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O Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo (CCBB SP) reabre ao público, nesta sexta-feira (16), a exposição “Egito Antigo: do cotidiano à eternidade”. A reabertura do CCBB SP seguirá um planejamento previamente desenvolvido, que segue restrições e regras definidas com base em orientações das autoridades sanitárias para garantir maior segurança aos visitantes e funcionários.

A realização da mostra está autorizada de acordo com a fase verde do Plano São Paulo, que permite a reabertura de cinemas, teatros, espetáculos, bibliotecas, museus, galerias e equipamentos multiculturais na capital.

Das atrações do CCBB SP, apenas a exposição Egito Antigo estará aberta ao público e exigirá agendamento prévio pelo “site” www.eventim.com.br. A unidade vai funcionar todos os dias, das 9h às 17h, exceto às terças.

A mostra entrou em cartaz no CCBB São Paulo em 19 de fevereiro e teve visitação de até 7 mil pessoas por dia. Ela pode ser visitada até 3 de janeiro de 2021. Em sua passagem pelo Rio de Janeiro, atingiu a marca de 1,43 milhão de visitantes, entre outubro de 2019 e fevereiro deste ano.

"É com alegria que retomamos nossas atividades presencias e recebemos o público para a mostra do Egito Antigo. Passamos por momentos desafiadores nessa pandemia, disponibilizamos conteúdos exclusivos no projeto digital #CCBBemCASA e, agora, voltamos com toda força e vontade de oferecer aos nossos visitantes o melhor da arte e da cultura. Os protocolos de segurança são muito importantes nesta retomada e seguimos todas as recomendações oficiais para a reabertura. Devido às novas regras de visitação, estamos trabalhando com o agendamento de 50 pessoas por horário”, destaca o gerente de Programação do CCBB São Paulo, Fernando Spaziani.

Protocolos de segurança

Além da mudança de horário e necessidade de agendamento pelo “site” www.eventim.com.br, o CCBB disponibiliza vários protocolos para garantir a segurança de funcionários e visitantes. A entrada será apenas pela porta principal da unidade, com necessidade de validação do ingresso e medição da temperatura corporal. A visita terá duração de 50 minutos, começando pelo subsolo e passando pelos quatro andares do prédio. Serão até 50 visitantes por grupo, que vão receber a orientação de usar as escadas durante o deslocamento.

O uso de máscara é obrigatório e haverá fiscalização em todo o prédio, assim como a disponibilização de álcool em gel. Para garantir a segurança do público, a exposição passou por reformulações que não comprometem o entendimento sobre a mostra. A réplica da pirâmide, anteriormente exibida no térreo da unidade, foi desmontada com o objetivo de favorecer a área de circulação e o distanciamento entre os visitantes. A interação de “selfie” com a esfinge, no subsolo, terá higienização reforçada.

Todos os funcionários receberam orientações sobre os protocolos de segurança. Além disso, há marcações no piso dos elevadores e galerias que reforçam a necessidade de distanciamento. O serviço de guarda-volumes está suspenso no momento e não serão mais disponibilizados materiais impressos. Os bebedouros da unidade foram desinstalados e as televisões e totens do prédio vão exibir informes sobre os protocolos na nova dinâmica de funcionamento.

Cultura egípcia

Ao todo, a mostra reúne 140 peças que têm em comum a relevância para o entendimento da cultura egípcia, que manteve parcialmente os modelos religiosos, políticos, artísticos e literários por três milênios.

Aspectos da historiografia geral do Egito Antigo são apresentados de forma didática, por meio de esculturas, pinturas, amuletos, objetos cotidianos, um “Livro dos Mortos” em papiro, objetos litúrgicos e óstracons (fragmento de cerâmica ou pedra usados para escrever mensagens oficiais), além de sarcófagos, múmias de animais e uma múmia humana da 25ª dinastia. Os itens são oriundos do Museo Egizio de Turim, na Itália, segundo maior em acervo egípcio do mundo.

(Fonte: Agência Brasil)

Pintura retratando Santa Teresa d'Ávila

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Você sabia que Santa Teresa d'Ávila não morreu no dia 15 de outubro, mas no dia 4?

Saiba a grande coincidência, de alcance mundial, que ocorreu neste dia. Teresa d'Ávila é considerada um dos maiores gênios que a humanidade já produziu.

Mesmo ateus e livres-pensadores enaltecem sua vida e inteligência, a força persuasiva de seus argumentos, seu estilo vivo e atraente e seu profundo bom senso. (EDMILSON SANCHES)

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No dia 15 de outubro de 1827, Dom Pedro I oficializou o Ensino no Brasil. Em 1963, no Brasil, a data foi nacionalmente oficializada também como Dia dos Professores. 15 de outubro é o dia em que se homenageia, em diversas partes do mundo, Santa Teresa d'Ávila.

A santa de Ávila também é a santa da Vila. Da Vila do Frei. Da Vila de Imperatriz.

(2) A PADROEIRA – 15 de outubro é o dia de Santa Teresa d’Ávila, também chamada Santa Teresa de Jesus. A data é a do dia de sua morte, há 438 anos, em 1582. Santa Teresa é a padroeira de Imperatriz, e conta-se que sua imagem foi trazida pelo frei Manoel Procópio do Coração de Maria, o fundador da cidade. Segundo a Diocese de Imperatriz, a imagem da santa que se encontra na igreja imperatrizense que leva o seu nome foi trazida pelo frade carmelita, que logo cuidou de erguer um templo próprio para Santa Teresa. Esse templo, hoje, é a igreja matriz, na Fvenida frei Manoel Procópio do Coração de Maria.

(3) A CIDADE – Santa Teresa nasceu em 28 de março de 1515, na cidade de Ávila, Espanha. Daí o nome com que também chamam a santa: Teresa d’Ávila, que significa Teresa da cidade de Ávila. No tempo em que viveu, chamado o “século áureo” da Espanha, Santa Teresa pôde ver seu país tornar-se um grande império, que ia além de seu continente, a Europa, e estendia-se da Argentina à Califórnia, nos Estados Unidos. Hoje, a Espanha é um país de 506 mil quilômetros quadrados (menor que o Estado de Minas Gerais) e 47 milhões de habitantes (pouco mais do que o Estado de São Paulo, que tem 45 milhões de habitantes). A cidade de Ávila é classificada como Patrimônio da Humanidade. Tem 231km2 e 58 mil habitantes. Está situada a mais de 1.100 metros de altitude (dez vezes mais que Imperatriz) e é comum nevar no inverno, com ventos fortes, gerando bloqueio das rodovias. Ávila é cercada por uma muralha do século XI – a mais bem conservada da Europa –, que mede 2km de comprimento e tem 88 torres. Em homenagem a sua ilustre filha, há muitos templos religiosos dedicados a Santa Teresa. A Catedral de Ávila tem, em seu exterior, desenhos de imagens selvagens, que, segundo acreditavam, serviam para assustar invasores.

