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A bicicleta, relevante veículo de mobilidade urbana, é a grande estrela de um festival internacional de cinema que começa hoje (19) e vai até 31 de julho, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília.

O protagonismo desse meio de transporte vai para além da tela, abrangendo, também, atividades como passeios, palestras, oficinas, atividades educativas, debates e alimentação.

O Cine Bike – Festival Internacional de Cinema e Mobilidade Urbana pretende promover, junto ao público, reflexões visando mudanças de hábito a partir da conscientização sobre questões envolvendo meio ambiente e sustentabilidade, “com muita informação e divertimento”.

O elemento catalisador para essa revolução tem, como protagonista, a bicicleta. De acordo com o CCBB, eventos similares são organizados anualmente em cidades como Nova York, Tóquio, Xangai e Montevideo.

Todas as atividades têm entrada franca. A programação conta com exibições de filmes ao ar livre e na sala de cinema, exibições virtuais, oficinas, debates, passeio ciclístico, entre outras atividades educativas.

A programação completa, inclusive com as sinopses dos filmes a serem exibidos, pode ser acessada no site do festival.

Festival

A abertura do festival será hoje, às 19h30, com a exibição de O garoto e a Bicicleta, primeiro filme dirigido por Ridley Scott, e da produção portuguesa A alma de um ciclista, dirigida por Nuno Tavares.

“Ao longo de duas semanas, serão exibidos filmes inéditos sobre mobilidade urbana, realizados por diretores independentes de várias partes do mundo; clássicos do cinema que têm a bicicleta como um elemento relevante da narrativa; ficções; animações; e títulos especialmente selecionados para o público infantil”, detalha a organização do festival, que terá também um passeio ciclístico, apoiado pelo Detran-DF.

Os visitantes poderão participar de oficinas de manutenção básica para pequenos consertos de bicicletas; atividades educativas para crianças (como aprender a andar de bicicleta, por exemplo); área para food-bikes; painel de debates, entre várias outras ações.

Filmes

Entre os filmes, há produções da França, Holanda, Portugal, Grã-Bretanha, Suécia, Itália e Alemanha, além do Brasil. São títulos como Carrossel da Esperança, de 1949, uma comédia escrita e protagonizada por Jacques Tati; o premiado holandês Porque Pedalamos; a animação As Bicicletas de Belleville; o clássico italiano Ladrões de Bicicleta; a produção inédita portuguesa A alma de um ciclista, de Nuno Ramos; e o sueco Bikes vs Carros, de Fredrik Gertten.

Destaque também para a comédia francesa Pânico na cidade, de Yann Le Quellec; o curioso Velotopia, do francês Erik Fretel; o histórico Meu segredo Italiano, de Oren Jacoby; a produção alemã O quadro Invisível, de Cynthia Beatt; e Rainha Bicicleta, de Laurent Védrine.

Entre os representantes do cinema brasileiro, estão A volta em Minas e a produção brasiliense No rastro das cargueiras.

(Fonte: Agência Brasil)

Termina, hoje (18), o prazo para as matrículas dos selecionados na chamada regular (primeira chamada) do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do segundo semestre. Os estudantes devem efetuar o registro diretamente nas instituições em que foram aprovados. O prazo de matrícula começou no dia 13 de julho. Ao todo, 59.937 estudantes foram selecionados na chamada regular.

Para os candidatos não selecionados na chamada regular, há a possibilidade de participação da lista de espera. Nesse caso, o prazo para manifestar interesse nessa lista termina também nesta segunda-feira. A manifestação deve ser feita pela página do Sisu. Para acessá-la, clique aqui.

Vagas em disputa

O Sisu é o sistema informatizado do Ministério da Educação (MEC) no qual as instituições públicas de educação superior, sejam elas federais, estaduais ou municipais, oferecem vagas a serem disputadas por candidatos inscritos em cada edição da seleção. Os candidatos são selecionados para as opções de cursos indicados no ato de inscrição, de acordo com a melhor classificação de nota obtida na edição mais recente do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Para participar do Sisu, o candidato deve ter feito o Enem – edição de 2021 –, obtido nota superior a zero na prova de redação e não ter se declarado treineiro ao realizar a prova.

As vagas ofertadas no Sisu são distribuídas de acordo com a Lei de Cotas (Lei 12.711/2012) e com as políticas e ações afirmativas adotadas por instituições públicas de ensino superior. As ações incluem a reserva de vagas e a aplicação de bônus sobre a nota do candidato que atenda aos critérios especificados.

(Fonte: Agência Brasil)

Rádio Escola 3 - Alunos de escola radiofônica. Fonte: Livro de Tombo. Figuras diversas, 1968-1975. Bragança: Tribunal de Contas da Cúria da Diocese de Bragança, s.d.

Durante a pandemia de covid-19, um dos principais temores dos 471 professores da cidade de Benjamin Constant (AM), que tem cerca de 45 mil habitantes e um dos cem piores índices de escolarização do país (89,5%, segundo o IBGE), era que mais alunos desistissem de estudar. Por isso, os docentes puseram-se a caminhar. Batiam de porta em porta para pedir que os estudantes ligassem os seus rádios em alto e bom som. As aulas chegariam por lá. As vozes dos professores ficariam em uma sintonia de proximidade, mesmo à distância.

Outros municípios pelo país adotaram essa estratégia para chegar a casas em que o rádio faria um papel de manter as aulas mesmo naquele momento de adversidade. O que pode ser que os alunos não saibam é que o papel educativo do rádio é tão antigo quanto a própria implementação do veículo no Brasil. Desde o começo, o rádio no Brasil tem a educação como pedra fundamental.

