre e 100m borboleta do Troféu Beto Silva, organizado pela Federação Maranhense de Desportos Aquáticos (FMDA).

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Kitesurfista número 1 das Américas, multicampeão brasileiro de Fórmula Kite e um dos principais nomes do esporte maranhense nos últimos anos, Bruno Lobo está confirmado na disputa do Sertões Kitesurf 2025, evento que é considerado o maior rali de kite do mundo e será realizado entre os dias 21 e 25 de outubro, no Estado do Ceará. Bruno, que é patrocinado pelo Grupo Audiolar e pelo governo do Estado por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, além de contar com o patrocínio do Bolsa Atleta, vai participar do Sertões Kitesurf pela segunda temporada consecutiva, depois de ter conquistado o vice-campeonato na categoria Pro Masculino em 2024.

Bruno Lobo vai competir no Sertões Kitesurf 2025 poucos dias após a sua participação no Campeonato Mundial de Fórmula Kite, realizado na Praia de Poetto, em Cagliari, na Itália. No Mundial, o kitesurfista maranhense mostrou todo o seu talento e habilidade ao vencer três regatas e conquistar o 13° lugar na classificação geral, desempenho que lhe rendeu a 2ª melhor campanha entre os representantes das Américas.

"A expectativa é muito boa para o Sertões Kitesurf, só tenho a agradecer a todo mundo que está comigo, aos meus patrocinadores, equipe técnica, tem muita gente envolvida para que eu possa dar o meu melhor nas competições de kitesurf e representar bem o Maranhão. Vamos com tudo, conto com o apoio e a torcida de vocês em mais um desafio", destaca Bruno Lobo.

Sertões Kitesurf 2025

Em sua quinta edição, o Sertões Kitesurf é uma competição em formato de rally de longa distância para kitesurfistas e wingfoilers, com quatro dias de duração e pernas de velejo entre 50km e 100km por dia. Os competidores largam divididos por trajeto e deverão passar obrigatoriamente por todos waypoints (marcas) dentro do horário de corte do time target.

De acordo com a organização do Sertões Kitesurf 2025, a competição terá início no dia 21 de outubro, na Praia Canoé, em Fortim. Depois de passar pelas cidades de Fortaleza (Praia do Futuro), Trairi (Praia de Guajiru) e Amontada (Praia de Icaraizinho), o evento terá sua linha de chegada na Praia do Preá, em Cruz, no dia 25 de outubro.

Os resultados do Sertões Kitesurf serão apresentados diariamente, e o vencedor da competição é aquele que tiver a menor somatória entre os resultados.

Outros resultados

Antes do Sertões Kitesurf e do Mundial de Fórmula Kite, Bruno Lobo teve uma ótima performance no Campeonato Europeu de Fórmula Kite, que foi disputado em maio, na cidade de Urla, na Turquia. Brigando por posições de destaque desde as primeiras regatas, o kitesurfista maranhense avançou às quartas de final em 6º lugar mesmo sofrendo uma lesão no decorrer da competição, e encerrou o Europeu na 7ª colocação, sendo o melhor atleta das Américas na disputa.

O Campeonato Europeu de Fórmula Kite foi a primeira competição de Bruno Lobo após uma temporada histórica em 2024. Além de garantir o sexto lugar da Fórmula Kite nos Jogos Olímpicos de Paris, cujas regatas ocorreram na Marina de Marselha, no Sul da França, Bruno foi eleito o melhor atleta da vela na 25ª edição do Prêmio Brasil Olímpico, que é considerado o Oscar do Esporte Brasileiro e homenageia os principais esportistas do país por seus resultados na temporada.

(Fonte: Assessoria de imprensa)

O 17 de outubro é dia de aniversário de Arthur Almada Lima Filho, desembargador caxiense, historiador, professor, escritor, gestor (de tribunal de Justiça, universidade, empresa jornalística, instituições). Falecido em 27 de outubro de 2021, em São Luís, em razão de problemas cardiorrespiratórios, Arthur Almada Filho completaria hoje 96 anos.

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A Estação Ferroviária em Caxias estava abandonada, ruindo. Um caxiense, Arthur Almada Lima Filho, resolveu “comprar briga”. Investiu tempo, talento, paciência, capacidade de luta e de gestão etc. e recuperou o prédio, depois pediu (e conseguiu) a intervenção, os recursos e o trabalho do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, do Governo Federal) e transformou a velha Estação Ferroviária e seus arredores na portentosa e orgulhosa sede do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias, que Arthur fundou e dirigiu. Mas, ó vida!, assim como seu xará maranhense Arthur Azevedo não pôde ver concluída a obra pela qual tanto lutou no sudeste do País – o Theatro Municipal do Rio de Janeiro –, Arthur Filho talqualmente não estaria presente na entrega das obras do Complexo que leva seu nome, na região central e histórica de Caxias.

O passado só ainda está presente e somente terá algum futuro se dele tiverem cuidadores como Arthur Almada Lima Filho.

Lembro-me de que, aos 91 anos, que se completaram exatamente neste 17 de outubro, em 2020, um renovado Arthur sentava-se à sua távola quadrada e pequena no início do rejuvenescimento do prédio de 130 anos da Estação Ferroviária. Era o começo da grande reforma que, após convênio com o IPHAN, se concluiria anos depois, em 12 de março de 2025. Aos 91 anos, em 2020, Arthur se abancava em sua mesa. cuidava de aspectos da gestão do Instituto e logo ia se aplicar a ler, estudar, pesquisar, escrever, quase sempre sobre fatos históricos de Caxias.

Anatole France, escritor francês (1844–1924), disse que “(...) o passado é o nosso único passeio e o único lugar onde possamos escapar a nossos aborrecimentos diários”, pois “o presente é árido e turvo; o futuro, oculto”. É o caso de Arthur Almada de Lima Filho, que gostava de passear no passado de Caxias, e o fazia sem aborrecimento, pois o passado caxiense era, para ele, desafio e combustível, era mister e mistério de arqueólogo, que vai descobrindo camada a camada, limpando as contaminações, rearrumando em ordem lógica, até a leitura e documentação final, senão apresentação da “coisa” achada –  informações, objetos...

O paulista Eduardo Paulo da Silva Prado, que nem o Arthur, era homem do Direito e escritor; também acadêmico, foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Viveu só 41 anos, tempo bastante para, entre seus amigos, contarem-se, entre outros, portentos literários e intelectuais como Eça de Queirós e Ramalho Ortigão. Eduardo Prado escreveu: “Certamente o homem deve viver no seu tempo, mas a tendência para a contemplação do passado é um dom nobilíssimo da sua alma”.

Mais do que contemplar, Arthur Almada Filho, no caso do passado de Caxias, contribuiu para organizá-lo, trazê-lo ao presente para garantir-lhe algum futuro. Como constatou o filósofo e poeta francês Paul Valéry, falecido em 1945, há 80 anos: “O passado (...) age sobre o futuro com um poder comparável ao do próprio presente”.

Em geral, Caxias pouco sabe dos esforços e da história, das lutas, lides e lidas desse Arthur Filho, filho caxiense que, à maneira de Bilac, “ama com fé e orgulho” a terra em que nasceu.

Juiz de Direito, desembargador, vice-presidente e presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão, presidente da nascente universidade estadual maranhense (UEMA), é citado no prestigioso e internacional “Who’s Who”, seus votos como jurista são transcritos em obras de Direito, tem seu nome na testada de prédios públicos, seja em fórum seja em escola Maranhão adentro, tais os méritos que a sociedade maranhense quis reconhecer e homenagear.

Autor de livros, pesquisador infatigável, magistrado intimorato, Arthur honrou o nome e o ofício do pai e o conceito da família – família que, no passado e no presente (e, pelo visto, para o futuro também), legou tanta gente inteligente para Caxias, o Maranhão e o Brasil.

Pelos feitos que fez, certamente não lhe caberia a observação do educador e abolicionista norte-americano Horace Mann (século 19): “Tenha vergonha de morrer até ter obtido alguma vitória para a Humanidade”.

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Arthur e eu éramos conterrâneos, confrades e amigos, pertencemos às sadias – e lutadoras – hostes do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias (IHGC), da Academia Caxiense de Letras (ACL) e da Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão (ASLEAMA). E nessas Instituições não estávamos apenas para estar ou ser ou “aparecer”, mas para fazer.