(4) A FAMÍLIA – O nome de Santa Teresa era Teresa de Cepeda y Ahumada, filha de dom Alonso de Cepeda e dona Beatriz de Ahumada. Seu avô paterno era Juan Sanches, um rico mercador judeu, admirado pelos seus dotes de administrador mas odiado por ser um “cristão-novo”, isto é, um judeu convertido ao cristianismo através do batismo, o primeiro dos sete sacramentos da Igreja Católica Apostólica Romana. Os filhos de Juan Sanches, inclusive dom Alonso, pai de Teresa, ingressaram na nobreza. Não era a “alta” nobreza, mas uma nobreza, digamos, “classe média”. Para isso, compraram direitos de fidalguia e casaram-se com mulheres fidalgas. Santa Teresa, porém, em seus escritos, não menciona esses aspectos de nobreza da sua família. Teresa teve bastantes irmãos, 10 ou 11 ao todo. Era, contudo, a mais querida. Os pais eram tementes a Deus e ensinaram Teresa na virtude da piedade e das prendas domésticas. Ouvia muito seus pais lerem a vida de santos da Igreja. O ambiente era convidativo: noites longas de inverno, lareira e o calor da família. Essas leituras impressionaram tanto a garotinha que, aos 7 anos de idade, junto com seu irmão Rodrigo, tentou uma fuga da cidade, pois queria “ver a Deus”.

(4) A RELIGIOSA – Quando tinha 13 anos, Teresa vê morrer-lhe sua mãe, dona Beatriz, que era a segunda esposa de seu pai. Sem sua mãe, Teresa lança-se aos pés da Virgem Maria, pedindo-Lhe que seja sua mãe. O pai a coloca no Mosteiro das Irmãs Agostinianas e, em um ano e meio que lá permanece como interna, reacende, em Teresa, sua vontade de servir a Deus. Aos 20 anos, Teresa foge de casa. Era o dia 2 de novembro de 1535. Entra no Mosteiro da Encarnação de Ávila. Quer ser religiosa, carmelita – coisa que o pai não aprovava. Mas Teresa sabia que o amor que ela queria não estava nem na Terra nem nos homens. Eram os Céus, era Deus a fonte provedora do amor que lhe bastava. Passou três anos em dedicada vida religiosa, que foi obrigada a largar para tratar-se, pois estava severamente doente. O mal se agravou e, em 1539, é dada como morta. Só não foi enterrada porque seu pai não deixou. Três dias depois, Teresa volta à vida e, embora paralítica, retorna ao mesmo convento em Ávila. É a São José que ela credita seu restabelecimento. Nos 15 anos seguintes (seu pai já morrera, em 1543), Teresa tem crises espirituais, resiste e, aos 39 anos, tem sua transformação mais profunda. Isso ocorre após contemplar uma imagem de Jesus Cristo cheio de feridas das lanças dos soldados. Daí o nome de Teresa de Jesus. Sua conversão é tão completa que ela rompe seus laços com a materialidade humana.

Igreja Santa Teresa d'Ávila, em Imperatriz (MA)

Morre a mulher. Começa a nascer a santa.

(5) A CARMELITA – Aos 45 anos, em 1560, Santa Teresa ouve, numa reunião de monjas, uma sugestão meio brincalhona de fundar um convento. Contra tudo e contra todos, ela cria, em 24 de agosto de 1562, o Mosteiro São José – o nome era a lembrança do santo que lhe devolvera à vida. Os superiores carmelitas não aprovaram a iniciativa de Teresa, e ela foi obrigada a voltar ao convento. Mas não descansou: no final de 1562, é aprovada a fundação, e Roma dá-lhe a condição de fundadora e legisladora. Daí em diante, até o ano de sua morte (1582), Teresa fundou 17 mosteiros para mulheres e 13 para homens. Eram os Carmelitas Descalços, expressão que lembra a observância à pobreza e à disciplina rigorosa. Os carmelitas só deixaram de andar descalços quando viram ser mais prudente estar calçados, no caso, com humildes sandálias de cordas, as mais usadas pelos mais pobres.

(6) A SANTA – Santa Teresa d’Ávila escreveu muito, orou sempre. Foram mais de 15 mil cartas e diversos livros, entre eles "Livro da Vida", "Caminho de Perfeição", "As Moradas", "As Fundações".

Em 15 de outubro de 1582, na cidade de Alba de Tormes, Teresa mudou de vida. Morreu para sobreviver nos corações e na fé dos que a ela se devotam. Em 27 de setembro de 1970, o Vaticano declarou Santa Teresa “Doutora da Igreja”. Com isso, a doutrina e espiritualidade de Santa Teresa deixaram de lhe pertencer e também deixaram de ser apenas da ordem carmelita. Foram transformados em tesouro de toda a Igreja.

(7) A DOUTORA – Santa Teresa de Ávila está entre os 33 doutores da Igreja, entre eles 3 mulheres. Foi a segunda mulher a ter esse título. A primeira foi Santa Catarina de Sena (nascida em 1347; morreu em 1380); a terceira foi Santa Teresa de Lisieux (1873-1897).

(8) A DATA – O dia 15 de outubro só se tornou o dia de Santa Teresa d’Ávila por uma coincidência. Na verdade, Teresa morreu em 4 de outubro, 11 dias antes. Entretanto, exatamente naquele dia, mês e ano (4 de outubro de 1582), aconteceu a reforma do calendário: saiu o calendário juliano, adotado pelo imperador Júlio César desde o ano 46 antes de Cristo, e entrou, com poucas modificações, o calendário gregoriano, implantado pelo papa Gregório XIII. A substituição de calendários se deu porque a Igreja não estava concordando com uma incorreção no calendário anterior – que, por sua vez, substituíra com vantagem o calendário egípcio. Uma falha de cálculo fizera com que, ao longo do tempo, houvesse um erro de 11 dias. Assim, como os dias santos da Igreja baseavam-se no calendário, poderia ocorrer que a Páscoa caísse no inverno e o Natal, no outono. O acerto no calendário foi feito e o dia 4 de outubro de 1582, quando morria Santa Teresa, passou a ser 15 de outubro. Esse calendário é o que usamos ainda hoje.

* EDMILSON SANCHES

CRONOLOGIA
1515 – Nasce Santa Teresa, em 28 de março, na cidade de Ávila, Espanha.
1522 – Junto com um irmão, tenta fugir de casa, aos sete anos de idade, para “ver a Deus”.
1528 – Morre sua mãe, dona Beatriz.
1535 – Foge de casa, em 2 de novembro, e entra no Mosteiro da Encarnação de Ávila.
1538 – Sai do mosteiro, severamente doente, para tratar-se em casa.
1539 – O mal se agrava e é dada como morta. Três dias depois, volta à vida.
1543 – Morre seu pai, dom Alonso.
1560 – Ouve, aos 45 anos, sugestão para fundar um convento.
1562 – Cria, em 24 de agosto, o Mosteiro São José.
1582 – Morre aos 67 anos, em 15 de outubro, na cidade de Alba de Tormes (Espanha).

FRASES DE TERESA D'ÁVILA
“O progresso da alma não está no muito refletir, mas no muito amar”.

“A oração não é senão um ato de amor, e é insensato pensar que só se pode orar quando se dispõe de tempo e de solidão”.

“Deus tem cuidado dos nossos interesses muito mais do que nós mesmos”.

