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Eden Jr.

Ser um especialista ou profissional múltiplo? Essa é uma dúvida comum nos dias atuais, para muitos estudantes e profissionais. Fazer o que gosta em várias frentes de trabalho é possível sim. Nesta quinta-feira (3/9), às 19h30, o Inspire e Comunique recebe o economista, relações públicas e escritor Eden Jr.

Ele falará sobre suas experiências profissionais e como consegue conciliar várias atividades nas áreas de economia e comunicação, além do seu projeto de série de entrevistas em homenagem aos 408 anos de São Luís, que se inicia neste sábado (5/9).

Economista e Relações Públicas formado pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Eden Jr. é também auditor da Controladoria Geral da União (CGU) e autor do livro “Três anos insólitos – 2016/2017/2018: reflexões sobre economia e política”. Lançado em julho de 2019, o livro reúne crônicas suas publicadas em jornais maranhenses com reflexões que visam compreender o cenário econômico e político desses anos no Brasil e no Maranhão e avaliar os efeitos no dia a dia das pessoas. Um cronista de mão cheia. Talvez pela sua vertente de comunicador, seus textos possuem linguagem clara e simples, estando ao alcance, até mesmo, de pessoas leigas em matéria de economia.

Outro assunto da “live” do Inspire e Comunique com Eden Jr. é o evento em homenagem ao aniversário de São Luís. Ele mesmo se diz “um apaixonado” pela cidade onde nasceu, pela sua riqueza cultural e, em especial, pelo Centro, antigas habitações e costumes da cidade, o que o motiva, eventualmente, a realizar entrevistas nas suas redes sociais.

A série de entrevistas será realizada de 5 a 11 de setembro, no evento denominado “Semana de Entrevistas: São Luís 408 anos”. Serão sete conversas virtuais com personalidades locais que pesquisam e estudam, frequentemente, questões pitorescas e relevantes da nossa cidade, como a história, a arquitetura, o desenvolvimento urbano, a música, a literatura e o Centro Histórico. As entrevistas serão realizadas sempre às 20h, no perfil do Instagram da Associação Maranhense dos Escritores Independentes (Amei) no endereço @ameimais.

Serviço:
Live: Inspire e Comunique com o economista e relações públicas Eden Jr.

Quando: 3/9 (quinta-feira)

Hora: às 19h30

Onde: Instagram @franci_monteles

(Fonte: Assessoria de comunicação)

Capa de livro sobre Dunshee de Abranches

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Parece até caso pensado: grandes datas sobre grandes maranhenses continuam não merecendo a atenção maciça e massiva de autoridades de nosso Estado. A partir do talento e até da coragem de filhos seus do passado, o Maranhão legou ao Brasil um grande número de ações e contribuições que modificaram (para melhor) nosso país e concorreu para fortalecer a identidade do povo brasileiro.

Já escrevi e publiquei um texto sobre alguns nomes pioneiros que contribuíram enormemente com a brasilidade (“POR QUE O MARANHÃO ABANDONA SEU MAIOR PATRIMÔNIO”). Quem desejar este texto, solicite-o e será enviado por “e-mail” ([email protected]) ou como anexo na caixa de mensagens privadas do solicitante.

Nessa quarta-feira, 2 de setembro de 2020, completou exatos 153 anos de nascimento de um dos maiores intelectuais maranhenses: Dunshee de Abranches. Quando dos seus 150 anos, escrevi este texto. Mas nada sensibiliza quem não tem sensibilidade.

Nascido em 2 de setembro de 1867, João Dunshee de Abranches Moura foi escritor, advogado, promotor público, jornalista, poeta, músico (tocava violino), sociólogo, político (deputado estadual e federal), professor de Ciências Físicas e Naturais, Anatomia e Fisiologia Comparadas, de Direito Público Americano e professor honorário da Universidade de Heidelberg (Alemanha).

Aos 4 anos, Dunshee de Abranches já sabia ler e escrever; aos 6, fazia traduções do Francês. Aprendeu também Inglês, Espanhol, Alemão, Latim... Como jornalista, foi presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e, em sua gestão, foi criada a carteira de jornalista.

O escritor maranhense Joaquim Vieira da Luz, de Matões, escreveu uma das mais completas biografias sobre seu conterrâneo: o livro “Dunshee de Abranches e Outras Figuras”, de mais de 400 páginas, impresso nas oficinas do “Jornal do Brasil” (Rio de Janeiro/RJ), em 1954. A obra traz diversas fotos e outras imagens relacionadas a Dunshee de Abranches e às demais “figuras” (Aluízio Azevedo, Raimundo Lopes, Antônio Lobo, Correia de Araújo e Raimundo Correia).