Democratização da educação

A historiadora Maria Gabriela Bernardino explica que a Rádio Sociedade, fundada em abril de 1923 por Edgard Roquette-Pinto, tinha um cunho educativo predominante. “Não era um rádio como conhecemos as rádios de hoje. A emissora tinha aulas de disciplinas escolares e uma ideia de democratização da educação muito forte”.

Não era à toa. A chegada do rádio foi um fato novo para um país, que, na época, tinha mais de 80% de analfabetismo. Pelas ondas do rádio, a educação poderia chegar longe e prestar um serviço público de valor inimaginável. “Uma das frases do Roquette-Pinto era que a rádio poderia ser a escola dos que não têm escola. Nesse período, o veículo já consegue levar educação para os confins do Brasil. Em 1936, a Rádio Sociedade foi transferida para o MEC e mudou de nome”, explica Maria Gabriela Bernardino.

Diretrizes

A respeito disso, a pesquisadora Liana Milanez contextualiza que o rádio foi o grande canal de comunicação dos anos 1930. “Roquette-Pinto queria manter a premissa de servir modestamente como instrumento de educação ao povo brasileiro”. Ela explica que, nesse cenário, os sócios da Academia Brasileira de Ciências, que mantinham a rádio, deveriam cumprir os estatutos da rádio e fazer a transferência de todos os bens da emissora ao governo, o que aconteceu no dia 7 de setembro de 1936. Foi aí que a Rádio Sociedade passou a ser Rádio Ministério da Educação. 

“É quando o Ministério da Educação e Saúde se transforma em Ministério da Educação e Cultura. A rádio foi doada ao Ministério da Educação, com uma condição que o Roquette impôs ao então ministro Capanema: que a Rádio Ministério da Educação deveria continuar com suas atividades exclusivamente educativas, com foco no lema que ele adotou lá na criação da emissora – ‘pela cultura dos que vivem em nossa terra, pelo progresso do Brasil’”.

Os estudiosos da rádio explicam que Roquette-Pinto doou a rádio em 1936, mas permaneceu em sua direção. “Em 1937, é criado o Serviço de Radiodifusão Educativa para operar a PRA-2, que era o prefixo da emissora. A partir da criação desse serviço, o Roquette ficou à frente por mais sete anos, mantendo a rádio exatamente como estava”, disse Liana Milanez.

Durante os vinte anos em que Roquette-Pinto esteve à frente da rádio, estima-se que tenham sido transmitidos 71 programas educativos e culturais. O empresário passou a direção da emissora em 1943 para Fernando Tude de Souza, que discursaria mais tarde: “o lema de 1923 ainda é o lema de 1948. Desde 11 de maio que dirijo a Rádio Ministério da Educação, sucessora da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, e tudo tenho feito para não me afastar das normas traçadas pelo grande brasileiro Roquette-Pinto e seus companheiros de jornada em 1923”.

Patrono [Tude de Souza] discursando na Rádio Roquette Pinto (década de 1940). Fotografia: Agência Nacional (RJ). Fonte: CREP. Arquivo Tude 34/12.

Educação no ar

A partir da década de 1940, o programa Colégio no ar foi sucesso de audiência, com aulas de português, inglês, espanhol, francês, italiano, história do Brasil, geografia e ciências naturais. “Por exemplo, em 1954, foram matriculados 6,5 mil alunos, que eram também atendidos pelos Correios, por onde recebiam o material. E esse programa, o Colégio no ar, era diário e era apresentado às 7h e às 20h. Então, os alunos se acomodavam conforme as suas necessidades. Foi um programa muito importante na história da Rádio MEC”, relembra Liana Milanez.

Professora Hilde Sinnek ministra o “Curso de Alemão”, do “Colégio do Ar”, programa precursor do rádio educativo

O historiador Thiago Gomide, presidente da Rádio Roquette-Pinto, aponta que a ideia de rádio escola não nasceu no Brasil e foi inspirada em experiências de outros países. “Mas Roquette-Pinto e outros pensadores levantaram a importância desse veículo ser utilizado na educação - não para substituir as salas de aula, mas funcionando como um polo de apoio aos professores”, esclarece.

Neste contexto, em 1934 surge uma emissora de rádio criada para servir às escolas, com professores ao microfone e um sistema de envio de cartas. Era a Rádio Escola Municipal do Distrito Federal, fundada por Edgar Roquette-Pinto e Anísio Teixeira. No fim da década de 1940, a emissora passou a se chamar Rádio Roquette-Pinto.

Sucesso de audiência

A também pesquisadora Marlene Blois relembra outra iniciativa que fez sucesso em 1941 na Rádio Nacional: a Universidade no ar. “A proposta era focar nos professores do ensino secundário, que era um grande problema na educação brasileira. O programa chegou a quase cinco mil radioalunos no primeiro ano”. Outro marco foi a proposta dos cursos básicos de educação do Sistema do Rádio Educativo Nacional (SIREN), capitaneados pelo Ministério da Educação, que funcionou de 1957 a 1963. “Um ano depois de criação do SIREN, já eram 11 emissoras irradiando seus cursos. Em 1961, já eram 47 emissoras. A ideia aí era um rádio que se abria à discussão de um rádio formador de um cidadão mais crítico e participativo”, diz Marlene Blois.

