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Ao longo de 15 anos, muitas histórias foram contadas - por várias vozes, em muitos espaços, em cantos diversos do país. E, após uma trajetória de sucesso de público em São Luís e em Belém, o grupo maranhense Xama Teatro apresentará em Fortaleza, no Ceará, a programação especial de comemoração aos 15 anos de atividade do premiado coletivo, por meio do projeto “O Teatro Te Xama: 15 anos em 15 dias”. As ações – entre elas, atividades formativas, espetáculos e narração de histórias –, contam com patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei de Incentivo à Cultura do governo federal.

Com início no próximo dia 9 de maio (quinta-feira), a temporada em Fortaleza será realizada até o dia 17 de maio, com uma programação totalmente gratuita e aberta a todos os públicos, em dois locais da capital cearense: no Porto Iracema das Artes, na Rua Dragão do Mar, 160, na Praia de Iracema; e no Teatro Dragão do Mar, na Rua Dragão do Mar, 81, na Praia de Iracema.

Coordenado por atrizes maranhenses e com uma trajetória de sucesso no território nacional, desde 2008, o grupo Xama Teatro já circulou por todos os Estados do Brasil, foi premiado nos principais editais culturais do país e é conhecido e respeitado pela arte de narrar histórias a partir da construção conjunta de texto e cena.

Em 2024, o projeto “O Teatro Te Xama: 15 anos em 15 dias” foi iniciado no último mês de março, em São Luís – no mês seguinte, a programação especial encantou o público de Belém, no Pará. Para a atriz e professora Gisele Vasconcelos, integrante do grupo, a expectativa é de grandes momentos de trocas artísticas com o público de Fortaleza.

“Em Fortaleza, onde há um fluxo maior de festivais, a gente pretende trocar figurinhas com o público, para que possam sentir a essência do [grupo] Xama Teatro. Ir para o Ceará é uma maneira de estarmos em locais onde possamos convidar pessoas para reconhecer a nossa arte. Nossa expectativa é de realmente trazer nossa produção para o maior público possível, repetindo o sucesso que conseguimos em São Luís e Belém”, analisou – o projeto pretende alcançar um público de, aproximadamente, 3 mil pessoas nos três Estados.

O retorno das produções de iniciativas de incentivo à cultura brasileira em 2023 abriu possibilidades para que pudessem circular em regiões brasileiras apresentando a versatilidade e inventividade características do grupo maranhense, pontua a dramaturga, atriz e diretora do Xama Teatro, Nicolle Machado.

“Este projeto [O Teatro Te Xama: 15 anos em 15 dias] visa notabilizar a cultura Norte-Nordeste do país. É preciso difundir as práticas das artes cênicas produzidas no Maranhão e destacar as ações e projetos do Xama Teatro que se torna uma importante medida de democratização, descentralização e regionalização de saberes e práticas de grupos historicamente vulnerabilizados”, analisou a diretora.

Programação

A programação em Fortaleza será iniciada a partir do dia 9 de maio, com a oficina “Residência Experimentos Arcanos”, ministrada por Renata Figueiredo, das 9h às 12h, no Porto Iracema das Artes, até o dia 11/5. Também na quinta-feira (9), uma sessão especial do espetáculo “As Três Fiandeiras” ocorrerá às 19h, no Teatro Dragão do Mar.

No dia 10/5 (sexta-feira), também às 19h, o projeto apresenta o espetáculo “A Vagabunda - Revista de Uma Mulher Só”, no Teatro Dragão do Mar – no mesmo local, no dia 12/5 (domingo), o público poderá conferir uma “Narração de Histórias”, a partir das 17h.

Na segunda semana de programação, serão duas ações formativas entre os dias 13 e 15 de maio, no Porto Iracema das Artes: a oficina “Criação + Produção = Autogestão”, por Nádia Ethel, das 9h às 12h; e a oficina “A Construção da Cena”, por Nicolle Machado, das 15h às 18h.

Já nos dias 16 e 17 de maio, serão realizados, respectivamente, os espetáculos “A Besta Fera – Biografia Cênica de Maria Aragão” e “A Carroça É Nossa”. Ambos às 19h, no Teatro Dragão do Mar.

Os ingressos de toda a programação podem ser retirados por meio do Sympla, no endereço: https://www.sympla.com.br/produtor/xamateatro.