Era preciso conviver um pouco com o Arthur para ver-lhe os esforços em nome de coisas e causas coletivas. Era preciso estar perto para sentir-lhe o entusiasmo e satisfação quando da descoberta de um novo nome de caxiense de talento, ou nova informação sobre Caxias e caxienses, dados que zanzavam por aí, escondidos sob a poeira da História ou encobertos pelo pó do desinteresse humano.

No fim do ano 2013, Caxias e o Maranhão receberam de presente uma obra ("Efemérides Caxienses") em que Arthur Almada organizou, sistematizou e sintetizou eventos passados, com nomes e datas da História caxiense, mas com pontos de contato com a História maranhense e brasileira. Como diz o Arthur, ausente todo laivo de ufanismo: “Não há História do Brasil, sem a História de Caxias”, ou, como eu costumo citar, "Sem a História de Caxias não há História do Brasil".

Com ardor e energia moça, Arthur já naqueles idos organizava e escrevia novas obras de fôlego, como um livro de perfis biográficos (que ele lançou e foi sua última obra publicada em vida) e um avançado "Dicionário Biobibliográfico de Autores e Artistas Caxienses" (que ele me pedia para auxiliá-lo na pesquisa e revisão) . Entre outros... (Ele também queria lançar um livro com o título de “Breve Graça”, reunindo pequenos “causos”, historinhas, anedotário da vida real etc. e tal. Quando brincávamos um com o outro, eu perguntava:

“– Arthur, qual foi seu primeiro livro?”.

E ele:

“Algumas Palavras”.

“– E seu segundo livro?”

E ele, conciso:

“Outras Palavras”.

E, já antevendo a resposta, perguntava:

“– E qual seu próximo livro?”

“Últimas Palavras”.

E sorríamos... Efetivamente, “Algumas Palavras” foi livro lançado em 2009. “Outras Palavras” viria dez anos depois, em 2019. Entre um e outro, veio sua “magna opus”, em 2014: “Efemérides Caxienses”, que prefaciei (veja adiante).

Com discrição, senão silêncio, havia um Arthur bondadoso, que auxiliava pessoas carentes que o procuravam no Instituto. Um Arthur obsequioso, que reconhecia e até se recolhia – por exemplo, no caso de seu livro “Perfis”, que ele escreveu, mandou imprimir e, na data prevista para lançamento, em 2019, sem dizer nada, não lançou a obra... para permitir que um colega escritor, de outra cidade, pudesse lançar a própria obra no auditório do IHGC. Gestos assim são cada vez mais raros, pois nada impedia  –  a não ser a bonomia arthuriana – que os dois livros fossem lançados na mesma noite.

É esse conterrâneo, caxiense com muito orgulho, que estaria vencendo os meados da década dos 90 anos, neste 17 de outubro de 2025: nada menos do que 96 anos fazendo valer a pena o dom da Vida recebido e da dedicação com que se entregou à Justiça, ao Direito, à Educação, à Imprensa, à História e à Cultura.

Esse caxiense de boa cepa sabia, já há muito tempo mas sobretudo àquela altura da vida nonagenária, que, como ele, muitos de nós, neste jogo da existência, temos mais passado que futuro. E disto nem ele nem nós temos receio. Pois, para nós, para gente do naipe de Arthur Almada Lima Filho, o passado nos fortalece, quer em Vida, quer em Legado.

Como no dizer do poeta e dramaturgo francês Henry Bataille (1872—1922):

“O passado é um segundo coração que bate em nós”.

Paz e Luz, Arthur – Conterrâneo (de Caxias), Colega (de pesquisas e escritas), Parceiro (de ideias e ideais), Companheiro (de Rotary), Confrade (de Academias)...

... e Amigo – de sempre.

EDMILSON SANCHES

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AS “EFEMÉRIDES”

O lançamento de “Efemérides Caxienses”, a obra de referência de Arthur Almada Lima Filho, ocorreu no dia 25 de julho de 2014, na sede do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias, na avenida Getúlio Vargas, 951, centro da cidade. Convidados de todas as partes do estado já se encontravam em Caxias e até a hora do lançamento outros ainda estavam chegando...

Arthur Almada revelou-me que investiu pelo menos 30 meses na realização da obra, a partir das primeiras ideias até o lançamento. Mesmo durante a edição e até na hora da impressão foram feitos inclusões e reparos, o que, segundo Arthur Almada, de algum modo melhorou o conteúdo mas não isentou a obra de involuntárias falhas.

Na época, Arthur falava-me que uma segunda edição já estava sendo pensada e que ele iria ampliar o total de mais de 400 páginas da primeira. Ainda assim, advertia o autor, "Efemérides Caxienses" não pretende ser completa ou perfeita.

I I

Uma viagem por quatro séculos de história, com diversos pontos de parada obrigatória. Afinal, em "Efemérides Caxienses", de Arthur Almada Lima Filho, veem-se cerca de 500 entradas (unidades de textos) as quais, só elas, as entradas, referem-se a quatro séculos de história.

Em relação a personagens, fatos e lugares, entre outros, o livro é também de riqueza ímpar. Do “A” do jornal "A Balaiada" ou do engenheiro Aarão Reis – presidente da Companhia Maranhense de Desenvolvimento que doou um martelo de prata para bater, em 1891, a primeira estaca do início da ferrovia que ligaria Caxias a Timon (na época, Cajazeiras) –, ao “Z” da professora Zuleide Bogéa, "Efemérides Caxienses" elenca, só no Índice Onomástico, mais de 2.200 nomes – e este total seria sensivelmente maior, bem maior, se a ele fossem agregadas as centenas e centenas de nomes próprios presentes no livro – ainda que, em alguns casos, "en passant", mas assim mesmo objeto da Onomástica ou Onomatologia, a saber, entre outros, os antropônimos (nomes de pessoas – prenomes, sobrenomes, cognomes, alcunhas, hipocorísticos, patronímicos, antonomásicos, pseudônimos); hierônimos e hagiônimos (nomes sagrados e de santos); mitônimos (deuses, semideuses, mitos, lendas); topônimos em geral ou nomes de lugares, como os corônimos (nomes de países, continentes, regiões), nesônimos (ilhas), orônimos (serras, montes, cordilheiras), politônimos (cidades), talassônimos (oceanos, mares), potamônimos (rios, riachos), limnônimos (lagos), topônimos urbanos (rua, avenida, praça); e intitulativos (instituições de ensino, de pesquisa e de serviços oficiais, estabelecimentos comerciais, periódicos, livros e textos literários isoladamente).

O arrolamento de nomes em um índice foi desejo, quase imposição, do autor, ele próprio sabedor (e sofredor) do quanto podem fazer falta listagens onomásticas no final de uma obra, em especial obras históricas e de referência. Desde os primeiros ensaios de edição do livro de Arthur Almada já se viam os primeiros inventários de nomes próprios presentes no conteúdo das "Efemérides".

"Efemérides Caxienses" é um livro estimulador e facilitador para mentes desejosas de ir adiante, a partir do sem-número de indicativos que a obra sugere, explícita e implicitamente. Este é um livro cheio de bons e desafiadores “motes”, a serem desenvolvidos em verso(s) por aqueles que sabem sentir e sabem saber. "Efemérides Caxienses" entra com o fazer saber para alguém saber fazer. O livro dá pistas; seus leitores, procurem os tesouros.

É assim que "Efemérides Caxienses", sem pretensão e com suas limitações, intenta ser útil aos historiadores e jornalistas, aos pesquisadores e professores, aos estudantes e estudiosos, aos cidadãos e a todo o povo, à História em geral e à historiografia local – também do estado, quiçá do país –: como indicador de que algo e alguém, algures ou alhures, passaram perto ou perpassaram por esta nossa terra, com seus feitos e fatos, seus pensamentos e atos.

"Efemérides Caxienses", sabem-no os que sabem dos versos de Homero, dos escritos bíblicos, das inscrições rupestres, "Efemérides Caxienses" veio para ficar  – pois todo livro é um diamante de papel, é eterno –, mas, sobretudo, veio para se abrir ou ser aberto pelas pessoas, para as pessoas.

Um livro, no mínimo, é para ser lido. Se não for pedir muito, um livro é para inspirar uma ação, ou reação – algo, de preferência, que contribua para colocar mais luz, mais brilho e mais calor (seja: mais vida) no “corpus” e “locus“ da grande, rica, orgulhosa e única História de Caxias.

Nossa História.

Nossa Caxias.  