Capa de "A Esfinge de Grajaú", obra regional mais conhecida

Tenho, em minha biblioteca particular, diversos livros de Dunshee de Abranches, entre os quais:

– “Como se Faziam Presidentes” (386 páginas; Livraria José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 1973);

– “A Ilusão Brasileira” (dedicado ao também maranhense Urbano Santos, à época vice-presidente da República; (384 páginas; Imprensa Nacional, Rio de Janeiro, 1917);

– “A Esfinge do Grajaú – Memórias” (266 páginas; Rio de Janeiro: “Jornal do Brasil”, 1959);

– “Actas e Actos do Governo Provisório” (2ª edição; 402 páginas; Rio de Janeiro: edição do autor, 1930);

– “Rio Branco e a Política Exterior do Brasil (1902-1912)” (1º e 2º volumes; 254 + 224 páginas; Rio de Janeiro: “Jornal do Brasil”, 1945).

No Maranhão, Dunshee de Abranches é patrono da Cadeira nº 40 da Academia Maranhense de Letras, da Cadeira nº 40 do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), da Cadeira nº 19 da Academia Ludovicense de Letras e da Cadeira nº 20 da Academia Imperatrizense de Letras (AIL), esta que tem como ocupante o professor e escritor Ribamar Silva, que sucedeu a Adalberto Franklin, fundador da Cadeira.

Também, como me informou Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Dunshee de Abranches é o patrono da Federação Esportiva de Levantamento de Peso do Estado do Maranhão, fundada em 1º/9/2017. Leopoldo Gil, professor, pesquisador e escritor, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM) e da Academia Ludovicense de Letras, de São Luís, registra que Dunshee de Abranches “foi o primeiro a praticar o levantamento de peso – halterofilismo – no Maranhão", daí a homenagem com o patronato da novel federação esportiva.

Dunshee de Abranches faleceu aos 73 anos em Petrópolis (RJ), em 11 de março de 1941.

* EDMILSON SANCHES

Em estudo publicado na “Monthly Notices of the Royal Astronomical Society”, o pesquisador Daniel May propõe uma nova forma de compreender o mecanismo de expulsão de matéria dos buracos negros, que são regiões do espaço com uma força gravitacional forte o suficiente para arrastar qualquer coisa, até mesmo a luz.

“Alguns desses buracos negros estão capturando gás que chega na galáxia. Como tudo gira no universo, esse gás não cai em linha reta no buraco negro. Ele faz um disco e, pela gravidade do centro ser extremamente poderosa, o disco acaba se aquecendo muito, e a gente pega as galáxias ativas justamente pelo brilho desse disco. O brilho que a gente vê é de um disco que está ao redor dele caindo aos poucos lá dentro”, explica o pesquisador do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), que trabalha a partir de uma bolsa oferecida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Essas emissões de energia acabam gerando também uma expulsão da matéria que está no entorno do buraco negro, um fenômeno chamado de “outflow”.

Nesse movimento, é visto um gás mais quente e brilhante, atingido diretamente pela radiação emitida pelo buraco negro e outra mais fria, que permite a formação de moléculas.

Como uma bolha

Segundo May, costumava se pensar que a parte mais fria era o gás que estava sendo atraído pela força da gravidade do buraco negro. Porém, a partir da observação de duas galáxias relativamente próximas – a NGC 1068 e a NGC 4151 – o pesquisador diz que tudo faz parte de uma espécie de bolha de matéria que está sendo ejetada pelo buraco negro.

“Seria uma bolha em expansão. A parte da bolha que enxerga o núcleo [atingida pela radiação] ficaria com uma temperatura maior e uma velocidade maior. E a parte mais fria, que está na sombra, também está expandida, porque faz parte da mesma coisa, só que a gente vê de uma forma diferente, como a fase molecular. Se você tem temperaturas menores, você tem moléculas”, diz.

O novo entendimento facilita, de acordo com o pesquisador, o entendimento do fenômeno. “A parte nova desse estudo é colocar todos os ingredientes em uma coisa só. O que faz um cenário muito mais completo que explica naturalmente coisas que a gente não sabia”, enfatiza May, em referência, por exemplo, à origem da parte mais fria, que não conseguia ser localizada na explicação anterior do fenômeno.