Universidade do Ar. Folheto do programa, 1941. In.: Universidade do Ar: em foco a inciativa de formação de professores secundaristas via rádio no Estado Novo (1941 – 1944), de Maria Helena Cicci Romero, 2014

Na década de 1970, o governo criou o Projeto Minerva para utilização da rádio em prol da educação de adultos no país. Segundo divulgou o governo, o projeto teria beneficiado, na primeira fase, pelo menos 175 mil alunos ouvintes, em 19 Estados. Ainda de acordo com o levantamento, na segunda fase do projeto, foram produzidos 560 programas-aula. Calcula-se que foram beneficiados 370.381 alunos, em, ao menos, 3.813 municípios (os números constam no livro Rádio MEC: herança de um sonho, de Liana Milanez).

O Minerva possibilitava, por exemplo, que os alunos que saíam do Mobral (sigla de Movimento Brasileiro de Alfabetização, iniciativa criada nos anos 1970 para alfabetizar a população urbana iletrada de 15 a 35 anos) pudessem continuar os estudos no primeiro e segundo grau da época (ensino fundamental e médio) via transmissão obrigatória de 30 minutos diários por todas as emissoras e uma hora e quinze aos fins de semana. Marlene Blois detalha como as aulas funcionavam: “A cabeça de rede era a Rádio MEC. O aluno que perdesse a transmissão pelo rádio podia recuperar na discussão com os colegas. Essa pedagogia foi criada pela equipe do Projeto Minerva da Rádio MEC”.

Em um dia, a programação, por exemplo, reunia ensinamentos de português e história (15 minutos por aula). No outro dia, os alunos ouviam os professores de matemática e ciências. Os alunos recebiam os fascículos impressos, gratuitamente, pelos Correios e podiam acompanhar as aulas também em lugares chamados de radiopostos, onde havia um monitor e um aparelho de rádio.

O projeto foi divulgado em todo o país com chamadas pela rádio. O jingle convidava os alunos a participarem: "Eu quero saber mais. Preciso saber mais. Minerva está no ar (...) Depois que a gente estuda, a coisa toda muda, e o Minerva está aí para mudar. O Serviço de Radiodifusão Educativa do MEC apresenta: Projeto Minerva: educação para todos". 

As aulas tinham linguagem popular e efeitos sonoros: “Quantas vezes, numa noite estrelada, nós paramos para olhar o céu e nos perguntamos romanticamente: ‘que mistérios haverá por trás daqueles pontinhos brilhantes?’”.

Fascículos do Projeto Minerva

Entre 1973 e 1974, o projeto Saci fez com que dois mil professores leigos fossem treinados e 16 mil alunos de escolas de primeiro grau recebessem esses programas de ensino. A rádio, como chega aos diferentes rincões do país, também foi utilizada, na década de 1980, para o projeto Seringueiro, realizado no Acre, inspirado na filosofia de Paulo Freire. “Foi um projeto piloto, que teve uma didática completamente diferente. Foram professores da Rádio MEC para o Acre. Foi feita uma pesquisa de vocabulário, conversamos com os seringueiros sobre o que queriam em termos de rádio educativo. Os seringueiros foram realfabetizados”, afirma Marlene Blois.

O servidor Sills em estúdio de Rádio do Projeto Saci em 1971. Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

Toda essa trajetória fez com que a educação passasse a inspirar as emissoras públicas e comerciais. “Como as primeiras rádios tinham esse caráter educativo, muitas se chamaram rádios educadoras. Depois, rádios educativas”, afirma a professora Magaly Prado. Essa função de educar o país, inspirada nos ideais de Roquette-Pinto sobrevivem fortes, como apontam os pesquisadores, para integrar o país e até atravessar uma pandemia. Que o digam os alunos de Benjamin Constant, na fronteira amazônica, e de tantos lugares por onde essas ondas chegam.

Série de reportagens

Em comemoração aos cem anos do rádio no Brasil, completados em 7 de setembro de 2022, a Agência Brasil publica uma série de dez reportagens sobre as principais curiosidades históricas do rádio brasileiro. 

O centenário do rádio no país também será celebrado com ações multiplataforma em outros veículos da EBC, como a Radioagência Nacional e a Rádio MEC que transmitirá, diariamente, interprogramas com entrevistas e pesquisas de acervo para abordar diversos aspectos históricos relacionados ao veículo. A ideia é resgatar personalidades, programas e emissoras marcantes presentes na memória afetiva dos ouvintes. 

(Fonte: Agência Brasil)

É isto sempre. Um dia à hora do crepúsculo. Sol esmaecido. Sol no amortecimento da luz. Sol-poente, sombras da tarde, vibração da luz ainda no anoitecer, manchas sanguíneas do Sol em agonia ou, então, numa manhã de Sol, abundância de claridade na exaltação perene da Vida, no esbanjamento desta mesma luz, um coração para, um corpo se despenca para a terra, toda uma porção de nervos, de ossos, de carne fica na imobilidade da Morte. O sangue-vida faz córrego na sarjeta, enodoa o asfalto, suja o sujo duma calçada, salpica de vermelho um pedaço de parede.

A cidade perde uma unidade palpitante de vida, de inteligência, de idealismo; a família sofre a perda de um de seus membros. Talvez, um dos mais úteis à defesa da ordem social, do bem-estar do povo, das instituições, da Lei, do Direito e da Justiça.