EDMILSON SANCHES

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APRESENTAÇÃO AO LIVRO “EFEMÉRIDES CAXIENSES”, DE ARTHUR ALMADA LIMA FILHO

Explique-se logo: “efêmero” é uma coisa; “efeméride”, outra. Efêmero é o transitório; efeméride, o histórico. Efêmero pode até durar o dia todo; efeméride, resiste todo dia. O que é efêmero passa em branca nuvem. O que é efeméride inscreve-se em alva celulose.

Todos e tudo têm suas efemérides: o universo, o planeta, países, estados, municípios, profissões, academias...

Tem as “Efemérides Astronômicas” e as “Efemérides da Aeronáutica”. As “Efemérides Navais”, as “Efemérides Judiciárias” e “Efemérides Médicas”. As “Efemérides do Teatro Brasileiro”. Das Artes Plásticas.

Tem as “Efemérides Acadêmicas”, da Academia Brasileira de Letras. As “Efemérides da Academia Mineira de Letras”. E da Pernambucana de Letras também.

Tem as “Efemérides Universais”, de M. A. Silva Ferreira. Tem as “Efemérides Luso-brasileiras”, de Heitor Lyra. As “Ephemerides Nacionaes”, de 1881, de Teixeira de Mello. As “Efemérides Brasileiras”, do Barão do Rio Branco. As “Efemérides da Campanha do Paraguai” e as “Efemérides de La Historia del Paraguay”. As “Efemérides y Comentários”, de G. Maragñon. As “Efemérides e Sinopse da História de Portugal”, as “Efemérides Literárias Argentinas”, as de Macau...

Tem as “Efemérides Alagoanas”, de Moacir Medeiros. As “Efemérides Cariocas”, de Antenor Nascentes. As “Efemérides Mineiras”, de Xavier da Veiga. E, completados 90 anos em 2013, as “Efemérides Maranhenses”, de José Ribeiro do Amaral.

As “Efemérides” de Brasília, de Cáceres, do Cariri, de Diamantina, da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Praia, de Guarapuava, de Itaúna, de Juiz de Fora, de Júlio de Castilhos, de Porto Feliz, de Rio Claro, de São João del-Rei...

Portanto, seja no Universo infinito ou na limitada localidade coisas acontecem, fatos ocorrem. E há, entre essas acontecências e ocorrências, há as que duram, perduram... e que merecem ser registradas como efemérides, como legado de memória e história que se passou, a ser herdado e, no mínimo, respeitado pelos tempos que haverão de vir.

E entre tantas efemérides — de diferentes atividades, de diversas instituições, de distintos lugares (países, estados, municípios)... — faltava a de Caxias, uma cidade cujo solo, segundo a geologia humana, se assenta fundamente sobre camadas e camadas de (form)ações políticas, sociais, econômicas e culturais.

Pois bem: não falta mais a Caxias seu livro de efemérides. E para costurar retalhos do passado, para colher e coser pedaços dos ontens, para cerzir nesgas d’antanho, para retrazer esses registros à memória das gerações viventes e vindouras, o desafio encontrou quem o arrostasse. Alguém com o conhecimento, a determinação, a vivência e, entre outras pré-condições, a paixão pela cidade onde nasceu — Arthur Almada Lima Filho, jurista, desembargador aposentado, professor, escritor, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e da Academia Caxiense de Letras.

Ante a historicidade do município, parece que as “Efemérides Caxienses” teriam demorado a chegar. Não importa. Chegaram.

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Quem pegar deste livro e suas páginas manusear, um favor por gentileza: faça-o com respeito; a obra é recente, mas muito do que ela contém é basicamente mais velho que nós – e devemos respeitar os mais velhos...

Cada entrada, vale dizer, cada data que aqui se perfila e enfileira, cada data deste que é o repositório cronológico pioneiro senão o mais extenso da bibliografia e historiografia caxiense, quiçá maranhense, cada entrada daria pelo menos um livro — e cada esforço para fazê-la, dois... tanto é o que neste livro há de trabalho, de talento, de tempo, de tino e de tesão pelo que se faz, tudo empregado em cada item cronográfico. Trabalho, porque é ação, fazimento. Talento, pois que é conhecimento, raciocínio, intuição. Tempo, posto que é chama e limitação, devendo ser aproveitado antes que o murrão encurte e a chama enfraqueça... e tudo escureça. Tino, vez que é “queda” para algo, para o alto, inclinação, tendência, propensão. E tesão por ser a energia intensa e impulsionadora para ritmados movimentos de (pro)criação.

Seus “Ensaios”, Montaigne já os apresentava como “um livro de boa fé” (“c’est icy un livre de bonne foy”). Mas, sabia o notável francês, um livro vai além, muito além da pureza de intenção, do agir com correção.

Livro é gestação e parição. Alegria e dor. Realidade e incerteza. Sou testemunha ocular e auricular do enorme esforço do autor, Arthur Almada Lima Filho, de seus exigentes cuidados, da busca, localização e posterior seleção de dados e eventos e o texto final para esta coleção de datas. Para encontrar algumas agulhas, vi Arthur Almada mover toneladas de palha e feno no armazém sem-fim da História: livros, jornais, revistas, documentos, mídias digitais e espaços virtuais — enfim, todo tipo de suporte crível, confiável, onde pousava e repousava a informação acerca de algum aspecto da caxiensidade, em especial filhos e fatos da terra. Sem falar dos encontros e entrevistas pessoais que Arthur Almada teve e manteve na busca de fatos e/ou confirmação de dados.

Schopenhauer observou que “livros são escritos ora sobre esse, ora sobre aquele grande espírito do passado, e o público os lê, mas não as obras desses próprios; porque só quer ler o recém-impresso (...)”. Com o índice de venda de livros e o nível de leitura que temos em nosso país, estado e município, bem que um autor se daria por satisfeito por pelo menos sua obra “recém-impressa” ser lida.

Mas tem razão o filósofo alemão, autor de “Sobre Leitura e Livros”: um livro, em especial um livro como o “Efemérides Caxienses”, é do tipo que deve(ria) suscitar o gosto, instigar o espírito, provocar a inteligência, estimular a curiosidade, ampliar o orgulho do leitor, em relevo o leitor caxiense e maranhense, para o conhecimento mais encorpado acerca dos homens e mulheres, dos fatos e feitos aqui expostos, na maioria dos casos, com comedimento, pois que em obra deste gênero não cabe desmedir.

Tenho certeza, pelas conversas e debates que (man)tivemos e pelo que nele “leio”, tenho certeza de que Arthur Almada Lima Filho se sentiria agradecido se este livro incitasse uma saudável “ressurreição” de parte(s) do passado histórico e glorioso de nossa cidade ou ampliasse o interesse de mais e mais caxienses pelas bases, pelas fundações, pelos alicerces do passado sobre os quais os anos posteriores e os dias atuais alevantaram paredes, assentaram pisos e construíram tetos. Alicerce de que não se cuida compromete a estrutura que por sobre ele se pôs ou que a partir dele se ergue.

Sabemos, nós caxienses, que não cuidamos de nosso passado como ele deveria ser cuidado... e não é por vergonha dele — muito pelo contrário! Nós nos descuidamos de nossa ancestralidade sobretudo porque a desconhecemos, ou somos apáticos, preguiçosos, somos esse coletivo de pessoas, essa ruma de gentes atarefadas com o hic et nunc, o aqui e agora de nossa vida presente, paradoxalmente passadiça — passadiça porque nela (nessa vida) somos passageiros, consumidores, quando dela (dessa vida) temos de ser motorneiros, condutores. (Afinal, é a vida que nos conduz ou nós é que devemos conduzi-la?)

Os ditos países e comunidades desenvolvidos são aqueles que têm e se sabem fortes em seus fundamentos históricos e em suas fundações de historicidade, que enriquecem sua Cultura e enrijecem sua Identidade, cada vez mais afirmadas e reafirmadas com o passar das eras. No mundo todo paga-se muito dinheiro para (vi)ver cultura, para (re)viver história(s).

A Caxias de hoje parece (parece?!) fazer questão de eleger o fugidio, o fugaz, o presente que está em trânsito, daí tão transitório...

Caxias parece (parece?!) fazer questão de não querer conhecer-se a si mesma, não escutar seu grito primal, não analisar seu DNA mitocondrial, sua vida ancestral.

Como querer sermos reconhecidos, se de nós mesmos somos desconhecidos? Como lembrar aos outros o que somos pelo que fomos se, no dizer de Pierre Chanou, somos amnésicos do que somos (“se nous sommes amnésiques de ce que nous sommes”)?