O estudo dos buracos negros também se aproxima de respostas sobre a formação das galáxias, uma vez que, segundo o cientista, são elementos ligados. “As duas coisas se conectam ao longo da evolução. Dizendo como essa galáxia evoluiu como um todo. No passado, tinha muito gás, essa cadeia de gás no centro era muito mais voraz, expulsava matéria para fora da galáxia”, afirma.

May conta, ainda, que a descoberta foi possível com o uso de uma técnica que busca o aprofundamento e detalhamento de informações disponíveis. “Eles melhoram a qualidade dos dados. Então, se você melhora a qualidade da imagem, você acaba enxergando coisas diferentes do que os outros costumam desenvolver”, explica sobre os procedimentos que investigam a fundo imagens muito difíceis de serem captadas.

“A gente não enxerga exatamente o disco. A gente enxerga um brilho no centro da galáxia. Só que, se a gente for apontar os telescópios mais poderosos para esses núcleos, toda essa região que eu acabei de descrever [do disco brilhante] cai dentro de um pixel [pequeno ponto] da imagem”, conta.

A pesquisa vai na contramão do que, segundo May, a maioria dos cientistas têm trabalhado, buscando reunir a maior quantidade possível de informações para produzir estatísticas. “Hoje em dia, todo mundo está preocupado em observar muita coisa para fazer estudos estatísticos”, finaliza.

(Fonte: Agência Brasil)

A partir de hoje (2), até o próximo dia 28, o Itaú Cultural apresenta o Festival Arte como Respiro, evento totalmente “on-line” com espetáculos de teatro, dança e circo, apresentações musicais e obras de artes visuais.

O festival traz artistas beneficiados por editais de emergência realizados pela instituição para apoiar a classe artística prejudicada pela quarentena causada pela pandemia de covid-19. O próprio isolamento social imposto pelo novo coronavírus, questões raciais e de gênero são algumas das temáticas presentes nas obras.

Na programação, há peças destinadas tanto para os adultos quanto para as crianças. Cada espetáculo ficará disponível por 24 horas a partir da sua exibição. A programação completa pode ser vista aqui.

(Fonte: Agência Brasil)

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O projeto LITERATURA MARANHENSE abrindo espaço no BLOG DO PAUTAR... Esse projeto tem o objetivo de despertar o interesse pela leitura de textos que representam a produção literária de nosso Estado. Com essa iniciativa, acreditamos que estamos contribuindo para a divulgação e valorização de nossa cultura. Aproveite! Boa leitura!

(Texto da quarta capa do livro “A Moça de Pele Marrom e Outros Contos”, de Humberto Barcelos, Editora Marco Zero, 2020)

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“Seu Colega” era uma figura folclórica de Oeiras, a velha e saudosa ex-capital do Piauí. Praticava um Português escorreito e incursionava por outros idiomas. Certa vez, estando a escrever, perguntaram-lhe o que fazia. “Seu Colega” respondeu:

– Estou transformando este lápis em letras.

Um pouco mais adiante no tempo, as letras não brotam mais da grafite envolta de celulose e lignina. Humberto Barcelos transforma não o lápis mas teclas e toques em palavras, palavras que, cumprindo as leis literárias, mantêm entre si o obrigatório distanciamento, com o que, assim reunidas mas não unidas, dão sentido às ideias – e histórias – do Autor e faz a compreensão – e delícias – do Leitor.

Se quem conta um conto aumenta um ponto, quantos pontos conta Barcelos com seus contos? No mínimo quatorze, que é o total de narrativas curtas deste livro, “A Moça de Pele Marrom e Outros Contos”.

Portanto, não irei além de quatorze contando sobre os contos desta obra. Afinal, sou só contabilista; Humberto Barcelos é que é contista. E o que ele nos conta – bem – está nas palavras, períodos e parágrafos que este livro contém. Pelo menos nos títulos das histórias têm “mar”, “cavalo amarelo”, “reino”, “princesa”, “vida”... Seriam contos de fadas? Da carochinha? Sei que não são contos de réis, que são moedas, nem contos do vigário, que são um delito...