É sempre isto. É sempre isto terrível, agressivo, violento, selvagem até, na vida do jornalista, do homem de imprensa. E mais acentuado na vida do jornalista combativo, inquieto, impulsivo, mordaz, petulante e agressivo. Um jornalista sem utilizar o verbo candente de um Patrocínio, mas o estilete em brasa de um colunista na assuada do ataque personalista, por vezes exaltado e ofensivo. O ataque mal orientado, desmedido, truculento, em fúria, sem o abrigo do cuidado e da prudência.

Com Othelino Nova Alves, o jornalista, o cultor do Direito, penso, esta faceta na identificação da profissão liberal, que abraçou, sua vida em luta, em permanente estágio de agilidade mental que atraiu, para ele, um bloqueio de insegurança pessoal. Uma existência mantida sempre sob a mira de todas as ameaças que marcaram para ele, para a sua presença na terra, na vida, os acontecimentos trágicos e o encontro para o desfecho de ontem que o arrebatou da vida, que o afastou, de todo, do batismo deste Sol que, agora, lhe ilumina o corpo no aprisionamento da Morte, que assiste, meu Deus, se ele pudesse ver, a homenagem dor e tristeza, reconhecimento e ternura do povo, da cidade, do povo que aplaude e que apedreja, que condena e que absolve, que saiba sentir para perdoar, reações das impressões que ficam.

É isto sempre, Othelino Alves.

Até momentos antes da tragédia, você estava na Vida, no realismo dos seus ideais, na trincheira de sua luta, na barragem de fogo da sua combatividade, na grita de seus protestos, na volúpia dos seus anseios, na agitação da sua eloquência, indiferente à turba, surdo à matilha espaçada tantas vezes pelo látego da palavra enfezada, encrespada e incômoda, atrevida numa demonstração imperfeita de um desajeitado Dom Quixote.

É, Othelino, você alimentou, demasiadamente, estas reações brutais e, desgraçadamente, acabou sendo vítima delas!

Acusá-lo por isto, por isto que é sempre isto, por isto que sempre acontece? Não. É que havia, em você, a fulguração duma inteligência aliada a uma grande capacidade de sentir, de servir, de combater os erros, as falhas dos que, na vida pública, deixam a descoberto o rastro de atos públicos que, de você, encontravam a seu modo, a sua maneira de comentar a crítica impiedosa, contundente, ferina, irreverente dum gladiador implacável. Era isto?!

Agora, diante de você, seus amigos, o povo, a cidade, o Sol, esta tarde de tristezas, de lágrimas numa apoteose de Dor, de incompreensões tremendas. Diante de você, estes ciprestes, açoitados pela brisa, cujas sombras dentre em pouco envolverão o túmulo, simbolismo do abraço fraternal da terra. Túmulo-berço do corpo inerte.

E doutro lado, é preciso dizer, Othelino, eu que sei que você me está ouvindo, doutro lado, na trama da sua Dor em desespero, no conflito de seus sentimentos, aturdido, alma em desalinho, o agressor, uma vida no aprisionamento duma reação impensada, duma reação que não poderá ser utilizada, mas que deveria ter sido orientada para o debate das argumentações, o duelo do espírito em luta, respondendo ao ataque com a mesma violência, usando a mesma arma – a palavra.

Mas... É sempre isso.

De mim, Othelino Alves, a homenagem que é da família Nascimento Moraes e, que, acredito, seja também do povo, da população da cidade, da gente humilde numa mensagem de consolação.

Adeus, confrade ilustre.

Nota – Palavras pronunciadas pelo nosso redator à beira do túmulo de Othelino.

* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inédito) – “Jornal do Dia”, 8 de outubro de 1967 (domingo).

Ikebanas, bonsais, jogos de tabuleiro, danças típicas, artes marciais, cultura pop e centenas de atrações marcam o 23º Festival do Japão, que termina neste domingo (17), na capital paulista.

O evento, que começou na última sexta-feira (15), no São Paulo Expo, oferece ainda shows musicais, atrações culturais, culinária regional tradicional das províncias japonesas, exposições culturais, workshops, cerimônia do chá e atividades gratuitas para as crianças, jovens, adultos e idosos. 

Pelos corredores, os visitantes ainda encontram diversos cosplayer [pessoa que se fantasia de um personagem] dos famosos animes [desenho animado] japoneses, que participam do Akiba Cosplay Summit, reunindo os melhores cosplayers do país. 

Organizado pela KENREN – a Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil - desde 1998, o evento tem o objetivo de preservar e divulgar a cultura japonesa e transmitir as tradições para as novas gerações, representando as 47 províncias que compõem o Japão. Este ano, o tema do festival é “Do Sonho à Realidade”, para simbolizar a superação de todas as dificuldades e obstáculos nestes dois anos de pandemia da covid-19.

Longevidade

Uma das áreas mais procuradas no Festival do Japão é a Área da Melhor Idade, que oferece diversas atividades para a promoção da saúde dos idosos, como ginástica corporal e mental, jogos de tabuleiros, massagens e orientações para uma saúde de quem está na terceira idade. 

“Somos praticamente o único festival de cultura japonesa que tem um espaço dedicado para o idoso. O cuidado é um valor da cultura japonesa, por isso oferecemos esse serviço gratuito para os idosos que visitam o Festival do Japão. Temos estandes com informações, entretenimento como os jogos de tabuleiro, que é típico do Oriente, entre outras atividades para acolher os idosos que nos visitam”, explicou o coordenador do espaço e pastor da Igreja Evangélica Holiness, Willian Maki Suzuki.

