Estão abertas as inscrições para a quinta edição do concurso Colegio del Año en Español, que irá premiar boas práticas de ensino da língua espanhola em escolas brasileiras. Podem participar escolas públicas e privadas que tenham o ensino de espanhol como parte do currículo. O prêmio é voltado para o ensino médio e ensino fundamental II, etapa que vai do 6º ao 9º ano.
O concurso é promovido pelo Departamento de Educação da Embaixada da Espanha no Brasil, em colaboração com o Colégio Miguel de Cervantes de São Paulo. Além das escolas, podem participar os centros de línguas vinculados às secretarias estaduais ou municipais de Educação, cujos estudantes sejam, na maior parte, da educação básica.
O concurso é dividido em três categorias – escolas de ensino fundamental, escolas de ensino médio e centros de línguas. Entre os prêmios, estão bolsas de estudo para cursos com tudo pago em universidades espanholas e bolsa para evento de formação em Buenos Aires, na Argentina, para os professores, além de livros e materiaL em espanhol para as escolas. Os vencedores também participarão de uma experiência educativa sobre futebol, oferecida pela LaLiga. Todos os participantes receberão presentes especiais oferecidos pelos patrocinadores.
As inscrições podem ser feitas até o dia 6 de agosto. Os finalistas serão divulgados na segunda quinzena de setembro, e, os ganhadores, na segunda quinzena de outubro. Todos os detalhes da premiação estão disponíveis na internet.
O resultado do processo seletivo do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) do segundo semestre já pode ser consultado no Portal na internet.
Nesta edição, o Ministério da Educação (MEC) está ofertando 77.867 vagas em 1.265 instituições privadas. Os candidatos pré-selecionados devem acessar o portal.
Financiamento
O Fies é um programa instituído pela Lei nº 10.260, de 12 de julho de 2001, que tem como objetivo conceder financiamento a estudantes em cursos superiores não gratuitos, com indicação positiva do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) e ofertados por instituições de educação superior não gratuitas aderentes ao programa.
A partir de 2018, o Fies possibilita juros zero a quem mais precisa e uma escala de financiamento que varia conforme a renda familiar do candidato. O financiado começará a pagar as prestações respeitando o seu limite de renda, fazendo com que os encargos a serem pagos diminuam consideravelmente.
A Fundação Nacional das Artes (Funarte) lançou, nessa segunda-feira (10), o “Funarte Retomada: Programas de Fomento da Política Nacional das Artes”. Estão previstos investimentos de R$ 52 milhões para iniciativas nas artes visuais, circo, dança, música e teatro. O evento ocorreu na sala Sidney Miller, no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro. O local está em obras há 12 anos e tem previsão de reabertura total em 2024.
O total de recursos disponíveis para a instituição deve aumentar no próximo semestre. Há a previsão de que sejam apresentados outros programas que totalizem R$ 100 milhões em investimentos do orçamento direto da Funarte para 2023 e 2024. Segundo a presidenta da instituição, Maria Marighella, o foco dessas ações de fomento está na diversidade.
“Os programas da Funarte incorporam ações afirmativas de naturezas distintas, como reserva de vagas e critérios diferenciados de pontuação. Medidas que pretendem corrigir distorções e garantir a igualdade de oportunidades e empregabilidade para mulheres, pessoas negras, indígenas, pessoas com deficiência, trans e travestis. Os próximos passos na ampliação de direitos demandam iniciativas específicas que também possam contribuir com o desenvolvimento das juventudes e da infância”.
Dos programas anunciados ontem, quatro vão dividir o montante de R$ 52 milhões. A maior parte deles conta com editais cujas inscrições para artistas e empresas do setor começam em 13 de julho e vão até 28 de agosto. A previsão é que os resultados sejam divulgados no mês de novembro. Os editais vão ter cotas para grupos específicos: mínimo de 20% para projetos de pessoas negras, mínimo de 10% para projetos de indígenas e mínimo de 10% para projetos de pessoas com deficiência.