O conto é mais velho do que a palavra que o nomeia. Sem sacrilégio ou profanação (e de mim longe a excomunhão...), pode ser que, no princípio, não fosse o verbo, mas, sim, a imagem (ou imaginação), pois com um grupo delas nossos ancestrais escreviam/inscreviam nas paredes de suas cavernas o seu dia a dia. Eram contos contados com desenhos. A vantagem das letras é que, lendo-as, a mente vai criando as imagens, processo que, por sua vez, nutre e fortalece a mente. Retroalimentação. Ler faz bem, faz viver mais – o povo conta... e a Ciência confirma.

Humberto Barcelos, caridoso, quer que tenhamos bons momentos – literários – com “A Moça de Pele Marrom e Outros Contos”.

O Autor quer porque quer. Pois sabe que quem ganha pontos não é só quem conta, mas sobretudo quem lê, contos.

Estes contos.

Deste livro.

Leia-os...

... e, depois, venha me contar.

* EDMILSON SANCHES

O Senado aprovou, nesta terça-feira (1º), um Projeto de Lei (PL) que autoriza o uso de recursos federais em ações de segurança sanitária no retorno presencial das aulas na rede pública de ensino. O projeto segue para análise da Câmara.

Segundo o PL 3.892/2020, Estados, Distrito Federal e municípios poderão usar os recursos da União para adequar a infraestrutura sanitária das escolas, distribuir equipamentos de proteção individual e material de higiene, contratar serviço de “internet” para os alunos que não puderem voltar às aulas presenciais, treinamento de profissionais para se adaptarem às novas condições sanitárias, dentre outras ações preventivas.

De acordo com o texto, se ficar comprovado que o retorno às aulas provocou aumento no contágio, elas deverão ser suspensas. O próprio PL, no entanto, determina que a retomada das aulas presenciais deve observar a orientação científica, a curva de contágio, o número de óbitos, a deliberação da respectiva comunidade escolar e apresentação, pela família, de relatório sobre a situação da saúde dos seus integrantes.

Dentre os recursos que podem ser utilizados nessas ações, estão verbas recebidas por Estados e municípios para enfrentamento da pandemia e recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) provenientes do governo federal. O relator, senador Fabiano Contarato (Rede-ES), explicou, em seu parecer, que, apesar da aplicação de recursos do SUS em escolas, não há desvio de finalidade na aplicação de uma verba direcionada à saúde, questão que chegou a ser levantada por alguns senadores durante a sessão.

“O uso de recursos da saúde em ambiente escolar não afasta ou contraria a previsão de vinculação àquela área. A essência da proposição, embora se preste à higidez do ambiente escolar necessário ao fazer educacional em todas as suas especificidades, remanesce na saúde pública”.

(Fonte: Agência Brasil)

Começa hoje (1º), em São Paulo, a primeira Mostra Internacional de Cinema Virtual, onde serão exibidos 33 filmes de 21 países, por meio da plataforma gratuita #CulturaEmCasa. A mostra vai até 30 de setembro.

A abertura será às 15h com um “webinar” com o crítico de cinema Miguel Barbieri Júnior. Ele vai apresentar o panorama atual da produção audiovisual no Brasil. Em seguida, será exibido o filme “Sabores do Templo” (Coreia do Sul).

Entre os filmes da mostra, 22 são longas, dois são curtas de animação e nove são documentários, todos inéditos no Brasil e com legendas em português.

A programação será exibida, diariamente, pela plataforma #CulturaEmCasa, às 19h e às 22h. Alguns filmes ficarão disponíveis por tempo limitado para exibição por demanda, mas alguns serão exibidos em sessão única.

Entre os filmes que serão vistos, estão o longa canadense “Pequenos Gigantes” (“Giant Little Ones”) e o alemão “Férias” (“Ferien”). Será apresentado também o longa “Hindi Medium”, uma das maiores bilheterias da Índia.

A iniciativa é da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e da Secretaria de Relações Internacionais do Estado de São Paulo, em parceria com consulados, embaixadas e institutos dos países participantes e da organização Amigos da Arte.

(Fonte: Agência Brasil)

(UM DISCURSO À ARTE DE ESCREVER COM ARTE)

– Letras não são só cantiga de ninar, mas, também, toque de despertar, sinal de alarmar, hino de guerrear, canção de cantar vitória.

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Senhoras e Senhores:

Há coisas que, para serem feitas, precisam de dinheiro – pagar contas, por exemplo.

Há coisas que, para serem feitas, precisam de esforço – descarregar um navio no porto, um caminhão no armazém, por exemplo.

Há coisas que, para serem feitas, precisam de paixão – entregar-se aos abraços nos braços da pessoa amada, numa noite enluarada, por exemplo.

