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LIVROS E GENTES*

– 29 de outubro, Dia do Livro

Dia 29 de outubro, em 1810, marca a fundação da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.

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O livro é o mais simbólico dos elementos manuseados pelo Bibliotecário. Hoje, entretanto, esse profissional não lida propriamente com livros, mas com pessoas. É a evolução da função socioprofissional do Bibliotecário, que sai do bibliocentrismo (isto é, voltado apenas para os livros) e vai para o antropocentrismo (o ser humano como finalidade do conhecimento e do trabalho de outrem).

Para chegarmos ao livro como superproduto humano, passamos, antes, pela LITOSFERA, que é a parte da terra (a crosta terrestre) onde está a BIOSFERA, o conjunto dos seres vivos (animais, vegetais).

Na biosfera, encontra-se a ZOOSFERA, o sistema onde se desenvolve o reino animal. Neste reino, reina a ANTROPOSFERA, a parte da Terra em que o ser humano vive, também chamada IDEOSFERA.

É na antroposfera que se desenvolve a NOOSFERA, o sistema mental, cujos fenômenos, documentados de forma escrita, formam a GRAFOSFERA.

Portanto, o livro é parte da GRAFOSFERA. Para cuidar do livro – e de outros suportes de informação – existem grupos de conhecimentos próprios: as Ciências das Ciências.

Como se sabe, existem as Ciências da Natureza, como as Ciências Exatas ou Descritivas (Matemática, Física, Química, Biologia) e as Ciências Aplicadas (Medicina, Agronomia, Engenharia).

Existem as Ciências da Cultura, como as Ciências Sociais (Linguística, Antropologia Cultural, Sociologia, Economia, História, Educação, Administração) e Humanidades (Filosofia, Teologia, Psicologia, Letras, Artes Plásticas, Música).

E, por fim, existem as Ciências das Ciências, que tratam de organizar, preservar e colocar à disposição os conteúdos das demais Ciências.

As Ciências das Ciências dividem-se em Teóricas (Teoria da Informação, Teoria Geral dos Sistemas, Metodologia) e Documentológicas (Bibliografia, Bibliometria, Bibliologia, Biblioteconomia, Arquivologia ou Arquivística, Museologia, Documentação).

A evolução do conhecimento trouxe a evolução do conceito (ou seria o contrário?): seja encapsulada em disquetes, CDs, CDs-ROM, fitas e discos de cinema e vídeo (DVDs, Blu-rays, HD-DVDs); seja encasulada em livros, revistas, jornais; seja incrustada em outros suportes físicos ou fluindo no éter do mundo virtual da Informática e das Comunicações, a informação tem de ser colocada à disposição daquele que a gerou: o ser humano.

Assim é que a Biblioteca deixou de ser uma coleção de livros e outros documentos, classificados e catalogados, para ser uma assembleia de usuários da informação.

O Bibliotecário não é um alfarrabista, que só tem olhos para os livros (função bibliocêntrica), mas um profissional academicamente preparado para uma função verdadeiramente “antropobibliocêntrica”, onde ser humano e livro (i. e., documento) interagem sob sua mediação.

Existem vários tipos de biblioteca. Frances Henne, bibliotecária norte-americana (1906-1985), considerava a Biblioteca Infantil como a “mais importante de todas”. Têm ainda as Bibliotecas Escolares, com material didático para professores e alunos. As Universitárias, as Especializadas (que se voltam para um tipo de usuários ou por tipo de documentos). As Bibliotecas Nacionais reúnem a produção bibliográfica e audiovisual do próprio país e de outros. As Bibliotecas Públicas são as dos governos estaduais e municipais.

No Brasil, as primeiras bibliotecas chegaram com os jesuítas, em meados do século XVI, na Bahia. Nesse Estado, também surgiu a primeira biblioteca de um mosteiro beneditino, em 1511, e a primeira biblioteca pública, em 1811.

Em 1915, surgiu, no Brasil, o primeiro curso de Biblioteconomia da América Latina. Hoje, existem dezenas de cursos de graduação e pós-graduação.

A profissão de Bibliotecário, no Brasil, surgiu com a Lei 4.084, de 30/6/1962, regulamentada pelo Decreto 56.725, de 16/8/1965.

* EDMILSON SANCHES

Fotos:
Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro (RJ): frente e andares de estantes de livros.