Programas de fomento
O “Funarte Retomada” prevê recursos no valor de R$ 18 milhões divididos em cinco editais de R$ 3,6 milhões: um para cada linguagem de atribuição da Funarte (artes visuais, circo, dança música e teatro). O objetivo é fomentar atividades que envolvam criação, renovação de obras, formação, pesquisa, intercâmbio, preservação e memória das artes.
O “Bolsa-Funarte de mobilidade artística” pretende fomentar a difusão nacional e internacional de eventos brasileiros de pequeno e médio porte. Com investimento de R$ 2,4 milhões, foca na circulação dos agentes artísticos, o que inclui cobrir despesas com hospedagem, alimentação e transporte de artistas e obras culturais.
O “Prêmio Funarte de mestras e mestres nas artes” vai disponibilizar R$ 1,6 milhão para 16 pessoas consideradas referências artísticas nas comunidades onde vivem. Para isso, vão ser premiados aqueles com idade igual ou superior a 60 anos, com 10 anos de experiência no Brasil, que tenham sido fundamentais para transmissão de saberes artísticos.
Já o “Programa Funarte de ações continuadas” prevê R$ 30 milhões para fomentar a rede produtiva que promove o acesso da população brasileira à arte. Isso inclui espaços artísticos, eventos de calendário frequente (mostrais, bienais, salões), grupos e coletivos de atividade continuada.
Apoio público e privado
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, participou do evento e disse que uma das prioridades da pasta é o investimento em uma política nacional das artes. Para além dos recursos públicos colocados à disposição da Funarte, a ministra convocou empresas do setor privado para contribuir com a produção cultural no país.
“Estamos trabalhando na descentralização e dialogando com quem produz, atua, mas principalmente com quem patrocina. O Minc está dialogando com as empresas parceiras da cultura para que elas entendam o valor da lei de fomento, a Lei Rouanet, para sensibilizar e patrocinar as produções culturais das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste”, disse.
“Porque o setor artístico e cultural brasileiro emprega 7,5 milhões de trabalhadores no Brasil inteiro. Precisamos qualificar o setor e potencializar a economia da arte, e isso só será possível com a descentralização do fomento”, acrescentou.
Um lugar paradisíaco e com belezas exuberantes localizado em Primeira Cruz (MA), distante 215km de São Luís. É nesse cenário incrível que ocorrerá a 10ª edição do Desafio do Cassó, uma das mais tradicionais competições de águas abertas do Maranhão promovida pela Federação Maranhense de Desportos Aquáticos (FMDA) e pela Nina Escola de Natação. O evento, que atrai atletas de todo o país e até de fora do Brasil, será realizado nos dias 22 e 23 deste mês. As inscrições já estão abertas.
Além das disputas das provas de águas abertas, o Desafio do Cassó incluiu duas outras modalidades: a corrida de trilha e o aquatlhon, que é a combinação de natação e corrida.
“Estamos ansiosos por mais uma edição do Desafio do Cassó, que é um evento que já faz parte do calendário esportivo do Maranhão e do Brasil. O Desafio tem ajudado a fomentar o esporte em nosso Estado. Temos certeza de que a edição de 2023 será ainda mais especial. As inscrições já estão abertas e quem participar, certamente terá experiências incríveis”, afirmou Alexandre Nina, presidente da FMDA.
Os atletas interessados em competir na 10ª edição do Desafio do Cassó podem entrar em contato pelo telefone (98) 98899-3906 para efetuar suas respectivas inscrições em alguma das modalidades. Em 2023, o Desafio do Cassó conta com os apoios da Prefeitura de Primeira Cruz e do governo do Estado.
O Time Maranhão teve um excelente desempenho na edição 2023 da Copa Pan-Americana de Judô, competição realizada na Arena de Esportes da Bahia, em Lauro de Freitas. Ao todo, os judocas maranhenses conquistaram quatro medalhas: duas de ouro e duas de bronze. A quarta e última medalha do Time Maranhão no evento internacional veio no fim de semana com Ítalo Mazzili, que garantiu o terceiro lugar na classe Sênior (-66kg).