Ele destacou que a longevidade japonesa é um tripé e um exemplo que podem ser seguidos pelos brasileiros. “É uma conjunção da saúde corporal, a saúde psicológica e a saúde espiritual. como um tripé que fica em pé, quando ficam dois pés caem. A gente tenta valorizar esses três valores e por isso a gente está aqui, sabemos que tem algum risco ainda de covid, mas se a gente levasse só em conta a saúde física, a gente não estaria aqui, mas a gente tenta levar em conta também a saúde emocional, essa interação social e a saúde espiritual”. 

Área infantil

As crianças também têm um espaço dedicado a elas, com atividades recreativas típicas do Japão como o Campeonato de Hashi, onde os participantes têm que colocar o feijão no pote com o hashi, talher típico do Japão, mais conhecidos como palitinhos de comida japonesa. 

“O campeonato abrange todas as idades, e, então, vem a família inteira, a avó, o pai, a mãe, as crianças e é por isso que é bem procurado porque todos participam em conjunto. A intenção é colocar o feijão no potinho com o hashi, quem coloca mais em três minutos vence e ganha um prêmio”, explicou Ises Ota, a coordenadora do Instituto Ives Ota, uma ONG que contribui com o trabalho comunitário na zona leste de São Paulo e trabalha o tema paz entre as crianças. 

Gastronomia

A realização do Festival do Japão auxilia na manutenção das 47 associações de províncias (kenjinkais) e de sete entidades beneficentes da comunidade nipo-brasileira. O evento não tem fins lucrativos e é organizado por mais de 15 mil voluntários.

Um dos principais destaques do Festival é a Praça de Gastronomia, com 44 estandes representando a culinária típica de cada região do Japão, com receitas familiares. 

Espaço #FITAON

A área é dedicada aos jovens, aos games – com interação e interatividade – propondo uma imersão na cultura japonesa e na cultura digital com o objetivo de estabelecer uma interação direta entre o #FJTAON e o AKIBASPACE, principais atrações do Festival do Japão para o público jovem. Além disso, o espaço promove desafios interativos e diversas atividades ligadas ao tema da sustentabilidade, atraindo o público para refletir sobre questões como meio ambiente, reciclagem, propósito social, upcycling e mobilidade.

(Fonte: Agência Brasil)

O diretor-geral do Detran do Distrito Federal, Thiago Nascimento, informou em redes sociais que o concurso para o órgão já está pronto e aguarda apenas “uma assinatura” que, segundo Nascimento, deve ocorrer ainda nas próximas semanas.

A previsão é que o concurso ofereça 366 vagas, sendo 123 para contratação imediata. Destas, 89 para técnico em Atividades de Trânsito e 34 para analista de Atividades de Trânsito.

Thiago Nascimento já havia informado anteriormente que a instituição responsável pelo certame seria a Instituto Brasileiro de Formação e Capacitação (IBFC). Segundo dados da Secretaria de Economia do Distrito Federal, há previsão orçamentária de acréscimo no quadro de funcionários do órgão ainda para o orçamento de 2022.

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(Fonte: Agência Brasil)

Neste domingo, continuamos com as...

Dúvidas dos leitores

1ª dúvida:

Ele entrou mato a dentro ou adentro?

A resposta é:

Ele entrou mato adentro.

“Adentro” é uma palavra só: “porta adentro, país adentro, noite adentro”. “A dentro”, escrito separadamente, não existe. Você poderia “ir para dentro”, mas não “ir a dentro”.

É bom lembrar que “entrar para dentro” não está errado, mas é uma redundância, já que ninguém pode “entrar para fora”.

Na frase “O Sampaio adentrou o campo de jogo”, temos o correto uso do verbo “adentrar”. O problema desse verbo é sua idade. Seu uso é um tanto antiquado. Hoje em dia, é melhor, dependendo do caso, substituí-lo por “entrar, ingressar ou penetrar”.

2ª dúvida:

Se caso ou acaso você viesse à reunião, poderíamos discutir o novo projeto?

A resposta é:

Se acaso você viesse à reunião, poderíamos discutir o novo projeto.

Com a conjunção subordinativa condicional “se”, só podemos usar “acaso”: “Se acaso você chegasse…”; “Se acaso o diretor quiser, podemos antecipar a reunião para as 10h”.

As conjunções “se” e “caso” são sinônimas. Ou usamos a conjunção “se” ou a conjunção “caso”. Ou uma ou outra: “Irei ao jogo se não chover” (= caso não chova); “Se você chegasse mais cedo…” (= Caso você chegasse mais cedo).

É possível usar “acaso” sem a conjunção “se”: “Acaso te disseram alguma coisa?”; “Isto aconteceu ao acaso”; “Ele veio por acaso”.

3ª dúvida:

Andou pelo país a fora ou afora?

A resposta é:

Andou pelo país afora.

“Afora”, numa palavra só, significa “para o lado de fora” ou “ao longo” (tempo e espaço): “Saiu pela porta afora” (= para o lado de fora); “Estudou noite afora” (ao longo da noite = tempo); “Andou pelo país afora” (ao longo do país = espaço).

“A fora”, escrito separadamente, só existe em oposição a “dentro”: “De dentro a fora”.

A palavra “afora” também pode ser usada com o sentido de “à exceção de” ou “além de”: “Afora o diretor, todos estavam presentes na reunião” (= exceto o diretor, menos o diretor); “Compareceram todos os convocados, afora alguns curiosos” (= além de alguns curiosos).

4ª dúvida:

O governo deve tomar medidas antiinflacionárias ou anti-inflacionárias?