“Uma ou duas pessoas que digam a verdade valem mais do que muitas reunidas”.

“Jamais chegaremos a conhecer-nos se juntos não procuramos conhecer a Deus”.

“A companhia do bom Jesus é proveitosa demais para que nos afastemos dela. O mesmo acontece com a companhia de Sua Santíssima Mãe!”

“Quem começa a servir verdadeiramente o Senhor, o mínimo que Lhe pode oferecer é a própria vida”.

“Nada te inquiete, nada te meta medo. Tudo passa, Deus sempre permanece o mesmo. A paciência tudo consegue. Àquele que tem Deus consigo, nada há de faltar. Só Deus basta!”

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São históricas as violências que se praticam contra a classe das pessoas que têm classe – os professores. Na corrida salarial professores “versus” políticos, por exemplo, os primeiros não levam qualquer vantagem.

Mesmo sendo todos, políticos e professores, servidores públicos, há uns que SE SERVEM do público, do contribuinte. E se servir de atenuante, embarco na onda dos que dizem que o salário dos políticos não é alto: os outros é que ganham pouco. Mas que tem gente, como os professores, ganhando 'mais pouco' ainda, ah! isso tem. Que o salário dos professores, especialmente no Brasil e sobretudo os das redes públicas de ensino, não é o ideal, isso não é.

DIA & DINHEIRO – Direito do professor, mesmo, parece, só ao seu dia, 15 de outubro. E olhe lá. Nesse dia, às vezes tem refrigerante aqui, bolinhos acolá. Talvez uns discursos aguados falando sobre “a missão” do mestre. Mas – ou mais – dinheiro, que é bom, necas!, nem pichite. Seria mais intere$$ante que o professor ficasse esquecido naquele dia... mas fosse lembrado em todos os outros.

SERVIR & SER VIL – Essa lembrança diária – a justa remuneração – seria um jeito de ir aliviando os males infligidos ao professor, à escola, à Educação. São malefícios que, à maneira de uma legião de diabos, de demônios terrenos, perturbam a alma e a vontade de quem só quer SERVIR (e não SER VIL), de quem só espera o que lhe é justo e o que lhe é devido, para, ao menos, (sobre)viver com dignidade de gente. Nada mais. Mas não! O professor não é reconhecido. Atitudes humilhantes, desconsiderações irracionais, desculpas tresloucadas atrelam-se às respostas aos pedidos de justiça (ou de clemência?) da classe professoral.

CORPO & ALMA – Esquecem-se de que o professor não é só alma, vontade, sacerdócio. Professor não é santo. Professor é, também, corpo, matéria, família a ser sustentada, necessidades a serem atendidas, contas a serem pagas. Mas não. Nada disso. Corre por aí a estória de que o trabalho do professor não tem preço e, vejam só, levam isso ao pé da letra! Colocam os mestres no pé do muro e dão-lhes uma paga que sequer preenche um pé de página, um rodapé.

JOGO & LIÇÃO – Mas não param aí os trocadilhos, as figurações que envolvem o nosso professor. O professor é um jogador, de futebol, driblando sua sobrevivência, fintando suas aspirações com a bola murcha de seu “prestígio” sempre “alto” e seu salário sempre mínimo. O professor, acostumado a ensinar, desta vez é obrigado a aprender e repetir (a troco de palmatória e puxões de orelha) sua lição quotidiana de sobrevivência e paciência – que só interessa a quem (des)manda neste país. Essa lição de paciência e humildade, mestres, deve ser esquecida, desaprendida. Pois, convenhamos, boa vontade termina onde começa (ou deveria começar) o bom senso. Quem não quer admitir isso são os nossos governantes, maiores e menores, porque, muitos deles, despreparados, despreocupados, deixam-se embriagar pelo poder e comportam-se como patrões do povo, quando, na verdade, deveriam ser o que de fato são: servidores públicos, funcionários da Nação.

DOCÊNCIA & INDECÊNCIA – Deve-se dizer NÃO ao magistério romântico, o ensino pelo ensino. Há de haver a justa compensação. A docência (doce arte e ciência) não se confunde com a indecência. Basta de condições e salários injustos ou ilegais ou ilegítimos ou indecentes ou imorais. Mais recursos, fartos e estáveis, para a Educação! A mão que se eleva ao quadro-negro não deve se baixar na mendicância de direitos.

A fonte do direito é o dever – e este, da parte dos professores, vem sendo cumprido.

Para eles, a qualquer tempo, a solidariedade do colega aqui, que ensina em baixa e assina embaixo.

* EDMILSON SANCHES
Presidente de Honra do Conselho Municipal de Educação de Imperatriz; ex-professor (Colégio São José de Ribamar, Colégio Ebenézer, Uema, Senac, Sebrae etc.)

Santa Teresa d'Ávila

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Igreja de Santa Teresa d'Ávila em Imperatriz (MA)

Alguns livros de e sobre Santa Teresa d'Ávila (ou Santa Teresa de Jesus), da biblioteca de Edmilson Sanches:

1) "'Deixe-se Amar' – Experiência de Deus com Teresa d’Ávila" – Frei Patrício Sciadini – (Edições Loyola, São Paulo, 2004)

2) "30 Dias com Santa Teresa de Jesus" – Padre Antônio Lúcio da Silva Lima (org.) - (Editora Paulus, São Paulo, 2001)

3) "Itinerário Espiritual de Santa Teresa de Ávila" – Frei Pedro Paulo Di Berardino – (Editora Paulus, São Paulo, 1999)

4) "Teresa, a Santa Apaixonada" – Rosa Amanda Strausz – (Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2004)

5) "Quando o Coração Reza..." – (seleção de textos de Frei Patrício Sciadini) – (Editora Cidade Nova, São Paulo, 2007)

6) "As Fundações" – Santa Teresa de Jesus - (Edições Loyola, São Paulo, 2012)

7) "La Vida, Las Moradas" – Santa Teresa de Jesús (edição em castelhano) – (PML Ediciones, Madrid, 1995)

8) "Caminho de Perfeição" – Santa Teresa de Jesus - (Edições Paulinas, São Paulo, 1977)

9) "Livro da Vida" – Santa Teresa de Jesus - (Edições Paulinas, São Paulo, 1983)

10) "Santa Teresa" – (coleção Gigantes da Literatura Universal – Editorial Verbo, Lisboa, 1972)

A peça teatral "Teresa", de Alexandre Dumas, não está relacionada a Teresa d'Ávila (tenho uma edição em italiano de 1880, publicada, em Milão, pelo livreiro C. Barbini, número 297 da Biblioteca Ebdomadaria Teatrale).

* EDMILSON SANCHES.

 

As mulheres possuem menor probabilidade de possuírem aparelhos digitais e terem acesso à “internet” na América Latina. As desigualdades de gênero se estendem no acesso a dispositivos e recursos tecnológicos, reforçando a iniquidade das mulheres na região.

A conclusão é de um relatório lançado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (Iica). O estudo foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Em 23 países analisados, a propriedade de telefones móveis é majoritariamente maior entre homens do que mulheres. As diferenças mais acentuadas ocorrem no Equador, em El Salvador, na Guatemala, em Honduras, em Trindad e Tobago e na Venezuela.