Há coisas que, para serem feitas, precisam de amor – morrer na cruz, em nome de toda a Humanidade, por único exemplo. Ou abraçar um ser durante nove meses da forma mais íntima possível... só explicável pelos mistérios da criação.

Há coisas que, para serem feitas, sobretudo para serem aceitas, precisam de tempo – uma Academia de Letras, por exemplo.

Sintonizada com o espírito de uma cidade, uma Academia é feita de esforço, paixão, amor, tempo. Diferentemente do comum das academias, deve-se negar a “imortalidade” para os acadêmicos, ou seja, quem entrou pode sair, a pedido.

Com isso, implode-se a tradição da tal “imortalidade” e resgata-se o primado da vontade das pessoas acima da norma das instituições. Fica quem quer crescer e ajudar a crescer, quem quer trabalhar pelas Letras, pela Cultura, pela Cidade.

Imortal será sempre o trabalho, o exemplo, não o indivíduo.

Para se habilitar a uma vaga em uma Academia, o candidato, além de ter alma de humanista e escrita de artista, deve ter disposição para fazer a cidade crescer naquilo que uma comunidade tem de mais representativo: sua cultura.

Ciganos, judeus, palestinos, entre tantos outros povos, não têm ou não tiveram territórios fisicamente delimitados para morar, mas, ainda assim, são respeitados por todo mundo no mundo todo pela força de seu saber, pela expressividade de sua história e cultura.

Senhoras e Senhores:

O local mais seguro para um navio é o porto onde ele está fundeado. Mas não é para portos que se constroem navios.

O lugar mais seguro para um automóvel é a garagem, onde ele fica guardado. Porém, não é para as garagens que se fabricam carros.

O melhor lugar para um bebê que se gera ou para uma criança que nasce é o ventre da mãe ou os braços do pai.

Entretanto, não é para ficar vitalícia e umbilicalmente no ventre da mãe nem permanentemente debaixo das vistas do pai que se geram filhos.

Uma Academia igualmente é um local razoável para um intelectual, para um humanista. Mas, ouso dizer, não é somente para reunir gentes de saberes que se formam academias.

Não, Senhores. Apesar de ali estarem seguros, não é para portos, mas sim para os mares, que navios são construídos. É para a probabilidade da tempestade, é para a possibilidade da bonança, é para a certeza da viagem que navios são feitos e são lançados à água e singram mares já ou nunca dantes navegados. Navios são feitos porque os mares, e não os portos, existem.

Também é para roer distâncias, encurtar tempos, transportar pessoas e coisas em velocidade, mas sobretudo com segurança, que se fazem carros. Eles são para as ruas e estradas, pois das vielas e becos cuidam nossos pés. É porque existem espaços para transitar, e não garagens para guardar, que se industrializam carros.

É para a vida, para o mundo, para a certeza das buscas e incerteza do encontro, que se geram filhos. Sobre eles, pais, no máximo, têm autoridade, não propriedade.

É principalmente para unirem-se em torno de um ideal, e não em frente uns dos outros, que pessoas se juntam em clubes de serviço. E uma Academia de Letras também é, ou deve ser, um clube de serviços, ou melhor: menos clube, e mais serviço. Prestar serviços que prestam.

Porque é urgente e preciso organizar as pessoas para que elas organizem, para melhor, o mundo. Abrir não o leque que espalhe um arzinho de conforto, mas um fole, que resfolegue, que crie, espalhe e trabalhe também o desconforto, donde poderão sobrevir respostas e realidades – assim como do desconforto, da irritação da ostra nasce a preciosidade da pérola. As Letras não são somente canto de acalanto, as Letras não são só cantiga de ninar, história pra boi e gente dormir, mas também, senão principalmente, as Letras são toque de despertar, sinal de alertar, sirene de alarmar, aviso de marchar, hino de guerrear, canção de cantar... vitória.

Senhores:

O que legaliza uma Instituição é seu registro, mas o que a legitima é a qualidade de sua ação. Os Cartórios e as Juntas Comerciais estão cheios de certidões de fantasmas, de escrituras de vivos-mortos. Nesse caso, não há muita diferença entre uma certidão de nascimento e um atestado de óbito.

Não tem jeito. O mundo exige, as cidades precisam, o ser reclama: pessoas e instituições têm de fazer diferença. Há muita inércia no mundo, muita energia estática.

