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LÍNGUA PORTUGUESA: dicas e exercícios 141

Neste domingo, continuamos com as...

Dúvidas dos leitores

1ª dúvida:

Ele entrou mato a dentro ou adentro?

A resposta é:

Ele entrou mato adentro.

“Adentro” é uma palavra só: “porta adentro, país adentro, noite adentro”. “A dentro”, escrito separadamente, não existe. Você poderia “ir para dentro”, mas não “ir a dentro”.

É bom lembrar que “entrar para dentro” não está errado, mas é uma redundância, já que ninguém pode “entrar para fora”.

Na frase “O Sampaio adentrou o campo de jogo”, temos o correto uso do verbo “adentrar”. O problema desse verbo é sua idade. Seu uso é um tanto antiquado. Hoje em dia, é melhor, dependendo do caso, substituí-lo por “entrar, ingressar ou penetrar”.

2ª dúvida:

Se caso ou acaso você viesse à reunião, poderíamos discutir o novo projeto?

A resposta é:

Se acaso você viesse à reunião, poderíamos discutir o novo projeto.

Com a conjunção subordinativa condicional “se”, só podemos usar “acaso”: “Se acaso você chegasse…”; “Se acaso o diretor quiser, podemos antecipar a reunião para as 10h”.

As conjunções “se” e “caso” são sinônimas. Ou usamos a conjunção “se” ou a conjunção “caso”. Ou uma ou outra: “Irei ao jogo se não chover” (= caso não chova); “Se você chegasse mais cedo…” (= Caso você chegasse mais cedo).

É possível usar “acaso” sem a conjunção “se”: “Acaso te disseram alguma coisa?”; “Isto aconteceu ao acaso”; “Ele veio por acaso”.

3ª dúvida:

Andou pelo país a fora ou afora?

A resposta é:

Andou pelo país afora.

“Afora”, numa palavra só, significa “para o lado de fora” ou “ao longo” (tempo e espaço): “Saiu pela porta afora” (= para o lado de fora); “Estudou noite afora” (ao longo da noite = tempo); “Andou pelo país afora” (ao longo do país = espaço).

“A fora”, escrito separadamente, só existe em oposição a “dentro”: “De dentro a fora”.

A palavra “afora” também pode ser usada com o sentido de “à exceção de” ou “além de”: “Afora o diretor, todos estavam presentes na reunião” (= exceto o diretor, menos o diretor); “Compareceram todos os convocados, afora alguns curiosos” (= além de alguns curiosos).

4ª dúvida:

O governo deve tomar medidas antiinflacionárias ou anti-inflacionárias?

A resposta é:

O governo deve tomar medidas anti-inflacionárias.

Segundo o Novo Acordo Ortográfico, agora é assim mesmo que se escreve: “anti-inflacionárias” (com hífen e com dois “is”).

Com o prefixo “anti”, só usamos hífen quando a palavra seguinte começa por “h” ou “vogal igual”: anti-higiênico, anti-herói, anti-imperialista, anti-inflamatório… Se a palavra seguinte começar por qualquer outra letra, devemos escrever “tudo junto”, como se diz popularmente: antiético, antiaéreo, antivírus, antipopular, antirracista, antissocial…

Essa mesma regra se aplica ao prefixo “arqui”. Assim sendo, o correto é arquirrival, porém arqui-inimigo.

5ª dúvida:

Era uma criança mal-educada ou mal educada?

A resposta é:

Era uma criança mal-educada.

O hífen é obrigatório, pois se trata de um adjetivo: “Ele é um sujeitinho muito mal-educado”. Para ser adjetivo, é necessário qualificar um substantivo: mal-educada é a criança, mal-educado é o sujeitinho.

“Bem” e “mal” se tornam advérbios quando indicam o modo como alguém é educado: “A criança foi mal educada pelos pais”. Nesse caso, não há hífen. Poderíamos dizer que “a criança foi educada mal pelos pais”.

Fato semelhante ocorre com o adjetivo “malcriado” e o advérbio “mal criado”: “Era uma criança malcriada”; “A criança foi mal criada pelos pais”. A forma adverbial continua separada sem hífen. A novidade é que a forma adjetiva deve ser escrita junta, sem hífen.

A regra diz que só devemos usar hífen quando o adjetivo é formado pelo elemento “mal” seguido de palavra que começa por vogal ou “h”: mal-educado, mal-agradecido, mal-intencionado, mal-humorado… Com as demais letras, salvo algumas exceções, devemos escrever “tudo junto”: malcriado, maldizer, malfalado, malquisto…

6ª dúvida:

Os decotes deixavam quase tudo amostra ou à mostra?

A resposta é:

Os decotes deixavam quase tudo à mostra.

A locução “à mostra” significa “visível, patente”. As locuções adverbiais femininas devem receber o acento indicativo da crase: à toa, às claras, às pressas, à vista, à tarde, às vezes, à mão, à deriva, à beça, à tona…

“Amostra” pode ser o “ato ou efeito de amostrar(-se), pequena porção de alguma coisa, fragmento representativo de algo ou exemplo perfeito, completo”: “Ganhou uma amostra do perfume”; “Estes versos são uma amostra do talento do poeta”; “Ele é uma amostra notável de um grande anfitrião”.

Você sabia que “mostra” e “amostra” podem ser  sinônimos? Podemos dizer “Isto é apenas uma mostra (ou uma amostra) do seu trabalho”; “Visitamos uma mostra (ou amostra) de fotografia”.

E você sabia que o verbo “amostrar” também existe? Que é uma forma variante do verbo “mostrar”? Sem dúvida, a forma mais utilizada por nós é o verbo “mostrar”. A variante “amostrar” parece errada ou inexistente, mas existe e não está errada. É apenas uma forma menos usual e mais característica da linguagem popular.

7ª dúvida:

O gerente afirmou que sua empresa só trabalha com produtos comprovadamente antipoluentes ou antepoluentes?

A resposta é:

O gerente afirmou que sua empresa só trabalha com produtos antipoluentes.

Os prefixos “ante” e “anti” são bem diferentes. O prefixo “ante” denota “anterioridade, precedência, o que vem antes”: antebraço, anteontem, antepenúltimo, anteprojeto, antecâmara, antemão, antediluviano, antepor…

O prefixo “anti” significa “contra, em oposição a”: antiácido, antialérgico, anticaspa, anticoncepcional, anticorpo, antidepressivo, antidoping, antiético, antivírus, antipoluente…

Só devemos usar hífen após os prefixos “ante” e “anti” quando a palavra seguinte começa por “h” ou “vogal igual”: ante-histórico, anti-herói, anti-higiênico, anti-hipnótico, anti-horário, anterreal, anterrosto, antirracista, antirrepublicano, antirroubo, antirrugas, antessacristia, antessala, antissemita, antisséptico, antissocial, antissoviético…