Serviço

O QUÊ: edição Fortaleza do projeto “O Teatro Te Xama: 15 anos em 15 dias”, do grupo maranhense Xama Teatro;

QUANDO: entre os dias 9 e 17 de maio, com ações formativas, espetáculos e narração de histórias;

ONDE: ações no Porto Iracema das Artes, na Rua Dragão do Mar, 160, na Praia de Iracema; e no Teatro Dragão do Mar, na Rua Dragão do Mar, 81, na Praia de Iracema;

Contatos: AP Assessoria de Imprensa – (98) 99613-6521 – Aidê Rocha; (98) 99968-2033 – Gustavo Sampaio.

Ingressos

Redes do Grupo Xama Teatro:

(Fonte: Assessoria de imprensa)

MULHERES E ESTRELAS

– Uma palavra de carinho, gratidão e reconhecimento para as mulheres... e alguns números indignos e revoltantes provocados pelos homens.

* * *

Qual o poema que falta ser feito

de um homem para uma mulher?

Que palavras, que modo, que... que jeito

de bem dizer aquilo que se quer?

O melhor poema para a mulher,

quem sabe, talvez nunca seja escrito

– porque o melhor poema para ela

seja, sim, aquilo que lhe seja dito...

... dito com ternura, verdade, carinho,

como quem acaricia flor e ramo,

esse poema, bem pequenininho,

é o mais simples, e o maior: “Eu te amo!”

* * *

MULHERES E ESTRELAS

*

Há algo de diferente, muito diferente, no espírito feminino.

As mulheres têm uma capacidade de suportação, de resignação e resistência que transcende a imaginação e a perplexidade do homem.

As mulheres merecem mais, muito mais: mais poder, mais participação, mais reconhecimento. As mulheres são melhores.

Tem algo de múltiplo e vário na singeleza da mulher,

de arrebatador em sua beleza,

de premonitório em seu olhar,

de indecifrável no seu ser,

de irresistível em sua sedução.

Talvez porque não haja um homem que, no íntimo, não se quede ante esse poder invisível, invejável, de que foi dotada, às escondidas, a mulher.

O poder e a resistência, a sedução e o encantamento femininos – ante os quais impérios ruíram e também se alevantaram,

vidas se ergueram e igualmente tombaram,

fracos se fortaleceram e heróis se acovardaram...

Sim... Seja à frente de reinados ou nos bastidores de residências,

sentadas em tronos como rainhas reais ou em pé em casa como rainhas domésticas,

as mulheres têm, escondido ou explícito, um poder diferente,

uma força indescrita,

um segredo não revelado,

um mistério indecifrado.

Mulher. Mar pouco navegado.

Território pouco desbravado.

Alma quase nunca compreendida.

Sentimentos quase sempre pouco correspondidos.

Desejos simples contrafeitos.

Vontades abissais insatisfeitas.

Uma mulher não é só um corpo, embora, mesmo quando acompanhada, seja uma alma só.

Sozinha.

Solitária.

Mulher – usada e ousada.

Mulher – cifrada e indecifrada.

Mulher – que acomoda e incomoda.

Mulher – citação e excitação.

Se o homem veio do barro, as mulheres vieram do pó.

Pó de estrelas.

Por isso brilham.

Por isso luzem.

Por isso ofuscam.

Por isso reinam.

Por isso voam.

... E também por isso nós homens as amamos.

****

(*) O Dia Nacional da Mulher foi criado pela Lei nº 6.791/80, sancionada pelo presidente João Figueiredo, em homenagem a Jerônima Mesquita, nascida em Leopoldina (MG), em 30 de abril de 1880, e falecida no Rio de Janeiro (RJ), em 1972.

No início do século XX, Jerônima Mesquita estudava na Europa e, ao retornar ao Brasil, trouxe consigo a coragem de enfrentar as situações contrárias às mulheres. Uniu-se a um grupo de senhoras combativas e tornou-se feminista e defensora do direito do voto para a mulher.

A violência contra a mulher brasileira está longe de terminar, e o Brasil já é o quinto país do mundo que mais mata mulheres, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Em 2020, pelo menos, cinco mulheres foram mortas todo dia, por crime de feminicídio.

 Em 2018, foram três mulheres vítimas de feminicídio por dia.

A cada dois minutos uma mulher sofre violência no Brasil, chamada lesão corporal dolosa – é a mulher que apanha, que é espancada. Foram mais de 260 mil casos registrados em 2018, só os registros feitos sob a Lei Maria da Penha.

Dos mais de 66 mil casos de estupros registrados oficialmente no Brasil em 2018, 81,8% foram contra mulheres. São 148 mulheres estupradas todo dia, seis a cada hora, uma a cada 10 minutos.