Em cinco dos 23 países estudados, essa tendência se inverte. Isso ocorre na Argentina, no Brasil, no Chile, no Haiti e no Panamá. Na Jamaica, os índices são semelhantes. Na evolução dos índices, as mulheres chegaram a possuir uma possibilidade maior em 2007, mas, desde então, a brecha de gênero favoreceu os homens. Nos últimos anos, esse movimento vinha diminuindo, quando começou a aumentar novamente.

“O hiato digital de gênero vinha sendo, gradualmente, reduzido ao longo do tempo, mas, nos últimos cinco anos, ocorreu aparentemente uma piora. Além disso, características como gênero, situação socioeconômica e localização da residência interagem produzindo múltiplas camadas de desvantagem para as mulheres”, afirmam os autores.

Nesse entrecruzamento de fatores, as mulheres com baixo nível educacional residentes em áreas rurais são as mais afetadas. Esse é o grupo com taxas mais baixas de acesso à “internet”, ficando mais excluído das informações e aplicações disponibilizadas no âmbito da Rede Mundial de Computadores.

O apontamento da desigualdade no uso de tecnologias da informação é justificado pelos autores também como tema relevante uma vez que o acesso ao telefone também possibilita a participação de práticas importantes, sejam elas de comunicação pessoal, interação social ou facilitação da atividade econômica.

Além disso, os responsáveis pelo estudo identificaram, também, uma correlação entre os hiatos digitais e situações de vulnerabilidade, como empregos precários.

Facebook

A pesquisa analisou, também, o acesso à maior rede social do mundo, o Facebook. O uso da plataforma foi considerado alto na região, especialmente na faixa de 20 a 30 anos. Na comparação entre 2018 e 2020, foi registrada uma queda na faixa de jovens abaixo de 25 anos e um aumento entre as pessoas acima desta idade.

Os maiores índices de penetração entre mulheres ocorrem nos países Aruba, Argentina, Equador, México e Uruguai. Em vários países, elas possuem acesso maior do que eles, como Brasil, Argentina, Venezuela, Chile, Suriname e Uruguai.

Para os autores, em um contexto em que a pandemia evidenciou a conectividade como um bem público, o “caminho para a igualdade ainda é longo”, seja na posse de tecnologias digitais seja no acesso à “Internet”.

Para além de cerca de 36% da população ainda não ter acesso à Rede Mundial de Computadores, segundo a União Internacional de Telecomunicações, as diferenças dentro do acesso, como as de gênero, erguem barreiras ainda maiores para um acesso equânime.

“Se as diferenças no acesso às tecnologias da informação e comunicação, em geral, e aos telefones móveis, em particular, não forem abordadas com eficácia, as desigualdades existentes no mundo, como as que ocorrem entre homens e mulheres, poderão ser exacerbadas”, concluem os responsáveis pela pesquisa.

(Fonte: Agência Brasil)

Fechada desde março deste ano por causa da pandemia do novo coronavírus, a Pinacoteca de São Paulo reabre nesta quinta-feira (15), com a exposição OSGEMEOS: Segredos. É a primeira exposição panorâmica da dupla de artistas brasileiros formada pelos irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo.

A mostra apresenta 60 trabalhos da dupla, 50 deles inéditos ou nunca exibidos no Brasil, e mais de 100 itens. OSGEMEOS são conhecidos por estampar espaços públicos em diversos países do mundo. Seus grafites, com os personagens amarelos, estão espalhados pelo Brasil, Suécia, Alemanha, Portugal, Austrália e Cuba. Suas obras foram destaque nos telões eletrônicos da Times Square, em Nova York, e na fachada da Tate Modern, em Londres, no Reino Unido. Mas eles também já participaram de mostras internacionais na Alemanha, Canadá, Japão, Itália e no Reino Unido.

A carreira da dupla começou na década de 80, com a chegada da cultura “hip hop” no país. Os trabalhos contam histórias que envolvem fantasia, relações afetivas, questionamentos, sonhos e experiências de vida. A partir da década de 90, suas experimentações – não só em grafite, mas também pintura em telas e esculturas estáticas e cinéticas – ultrapassaram os limites bidimensionais, culminando na construção de um universo próprio que opera entre o sonho e a realidade.

Na Pinacoteca, o duo vai apresentar pinturas, instalações imersivas e sonoras, esculturas, intervenções, desenhos e cadernos de anotações. As obras ocupam as sete salas de exposições temporárias do primeiro andar, além de um dos pátios e do Octógano, onde foi concebida uma instalação especialmente para o espaço. Além disso, o tradicional letreiro na fachada, com o nome da instituição, vai ser substituído temporariamente por um luminoso desenhado especialmente pela dupla.

A exposição vai até 22 de fevereiro de 2021 e tem entrada gratuita até o dia 23 de outubro. Para isso, no entanto, é necessário marcar data e horário de visita pelo “site” do museu. A bilheteria física da Pinacoteca permanecerá fechada neste período da exposição. Por isso, os ingressos só podem ser adquiridos com antecedência pela “internet”.

Protocolo de acesso

Para entrar na Pinacoteca, o visitante terá a sua temperatura aferida. Quem estiver com temperatura superior a 37,2oC ou tiver sintomas de gripe ou resfriado não poderá entrar. O uso de máscara será obrigatório. Não será permitida a retirada de máscaras, nem mesmo para “selfies” ou fotografias. A exposição terá também indicação de sentido de circulação. O museu vai funcionar em horário reduzido, das 14h às 20h. O tempo de permanência no prédio será de, no máximo, uma hora.

(Fonte: Agência Brasil)

A pandemia de covid-19 fez com que professores de todo o país trocassem os quadros e as carteiras escolares pelas telas e pelos aplicativos digitais.

Sete meses após a adoção de medidas de distanciamento social e da interrupção das aulas por causa da emergência sanitária, os professores continuam se reinventando. Nesse período, eles foram obrigados a refazer todas as aulas, passar novos exercícios, escrever apostilas, gravar em vídeo os conteúdos das disciplinas, criar canais próprios em redes sociais, mudar avaliações, fazer busca ativa de alunos e se aproximar das famílias dos estudantes.

Professores de todas as partes do país, tanto da rede pública quanto da privada, relataram à Agência Brasil as diversas mudanças do período e falaram sobre as novas atribuições e papéis dos docentes, em diferentes modalidades da educação básica, vindas com a pandemia e o ensino remoto.

O suporte da mudança foi a “internet”, mas o episódio não se restringiu a uma revolução digital. Houve uma transformação comportamental dos professores para não perder a conexão com os alunos e manter a aprendizagem.

“A covid-19 antecipou, em uns dez ou quinze anos, o que iria acontecer em sala de aula”, calcula o professor de geografia Daniel Rodrigues Silva Luz Neto, que leciona para o ensino de jovens e adultos no Gama, uma das regiões administrativas do Distrito Federal.

Para não perder alunos, ele entrou em contato com todos, adicionou os números dos estudantes no seu WhatsApp, criou grupos por turma, por onde passa áudios e vídeos com aulas e instruções. Seus alunos fazem as tarefas no caderno, tiram foto, mandam de volta para ele corrigir.