O pódio na Copa Pan-Americana comprova a boa fase de Mazzili, um dos principais judocas do país. No mês passado, ele já havia obtido classificação para a disputa dos Jogos Mundiais Universitários de 2023, competição que será realizada em Chengdu, na China. O imperatrizense se classificou para o Mundial ao ser campeão do Desafio de Judô Universitário.
“Feliz por mais essa medalha. Estamos no caminho certo. Só agradecer a Deus, à minha família, à minha esposa e a todos que me acompanham torcendo e vibrando por minhas conquistas. E estou ainda mais feliz porque, dessa vez, teve dobradinha com meu irmão”, afirmou Ítalo Mazzili.
Com os resultados de Mazzili, Rocha e Segundo, o Time Maranhão encerrou sua participação na Copa Pan-Americana de maneira bastante positiva. “Foi incrível o que os nossos judocas fizeram nessa importante competição que reuniu atletas de oito países. As medalhas conquistadas e o desempenho de todo o Time Maranhão comprovam que estamos fazendo um grande trabalho. A FMJ só tem orgulho por tudo que esses meninos estão fazendo para fortalecer e fomentar cada vez mais o judô em nosso Estado”, afirmou Rodolfo Leite, presidente da Federação Maranhense de Judô (FMJ).
O setor editorial brasileiro está trabalhando neste ano com dois temas relevantes para a atividade no longo prazo, disse à Agência Brasil o presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), Dante Cid. Um dos assuntos é a reforma tributária, e o objetivo é que não incidam impostos sobre os livros e que a imunidade tributária do livro seja mantida.
“Caso contrário, se houver alguma incidência de impostos, aí o cenário vai ficar bastante crítico”, assegurou Cid.
A Lei Cortez, que regulamenta a variação máxima de preço no primeiro ano de lançamento dos títulos de livros, é outro tema importante. De acordo com Dante Cid, isso pode garantir uma “bibliodiversidade” maior, para que pequenas livrarias possam florescer não só nas grandes cidades mas, principalmente, no interior, “onde fazem muita falta”, em condições de concorrer com plataformas on-line, que têm cadeia de custo menor.
A senadora Teresa Leitão (PT-PE) conseguiu desarquivar o projeto de lei (PL) 49/2015, que cria a Lei Cortez, de incentivo ao mercado editorial e livreiro. A proposta busca garantir igualdade de condições ao empreendedor livreiro, oferta acessível ao grande público para estímulo à leitura, livre concorrência, proteção ao consumidor e combate ao abuso do poder econômico.
Segundo o presidente do Snel, o ano de 2023 apresenta-se sem crescimento real, mas também não há declínio muito significativo. “Temos, então, expectativas positivas para que, pelo menos, não haja declínio [em 2023]”.
Balanço
No ano passado, as editoras faturaram R$ 4,1 bilhões nas vendas ao mercado, com queda de 3% em comparação com 2021. Considerando a série histórica desde 2006, a retração acumulada atingiu 40% em termos reais, isto é, descontada a inflação. Os números constam da pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, coordenada pelo Snel e pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), com apuração da Nielsen BookData.
Dante Cid lembrou que 2022 começou muito bem. “As expectativas eram excelentes, puxadas pelo segmento de livros didáticos, com o retorno às aulas presenciais.” No segundo semestre, a alta inflação começou a ter impacto nas vendas, mostrando, mais uma vez, que o cenário macroeconômico negativo tem impacto imediato direto sobre os livros. Segundo Cid, um cenário neutro positivo “não necessariamente aumenta as vendas, mas o cenário negativo sempre as faz cair”. A alta da inflação, aliada à perda do poder aquisitivo do consumidor, foi responsável pela queda assinalada.
Dos quatro segmentos do setor livreiro - Obras Gerais, Didáticos, Religiosos e CTP (Científicos, Técnicos e Profissionais), tiveram expansão das vendas ao mercado em termos reais no primeiro semestre de 2022 os segmentos de livros didáticos e de livros religiosos (+0,02% cada). No segundo semestre, todos os segmentos foram impactados, e o maior volume de problemas foi no CTP. O faturamento no segmento de obras gerais caiu 0,01%, e o CTP registrou a queda mais significativa no ano passado, 14,8%, nível mais baixo em 17 anos.