Uma menina de, no máximo, 13 anos é estuprada a cada 15 minutos – e 75,9% dos agressores são pais, tios, primos, vizinhos, amigos da família e outras pessoas conhecidas das vítimas.

E notícias informam que, não havendo mudança no histórico e no cenário, o Brasil caminha para a triste liderança mundial de violência contra a mulher.

*

Viva a mulher!

Vida à mulher.

Elas, mulheres, só querem ajudar a tornar o mundo melhor, de preferência ao lado da maior obra que elas criaram – os homens.

* EDMILSON SANCHES

Em sua primeira edição, o projeto Vila de Campeões: Ensinando pelo Judô, que conta com os patrocínios do governo do Estado e da Potiguar via Lei de Incentivo ao Esporte, faz um importante trabalho de inclusão social em pouco mais de oito meses de atividades na Vila Conceição, bairro localizado na região do Altos do Calhau, em São Luís. Idealizada para reforçar os valores do esporte em união com a educação, a iniciativa atende cerca de 100 crianças com aulas gratuitas de judô.

As aulas do projeto Vila de Campeões  são realizadas duas vezes por semana, no Instituto Valdimiro Soares, nos turnos matutino e vespertino. Além de não terem custo com as atividades, os alunos ganharam quimonos e receberam toda a estrutura necessária para os treinos de judô.

O sensei do projeto Vila de Campeões, Gustavo Bezerra, afirma que a iniciativa já está colhendo resultados expressivos em menos de um ano de atividades, não só na formação de atletas, mas, principalmente, de cidadãos. De acordo com Gustavo, os jovens judocas estão se empenhando mais na escola e se dedicando aos treinos com muita animação, para orgulho de suas famílias.

“O projeto visa tirar as crianças do momento ocioso e da rotina de ficar sem fazer nada para conhecer uma prática esportiva reconhecida no mundo todo, que ajuda bastante em casa e na escola, pois ensina a criança a ter mais atenção, disciplina e paciência. A evolução das crianças no treinamento e na questão comportamental é nítida após esses meses, melhoraram muito em casa e em sala de aula, de acordo com relato de professores e pais. Elas estão procurando ter sempre essa responsabilidade de querer treinar e tirar notas boas, pois já entenderam que o esporte anda de lado com a educação. Fica o nosso agradecimento ao governo do Estado e à Potiguar por acreditarem nessa iniciativa”, destaca o sensei.

Tudo sobre o Vila de Campeões: Ensinando pelo Judô está disponível no perfil oficial do projeto no Instagram (@viladecampeoes). Vale destacar que a primeira edição dessa iniciativa social conta com os patrocínios do governo do Estado do Maranhão e da Potiguar por meio da Lei de Incentivo ao Esporte. 

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Uma sala, quatro monitores e computadores, 60 câmeras e um policiamento ostensivo contribuíram para diminuir assaltos no transporte público de Sobradinho e Planaltina. O número de ocorrências caiu este ano, em comparação com 2019. Nos últimos dois meses não houve nenhum crime desse tipo registrado em coletivos nas duas cidades. Fotos: Paulo H. Carvalho / Agência Brasília

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) divulgou, nesta segunda-feira (29), o edital para a contratação temporária de 200 profissionais de tecnologia da informação, além de cadastro reserva para atender a futuras necessidades.

Os selecionados atuarão no Programa Startup Gov.br, que tem o objetivo de apoiar e acelerar projetos de transformação digital do governo federal.

Os interessados poderão se inscrever de 2 a 20 de maio no site do Instituto AOCP, organizador do concurso. A taxa de inscrição custará R$ 60. Os candidatos economicamente hipossuficientes e doadores de medula óssea em entidades reconhecidas pelo Ministério da Saúde poderão solicitar a isenção da taxa de inscrição.

De acordo com o edital, a prova objetiva será aplicada em todas as capitais. Caso o número de inscritos exceda a capacidade de distribuição de candidatos, a prova poderá ser aplicada também em cidades vizinhas.

O secretário de Governo Digital, Rogério Mascarenhas, explicou que a iniciativa pretende democratizar a participação de mais brasileiros neste concurso temporário e promover a diversidade socioeconômica e regional na administração pública federal. 

“Queremos diferentes perfis de brasileiros no serviço público, justamente para conseguir pessoas que possam promover a inclusão nos projetos de transformação digital, com aquele olhar de não deixar ninguém para trás”, disse.