“Tivemos que aprender algo que nunca foi desenvolvido ao longo da nossa vida, que foi encarar a tecnologia a curto prazo”, acrescenta Juanice Pereira dos Santos Silva, professora de biologia e ciências da natureza na educação inclusiva, no Centro de Ensino Especial, também no Gama, onde leciona para alunos que tenham transtorno de espectro autista ou deficiência intelectual ou múltipla, desde os 8 anos de idade até a vida adulta.

A professora usa o quintal e a cozinha de casa como cenários das aulas, grava vídeos em movimento nas ruas para ensinar noções de espacialidade e passar conteúdos de suas matérias.

Ensinar os pais

Aprender, em tempo recorde, a usar ferramentas digitais para ensinar foi o primeiro desafio de Juanice Silva. O segundo foi buscar os alunos para as aulas remotas. “No nosso caso, tivemos não apenas que trazer os alunos. Tivemos que trazer os pais”, lembra a professora destacando que a participação dos responsáveis é necessária, em especial, para os alunos que ela leciona. “Tivemos de criar ‘e-mails’ para os familiares, dar acesso [às plataformas] e treiná-los”.

O trabalho de mobilizar as famílias feito pelos professores da escola de Juanice Silva permite que alunos como Pedro Emanuel Araújo, com Síndrome de Down, mantenha a rotina de acordar cedo, tomar banho, tomar o café e vestir o uniforme do colégio, como faz questão, para assistir às aulas em vídeo e cumprir a tarefa.

A rotina de Pedro é dividida com o pai que, antecipadamente, verifica o material que o filho vai precisar para cada dia da semana e separa na escrivaninha, com o “notebook”.

Segundo a mãe do aluno, Ângela Cristina Moutinho Araújo, em tempos de ensino remoto, o filho melhorou no desempenho de atividades manuais. "Inicialmente, Pedro não sabia fazer os deveres. Com a nossa ajuda [dos pais]. Ele começou a fazer, hoje tira de letra”.

Sem acesso

A dedicação dos professores, o amor dos pais, o computador em casa e o sinal de “internet” permitiram que Pedro Emanuel continuasse a aprender, apesar de estar longe da escola há 7 meses.

Mas essa não é uma realidade para todos os alunos da rede pública que, em geral, não têm acesso facilitado à “internet” ou um computador à disposição. Nesses casos, alguns professores têm optado por criar apostilas impressas e fazer as cópias na escola. Os pais ou os alunos têm que buscar, toda semana, o novo material e deixar na escola os exercícios feitos da apostila passada – o que faz parte da avaliação e das notas dos alunos.

“Sem acesso à tecnologia, eles têm que ir na escola e trabalhar sozinhos”, assinala Eunice Rodrigues Silva, professora de história, e ex-diretora do Centro de Ensino Fundamental 102 Norte, uma escola pública em Brasília que atende, predominantemente, alunos de 11 a 15 anos.

Em tempos de escolas sem aulas presenciais, Eunice Silva considera primordial o acesso à tecnologia e à conexão. “Acessar a ‘internet’ é a forma para encontrar o conhecimento com o professor”, diz ao lembrar que muitos alunos em sua escola não conseguiam aprender plenamente porque não tinham computadores, “tablets” ou “smartphones” em casa.

Para resolver o entrave, Eunice Silva iniciou uma campanha pedindo doação desses aparelhos. Hoje, ainda restam dez alunos estudando exclusivamente com apostila impressa, de um total de 484 estudantes da unidade.

O problema, entretanto, não se soluciona apenas com os equipamentos já que muitos alunos não têm “internet” em casa. “É precário todo o sistema, mas há níveis de precariedade”, descreve. Em sua opinião, a campanha trouxe resultados, mas a escola teve que agir por conta própria por “algo que já deveria ter virado política pública”.

Investindo na própria formação

Atividades pelo computador não foram novidade para a professora de matemática do ensino médio da Escola Estadual Amélio de Carvalho Baís, de Campo Grande (MS), Carolina Moraes Lino. Ela costumava passar deveres “on-line” para os estudantes. Com a pandemia, entretanto, foi a primeira vez que todo o conteúdo precisou ser transportado para as telas.

Sem a sala de aula como suporte, a sala da casa onde mora com o filho de 11 anos se transformou em escola.

“Eu me deparei com situações que me deixaram muito frustrada”, diz, contando das dificuldades de engajar os alunos e de lidar com todas as incertezas que a pandemia trouxe. “Do mesmo jeito que os alunos ficam desmotivados, tenho muitos alunos que não tinham problemas e [desenvolveram quadros de] síndrome do pânico, depressão. Tenho colegas também nessa situação”.

Carolina buscou aperfeiçoar os conhecimentos nos meios digitais, chegou a comprar, com recursos próprios, uma mesa digitalizadora, que permite que ela escreva e resolva as equações necessárias para as aulas de matemática. Ela também precisou organizar o próprio tempo.

“Quando se está em casa se quer fazer tudo ao mesmo tempo: dar aula, lavar a roupa, ver o filho, fazer almoço. Agora, eu consegui me organizar e está sobrando tempo. No começo, não sobrava para nada”.

Os estudantes também precisaram de um tempo. Como a situação era muito incerta, segundo Carolina, eles estavam sempre pensando no retorno às aulas presenciais, sem dar muita importância às aulas remotas.

Recentemente, ela tem notado uma mudança de postura, dado que a suspensão deverá se prolongar.

“Pelo menos na minha escola, todos os nossos alunos, cerca de 400, estudam em período integral, todos têm acesso ao material ou impresso ou pela ‘internet’. [A dificuldade] não está sendo o acesso, mas a desmotivação da entrega das atividades”.

De acordo com pesquisa do Instituto Crescer, 46% dos educadores não sabem avaliar se os alunos estão realmente aprendendo com as aulas “on-line”. Além disso, 57% sentem-se frustrados ao perceber que, por mais que se empenhem, poucos estudantes aproveitam os conteúdos por falta de infraestrutura.

Apesar das dificuldades, Carolina busca motivação nos aprendizados ao longo da jornada. “Uma das coisas que me motiva é que sou pessoa curiosa. Poder estar em contato e poder descobrir coisas novas é uma das coisas que me motiva. Além de gostar muito do que eu faço, eu vejo uma possibilidade nessa pandemia, para mim, de me aperfeiçoar mais na parte tecnológica, de descobrir mecanismos, ferramentas novas”, diz.

Habilidades socioemocionais

Além dos conhecimentos necessários para lidar com a tecnologia, a pandemia trouxe também a necessidade de se olhar para habilidades socioemocionais, cujo ensino está previsto, na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que estabelece o que deve ser ofertado em todas as escolas do país. São habilidades como persistência, assertividade, empatia, autoconfiança e tolerância à frustração.

“O desenvolvimento socioemocional dos estudantes é um aspecto fundamental de ser trabalhado de modo intencional na escola se quisermos uma educação que considere o que é viver, conviver, aprender e produzir no século XXI”, diz a especialista em Educação Integral do Instituto Ayrton Senna, Cynthia Sanches.