E-bools
A Pesquisa Conteúdo Digital do Setor Editorial Brasileiro mostra, pela primeira vez, o faturamento acumulado das vendas das editoras nesse segmento em quatro anos, quando a sondagem foi iniciada. Somando as categorias À La Carte e Outras Categorias, o crescimento real no faturamento das vendas das editoras foi de 95% no quadriênio.
Em 2022, os produtos digitais corresponderam a 6% do faturamento das editoras em termos reais.
A categoria À La Carte refere-se à comercialização de uma unidade inteira de e-book ou audiobook. Outras Categorias agrupa em um único segmento do levantamento as formas de venda Bibliotecas Virtuais, Assinaturas, Cursos On-line e Plataformas Educacionais, que passaram a ser consideradas também a partir de 2022.
A portaria que cria o Programa de Incentivo à Produção do Conhecimento Técnico e Científico do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi publicada nesta segunda-feira (10), no Diário Oficial da União. O documento define as regras para a concessão de bolsas para a realização de projetos que tenham como foco o folclore e cultura popular brasileira.
As bolsas terão duração de dez meses e deverão ser concedidas todos os anos, em uma quantidade mínima de dois projetos, conforme disponibilidade orçamentária prevista pelo CNFCP.
Os valores a serem pagos aos bolsistas serão definidos pelos projetos, mas deverão ter como parâmetro as tabelas estabelecidas por instituições como Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Para submeter um projeto, os candidatos precisam ser maiores de 18 anos, e desenvolver o projeto em língua portuguesa, caso seja estrangeiro. Os concorrentes não podem ser bolsistas em outra pesquisa durante a vigência do projeto e não ser agentes públicos em atividade.
Anualmente, cada concurso terá um edital que definirá a titulação dos candidatos para o perfil de bolsa, conforme programas, projetos e ações institucionais do CNFCP. Os projetos serão submetidos por e-mail com a documentação necessária para inscrição: cópias de documentos pessoais, formulário de inscrição e carta com justificativa de interesse em participar do concurso.
A seleção ocorrerá em cinco fases eliminatórias e em uma classificatória, sedo eliminatórias a homologação das inscrições, a análise da carta, a análise do projeto, a análise curricular e a entrevista. A soma de pontos obtidas nessas etapas classificará as propostas.
A portaria define, também, as regras para a comissão julgadora dos projetos, a revogação ou anulação do edital e a obrigação dos bolsistas ao longo do período de contrato.
De acordo com o Ministério da Cultura, o objetivo do programa é formar, treinar e capacitar profissionais e pesquisadores para atuar de forma técnica e científica no campo cultural, em especial das culturas populares e do patrimônio cultural.
O resultado da lista de espera do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para o processo seletivo do 2º semestre de 2023 foi divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) nesta segunda-feira (10), e pode ser consultado no Portal Único de Acesso ao Ensino Superior, na parte do Sisu.
Desde hoje, os candidatos que manifestaram interesse em participar da lista de espera do Sisu começaram a ser convocados pelas instituições de ensino superior para efetuar a matrícula ou registro acadêmico, nas vagas ainda disponíveis após o resultado da chamada regular. Assim, é importante que os candidatos acompanhem as convocações da lista de espera na instituição para a qual tenha manifestado interesse.
É de responsabilidade do candidato observar os prazos, procedimentos e documentos exigidos para matrícula ou para registro acadêmico, inclusive horários e locais de atendimento definidos pelas instituições.
Desde 2010, o Sisu reúne as vagas ofertadas por instituições públicas de ensino superior de todo o Brasil, que participam do processo seletivo vigente, sendo a maioria delas oferecidas por instituições federais (universidades e institutos).
Matrícula
Conforme portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU) as instituições de ensino participantes devem publicar, em suas páginas eletrônicas, a lista de espera, por curso, turno, local de oferta e modalidade de concorrência. Essas instituições também devem disponibilizar meios digitais para que os estudantes possam encaminhar, de forma digitalizada, a documentação exigida para a matrícula ou o registro acadêmico. Essa medida permite que o estudante possa ser matriculado sem precisar se deslocar até a instituição para a qual foi selecionado.