Os aprovados terão de comprovar graduação de nível superior em qualquer área. Outro critério para tomar posse da vaga temporária é também experiência profissional de 5 anos nas áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação, Ciência de Dados, Administração Pública, Comunicação, Administração, Ciência da Informação ou engenharias ou título de mestre ou doutor nas mesmas áreas.

A remuneração mensal será de R$ 8.300, e os profissionais também receberão auxílio-alimentação. A carga horária do cargo temporário será de 40 horas semanais, com vínculo à Secretaria de Governo Digital do MGI, em Brasília.

As vagas distribuídas conforme os perfis profissionais estão detalhadas no edital do processo seletivo.

(Fonte: Agência Brasil)

Arte Concurso unificado destaque home. Arte: EBC

As provas do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) promovido pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos serão aplicadas no próximo domingo (5), em 75.730 salas, distribuídas em 3.665 locais de aplicação, como escolas e universidades.

Mais de 2,1 milhões de candidatos disputam uma das 6.640 vagas do chamado Enem dos Concursos, considerado o maior certame do tipo na história do país, segundo o ministério.

A comissão organizadora definiu que 228 municípios, em 26 Estados e Distrito Federal, receberão os candidatos. A escolha das cidades considerou aquelas com mais de 100 mil habitantes, conforme dados do Censo Demográfico 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Além da densidade populacional, foram considerados como critérios de seleção das localidades a facilidade de acesso às cidades e o raio de influência microrregional do município.

O ministério pretende aumentar a representatividade da força de trabalho a partir da aprovação dos candidatos, com diferentes perfis socioeconômicos, demográficos e territoriais, para que se reflita na administração pública federal.

Proximidade de casa

Os candidatos farão as provas perto de suas casas, o que, segundo a organização, democratiza o acesso ao serviço público em 21 órgãos federais, de uma só vez.

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) aponta que 94,6% dos inscritos aptos a participar terão que se deslocar até 100km de seus domicílios.

O governo federal entende que este fator promove a igualdade de oportunidades de acesso aos cargos públicos, pois é mais prático e barato para a população a realização do certame próximo de casa, em um único dia, com o pagamento de uma única taxa de inscrição, de forma inédita.

Na última quinta-feira (25), o governo federal divulgou o local das provas de cada candidato a partir da disponibilização do Cartão de Confirmação de Inscrição do Concurso Público Nacional Unificado dos concorrentes, na área do candidato.

Para solicitar correções no cartão de confirmação, os inscritos devem entrar em contato com a Fundação Cesgranrio, banca organizadora do concurso unificado, pelo telefone: 0800 701 2028, de 9h as 17h, de segunda a domingo. Pelo email [email protected] é possível esclarecer e tirar dúvidas sobre os locais de provas, vagas reservadas ou tratamento diferenciado para realização das provas até a véspera da aplicação das provas, no sábado (4). 

Regiões

Os candidatos também podem visualizar, no site do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, os locais onde serão realizadas as provas, nas 228 cidades espalhadas pelo país.

O ministério fez a distribuição por macrorregiões para acesso democrático e eficiente. Ao todo, são 70 cidades na Região Sudeste; 40 cidades na Região Norte; 61 no Nordeste; 30 na Região Centro-Oeste; e 27 na Região Sul.

A região mais populosa do Brasil, a Sudeste, terá 70 municípios de aplicação de provas, com quatro no Espírito Santo, 26 em Minas Gerais, onze no Rio de Janeiro e 27 em São Paulo.

A Região Norte contará com 40 municípios, sendo dois no Acre, nove no Amazonas, três no Amapá, 17 no Pará, quatro em Rondônia, dois em Roraima e três no Tocantins.

Candidatos do Nordeste poderão realizar a prova em 61 municípios: dois em Alagoas, 18 na Bahia, oito no Ceará, nove no Maranhão, quatro na Paraíba, sete em Pernambuco, sete no Piauí, quatro no Rio Grande do Norte e dois no Estado de Sergipe.

O CPNU será aplicado em 30 municípios do Centro-Oeste, sendo 17 em Goiás, quatro em Mato Grosso do Sul, oito em Mato Grosso e um no Distrito Federal.

Por fim, a Região Sul contará com 27 cidades: nove no Paraná, dez no Rio Grande do Sul e oito em Santa Catarina.