“Aquela escola que tem como objetivo principal a aprendizagem dos conteúdos das matérias já não é suficiente. Tão importante quanto desenvolver os aspectos cognitivos e interagir com os conhecimentos que a humanidade acumulou ao longo de sua história é o desenvolvimento dos aspectos sociais e emocionais do estudante”, destaca.

A sala como quadra de esporte

A professora de educação física Lizianne Tenório dos Santos tinha acabado de chegar à Escola Claudio Daniel Gama Amorim, em Coruripe (AL), quando as aulas presenciais foram suspensas.

Ela assumiu, este ano, as turmas dos 4º e 5º anos do ensino fundamental e não chegou sequer a conhecer os alunos presencialmente porque a escola estava sendo reformada no início do ano letivo. “Todo o meu contato com eles foi na pandemia, por plataformas de vídeo, por WhatsApp”.

Lizianne não tinha experiência com meios digitais, por isso, recorreu a amigos da área de “marketing” e “design” para saber como se portar diante de uma câmera.

“Comecei a brincar e aprender durante a pandemia e a fazer com que os vídeos pudessem ser atrativos para os alunos, para não ser monótono e chato. Educação física é movimento e se eu trabalhasse de uma forma que não tivesse movimento, eles iam achar ruim. Educação física, para eles, é uma coisa fantástica, ficam contando as horas para ter aula, e eu não poderia deixar de fazer algo prazeroso”.

A professora passou a usar o WhatsApp para trocar vídeos com os estudantes. Ela traz a teoria, contextualiza o assunto e passa exercícios práticos, que devem ser gravados pelos estudantes e enviados de volta.

A casa de Lizianne precisou ser adaptada. Lá, moram três professoras que também estão dando aulas de forma remota. “Uma tem que estar distante da outra para gravar”, diz. “Quando gravo os vídeos para os meninos, eu desarrumo a sala, adapto aquele espaço porque a luz é melhor, e faço ali a minha quadra”.

A motivação vem das trocas com os alunos. “Ouvi de uma aluna: ‘professora, você traz esportes de outros países, esportes diferentes para a gente conhecer e é muito bom’”, conta, orgulhosa.

Amazônia no quintal

Logística e falta de infraestrutura foram os desafios enfrentados pelo professor de biologia Jonailson Xisto para poder chegar até os estudantes das escolas em que leciona, em Barreirinha (AM).

Apesar de estar localizada em área urbana, a Escola Estadual Professora Maria Belém não conta com suporte de rede adequado já que a qualidade da conexão da “internet” na cidade é ruim. Além disso, muitos estudantes não têm “smartphone” ou computadores em casa, o que dificulta as aulas interativas.

Já a Escola Estadual Antônio Belchior Cabral está localizada em uma comunidade ribeirinha, chamada Freguesia, onde o acesso a meios digitais é ainda mais complicado.

“Logo que começou a pandemia, eu cheguei a dizer que eu não estava realizando o trabalho de professor. Em uma turma de 30 alunos, eu conseguia atender, no máximo, cinco alunos, pela dificuldade no interior do Amazonas”, diz.

Segundo ele, muitos dos estudantes vão para a cidade apenas para cursar o ensino médio, mas suas famílias moram no interior, em locais que chegam a estar a sete horas de viagem de barco da zona urbana.

A solução foi recorrer ao WhatsApp para aqueles que conseguiam acesso à “internet”. Para os demais, um grupo de professores se juntou para imprimir apostilas com recursos próprios e levar até os alunos. Xisto conta que a carga de trabalho aumentou já que ele está sempre à disposição dos estudantes.

“O atendimento é intenso. A gente sabe que, para os alunos que moram no interior, não é todo tempo que o sinal pega. Há alunos esforçados que vão para outra comunidade no final de semana, onde pega sinal. Recebo mensagens com dúvidas, às vezes, às 3h, às 20h, 22h. Eu sempre falo que estou disponível”, diz.

Não é apenas na pandemia que os desafios de infraestrutura precisam ser enfrentados. Em 2019, os alunos de Xisto foram premiados no Desafio Criativos da Escola, com o projeto Amazônia, um laboratório natural, que busca driblar a falta de laboratório de ciências na escola usando a própria floresta como local de estudo.

O mesmo projeto foi reinventado na pandemia.

“O nosso quintal é a Amazônia, a gente respira Amazônia. Não posso fazer as aulas formais com os alunos, mas, no quintal, tem muito conhecimento. O aluno pode observar as árvores, os animais. Ele observa o inseto interagindo com a flor, o passarinho com a árvore. Essa foi uma das saídas que a gente encontrou, apesar de não poder trabalhar plenamente como gostaria”.

Apoio aos professores

O ano de 2020 reservou muitos desafios para a educação. A continuidade da aprendizagem, entretanto, não pode depender exclusivamente dos esforços individuais dos professores, afirma o diretor-fundador do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), Ernesto Faria.

Na avaliação dele, é necessário engajamento de toda a rede de ensino e das unidades federativas para que o ensino seja garantido aos estudantes.

“É necessário conseguir fazer um bom acompanhamento de como o ensino remoto tem se dado, de como as aulas têm acontecido, de quais são as dificuldades que os alunos têm enfrentado, quem tem participado das aulas, feito as atividades e quem não tem feito. Acho que tem que haver um bom modelo de gestão, não passa só pela iniciativa do professor fazer algo inovador ou estar próximo dos alunos”, diz.

“Tem que ser sistemático: o professor passa as informações para o coordenador pedagógico ou diretor, o diretor passa para a secretaria de Educação e aí é possível visualizar se os alunos estão aprendendo ou não estão. Um bom modelo de gestão faz muita diferença num modelo pré-pandemia, acho que segue valendo agora”, acrescenta.

Com a perspectiva de que o ensino remoto se estenda para o próximo ano letivo, Faria destaca que será preciso oferecer formação aos profissionais. “Há uma nova realidade de que ensino, tecnologia e trabalho a distância vão se tornar mais presentes e vão se tornar uma necessidade. Há uma pauta formativa que precisa de investimento e precisa de olhar e acho que passa por secretarias [de Educação] maiores, que têm mais estrutura, ajudar a oferecer formação para as secretarias menores”.

No estudo “A Educação Não Pode Esperar”, apresentado em junho, o Iede mapeou desafios e alternativas do ensino público durante a pandemia.

Em todo o mundo, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), mais de 180 países determinaram o fechamento de escolas e universidades, afetando 1,5 bilhão de crianças e jovens, o que corresponde a cerca de 90% de todos os estudantes no mundo. Aos poucos as atividades vão sendo retomadas. Os dados mais recentes mostram que cerca de um terço dos estudantes do mundo continuam sendo impactados pela pandemia.

Uso irreversível

O presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz Miguel Martins Garcia, avalia que ainda está em tempo de se adotar uma política de articulação nacional de ação emergencial para garantir as atividades escolares em meio à covid-19, atender quem deixou de aprender, capacitar professores e preparar a acolhida dos alunos quando a pandemia passar.

Ele pondera que, mais do que possível, a ação é necessária, uma vez que o uso de tecnologias para lecionar “é irreversível”.

Já a presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Maria Helena Guimarães, afirma que há recursos públicos disponíveis para equipar escolas e apoiar professores e alunos.