Quem sabe até cairia bem, em muitos aspectos, a máxima do espanhol George Santayana (1863—1952): “Os que são incapazes de recordar o passado, são condenados a repeti-lo”. Com certeza há tempos, pessoas, modos e feitos do passado caxiense que pegaria bem se pudessem ser reproduzidos, copiados, repetidos, adequadamente adotados no presente — descontados os pecados veniais e tais e mais que cada um possa ter, já que adiante não se verá uma lista hagiográfica, um rol de santos. De toda sorte, teríamos talentos à maneira de ADERSON FERRO (“Glória da Odontologia Nacional”), ADERSON GUIMARÃES (cônego, latinista, jornalista, professor), ALCEBÍADES VIEIRA CHAVES (desembargador e escritor), ALDERICO SILVA (empresário pioneiro, jornalista, acadêmico), ANICETO CRUZ (empresário pioneiro, jornalista), ARTHUR ALMADA LIMA (desembargador, juiz de Direito, promotor público, professor concursado da Universidade Federal do Maranhão e orador, com obra inédita de discursos), BENEDITO JOAQUIM DA SILVA (primeiro prefeito de Caxias pós-Revolução de 1930), CÂNDIDO RIBEIRO (“O maior industrial do Maranhão dos séculos 19 e 20”), CARLOS GOMES LEITÃO (magistrado, político, fundador do município de Marabá – PA), CELSO MENEZES (pintor, professor, considerado um dos maiores escultores do Brasil), CÉSAR FERREIRA OLIVEIRA (“revolucionário constitucionalista” em São Paulo e “Herói da Guerra de Canudos”), CÉSAR MARQUES (médico e historiador), CHRISTINO CRUZ (criador do Ministério da Agricultura; agrônomo, com estudos em outros países; presidente honorário da Sociedade Nacional de Agricultura), CID ABREU (escritor, professor, latinista, acadêmico), CLÓVIS VIDIGAL (monsenhor, educador), COELHO NETTO (escritor, “Príncipe dos Prosadores Brasileiros”), DÉO SILVA (poeta, jornalista), DIAS CARNEIRO (os dois: o industrial e jornalista e o magistrado e desembargador), ELEAZAR SOARES CAMPOS (advogado, professor, magistrado, escritor, interventor federal do Maranhão), ELPÍDIO PEREIRA (músico de renome internacional, autor do Hino de Caxias), FLÁVIO TEIXEIRA DE ABREU (advogado, jornalista, escritor, poeta, professor), GENTIL MENESES (administrador, jornalista, escritor), GONÇALVES DIAS (poeta, etnógrafo, professor, fundador do Indianismo na literatura brasileira), HERÁCLITO RAMOS (jornalista, escritor, poeta; irmão de Vespasiano Ramos), JOÃO LOPES DE CARVALHO (pintor e desenhista, estudou sua arte em Portugal, onde, por seu grande talento, já aos 16 anos foi elogiado por diversos jornais de Lisboa), JOÃO MENDES DE ALMEIDA (considerado o mais completo jornalista brasileiro; advogado, abolicionista, redator da Lei do Ventre Livre), JOAQUIM ANTÔNIO CRUZ (médico, militar e político, participou da demarcação de fronteira do Brasil com a Argentina e votou pela lei que terminou por abolir os castigos corporais nas Forças Armadas), LAURA ROSA (poeta, escritora), LIBÂNIO LOBO (escritor, acadêmico), MÃE ANDRESA (Andresa Maria de Sousa Ramos, sacerdotisa de culto afro-brasileiro de renome internacional, última princesa da linhagem direta fon, comandou durante 40 anos a Casa de Mina em São Luís), MARCELLO THADEU DE ASSUMPÇÃO (médico humanitário, professor, criador e mantenedor de escola gratuita, prefeito de Caxias), NEREU BITTENCOURT (professor, escritor), NILO CRUZ (magistrado, desembargador), ODORICO ANTÔNIO DE MESQUITA (advogado, político, magistrado), OSMAR RODRIGUES MARQUES (jornalista e escritor), PAULO RAMOS (advogado, deputado federal, interventor e governador do Maranhão, criador, entre outras instituições, do Banco do Estado do Maranhão e da Rádio Timbira), RAIMUNDO EWERTON DE PAIVA (desembargador e professor), RAIMUNDO FONSECA FREITAS NETO (poeta), SINÉSIO SANTOS (fotógrafo), SINVAL ODORICO DE MOURA (bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, ainda hoje um raro caso de alguém que governou quatro estados – Amazonas, Ceará, Paraíba e Piauí), TEIXEIRA MENDES (escritor, filósofo, autor da Bandeira Brasileira), TEÓFILO DIAS (advogado, jornalista e escritor, sobrinho de Gonçalves Dias, introdutor do Parnasianismo e colocado por Sílvio Romero entre os “quatro dos maiores poetas do Brasil”), TIA FILOZINHA (Filomena Machado Teixeira, professora), UBIRAJARA FIDALGO DA SILVA (primeiro dramaturgo negro brasileiro, ator, diretor, produtor, bailarino, apresentador de TV e criador do Teatro Profissional do Negro), VESPASIANO RAMOS (poeta), VÍTOR GONÇALVES NETO (jornalista, escritor), WALFREDO DE LOYOLA MACHADO (jornalista, bacharel em Direito, escritor), WILSON EGÍDIO DOS SANTOS (professor universitário, escritor, odontólogo)...

Em todos os campos — Administração (Empresarial e Pública), Artes, Cultura, Direito e Justiça, Literatura, Música, Política, Ciências etc. —, são inúmeros os nomes, muitos deles desconhecidos, poucos deles reconhecidos, no sentido de que (não) são lembrados, cultivados, publicados e republicados, biografados, estudados, pesquisados (eles e seus trabalhos, suas atividades, sua obra). E a listagem acima (não intencional, aleatória) é só uma impressão digital, marca pequena no grande “locus” e “corpus” cultural, artístico, político, histórico e social do município caxiense. É patente que o céu histórico-cultural de Caxias tem mais estrelas. Muito mais.

Claro, temos orgulho de nossos atuais professores, historiadores, cientistas, pesquisadores, escritores, poetas, músicos, artistas, intelectuais... Para citar três caxienses, três mulheres, que saltaram obstáculos, quebraram barreiras e transpuseram limites (inclusive geográficos), temos orgulho de gente que nem Aline de Lima, que cantou e encantou na França e em mais uma dezena de países; de Tita do Rêgo Silva, que faz artes (plásticas) na Alemanha; de Bruna Gaglianone, bailarina, premiada pelo Bolshoi Brasil e integrante do corpo de bailarinos do Teatro Bolshoi de Moscou...

...  Mas o de que se trata aqui não é a transposição pura e simples de um passado que tem seu tempo. Trata-se de um presente que não tem memória — pelo menos não com a desejada consistência, não com o necessário zelo e a sadia revivificação ou reviçamento.

Que os caxienses procurem saber mais acerca do passado de Caxias, e reforcem em si o sadio orgulho do porque ele é sinônimo, em igual tempo, de reverência e referência.

*

“Efemérides Caxienses” quer lembrar isso para nós. Dia a dia. De janeiro a dezembro. E mais: do ponto de vista editorial e didático, o livro traz um aporte de, digamos, instrumentos para facilitar a vida do leitor ou corresponder às expectativas do pesquisador. Assim, veem-se aqui índices onomástico e cronológico, com os quais, no primeiro caso, o interessado encontrará rapidamente as páginas onde determinado antropônimo ou nome próprio é citado; e, no outro caso, a listagem em ordem crescente dos anos, cobrindo séculos de história caxiense.

Claro que um livro de algumas centenas de páginas não poderia cobrir, abarcar todos os fatos, todas as pessoas, toda a quadrissecular e multivariada História de Caxias. Testemunhei a vontade imensa do autor à cata de mais dados e percebi as imensamente maiores limitações materiais e de tempo que se impunham, imperiais, em desfavor do escritor. Até que ele se convenceu da verdade borgeana: um livro não se termina — se abandona.