Para saber mais a respeito desse procedimento, o estudante pode entrar em contato com a instituição. Para outras dúvidas, o telefone de atendimento do MEC: 0800 61 61 61.
O caso de uma mulher negra, moradora de Boa Vista, Roraima, que vivia em um relacionamento violento e teve a casa em que vivia incendiada pelo agressor. Uma moradora do Calafate, periferia de Salvador, que enfrentava um relacionamento abusivo longo e sofria agressões porque o parceiro não aceitava a atuação dela em um coletivo de mulheres que combatia várias formas de discriminação. Uma jovem travesti de Fortaleza que teve de suportar violência sexual cometida até mesmo por homens que eram seus parentes.
Essas histórias reais parecem fazer parte de arquivos de uma delegacia de proteção às mulheres. Mas estão reunidas e expostas em um tipo de lugar em que não é tão comum relatos com essa dramaticidade.
A cidade de Paraty, na Costa Verde do Rio de Janeiro, é um dos principais destinos turísticos do Estado. Com cerca de 45 mil habitantes, é um dos ícones da arquitetura colonial no país e tem o litoral recortado por belas praias e ilhas. Até o dia 3 de setembro, o Polo Sociocultural Sesc Paraty recebe a exposição Retratos Relatos – subvertendo a dor, que oferece aos visitantes histórias de violência de gênero e superação.
A ideia da exposição é da artista visual Panmela Castro. Ela mesma com um histórico de violência doméstica. Ao se tornar uma ativista contra a violência de gênero, passou a receber mensagens de outras mulheres. “Mulheres do Brasil todo passaram a me abordar e contar suas histórias de vida. A maioria delas quer fazer algo com essa dor, dor de histórias que, muitas vezes, não foram contadas para ninguém. Elas veem em mim um porto seguro, uma pessoa para quem elas podem se abrir. Então, a gente faz algo com essa dor que é transformá-la em arte”, disse a artista nascida no Rio de Janeiro.
Sem culpa
Lana Abelha Rainha é a moradora de Boa Vista que teve a casa incendiada pelo agressor. Ela se emociona ao contar para a Agência Brasil o que sentiu ao se ver retratada, ao lado do relato exposto dela. “Era minha história ali pregada no local, onde todas as pessoas passavam”.
Para ela, a exposição de várias histórias de sofrimento e superação é uma forma de não se sentir culpada. “Quando você vê várias mulheres com histórias parecidas, você começa a entender muito claramente. Nunca fui culpada pelo que aconteceu, assim como aquelas mulheres também não foram”.
Lana acredita que os relatos têm o poder de evitar que surjam outros casos de vítimas da violência de gênero. “Se eu tivesse escutado essas histórias antes do que eu passei, se eu tivesse sido alertada por falas de outras mulheres, talvez eu tivesse enxergado sinais dentro daquela relação, que eu não enxerguei”.
Os casos expostos em Paraty não são registros isolados no Brasil. Pelo contrário, representam parte de uma realidade. Um estudo da Rede de Observatórios da Segurança revelou que, em 2022, uma mulher foi vítima de violência a cada quatro horas no país.
Outras histórias
A exposição no prédio colonial oferece, também, histórias de ativismo, como a defesa de comunidades quilombolas, luta por direitos de pessoas trans e trabalhadoras sexuais, ações antirracistas e relatos de superação, alguns por meio de canais de socorro como a Lei Maria da Penha e o Ligue 180, Central de Atendimento à Mulher, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
Além das pinturas e dos depoimentos, a exposição conta com a Sala dos Espelhos, onde o visitante pode se expressar livremente por meio da escrita na superfície espelhada.
“Impactantes e provocativos, os trabalhos artísticos de Panmela Castro têm o poder de sensibilizar diversos públicos e ampliar o debate sobre temas primordiais na atualidade. A partir do papel da arte e da cultura, ações como essa podem contribuir para o desenvolvimento social”, diz a diretora de Programas Sociais do Departamento Nacional do Sesc, Janaina Cunha.