Segundo ela, cerca de R$ 30 bilhões do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), criado em 2000, podem ser usados com essa finalidade.

Para Maria Helena Guimarães, a pandemia fez com que a educação básica vivesse um novo momento, não só no Brasil. Ela acredita que haverá aprofundamento das mudanças após o retorno do funcionamento dos colégios e aposta na adoção do ensino híbrido, no incremento de atividades complementares nas escolas e de ensino por projetos e em mais atividade de pesquisa para os alunos.

Ela alerta, no entanto, que há risco de “acirramento das desigualdades” entre as escolas da rede privada e da rede pública, e que os alunos de colégios particulares devem sair na frente.

Condições distintas

As diferenças entre as condições de trabalho na rede pública e na rede privada fazem parte do cotidiano do professor de geografia Sidnei Felipe da Silva, que leciona em três cidades no litoral norte da Paraíba. Duas escolas são públicas, nas cidades de Mataraca e Marcação, onde também atende alunos da zona rural e de aldeias indígenas. O terceiro emprego é em um cursinho pré-vestibular, no município de Rio Tinto.

Na escola preparatória para exames, que é particular, as aulas são transmitidas das próprias salas que ganharam câmeras e iluminação. “Às 9h, a aula começa, ‘on-line’ e ao vivo, diferentemente do que ocorre nas escolas públicas”, compara. “O dono do cursinho percebeu que, se os professores ficassem dependendo das suas redes domésticas, existia o risco de perdemos conexão, e os alunos ficarem no prejuízo”, conta.

Já para as escolas da rede pública, Sidnei conta que posta a matéria por meio de videoaulas para que o aluno acesse a ‘internet’ “na hora que puder”. Há também aqueles que recebem apenas material impresso com o conteúdo das aulas. E outros com os quais o professor consegue manter contato por WhatsApp.

Saudades

Para conseguir dar melhores aulas nas escolas públicas, Sidnei Felipe fez do quarto de hóspedes de sua casa um pequeno estúdio, criou canal no YouTube e mantém atualizado um “blog” para os seus alunos. “O trabalho triplicou”, observa. O esforço do professor é reconhecido pelos alunos que enviam mensagens carinhosas e de agradecimento.

Apesar do êxito com a educação remota, Sidnei Felipe não abre mão do ensino presencial e do contato com os alunos. “Presencialmente tem o retorno do aluno no instante que a relação ensino e aprendizagem está acontecendo”, defende.

“É justamente no contato em sala de aula que nós conseguimos diagnosticar as necessidades dos alunos. Só assim, é que traçamos estratégias diversificadas para suprir as necessidades da turma”.

Além das razões didáticas, os professores têm um motivo afetivo para esperarem pela volta às aulas dentro das escolas: saudades!

“Nesta semana do professor, o nosso presente vai ser entrar em contato com todos os nossos alunos”, comenta a professora Juanice Silva sobre a mobilização que a escola prepara. Durante os próximos dias, estudantes da escola de ensino especial do DF receberão ligações e videochamadas dos professores para poderem conversar e diminuir um pouco a distância e a falta do convívio escolar.

(Fonte: Agência Brasil)

Foi publicada no “Diário Oficial da União”, dessa quarta-feira (14), a Lei 14.071/20, que traz várias alterações no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). A legislação é fruto do PL 3.267/2019, sancionado na terça-feira (13), com vetos, pelo presidente Jair Bolsonaro. De autoria do Poder Executivo, o texto foi relatado pelo deputado federal Juscelino Filho (DEM-MA) e teve sua versão final aprovada pela Câmara dos Deputados no dia 22 de setembro.

“Após 23 anos de existência, nosso Código de Trânsito passou por necessárias adequações. O governo, que apresentou a proposta, e o Congresso Nacional, que aprimorou o texto original, cumpriram seus papéis e contribuíram com esse grande resultado. Destaco, de maneira especial, o trabalho que realizamos no parlamento, sempre ouvindo todos os atores do setor como especialistas, entidades e sociedade civil”, afirmou Juscelino Filho.

Entre as principais mudanças, que passam a valer em 180 dias, a nova versão do CTB determina que a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) será válida por 10 anos para condutores até 50 anos de idade. Para aqueles entre 50 e 70 anos, renovação terá que ser feita a cada cinco anos. E no caso dos acima de 70 anos de idade, a carteira de motorista vai ter validade de três anos.

Outra alteração importante diz respeito ao limite de pontos na habilitação para suspensão do direito de dirigir. Conforme proposto pelo deputado Juscelino Filho, foi criada uma escala de tolerância: 40 pontos de teto para quem não tiver infração gravíssima no período de 12 meses, 30 pontos para quem possuir uma infração dessa natureza, e 20 pontos para quem tiver duas ou mais gravíssimas. Motoristas que exercem atividade profissional terão 40 pontos de limite.

Também consta, na lei, a proibição de substituição de penas privativas de liberdade por penas restritivas de direitos nos crimes de homicídio ou lesão corporal cometidos por motoristas sob efeito de álcool ou substâncias entorpecentes. Em relação ao uso das chamadas cadeirinhas, a obrigatoriedade foi ampliada para crianças de até 10 anos ou 1,45m de altura, e fica mantida a multa para quem transportá-las sem o dispositivo adequado.

Juscelino Filho destaca que cumpriu o compromisso feito na primeira reunião da Comissão Especial do PL 3.267/2019, quando foi escolhido relator da matéria. “Todas as mudanças foram estudadas e feitas priorizando a proteção à vida, a segurança no trânsito e a redução dos acidentes. De forma responsável, também acatei propostas de desburocratização, modernização e diminuição de custos. Teremos um CTB muito melhor”, disse o deputado.

DNA próprio

Duas importantes novidades do Código de Trânsito foram introduzidas por iniciativa do deputado Juscelino Filho. Uma delas é a criação do Registro Nacional Positivo de Condutores (RNPC), no qual deverão constar os motoristas que não cometerem infração sujeita à pontuação, nos últimos 12 meses. O objetivo é que esse cadastro possibilite que governos e seguradoras, por exemplo, concedam benefícios fiscais, tarifários e na prestação de serviços.

A outra é a criação e manutenção de escolas públicas de trânsito pelos órgãos estaduais e municipais. “Isso precisa ser uma realidade em nosso país. Hoje, existe o Funset, um fundo que arrecada bilhões com multas, e boa parte dos recursos é para educação. As crianças e os adolescentes de hoje serão os motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres do futuro. Temos que investir nessa conscientização”, justificou Juscelino Filho.

Vetos

O PL 3.267/2019 foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro com cinco vetos. Um deles diz respeito à realização de exames de aptidão física e mental apenas por médicos e psicólogos especialistas em trânsito. Também foi vetado o dispositivo que disciplinava o tráfego de motocicletas, motonetas e ciclomotores entre os veículos. A decisão final sobre os vetos cabe ao Congresso Nacional, que irá analisa-los em sessão conjunta da Câmara e do Senado.

(Fonte: Assessoria de comunicação)

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Oi!
Vou direto ao assunto.
Hoje é sábado e...
... que tal construirmos este dia
e um domingo
diferentes?