Foi para chegar a esta obra — repita-se: sem a inútil pretensão de ser completa — que Arthur Almada Lima Filho dedicou muito do seu tempo, muito de sua saúde física e de sua energia intelectual, além de outros recursos, a serviço da materialização desse seu desejo pessoal e dessa nossa necessidade coletiva: ter um livro de referência histórico-cronológica das acontecências mais pretéritas de nossa Caxias, mas sem esquecer alguns registros da recentidade. Um livro que estudantes e professores, jornalistas e historiadores, curiosos e pesquisadores, aquele escritor em especial e todo o povo em geral pudessem diariamente folhear e consultar: o que aconteceu? quem nasceu? quem morreu? o que houve em determinado dia de determinado mês de determinado ano em minha cidade? Este livro traz as respostas, e a partir dele podem ser iniciados ou referenciados trabalhos escolares, pesquisas universitárias, matérias jornalísticas, pronunciamentos políticos, festas comemorativas, reuniões familiares... ou simplesmente enriquecer uma conversa, um discurso, o orgulho e amor pela terra natal.

Ao lado de fazeres cotidianos e afazeres especiais, o autor, ao aposentar-se desembargador, deveria ter saído do ofício para o ócio... mas Arthur Almada não larga dos ossos de uma ocupação útil (coletivamente falando) e quase sempre dá expediente com fidelidade bancária, de manhã e à tarde (às vezes entrando pela noite), no Instituto Histórico e Geográfico de Caxias que ele há dez anos fundou e dirige com amor, gosto e dedicação de recém-casados. No escritório ou na residência, tal qual o pintor Apeles, “nulla dies sine linea” — ao menos uma linha todo dia. O autor-arqueólogo, à maneira do que escreveu Shakespeare, vai retirando dos escombros da História as “ruínas amorfas” e o “pó do olvido”, que recobrem tanto “o que passou” quanto “o que está por vir”. E assim foi-se formando e formatando este livro.

Arthur Almada é um homem de Hoje que sabe cuidar do Ontem. Que seu exemplo comunique aos de Amanhã para cuidarem eles do Agora — a que os pósteros chamarão Passado. Pois, no dizer do poeta brasileiro-nordestino-universal Manuel Bandeira, “só o passado verdadeiramente nos pertence. O presente... O presente não existe (...)”.

Parabéns, Arthur. Esta obra do Passado tem tudo para estar presente. Tem tudo para ter futuro. Tem tudo para permanecer no Tempo. Confirma-o o poeta brasileiro Dante Milano:

“O Tempo é um velho leitor, eterno leitor, atento e incansável. Nem um instante larga o livro.”

E finaliza:

“Parece que da vida só existe para o Tempo aquilo que ficou escrito. O resto desaparece, o Tempo não o lê”.

Pois é, Arthur. Está escrito.

*

Caxias, a partir deste instante, tem sua cronologia de fatos notáveis, seu calendário de eventos históricos.

Passado caxiense, doravante, é igual a “Efemérides”.

Pois efêmero, agora, só o presente...

* EDMILSON SANCHES

Fotos:

Arthur Almada Lima Filho e sua obra magna, "Efemérides Caxienses".

– Foi reitor da Uema. Fundador da Faculdade de Medicina Veterinária. Ex-presidente da Academia Caxiense de Letras. Diretor do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias. Secretário municipal de Educação e Cultura de Caxias. Escritor. Médico Veterinário. Professor.

*

A cidade de Caxias perdeu em 2019 ilustres filhos que, com seus trabalhos, honraram e honram a História e a Cultura do município.

Em 2019 faleceram o arquiteto, ativista cultural e ex-secretário da Cultura Antônio Nascimento Cruz, a professora e ex-secretária de Cultura Valquíria Fernandes, o engenheiro e ex-presidente da Academia Caxiense de Letras Raimundo Medeiros e, no mesmo dia 16 de outubro, o professor, militar, escritor e ex-presidente da Academia Caxiense de Letras Antônio Pedro Carneiro e o médico veterinário, professor, escritor, ex-reitor da UEMA Jacques Inandy Medeiros.

Todos eram professores. Todos participavam de instituições culturais locais, como a Academia Caxiense de Letras, Instituto Histórico e Geográfico de Caxias e Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão (ASLEAMA). Todos foram servidores públicos, em órgãos municipais ou estaduais.

No 16 de outubro de 2019, uma quarta-feira, enquanto os caxienses ainda se prostravam pesarosos com o falecimento do professor Antônio Pedro Carneiro, ex-presidente da Academia Caxiense de Letras (ACL), uma nova notícia quase ao final das 24h impactou fundamente a cidade: acabara de falecer em São Luís (MA), perto da meia-noite, o professor Jacques Inandy Medeiros, também ex-presidente da ACL e vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico caxiense. Jacques residia em São Luís. Estava adoentado, em casa; sentiu-se mal, foi levado a hospital da capital maranhense e foi internado em UTI. Não resistiu.

Jacques Medeiros era casado com Maria de Fátima Oliveira Medeiros. O casal teve quatro filhas: Cynthia, Elma, Silvana e Graziela. Jacques deixou ainda oito netos. Sobre seus descendentes, Jacques escrevia que eles eram, “sem embargo, os prosseguidores da inteligência e cultura do clã Medeiros, que pontifica em Caxias faz mais de um século”.

Jacques Medeiros tem uma das mais largas folhas de serviços prestados a Caxias e ao Maranhão, sobretudo nos campos da Educação e da Cultura. Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (Rio de Janeiro), onde estudou de 1967 a 1970, Jacques Medeiros, após a formatura, retorna ao Maranhão e trabalha na Secretaria de Agricultura do estado. Depois, em períodos diversos, desenvolve funções de gestão no Banco de Desenvolvimento do Maranhão: Chefe da Divisão de Acompanhamento e Controle de Projetos (1977/78), Chefe do Departamento Rural (1978/79), Chefe da Divisão Agroindustrial (1987), Diretor de Crédito Imobiliário (1994) e Diretor Administrativo (1995/2000).

No campo da Educação, Jacques Inandy Medeiros mostrou seu talento desde cedo: ainda menor, aos 17 anos, já dava aulas no Colégio Caxiense e, depois, na Escola Normal de Caxias e Ginásio Coelho Netto. Em São Luís, estudou no Liceu Maranhense. Nos anos 1970, após retornar do Rio de Janeiro, já veterinário formado, Jacques Medeiros passa a dar aulas na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), na capital: em 1975/76 ministra Biofísica, Bacteriologia e Imunologia no curso de Medicina Veterinária. De 1975 a 1979, dirige o Departamento de Ciências Fisiológicas da Unidade de Estudos de Agronomia. Em 1982/83 é membro titular do Conselho Universitário da UEMA e, de 1979 a 1983, diretor da Faculdade de Medicina Veterinária, escola que ele ajudou a fundar. De 1983 a 1987, chega ao topo da carreira: reitor da Universidade da qual, de 1975 a 1990, era professor titular.

Após a reitoria, Jacques Medeiros foi convidado a emprestar seu talento à Educação e Cultura de sua cidade. Deu aulas no Centro de Estudos Superiores de Caxias (CESC/UEMA) e, de 1989 a 1991, foi secretário da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia. Depois, de 2005 a 2006, foi secretário da Secretaria de Cultura, Patrimônio Histórico, Esporte, Turismo e Juventude de Caxias. Na mesma época, de 2002 a 2006, foi presidente eleito e reeleito da Academia Caxiense de Letras. Também foi membro fundador do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias (IHGC), do qual foi vice-presidente. No IHGC ocupou a Cadeira nº 7, cujo patrono é seu pai, o professor, jornalista, escritor, servidor público e gestor escolar Francisco Caldas Medeiros, caxiense que, tão precoce quanto o futuro filho, já aos 20 anos era oficialmente nomeado como diretor de uma escola estadual, o Colégio Agrícola, no município de Barra do Corda.

Jacques Medeiros escreveu diversos livros, entre eles o muito citado “Arca de Memórias” e “A História da Educação de Caxias”. Era dono de vasta cultura literária e universal. Gostava de viajar pelo mundo. Sabia de memória dados geográficos dos diversos países, muitos visitados por ele. Apoiava e estimulava novos escritores.

Sua prestação de serviços o levou a ser homenageado com a Medalha do Mérito Timbira, Medalha do Mérito Brigadeiro Falcão e Medalha Gomes de Sousa de Mérito Universitário.

*

Quando Jacques Medeiros viajava a Imperatriz como reitor da UEMA, costumávamos nos encontrar e, na própria Universidade ou em grupo de amigos e conhecidos (entre os quais o professor universitário Osvaldo Ferreira de Carvalho, também caxiense), fazíamos questão de falar sobre “coisas” de Caxias. A conterraneidade fortalecia a amizade. Na época, nas minhas muitas viagens a Caxias, conversávamos  à volta de uma mesa posta na larga calçada do Excelsior Hotel, ou nas reuniões da Academia e do Instituto Histórico, onde ambos éramos membros e diretores. Por telefone, de São Luís, Jacques e eu trocávamos informações e, também, insatisfações relacionadas ao universo da Cultura e História caxienses.