A resposta é:

O governo deve tomar medidas anti-inflacionárias.

Segundo o Novo Acordo Ortográfico, agora é assim mesmo que se escreve: “anti-inflacionárias” (com hífen e com dois “is”).

Com o prefixo “anti”, só usamos hífen quando a palavra seguinte começa por “h” ou “vogal igual”: anti-higiênico, anti-herói, anti-imperialista, anti-inflamatório… Se a palavra seguinte começar por qualquer outra letra, devemos escrever “tudo junto”, como se diz popularmente: antiético, antiaéreo, antivírus, antipopular, antirracista, antissocial…

Essa mesma regra se aplica ao prefixo “arqui”. Assim sendo, o correto é arquirrival, porém arqui-inimigo.

5ª dúvida:

Era uma criança mal-educada ou mal educada?

A resposta é:

Era uma criança mal-educada.

O hífen é obrigatório, pois se trata de um adjetivo: “Ele é um sujeitinho muito mal-educado”. Para ser adjetivo, é necessário qualificar um substantivo: mal-educada é a criança, mal-educado é o sujeitinho.

“Bem” e “mal” se tornam advérbios quando indicam o modo como alguém é educado: “A criança foi mal educada pelos pais”. Nesse caso, não há hífen. Poderíamos dizer que “a criança foi educada mal pelos pais”.

Fato semelhante ocorre com o adjetivo “malcriado” e o advérbio “mal criado”: “Era uma criança malcriada”; “A criança foi mal criada pelos pais”. A forma adverbial continua separada sem hífen. A novidade é que a forma adjetiva deve ser escrita junta, sem hífen.

A regra diz que só devemos usar hífen quando o adjetivo é formado pelo elemento “mal” seguido de palavra que começa por vogal ou “h”: mal-educado, mal-agradecido, mal-intencionado, mal-humorado… Com as demais letras, salvo algumas exceções, devemos escrever “tudo junto”: malcriado, maldizer, malfalado, malquisto…

6ª dúvida:

Os decotes deixavam quase tudo amostra ou à mostra?

A resposta é:

Os decotes deixavam quase tudo à mostra.

A locução “à mostra” significa “visível, patente”. As locuções adverbiais femininas devem receber o acento indicativo da crase: à toa, às claras, às pressas, à vista, à tarde, às vezes, à mão, à deriva, à beça, à tona…

“Amostra” pode ser o “ato ou efeito de amostrar(-se), pequena porção de alguma coisa, fragmento representativo de algo ou exemplo perfeito, completo”: “Ganhou uma amostra do perfume”; “Estes versos são uma amostra do talento do poeta”; “Ele é uma amostra notável de um grande anfitrião”.

Você sabia que “mostra” e “amostra” podem ser  sinônimos? Podemos dizer “Isto é apenas uma mostra (ou uma amostra) do seu trabalho”; “Visitamos uma mostra (ou amostra) de fotografia”.

E você sabia que o verbo “amostrar” também existe? Que é uma forma variante do verbo “mostrar”? Sem dúvida, a forma mais utilizada por nós é o verbo “mostrar”. A variante “amostrar” parece errada ou inexistente, mas existe e não está errada. É apenas uma forma menos usual e mais característica da linguagem popular.

7ª dúvida:

O gerente afirmou que sua empresa só trabalha com produtos comprovadamente antipoluentes ou antepoluentes?

A resposta é:

O gerente afirmou que sua empresa só trabalha com produtos antipoluentes.

Os prefixos “ante” e “anti” são bem diferentes. O prefixo “ante” denota “anterioridade, precedência, o que vem antes”: antebraço, anteontem, antepenúltimo, anteprojeto, antecâmara, antemão, antediluviano, antepor…

O prefixo “anti” significa “contra, em oposição a”: antiácido, antialérgico, anticaspa, anticoncepcional, anticorpo, antidepressivo, antidoping, antiético, antivírus, antipoluente…

Só devemos usar hífen após os prefixos “ante” e “anti” quando a palavra seguinte começa por “h” ou “vogal igual”: ante-histórico, anti-herói, anti-higiênico, anti-hipnótico, anti-horário, anterreal, anterrosto, antirracista, antirrepublicano, antirroubo, antirrugas, antessacristia, antessala, antissemita, antisséptico, antissocial, antissoviético…

O Museu do Pontal, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, preparou, para este mês de julho, uma programação especialmente dedicada às férias escolares. De hoje (16) até o dia 31 de julho, o público vai ter, em diversos horários, atividades gratuitas com música, dança e brincadeiras para todas as idades, inclusive para os bebês.

As ações desenvolvidas, de quinta a domingo, exploram, por meio de brincadeiras, os universos populares do Brasil, em oficinas de Pipas e de Brinquedos Populares, com o artista plástico Getúlio Damado. A intenção com a oficina de construção de pipas é trabalhar a habilidade manual e a coordenação motora das crianças, além de oferecer um momento de lazer e de incentivo ao uso da criatividade.

A programação tem, ainda, oficinas de samba, danças populares do Nordeste, brincadeiras populares, Bebê Brincante, brinquedos cantados, brincadeiras da roça, contações de histórias e teatro de sombras.

No sábado que vem (23), às 18h, os visitantes vão poder participar do Cinema de Fachada no Pontal – Férias. Na parede externa do Museu do Pontal haverá a exibição do filme de animação Tromba Trem– O Filme, de 2021, com direção de Zé Brandão. Vai ter, ainda, uma sessão com o filme Turma da Mônica: Lições.