Venhas até aqui, onde moro.
Não tragas muda de roupa
– não precisaremos dela.
(Em verdade,
não precisaremos de roupa.)

Não traga alimentos
– nós seremos eles.

Traga-te a ti
e te entregues a mim,
que já se entregou a ti
sem que tu percebesses.

E durante o dia e a noite,
e em todos os instantes
falaremos de amor
faremos amor
seremos amor.

Falarei no idioma
de minha língua
que não fala,
mas, fálica,
famélica,
te comerá,
te absorverá,
te sorverá
na intimidade
mais íntima,
mais líquida
e certa
que tens.

Minha língua
te reeducará
fazendo-te
aprender
a desprender
os sons selvagens,
irreproduzíveis,
da selvagem
que és quando,
entregando-te,
dominas-me
e domesticas
o macho – que,
se acreditando possuidor,
é possuído.

E no domingo,
enquanto o Senhor descansa,
Adão – carpindo o caule –
e Eva – regando a flor –
amassam o pão
com o suor do rosto
e do resto do corpo,
e também
com a saliva
e a seiva
e o sangue
e o sêmen,
em imitação
malfeita,
mas humanamente prazerosa,
do gesto divino
da (re)criação,
da (re)produção
de si
em si,
de mim
em ti,
de ti
em mim.

* EDMILSON SANCHES

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Cordel deriva de coração e, talvez por isso, é a mais legítima tendência literária brasileira.

Assemelha-se essa nossa manifestação cultural com a antiga tradição do verso cantado originário da Provença, onde o trovador com seu instrumento, uma espécie de bandolim, com quatro cordas, encantava a castelã nos requintes dos salões em presença de convivas ou nas sacadas de varandas e balcões onde a bem-amada se punha a escutá-lo.

Aqui no Brasil, no Nordeste, em particular, o cantador empunha sua viola e, no acorde de uma nota só, tira seus repentes a partir de um mote ou de um desafio. Geralmente, são versos sextilhados, com rimas entrelaçadas, a 1ª com a 3ª e a 5ª, e a 2ª com a 4ª e a 6ª, e, na maioria das vezes, tendo o fecho de cada estrofe imagens fortes em referência ao tema glosado.

O poeta no cordel dispõe de uma liberdade verdadeira. Há, nessa modalidade literária, uma licença métrica. e esta é feita de ouvido, como se diz, de acordo com o ritmo já impregnado no cérebro do cantador, caindo as rimas nas palavras, quase sempre, tônicas, percebendo-se, às vezes, nas rimas, um toque de quase perfeição, notando-se ainda, em toda incursão do verso, o uso do “enjambement”, que é um recurso poético que o artista se vale em completar, no verso seguinte, o que faltou no anterior. Isso ocorre instintivamente, sem que, para tanto, valha-se seu construtor de algum conhecimento literário ou teoria a respeito.

Para falar em cordel, tive a alegria de ser amigo do poeta Rogaciano Leite, pernambucano de São José do Egito, depois integrante da “Última Hora”, de São Paulo, onde ganhou o Prêmio Esso de Reportagem com o trabalho “O mundo amargo do açúcar”, e um dos maiores repentistas que conheci, de encher o teatro Arthur Azevedo, em São Luís, onde passava tempos a fio a dizer versos com mote solicitado à plateia. E Rogaciano, assim, era aplaudido de pé por um público exigente e de bom gosto como se sabe ter sido a de São Luís naqueles tempos memoráveis. Vi-o algumas vezes em companhia de meu pai (um lusitano do porte espiritual de Fran Paxeco), e ao lado, ainda, de Amaral Raposo, Erasmo Dias, Paulo Nascimento Moraes, José Chagas e outros luminares das letras desta Ilha rebelde e culta. A casa era cheia, e o poeta, no palco, era um ator a exercitar seu dom divino. Rogaciano Leite tinha sido aluno do cego Aderaldo, mestre consagrado e respeitadíssimo nas plagas cordelistas destes brasis afora. Vem daí minha admiração pela poesia de cordel, pelo cantador a tirar na viola aquelas modas que reputo como preciosas dentro do nosso contexto literário, o que não faz a poesia grande para caber dentro de poucas estrofes, mas justamente o contrário, as estrofes pequenas para caberem dentro de tanta poesia e de tanto talento.

Pois bem, fruto dessa estirpe de artista, coloco o poeta, etnólogo, sertanista e também repentista Olímpio Cruz que, sendo um dos sonetistas tão perfeitos quanto Rogaciano, acostumado a tecer as sedas dos alexandrinos, verseja também no cordel, com a mesma desenvoltura dos nossos irmãos das praças de Caruaru ou de Piancó, com ou sem viola, mas com a essência e com o sentimento mais profundo que expressam a emoção do nosso homem simples, do nosso caboclo da caatinga ou do cerrado, do nosso sertanejo, enfim, desse homem que traz consigo na alma o timbre maior de nossa raça.

Neste livro “Relatório Sertanejo – Barra do Corda no Cordel” de Olímpio Cruz, que, agora, é publicado, postumamente, pelas mãos engenhosas do jornalista Nonato Cruz, filho do poeta, conta a história de Barra do Corda, situando famílias e homens numa narrativa inteligentíssima e caricatural, dentro do contexto social, político e econômico da cidade, não só ao tempo da elaboração do trabalho, mas no exercício pretérito, o que nos faz meditar na memória privilegiada que o poeta tinha, fruto também de sua condição de anjo.

Olímpio Cruz, com as mesmas mãos fidalgas de um aristocrata sonetista de salão e sarau, do porte de Maranhão Sobrinho, de Inácio Xavier de Carvalho e de Assis Garrido, tem o poder ou mesmo a magia de se transformar, não mais que de repente, num cantador-violeiro de Feira e Mambembe. Por isso, no que me cabe observar, a marca do gênio se projeta exatamente aí, nessa gama diversificada de aptidões a gravitar genuinamente em torno da poesia, que nada mais é do que o espírito da palavra trabalhada, usada pelo homem por direção de Deus. E Olímpio Cruz, na sua simplicidade santificada, tinha esse registro divino.

Aproveitemos para ouvir o poeta e assuntar o que ele diz nos seguintes versos: “Quando era Treze de Maio / que tinha a dança da punga / Antôe Bode e João Calunga / incomandava as batáia, / vinha os cabra do Naru / e a nêga Maria Pacu / que de vento enchia a saia… / E a nêga veia Teixeira, / muita idosa, cum cem ano / vestida de sete pano, / sentada na pagodeira / tinha os óio cheio d’água, / cacimba que num secou; / nem sei se sodade ou mágoa / dos tempos que já passou ! …”

Assim é o canto do poeta Olímpio Cruz, a timbrar a nossa alma de coisas belas e de saudades que não morrem nunca, as quais se mais parecem com os encantos mágicos e naturais de nossa Barra do Corda, que, por si só, na grandeza da criação, já se nos basta para ser poeta, de qualquer rima ou de qualquer mote.

* Fernando Braga. Prefácio do livro "Relatório Sertanejo:  Barra do Corda no Cordel de Olímpio Cruz"; in "Conversas Vadias", antologia de textos do autor.