Em mensagens e textos que me enviava via WhatsApp, Jacques Medeiros falava sobre Caxias e caxienses,  Abraham Lincoln, Castro Alves, Confúcio, Cristo, Darwin, Duque de Caxias, São Luís, Vespasiano Ramos, a importância da Comunicação entre os seres humanos, a Universidade brasileira; fazia sua lista dos melhores hinos nacionais entre os diversos países, enviava excertos de Fernando Pessoa e outros autores, gravava áudios onde detalhava aspectos históricos e biográficos acerca de pessoas de Caxias etc. Mostrou-se surpreso, incrédulo e chocado com as mortes dos caxienses e amigos comuns Valquíria Fernandes, professora, e Antônio Nascimento Cruz, arquiteto e ativista cultural. Em maio de 2019, ano de seu falecimento, escreveu-me sobre a troca de correspondência entre ele e outro talentoso caxiense, o escritor Ferdinand Berredo de Menezes, sobre o qual eu havia escrito um texto e, anos depois, em 2024, faria três palestras na Academia Espírito-santense de Letras, na Assembleia Legislativa do estado e no Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, em Vitória, onde Berredo fora advogado, economista, escritor, artista plástico, vereador, presidente da Câmara Municipal, prefeito da capital e, por mais de trinta anos, professor na Universidade Federal do Espírito Santo, estado onde o grande caxiense faleceu em 2015, aos 86 anos. (Nas palestras também falei sobre César Augusto Marques, médico, tradutor, escritor e pesquisador caxiense, que escreveu o mais clássico dos livros históricos do Espírito Santo  – o “Diccionario Historico, Geographico e Estatistico da Provincia do Espirito Santo”, de 1878).

Quando soube que eu era um feliz proprietário de “Catedral de Vácuos”, o livro inaugural de Berredo de Menezes, Jacques não se aquietou até eu concordar desfazer-me da obra, que enviei para ele, pois esse livro lhe trazia grandes evocações. (Depois consegui um outro exemplar para meu acervo de caxiensidades).

Em 9 de setembro de 2019, menos de quarenta dias antes de seu falecimento, Jacques Medeiros fez seu último contato comigo e aplaudiu um texto que eu havia escrito, sobre a história e etimologia da palavra “veterinário”, a profissão dele.

Quatro meses antes, em 5 de maio de 2019, Jacques Medeiros escreveu-me assim, com algo de sibilino ou presciente: 

“– As mãos trêmulas.

– As pernas trôpegas.

– O coração mais cheio do nada.

– O futuro bem menor.

 São os bônus da idade”.

Agora, para ele já não há mais nada disso.

São os bônus da Eternidade.

Descanse em paz, Conterrâneo, Confrade, Colega, Amigo.

* EDMILSON SANCHES

O Conselho Regional de Educação Física do Maranhão (Cref21/MA) apresentou impugnação em relação a concursos públicos das prefeituras de Rosário e Viana, além da Fundação Sousândrade de Apoio ao Desenvolvimento da UFMA (FSADU). Nos dois certames, o Cref21/MA constatou irregularidades quanto à falta de exigência do registro profissional aos candidatos às vagas para os cargos de monitores e de professor de Educação Física.

Em Rosário, o Edital nº 04/2025, da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia, prevê um processo seletivo simplificado visando a contratação de monitores para atividades complementares como artes marciais, ballet, iniciação à dança, esportes de tabuleiro, futebol e futmesa. O edital tem como requisito mínimo o Ensino Médio completo e a comprovação de capacidade de instrução específica para a área, o que é uma grave irregularidade, já que desconsidera a legislação que regulamenta o exercício profissional da Educação Física no Brasil. 

As atividades previstas no processo seletivo simplificado de Rosário são, inequivocamente, físicas e desportivas. A coordenação, planejamento, programação, prescrição, supervisão e execução dessas atividades, especialmente em um contexto educacional ou complementar, são prerrogativas exclusivas dos profissionais de Educação Física. 

"A ausência de profissionais devidamente habilitados e registrados nos Conselhos Regionais de Educação Física para a condução dessas atividades representa um risco à integridade física e ao desenvolvimento motor dos participantes, além de comprometer a qualidade pedagógica das ações. A formação em Educação Física garante que o profissional possui o conhecimento necessário para adaptar as atividades às diferentes faixas etárias, identificar limitações, prevenir lesões e promover um desenvolvimento saudável e seguro", diz trecho do pedido de impugnação feito pelo Cref21/MA. 

Diante desse cenário, o Cref21/MA pede a imediata retificação do edital do processo seletivo simplificado de Rosário, excluindo a oferta do cargo de monitor de atividades complementares, pois as atribuições do cargo são prerrogativas exclusivas dos profissionais de Educação Física. Além disso, o Cref21/MA solicita que a Prefeitura de Rosário não nomeie nenhum candidato para o cargo. 

Já em Viana, o Cref21/MA pediu impugnação do Edital do Concurso Público nº. 001, de 11 de setembro de 2025, para o provimento de cargos públicos e formação de cadastro reserva da Prefeitura de Viana, por meio da Fundação Sousândrade de Apoio ao Desenvolvimento da UFMA (FSADU). O certame é destinado ao preenchimento de diversas vagas, dentre elas a de Professor de Ensino Fundamental 6º ao 9º Ano - Educação Física, que apresenta irregularidades quanto à exigência de registro profissional. 

De acordo com o edital do Concurso Público de Viana, o requisito para os candidatos à vaga de Professor de Ensino Fundamental 6º ao 9º Ano - Educação Física é possuir nível superior em Licenciatura plena em Educação Física, em instituição devidamente reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC). O certame, no entanto, não exige que o candidato esteja inscrito em Conselhos de Classe Federal (Confef) e Estadual (Cref21/MA). A ausência dessa exigência, além de ilegal, impede a atuação efetiva da autarquia federal. 

Por causa dessa irregularidade, o Cref21/MA entrou com um pedido de impugnação junto à Prefeitura de Viana e à Fundação Sousândrade de Apoio ao Desenvolvimento da UFMA (FSADU), solicitando a imediata retificação do edital do Concurso Público, inserindo a necessidade de inscrição no Confef e no Cref21/MA para os candidatos às vagas para professor de Educação Física. Além disso, o Cref21/MA cobra que a Prefeitura de Viana não nomeie nenhum candidato sem inscrição regular. 

Registro em Educação Física 

Vale destacar que é obrigatório o registro e regularidade junto ao Cref para ministrar aulas de Educação Física no ensino infantil, fundamental, médio e superior. Quem não se registrar no Cref, além de ser exonerado de suas funções, responderá criminalmente por exercício ilegal da profissão e crime contra as relações de consumo (art. 7º, VII, da Lei nº 8137/90), cumulado com multa de 1 (uma) a 5 (cinco) anuidades do Sistema Confef/ Crefs (Art. 5º-G. VI e Art. 5º-H. § 2º da Lei 9696/98).  

Independentemente da área em que o profissional de Educação Física atua, ele sempre está diretamente relacionado com a promoção da saúde e aumento da qualidade de vida da população. 

(Fonte: Assessoria de imprensa)

São Paulo (SP), 15/10/2025 - Abertura da 49ª Mostra Internacional de Cinema, na Sala São Paulo. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Perto de completar 90 anos, no próximo dia 27, o desenhista, cartunista e escritor brasileiro Maurício de Sousa foi homenageado na noite dessa quarta-feira (15) com o troféu Leon Cakoff, da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que reconhece personalidades que contribuíram para a cultura e o mercado audiovisual brasileiro. 

Mauricio de Sousa não pôde participar da abertura, mas foi representado por seu filho, Mauro Sousa, que agora o interpreta no cinema, com o longa Mauricio de Sousa - O Filme.

“Este é um momento duplamente especial”, disse Mauro Sousa, em entrevista à Agência Brasil e à TV Brasil. “Primeiro, pela homenagem aqui da mostra, porque o meu pai sempre teve esse sonho de que seus personagens, suas obras, fossem para o cinema. Então, isso que está acontecendo é a concretização desse sonho e de um reconhecimento de que a gente está fazendo um bom trabalho, com qualidade, seguindo essa essência do Mauricio”, afirmou. 

