Reunidos na capital cearense, secretários de diversos Estados discutiram, nessa segunda-feira (12), a proposta do Ministério da Educação (MEC) para a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do ensino médio. Os secretários alegaram que não tiveram tempo para conversar com os técnicos dos Estados que participaram de reuniões sobre a BNCC na última semana e pediram mais tempo para tentar consolidar uma posição única.
“Eu não estou com uma visão completa da base para que se possa chancelar o que está apresentado. Peço essa reflexão para que possamos tomar uma decisão com bastante pé no chão, porque as consequências podem ser não esperadas”, disse o secretário do Distrito Federal, Júlio Gregório Filho.
O presidente do Consed, Idilvan Alencar, também pediu que não se acelere a discussão sobre a base curricular. “Temos que ter responsabilidade. Se a discussão não for bem feita, não respeitar as etapas, quem implanta a base é professor na sala de aula. Eu não aposto em nenhum projeto se os professores não tiverem adesão”.
A expectativa do MEC é encaminhar a proposta da base para o ensino médio ao Conselho Nacional de Educação (CNE) até o fim do mês, quando também será lançada uma plataforma de consulta pública para colher sugestões para o documento. A expectativa é que esse currículo esteja pronto para ser aplicado no ano que vem.
O secretário de Educação Básica do MEC, Rossieli Soares, disse que o posicionamento do Consed está de acordo com as expectativas do ministério. Segundo Rossieli, é importante que seja única a opinião do conselho sobre a BNCC. “A percepção dos secretários é sempre muito importante para dar um norte de condução da discussão por parte do ministério e até do próprio CNE, que, quando receber, vai conduzir a discussão”, acrescentou Rossieli.
Implementação
O presidente do Consed orientou os secretários a não aplicarem a reforma do ensino médio nos Estados antes da aprovação da BNCC. “A reforma não pode ser implementada antes da base. Tem algumas questões na base que são definidoras, são macro, e a reforma são os itinerários em função da base".
Para Idilvan Alencar, só pode haver reforma do ensino médio no país se professor e aluno opinarem sobre ela. "Aqui no Ceará, vai ser dessa forma, e, eu enquanto presidente do Consed, também recomendo a todos os Estados. Acho que a gente não pode estar implantando reforma do ensino médio sem discussão com professor. Pode dar problema”, afirmou Alencar.
Ele explicou que a grande mudança da BNCC do ensino médio é que ela vai ser estruturada por área de conhecimento, e não mais por disciplinas como foi feito no ensino fundamental. “Então, temos que saber como vai ser essa transição sem assustar as pessoas, porque o conteúdo das disciplinas vai constar dos componentes curriculares. Cada Estado que vai ter como objetivo construir o currículo vai colocar a disciplina nos seus currículos”, disse.
A base para a educação infantil e o ensino fundamental foi aprovada e homologada no fim do ano passado. O documento vai orientar os currículos da educação básica e estabelecerá conhecimentos, competências e habilidades que se espera que todos os estudantes desenvolvam.
(Fonte: Agência Brasil)