Em uma Academia, não basta assinar a ata de fundação. Não basta assinar o ato de posse – temos de tomar posse dos nossos atos. Pelo menos nós aqui, gente escolada na vida e no ofício, sabemos que o ato de posse não se exaure, ou não se deve exaurir, nesta noite de aniversários, destaques e discursos. Não basta tomar posse NA Academia; é indispensável tomar posse DA Academia...

Que ninguém se sinta pleno aqui e agora. Academia não é mais reverência; quando muito, é referência. É, em igual tempo, museu e laboratório, conservação e criação, pensamento e ação, contemplação e trabalho.

Por mais inusual, por pouco comum que pareça, também cabe a uma Academia – como caberia a qualquer Instituição – auxiliar na desinstalação das pedagogias criminosas. Da pedagogia que não adiciona valor, embora subtraia rendas.

Do ensino prendedor, e não da educação empreendedora. Da política da passividade, que se alimenta da dependência, e não da competência.

A dependência cria, no máximo, a revolta; a competência faz a revolução. A revolta muda as pessoas do poder. A revolução muda o poder das pessoas, mostra às pessoas que elas são e têm o poder.

O revolucionário preexiste à revolução. Uma revolução inicia-se pelo nível da consciência. Uma revolta, pelo nível da emoção. O que se inicia pela consciência fortalece a emoção; o que começa pela emoção, fragiliza a consciência. O revolucionário tem consciência da necessidade. O revoltado tem necessidade da consciência.

Uma Academia é um laboratório – e não um repositório – de consciências.

Senhoras e Senhores:

Minha cidade, pode-se dizer, é uma das raras cidades das mais de 5 mil que existem no país que não se diz apenas berço de homens de letras: mais que escrever livros, seus filhos – meus conterrâneos – construíram Literatura, deram início a Escolas, criaram gêneros, tornaram-se estilo, gentes que influenciaram e influenciam. Porque foram seres que não só usaram as Letras; eles ousaram com elas.

Ousadia. Talvez isso, quem sabe, seja a grande fórmula do desenvolvimento, um desenvolvimento onde aos haveres econômicos se aliem os valores culturais.

Tudo tem de estar integrado. Onde a Engenharia erga prédios, a Estética espalhe sensibilidade.

Onde a Geografia imponha limites, a Cultura interponha pontes.

Onde a Economia fixe preços, a Arte destaque valores.

Enfim, onde o Homem faz corpo, Deus sopre alma.

Porque, à maneira de Vieira, prédios sem pessoas viram ruínas senão escombros.

Países sem pontes viram isolamentos senão ditaduras.

Economia sem cidadania vira exploração senão barbárie.

Política sem Humanismo vira escravidão senão tirania.

E pessoas sem cultura viram máquinas senão monstros.

É preciso mais. É urgente dar mais vida à vida.

Senhoras e Senhores:

Em uma cidade, uma Academia de Letras não é um contraste – é do contexto. Não é um confronto – é um encontro.

Nasce de espíritos interessados, não de mentes interesseiras. A lógica de sua ação baseia-se em argumentos, não em argúcias.

É demagógico o discurso de que uma academia não é necessária a uma cidade, de que uma comunidade tem outras prioridades.

Claro, ninguém vai à “vernissage” nem à “avant-première”, ninguém vem a uma solenidade como esta com olhos e bucho de fome de muitos dias. Mas Terra e gente foram dotados de recursos suficientes para que, explorados de forma inteligente e íntegra, integral e integrada, a vida se faça plena, dispensando, pois, prioridades isolacionistas, hierarquias mecanicistas, vícios segregacionistas, dimensões divisionistas.

A vida não é excludente; ela é inclusiva: não é isso OU aquilo, mas isso E aquilo. Não se trata do ou eu OU ele, mas do eu E ele.

Visão de conjunto, percepção do todo: É perfeitamente possível transformar em complementar o que se diz concorrente. Tornar compatível o que se julga contraditório. Fazer amigo no que é adversário.

Como veem, por tudo o que disse aqui, Academia não é só um fardão: ela é também um grande fardo. O qual, pessoal e coletivamente, devemos ajudar a carregar.

Senhoras e Senhores:

Seja a Humanidade cada vez mais cidadã.

Seja a Cidadania cada vez mais humana.

Seja cada vez mais vigilante. Seja cada vez mais solidária.

Sobretudo, sejamos cada vez mais felizes.

* EDMILSON SANCHES