A curadora da exposição, Maybel Sulamita, explica que a mostra não combate apenas uma, mas várias violências. “Cada uma dessas mulheres simboliza temas cruciais relacionados ao enfrentamento à violência, como a construção do gênero, o machismo estrutural, a violência física, a psicológica, a moral, a patrimonial e a sexual”, disse.
Processo de cura
Marta Leiro saiu do Calafate, região da periferia de Salvador, para ser retratada pela Panmela. No relacionamento em que ela vivia, sofria violência porque o agressor não aceitava a participação dela em um coletivo de mulheres em defesa do direito de minorias. “A minha gratidão é por estar viva, de não ter contribuído para estatística do feminicídio no Brasil. Pude sair de uma situação de violência doméstica em um relacionamento violento”, conta.
Ser pintada pela artista foi para ela uma espécie de alívio. “É passar um bálsamo nessa dor. Não é que a gente já supera a dor da violência doméstica, principalmente quando essa violência se aproxima muito do feminicídio. Mas podemos administrar essa dor com esses processos de autocuidado. O momento de ser modelo, de ser pintada, foi como se o pincel passasse um bálsamo na minha vida, nessa história, que toma um outro rumo agora. Um rumo de agradecer ao Universo, valorizar a vida e continuar na luta pelo fim da violência contra as mulheres”, explica.
É justamente essa superação um dos incentivos que motivam a artista visual. “Posso contribuir no enfrentamento da violência usando minha arte como um processo de cura. Esse é o processo curativo. Fora o fato de que exibir essa arte em público faz com que essas protagonistas usem suas histórias para inspirar e informar outras mulheres sobre a situação de abuso”, diz Panmela.
Lana, que mora a mais de 3 mil quilômetros de distância de Paraty, conta que quando viu a pintura “não existia uma dor ali, e sim um processo de cura”. Ela sabe que além de simplesmente arte, o relato e o retrato dela têm o poder de dar frutos. “Ao dividir aquela história ali para que outras mulheres - e provavelmente homens - leiam, existe uma possibilidade de ajuda”, disse.
A exposição Retratos Relatos – subvertendo a dor já percorreu o Museu da República e o Parque das Ruínas, ambos no Rio de Janeiro, e a Vila Cultural Cora Coralina, em Goiânia.
As obras serão incorporadas à Coleção de Arte Sesc Brasil e circularão por diversos estados. “Assim, fortalecemos nossa missão de fomentar a produção artística contemporânea, além de estimular a reflexão e valorizar a cultura brasileira e sua diversidade”, afirma Janaina Cunha, do Sesc.
Serviço:
Exposição Retratos Relatos – subvertendo a dor
Data: Até 3 de setembro
Local: Sesc Santa Rita - Rua Dona Geralda, 320. Centro Histórico, Paraty (RJ).
Horário: Terça a sexta, das 10h às 19h. Sábados, domingos e feriados, das 14h às 19h.
O Theatro Municipal do Rio de Janeiro (TMRJ) manterá as portas abertas no próximo dia 14, data em que comemora 114 anos, oferecendo ao público, gratuitamente, diversas atividades, além da pré-estreia da ópera Carmen, de Bizet.
Um dos prédios mais imponentes do centro do Rio de Janeiro, o Theatro Municipal foi inaugurado em 1909 e recebe os maiores artistas nacionais e internacionais, em variados espetáculos de dança, música e ópera. Resultado do sonho de muitos, como o ator João Caetano (1808-1863) e o dramaturgo Arthur Azevedo (1855-1908), a obra só foi concretizada na gestão do prefeito Pereira Passos, com a reforma urbana iniciada em 1902 que "modernizou" o centro do Rio de Janeiro, de inspiração francesa, assim como o projeto do próprio Theatro, que é a Ópera de Paris.