O longa chega aos cinemas no dia 23 de outubro, mas a mostra vai apresentá-lo em uma sessão especial para o público dois dias antes. 

São Paulo (SP), 15/10/2025 - Abertura da 49ª Mostra Internacional de Cinema, na Sala São Paulo. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

 “Estou muito emocionado de representá-lo aqui e também por representá-lo no cinema. É a minha estreia no cinema, eu nunca tinha pisado num set, minha experiência até então tinha sido principalmente no teatro. Acho que este é o melhor presente que eu poderia ter dado para ele — e para mim também. Acho que foi a cereja do bolo, principalmente neste ano em que ele completa 90 anos”. 

Além de Mauricio de Sousa, a mostra também homenageou a cineasta martinicana Euzhan Palcy com o Prêmio Humanidade, por seu papel na luta contra o apartheid na África do Sul e por inspirar tantos cineastas em todo o mundo, principalmente mulheres negras. 

Figura pioneira na história do cinema, Euzhan foi responsável por abrir caminhos para mulheres negras em espaços antes inacessíveis. Seu longa de 1983, Rua Cases Nègres, recebeu o Leão de Prata em Veneza, primeira vez que o prêmio foi concedido a uma mulher e pessoa negra na direção. Ela também recebeu o Oscar honorário. 

Em seu discurso, a martinicana agradeceu a homenagem e falou da proximidade entre o Brasil e seu país. 

“Nos da Martinica e do Brasil somos irmãos. Na Martinica, quando o Brasil joga, não há ninguém na rua”, brincou ela, sobre a seleção brasileira de futebol. “Eu costumo dizer que estou fazendo filmes para dar voz às pessoas que foram negadas de falar. Era muito urgente para mim, como cineasta, ajudar as pessoas a estarem na tela”, acrescentou durante a cerimônia de abertura da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, na noite de ontem (15), na Sala São Paulo. 

A Mostra

A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo é o maior e mais tradicional festival de cinema do Brasil. Com início marcado para esta quinta-feira (16), o evento vai apresentar neste ano 373 filmes de 80 países, que serão exibidos em 52 salas de cinema, espaços culturais e centros educacionais unificados (CEUs) espalhados pela capital paulista. 

Parte dessa programação é realizada conjuntamente com a Spcine, que atua no fomento, financiamento e desenvolvimento de políticas públicas para o setor audiovisual na cidade de São Paulo. Com isso, alguns desses filmes serão exibidos de forma gratuita na plataforma da Spcine e também nos circuitos ou equipamentos culturais da prefeitura, permitindo maior democratização desse acesso. 

“Neste ano, [essa parceria] está muito especial, com a mostra oacontecendo no circuito SPCINE, nas salas públicas de cinema, tanto em salas que são gratuitas, quanto nas da Secretaria de Cultura, onde a gente tem preços super populares. Vamos ter a mostra também na plataforma Spcine Play. A Spcine vai participar ainda do Encontro de Ideias, aquele momento de mercado, de debates e de trocas. Além disso, uma ação super especial ocorrerá este ano, que é a segunda edição da Mostrinha (programação infantil da mostra)”, explicou Lyara Oliveira, presidente da Spcine. 

“Levar a mostra internacional para espaços periféricos e para espaços de acesso gratuito ou a preços populares democratiza o acesso. Além de democratizar o acesso, a gente democratiza a informação porque a mostra estará presente em todos esses espaços periféricos”, afirmou Lyara em entrevista à Agência Brasil. 

Entre os filmes programados para exibição está O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, que foi escolhido pela Academia Brasileira de Cinema para representar o Brasil na seleção para o Oscar. Além dele, o evento apresentará mais 14 obras que foram indicadas por seus países para concorrer a uma vaga ao Oscar como Jovens Mães, de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne (Bélgica); No Other Choice, de Park Chan-wook (Coreia do Sul) e Foi Apenas um Acidente, do cineasta iraniano Jafar Panahi (França), filme vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes. 

São Paulo (SP), 15/10/2025 - Abertura da 49ª Mostra Internacional de Cinema, na Sala São Paulo. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Além de O Agente Secreto, a mostra apresentará mais 83 filmes brasileiros, como os clássicos restaurados Garota de Ipanema, de Leon Hirszman e Um Céu de Estrelas, de Tata Amaral. 

A abertura da 49ª edição da Mostra Internacional de Cinema foi realizada na Sala São Paulo e reuniu personalidades do cinema e do audiovisual brasileiro, entre a secretária do Audiovisual do Ministério da Cultura, Joelma Oliveira Gonzaga. 

Após a cerimônia foram exibidos o curta-metragem Como Fotografar um Fantasma, do diretor e roteirista Charlie Kaufman, e o longa-metragem Sirât, de Oliver Laxe, vencedor do prêmio do júri do Festival de Cannes.

A lista completa dos filmes que estarão no evento e toda a programação podem ser consultadas no sithttps://mostra.org/

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília (DF), 27/01/2025 - Crianças com perfil aberto em redes sociais. Ian Fernandes de Alencar. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, assinou, nessa quarta-feira (15), portaria que aponta que aplicativos e jogos eletrônicos, além dos produtos audiovisuais, também poderão ter classificação indicativa. 

Outro anúncio foi a criação de uma nova faixa etária indicativa, a de 6 anos de idade, para filmes, programas e também para os novos itens passíveis de classificação. Até agora, as classificações existentes são livre, 10 anos, 12, 14,16 e 18 anos.

“A portaria que assinamos é especialmente inovadora ao incluir a chamada interatividade digital”, disse o ministro. Ele explicou que, atualmente, a classificação indicativa se baseava apenas em conteúdo que continham sexo, nudez, drogas e violência.

“Mas a partir de agora serão avaliados riscos presentes em jogos eletrônicos, aplicativos de toda espécie à venda nas redes sociais. Serão averiguadas a possibilidade de contato com adultos desconhecidos, as compras on-line não autorizadas e as interações potencialmente perigosas. com agentes de inteligência artificial”, explicou Lewandowski.

O objetivo, segundo o ministro, é criar mecanismos que contribuam para a construção de um ambiente midiático e digital mais seguro, educativo e respeitoso para as crianças brasileiras.

Proteção

Brasília (DF), 15/10/2025 - A Ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, e o ministro da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Ricardo Lewandowski, durante anúncio das ações de 2025 da estratégia Crescer em Paz. Trata-se de um plano do MJSP para a proteção integral de crianças e adolescentes, com 45 ações focadas na prevenção da violência, crime e drogas, além do acolhimento e recuperação de vítimas e garantia de acesso à Justiça. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O governo ainda lançou vídeos do programa Famílias Fortes, para fomentar políticas para reduzir fatores de risco relacionados à violência, à saúde mental e ao uso de drogas. 

“Nosso objetivo é que até o fim de 2026 o programa beneficie três mil famílias, pelo menos”. 

Outro anúncio foi a aprovação de projeto do governo para dar prioridade à tramitação de procedimentos penais envolvendo mortes violentas de crianças e adolescentes. “A proposta também instituiu um sistema de monitoramento unificado para esses casos”.

O objetivo é acelerar as investigações e julgamentos de crimes como homicídio, feminicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte. quando as vítimas são crianças e adolescentes. 

Ainda nesta quarta, o governo assinou o Pacto Nacional pela Escuta Protegida de crianças e adolescentes, vítimas ou testemunhas de violência.

Cenário preocupante

Ricardo Lewandowski destacou que dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025 revelam um cenário muito preocupante para a infância e adolescência. O ministro citou que, nos últimos dois anos, as mortes violentas intencionais de crianças e adolescentes aumentaram 4,2%, e totalizaram 2.356 casos. 

“Este lamentável cenário exige uma ação imediata e coordenada do Estado brasileiro. O projeto Crescer em Paz reafirma o compromisso do governo com a proteção e a dignidade das crianças e dos adolescentes”.  

A partir do novo pacto, foi criado, segundo Lewandowski, um sistema unificado para receber denúncias de violações on-line. com um protocolo de atendimento. 

Urgências

A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, destacou que o dever do Estado é garantir plenitude de acesso aos direitos para que seja possível assegurar um projeto de vida plena. “São mais de 54 milhões de crianças e adolescentes no país, mas os dados sobre sua situação de segurança são preocupantes”, citou.