Nas já tradicionais ações dos fins de semana, o público terá à sua disposição a Visita Musicada às exposições, das 11h às 15h, e o Baú de Brinquedos Populares, entre 12h e 17h.

Quem for ao Museu do Pontal poderá, também, visitar o conjunto de seis exposições “Novos Ares! Pontal Reinventado”, com mais de duas mil obras, além de conteúdos audiovisuais, como o jogo digital interativo de danças brasileiras, nas quais o visitante aprende passos de frevo, jongo, carimbó, chula ou funk.

Na programação de amanhã (17), entre outras atividades, ocorre, a partir das 10h, a Oficina Cantorias Brincantes com a cantora, compositora, arte-educadora e musicoterapeuta Márcia Schiavo. A atividade, na praça-jardim do Museu do Pontal, vai convidar o público para uma experiência brincante, com melodias, ritmos, gestos e movimentos, presentes nas brincadeiras cantadas da cultura brasileira.

Museu

O Museu do Pontal é uma referência internacional em arte popular brasileira, com mais de nove mil obras de 300 artistas, sendo o maior acervo do gênero, e de relevância reconhecida pela Unesco.

Desde outubro de 2021, o museu está instalado em um terreno de 14 mil metros quadrados, próximo ao Bosque da Barra e ao lado do condomínio Alphaville Residências. O espaço cultural dispõe ainda de dez mil metros quadrados de área verde, onde estão plantadas dezenas de milhares de mudas de 73 espécies nativas brasileiras.

Por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, o Museu do Pontal tem como patrocinador estratégico o Instituto Cultural Vale, e como patronos o BNDES, Itaú, Repsol Sinopec Brasil, e, ainda, a Prefeitura do Rio.

(Fonte: Agência Brasil)

Composto por cerca de 15 mil itens, o acervo histórico fotográfico do Jardim Botânico do Rio de Janeiro será revitalizado. As fotografias que compõem o acervo registram diferentes etapas das práticas científicas no campo da botânica, além de documentar a história da instituição. Os negativos de vidro, produzidos entre 1900 e 1940, são destaques da coleção.

Entre os registros, encontram-se os da visita do cientista Albert Einstein ao Jardim Botânico, em 1925, e fotos do recanto das mangueiras e da aleia das palmeiras copiadas a partir dos negativos de vidro. São documentos que amparam a construção do conhecimento sobre a biodiversidade brasileira.

“O Jardim Botânico do Rio de Janeiro é um dos institutos mais renomados de pesquisa em flora do Brasil e até no mundo. Foi fundado em 1808 por dom João, que era príncipe regente à época e, por causa disso, o Jardim Botânico tem grande importância para a história”, afirma o diretor de Conhecimento, Ambiente e Tecnologia da instituição, Marcos Gaspar.

Na opinião de Marcos Gaspar, o acervo histórico fotográfico é muito importante. “Além de encantar pela exuberância de seu arboreto, tem um legado mais do que bicentenário, não só na parte turística, mas também na parte de acervo, construções e monumentos”

A revitalização será financiada pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Serão aplicados R$ 120 mil nos trabalhos de diagnóstico, higienização e acondicionamento para a guarda definitiva do acervo.

“A ideia é transferi-lo para o nosso galpão do acervo, que é um lugar muito mais adequado, que foi finalizado justamente para isso, para termos um pouso, um lugar de concentração dos principais acervos do Jardim Botânico”, informa Gaspar.

O Galpão de Acervo e Memória, a que se refere o diretor, foi inaugurado no fim do ano passado e criado para a guarda de documentos e ações de recepção e pesquisa. Com a revitalização e acondicionamento adequado das fotografias, o acesso do público ao acervo será ampliado. Atualmente, imagens digitalizadas estão disponíveis na página do Jardim Botânico na internet.

Ecomuseu

O projeto de revitalização faz parte do Programa Ecomuseu do Jardim Botânico, criado em fevereiro. Ecomuseu é um conceito de museu territorial, que difere do tradicional na medida em que abarca tudo o que está dentro de seu território.

O Ecomuseu do Jardim Botânico reúne sete núcleos: sítios arqueológicos, coleções vivas, conjuntos paisagísticos, monumentos, obras de arte, pesquisa e ensino. São mais de 22.700 plantas nas coleções vivas e cerca de 3.400 espécies cultivadas em seu arboreto, com área de visitação pública de 54 hectares, além dos monumentos e acervos documentais e fotográficos.

Há, também, um centro de pesquisas que dispõe da mais completa biblioteca de botânica do país, com, aproximadamente, 110 mil volumes, bem como o maior herbário da América do Sul, abrigando mais de 850 mil amostras de plantas catalogadas.

(Fonte: Agência Brasil)

Aglomerados de galáxias, nebulosas, estrelas e planetas: cores, formatos e nitidez que só a tecnologia capaz de captar a radiação infravermelha poderia traduzir aos nossos olhos. Esta semana foi marcada na história da astronomia pelas imagens feitas pelo telescópio James Webb e divulgadas pela Agência Espacial Norte-Americana (Nasa).

O evento, bastante aguardado pela comunidade científica e, é claro, pelo público em geral, mobilizou a Casa Branca. Foi o presidente Joe Biden quem anunciou ao mundo, em primeira mão, o registro mais profundo do Universo feito até agora.

“Fantástico’’, resumiu em uma palavra o astrônomo brasileiro Rogemar Riffel, que faz parte do seleto grupo de pesquisadores com direito a tempo de análise de dados do James Webb.