Com capacidade inicial para 1.739 espectadores, o Theatro recebia, nos primeiros anos, companhias de ópera e dança europeias. O corpo artístico próprio só foi instituído na década de 1930, com Orquestra Sinfônica, Coro e Ballet. Após quatro reformas, o espaço tem atualmente 2.252 lugares, divididos entre plateia, três andares de balcão, camarotes e frisas, sendo uma das principais casas de espetáculo do país e da América Latina.
Programação
Em entrevista à Agência Brasil, a presidente da Fundação Teatro Municipal, Clara Paulino, destacou que, “mais uma vez, a gente abre a casa para o nosso público, com uma programação diversa que se inicia às 9h, com a apresentação da Banda dos Fuzileiros Navais, na escadaria externa do teatro, na Cinelândia, e vai até as 17h, com programação de hora em hora”. Haverá um intervalo pequeno, antecedendo, às 19h, a pré-estreia da ópera Carmen, de Bizet, também gratuita, fechando o dia de comemorações.
Clara Paulino enfatizou que toda a programação do aniversário do teatro, no dia 14, será gratuita. As senhas começarão a ser distribuídas uma hora antes dos eventos. Para a ópera, a retirada dos ingressos será on-line, pelo site do Theatro Municipal, a partir da segunda-feira (10), limitado a dois ingressos por pessoa.
Para os demais dias, com seis datas entre os dias 16 e 30 de julho, os ingressos para Carmen, de Bizet, podem ser adquiridos pela venda on-line ou na bilheteria do teatro, com preços que vão de R$ 20 (galeria) até R$ 80 para plateia e camarotes.
A presidente da Fundação Teatro Municipal reforçou que o TMRJ é um patrimônio nacional “e um patrimônio de cada um de nós. Por isso, a gente espera receber todo o nosso público para comemorar mais um ano dedicado à arte, à cultura, com desejo de que venham muitos outros desta forma”.
Após a exibição da Banda dos Fuzileiros Navais, às 9h, haverá no ‘foyer’ (saguão) do teatro, a partir das 10h, apresentação da Camerata Jovem do Rio de Janeiro. No Boulevard da Avenida 13 de maio, às 11h, será a vez da Orquestra Sinfônica Jovem do Estado. Entre 12h e 14h, haverá demonstrações do Ballet do Theatro Municipal, no Salão Assyrio, com participação das alunas da Escola Estadual de Dança Maria Olenewa.
Às 14h, o Quinteto Ciro Pereira fará récita no saguão, no local onde fica o piano que pertenceu à compositora Chiquinha Gonzaga. Às 15h, a Orquestra Sinfônica Jovem Fluminense fará concerto no Boulevard de Portas Abertas. Grandes vozes do Theatro Municipal realizarão recital de canto e piano, às 16h. Às 17h, a escadaria externa do Municipal servirá de palco para a Banda da Guarda Municipal. Dentro da programação, haverá, ainda, duas turmas de visitas guiadas, às 11h e às 14h.
Carmen
Encerrando a festa, o público poderá assistir à pré-estreia de Carmen, de Bizet, às 19h, na Grande Sala, com solistas, coro, balé e Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal (OSTM). A direção cênica é de Julianna Santos, e a direção musical e regência estará a cargo do maestro Felipe Prazeres.
A estreia da ópera está marcada para o domingo (16), às 17h. No dia 19, haverá apresentação exclusiva para escolas, às 14h. Antes de cada récita, haverá uma palestra gratuita. A temporada seguirá até o dia 30 de julho, em dias alternados, totalizando sete récitas.
Carmen estreou na Opéra Comique de Paris, em 1875, e provocou grande escândalo na época. O motivo foi a escolha do tema e, principalmente, o “caráter transgressor da protagonista”. A consagração definitiva se deu naquele mesmo ano, quando a ópera foi apresentada em Viena. Em pouco tempo, a obra de Bizet conquistou o mundo. No Theatro Municipal do Rio, a ópera estreou em 1913 e, desde então, contabiliza quase 100 récitas no equipamento. Baseada em obra homônima do escritor Proper Mérimée, a ópera conta a história da sedutora cigana Carmen, que afasta Don José de sua noiva Micaela, resultando em trágica trama amorosa.