Outro dado destacado é que houve o aumento de 245,6% de interrupções no calendário escolar por conta da violência. “Isso nos mostra a urgência da pauta de prevenção e proteção à vida e à integridade física de nossas crianças e adolescentes”. 

No ambiente digital, foram 2.543 registros criminais de bullying e 452 de cyberbullying, com uma concentração em ambos os casos em crianças e adolescentes de 10 a 17 anos. 

“Superar esse cenário é o que tentamos fazer no governo federal. Uma das nossas maiores vitórias no campo de garantias foi a aprovação do ECA Digital nesse ano, o que estendeu a proteção do ECA”.

(Fonte: Agência Brasil)

São históricas as violências que se praticam contra a classe das pessoas que têm classe — os professores. Na corrida salarial professores “versus” políticos, por exemplo, os primeiros não levam qualquer vantagem.

Mesmo sendo todos, políticos e professores, servidores públicos, há uns que SE SERVEM do público, do contribuinte. E se servir de atenuante, embarco na onda dos que dizem que o salário dos políticos não é alto: os outros é que ganham pouco. Mas que tem gente, como os professores, ganhando “mais pouco” ainda, ah! isso tem. Que o salário dos professores, especialmente no Brasil e sobretudo os das redes públicas de ensino, não é o ideal, isso não é.

DIA & DINHEIRO - Direito do professor, mesmo, parece, só ao seu dia, 15 de outubro. E olhe lá. Nesse dia, às vezes tem refrigerante aqui, bolinhos acolá. Talvez uns discursos aguados falando sobre “a missão” do mestre. Mas – ou mais – dinheiro, que é bom, necas!, nem pichite. Seria mais intere$$ante que o professor ficasse esquecido no 15 de outubro... e fosse lembrado em todos os outros.

SERVIR & SER VIL

Essa lembrança diária – a justa remuneração – seria um jeito de ir aliviando os males infligidos ao professor, à escola, à Educação. São malefícios que, à maneira de uma legião de diabos, de demônios terrenos, perturbam a alma e a vontade de quem só quer SERVIR (e não SER VIL), de quem só espera o que lhe é justo e o que lhe é devido, para, ao menos, (sobre)viver com dignidade de gente. Nada mais. Mas não! O professor não é reconhecido. Atitudes humilhantes, desconsiderações irracionais, desculpas tresloucadas atrelam-se às respostas aos pedidos de justiça (ou de clemência?) da classe professoral.

CORPO & ALMA

Esquecem-se de que o professor não é só alma, vontade, sacerdócio. Professor não é santo. Professor é, também, corpo, matéria, família a ser sustentada, necessidades a serem atendidas, contas a serem pagas. Mas não. Nada disso. Corre por aí a estória de que o trabalho do professor não tem preço e, vejam só, levam isso ao pé da letra! Colocam os mestres no pé do muro e dão-lhes uma paga que sequer preenche um pé de página, um rodapé.

JOGO & LIÇÃO

Mas não param aí os trocadilhos, as figurações que envolvem o nosso professor. O professor é um jogador, de futebol, driblando sua sobrevivência, fintando suas aspirações com a bola murcha de seu “prestígio” sempre “alto” e seu salário sempre mínimo.

O professor, acostumado a ensinar, desta vez é obrigado a aprender e repetir (a troco de palmatória e puxões de orelha) sua lição quotidiana de sobrevivência e paciência – que só interessa a quem (des)manda em municípios, estados e neste país.

Essa lição de paciência e humildade, mestres, deve ser esquecida, desaprendida. Pois, convenhamos, boa vontade termina onde começa (ou deveria começar) o bom senso. Quem não quer admitir isso são os nossos governantes, maiores e menores, porque, muitos deles, despreparados, despreocupados, deixam-se embriagar pelo poder e comportam-se como patrões do povo, quando, na verdade, deveriam ser o que de fato são: servidores públicos, funcionários da Nação.

DOCÊNCIA & INDECÊNCIA

Deve-se dizer NÃO ao magistério romântico, o ensino pelo ensino. Há de haver a justa compensação. A docência (doce arte e ciência) não se confunde com a indecência.

Basta de condições e salários injustos ou ilegais ou ilegítimos ou indecentes ou imorais!

Mais recursos, fartos e estáveis, para a Educação!

A mão que se eleva ao quadro-negro não deve se baixar na mendicância de direitos.

A fonte do direito é o dever – e este, da parte dos professores, vem sendo cumprido.

Para eles, a qualquer tempo, a solidariedade do colega aqui, que ensina em baixa e assina embaixo.

* EDMILSON SANCHES

No dia a dia e no entra ano e sai ano de suas atividades, vocês todos têm aprendido uma dura lição: lutar é preciso. Protestar é preciso. Reivindicar é preciso. Denunciar é preciso.

Há quem defina o ensino como um sacerdócio. Há quem queira ver o professor apenas como um sacerdote. Assim, o professor não teria um trabalho, mas uma missão. A função do professor seria apenas educativa, social, e não política, (r)evolucionária.

Mas não é isso - ou, melhor, não é apenas isso. Do sacerdote (pelo menos, da imagem antiga que se faz dele), espera-se paciência, contrição, suportação. Sofrer calado. Aguardar resignado. Esperar sentado. E, enquanto isso, sobreviver à custa de dízimos miseráveis e infrequentes.

Chega! Basta! Ou, como se diz por aí: “Fala sério!...”

Professor rima com trabalhador. Professor é trabalhador. Ele está sujeito aos mesmos mecanismos de freios e contrapesos a que são submetidas outras categorias do mercado de trabalho e das relações laborais.

Ora, se aos professores se aplicam regras trabalhistas, por que, correspondentemente, não podem eles salvaguardar-se brandindo as armas de que dispõem, efetivando os recursos que têm? As relações de trabalho não se baseiam apenas na hierarquia, mas também, senão sobretudo, no direito. Bilateralismo. Mão dupla.

Desse modo, é válida a luta.

Já houve momentos em que se acusaram professores pelo atraso do calendário escolar, mas os acusadores eximiram-se do atraso no calendário de pagamento dos salários.

Já acusaram professores de prejudicar os alunos, mas absolveram-se do prejuízo econômico, social e até moral que, pela dinâmica da economia, ante a irregularidade de pagamentos salariais, contamina a família dos professores e os negócios e a vida daqueles com quem os professores mantêm interações econômicas e sociais.

Já acusaram professores de má conduta, mas esqueceram-se de que ela pode ser um bom exemplo. Por paradoxal que pareça, mas até uma ausência temporária do professor a uma sala de aula pode, de algum modo, servir de “lição” de cidadania para o aluno.

Se adequadamente apropriados, alguns dias de ausência podem transformar-se, no aluno, em aprendizado permanente: o de saber que, no mundo humano, até paciência tem limite; o de que a todo dever corresponde um direito; o de que a toda ação (ou falta dela) corresponde uma reação - preservada a razoabilidade.

Afinal, educar não é tão-só dar aulas, mas, muito mais, ser exemplo.

E, pelo visto, enquanto categoria, professores devem ser exemplo: são maleáveis, mas não moles; flexíveis, mas não frouxos.

É importante que, além de serem educadores, continuem sendo educados.

Além de ensinarem, aprendam.

Abraços.

Sejam orgulhosos de sua função.

Sejam fortes.

E, apesar de tudo, sejam felizes.

* EDMILSON SANCHES

São Gonçalo (RJ), 13/11/2023 - Samuel da Costa, 17 anos, é líder do Grupo Jovem Bala e Pimenta na Tenda Espírita São Lázaro, um terreiro de Umbanda Omolokô, no bairro Pita. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O Templo Espiritualista de Umbanda São Benedito, no bairro de Pinheiros, na zona oeste da cidade de São Paulo, se tornou, nesta quarta-feira (15), o primeiro terreiro de umbanda da capital reconhecido oficialmente como patrimônio histórico municipal.

Fundado em 1988, o templo, segundo a Prefeitura de São Paulo, é considerado um guardião da memória e das tradições da umbanda, além de ter um papel relevante na história do bairro de Pinheiros. Com o tombamento, os espaços físicos e as práticas religiosas passam a ser protegidos por lei, o que impossibilita desmontes e despejos.

A decisão foi aprovada por unanimidade pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp).

Para realizar o processo de tombamento, o conselho elaborou critérios técnicos específicos a fim de avaliar de espaços religiosos de tradições afro-brasileiras, o que garante parâmetros objetivos para o reconhecimento do interesse público.

(Fonte: Agência Brasil)