‘’É realmente surpreendente. Todo o mundo ficou boquiaberto com a qualidade das imagens. É espetacular’’, disse Riffel, que também é professor do departamento de Física da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul.

Rogemar Riffel lidera o grupo de cientistas que vai observar três galáxias entre 300 e 500 milhões de anos-luz da Terra. Ele explica que esses objetos possuem em seus centros buracos negros supermassivos. Essas estruturas capturam toda matéria ao redor ativamente, inclusive a luz.

“À medida que captura matéria, forma-se um disco de acreção. A partir daí, originam-se ventos de centenas e até milhares de quilômetros por segundo, que percorrem a galáxia e podem afetar a formação estelar’’, disse.

‘’Somente com os dados liberados pelo James Webb até agora, dá pra fazer a carreira inteira de um cientista. Estou ansioso para baixar e analisar os dados que já estão disponíveis’’, afirmou Riffel.

Fotografia de planetas

Se as imagens do telescópio James Webb surpreendem os olhos mais acostumados à observação espacial, o mistério do que está no firmamento fascina pela beleza dos astros, seja com registros do Universo profundo ou de planetas do nosso sistema solar, da Lua e até da Via Láctea vista aqui da Terra.

Capturar imagens do Universo profundo é uma proeza dos telescópios espaciais, mas é possível captar imagens do cosmos com tecnologias em Terra.

Quem explica isso é Flávio Fortunato, astrofotógrafo, de 27 anos, que é um dos 47 finalistas da premiação Astronomy Photographer of the Year 2022, realizada pelo Observatório Real de Greenwich, no Reino Unido. Mais de 3 mil imagens de 67 países participaram do concurso, que terá o resultado anunciado no dia 15 de setembro.

Ele se intitula apaixonado pela astronomia, diz que sempre gostou de ciência, mas foi na adolescência que decidiu fazer um curso no Observatório de Astronomia de Maceió, em Alagoas, e a partir daí resolveu fotografar planetas.

‘’A partir daí, tudo mudou. Comprei telescópio, câmeras, mesmo não tendo relação nenhuma com a fotografia normal. Quando vi as imagens das crateras lunares, da calota polar de Marte, dos Anéis de Saturno, tive o desejo de compartilhar o que via, da forma mais fiel possível. Daí, me especializei em fotografia de planetas’’.

Ele explica que astrofotografia é a fotografia do céu, em geral. Mas, que há diferentes classificações, como as imagens de grande campo, que conseguem captar a Via Láctea e constelações, além do horizonte; as imagens de céu profundo, que miram as galáxias, nebulosas e aglomerados estelares; e, por fim, as imagens de planetas, que são possíveis apenas com um telescópio e lente adequada.

Fortunato oferece cursos para quem tem interesse em astrofotografia, mas diz que para além do encantamento pelas imagens do nosso sistema solar, entende o papel científico desses registros em alta resolução.

“Com esta fotografia, é possível fazer o monitoramento planetário que consiste em tirar foto em vários dias e, com isso, acompanhar o desdobramento das atividades atmosféricas do planeta, flagrar impactos de cometas nestes objetos e, com isso, servir de matéria-prima para artigos científicos’’, diz.

Ele conta que esta não é a primeira vez que fica entre os finalistas desta premiação do Reino Unido. A primeira foi em 2015, mas reconhece a evolução tecnológica que precisou fazer até o reconhecimento internacional deste ano, passando da utilização de câmera de celular acoplada no telescópio até o uso de uma câmera planetária. Segundo ele, a partir daí, passou a fazer fotografias em alta resolução que passaram a ser inscritas e selecionadas em concursos internacionais.

Luas de Saturno

‘’Esta foto selecionada foi quase que acidental. Porque aqui em Maceió, em agosto de 2021, choveu durante os 20 primeiros dias. Como sou persistente, no 21º dia tentei novamente fazer o registro do quintal de casa, mesmo sem céu limpo. Quando apontei para Saturno, ele estava apresentando uma baixa turbulência atmosférica, o que o deixou nítido. Quando eu resolvi fotografar, decidi registrar também as luas, ampliei um pouco o campo e aumentei o brilho. Foi então que vi que as luas estavam fazendo uma configuração em forma de arco, o que contribuiu muito para o aspecto harmonioso da imagem’’, lembra.

Para o concurso do Reino Unido, ele enviou também fotos de Vênus em várias fases, de Urano, que recebeu menção honrosa em um concurso polonês, e Júpiter, com uma grande mancha vermelha.

Embora Saturno tenha sido o escolhido, ele explica a preferência por outro planeta gigante.

“Júpiter é uma espécie de laboratório científico a céu aberto. Todos os dias que você aponta o telescópio para ele, ele te mostra uma face diferente composta de tempestades enormes, em cores variadas. Ele apresenta esse dinamismo, essa evolução. É sempre uma surpresa fotografar Júpiter”, explicou.

Para Fortunato, estes são tempos animadores para a astronomia, agitada pelo impacto das imagens realizadas pelo James Webb, mas também para amadores, que utilizam da tecnologia atual para observar o sistema solar.

Embora o astrofotógrafo reconheça a importância da divulgação científica das imagens dos astros, ele disse que a prática é importante também em aspectos pessoais, como saúde mental e bem-estar, pois alivia o estresse e, ainda, traz respostas positivas pelo impacto que provoca no público.

» Veja as fotos selecionadas no Astronomy Photographer of the Year 2022

(Fonte: Agência Brasil)