Serviço

Concurso Público Nacional Unificado (CPNU)

Data: 

Domingo (5/5/2024)

Horários:

manhã – portões abrem às 7h30 e fecham às 8h30 Inicio da prova:  às 9h

tarde – portões abrem às 13h e fecham às 14h Início da prova: às 14h30

Candidatos não poderão sair com o caderno de provas por questão de segurança.

(Fonte: Agência Brasil)

encceja, estudantes, prova

Interessados em participar do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) 2024 já podem fazer a inscrição. O prazo continua aberto até 10 de maio. Solicitações de atendimento especializado e de tratamento pelo nome social também devem ser feitas durante o mesmo período. O exame será no dia 25 de agosto em todos os Estados e no Distrito Federal.

O atendimento especializado será oferecido a participantes com baixa visão, cegueira, visão monocular, deficiência física, deficiência auditiva, surdez, deficiência intelectual (mental), surdocegueira, dislexia, deficit de atenção, transtorno do espectro autista e discalculia. Também podem ser beneficiados gestantes, lactantes, idosos e pessoas com outras condições específicas.

edital do Encceja 2024 foi publicado, em março, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Participantes que faltaram às provas do Encceja 2023 devem ter justificado sua ausência no exame caso queiram se inscrever gratuitamente na edição deste ano. Quem não justificar sua ausência ou tiver a solicitação de justificativa reprovada deverá ressarcir ao Inep o valor de R$ 40.

O pagamento deve ser feito por meio de boleto, que será obtido no sistema de inscrição e poderá ser pago em qualquer banco ou casa lotérica.

O exame

O Encceja foi realizado pela primeira vez em 2002, para aferir competências, habilidades e saberes de jovens e adultos que não concluíram o ensino fundamental ou médio na idade adequada. O exame é realizado pelo Inep, responsável pela aplicação, em colaboração com as secretarias estaduais e municipais de Educação. Já a emissão do certificado e da declaração de proficiência é responsabilidade das secretarias de Educação.

(Fonte: Agência Brasil)

 “LETRAS NÃO SÃO SOMENTE CANTO DE ACALANTO, MAS TOQUE DE DESPERTAR, SINAL DE ALERTA, SIRENE DE ALARME, AVISO DE MARCHA, HINO DE GUERRA, CANÇÃO DE VITÓRIA”

(Discurso de Edmilson Sanches, presidente da Academia Imperatrizense de Letras, na solenidade de instalação da Academia Açailandense de Letras e posse de seus membros fundadores. Açailândia, 5 de junho de 2004)

*

– “Uma Academia de Letras também é, ou deve urgentemente ser, um clube de serviços, ou, melhor, menos clube, e mais serviço. Prestar serviços que prestam”.

– “Academia não é só um fardão: ela é também um fardo – o qual, cada um dos membros fundadores ajudarão a carregar”.

– “Academia não mais é reverência; quando muito, é referência. É, em igual tempo, museu e laboratório, conservação e criação, pensamento e ação”.

– “Em uma Academia, não basta assinar o ato de posse – temos de tomar posse dos nossos atos”.

– “Não basta tomar posse NA Academia; e indispensável tomar posse DA Academia”.

– “Uma Academia é um laboratório – e não um repositório – de consciências”.

– “Nós, os acadêmicos de Imperatriz, claro, não estamos EM Açailândia, mas sempre estaremos COM Açailândia. Ser açailandense não é apenas nascer ou construir residência em Açailândia – é RENASCER em Açailândia e construí-la, construir e carregar a cidade dentro de si. Não é ter emprego na cidade – é trabalhar por ela. Não basta apenas ser filho da cidade – é preciso criar e crescer a cidade dentro de si”.

*

Senhoras e Senhores:

O local mais seguro para um navio é o porto onde ele está fundeado. Mas não é para portos que se constroem navios.

O lugar mais seguro para um automóvel é a garagem, onde ele fica guardado. Porém, não é para as garagens que se fabricam carros.

O melhor lugar para uma criança é o colo da mãe ou os braços do pai. Entretanto, não é para ficar vitaliciamente debaixo das vistas do pai ou sob as saias da mãe que se geram filhos.

Uma Academia igualmente é um local razoável para um intelectual, para um humanista. Mas, ouso dizer, não é somente para reunir gentes sábias que se formam academias.

Não, Senhores. Apesar de ali estarem seguros, não é para portos, mas sim para os mares, que navios são construídos. É para a probabilidade da tempestade, é para a possibilidade da bonança, é para a certeza da viagem que navios são feitos e são lançados à água e singram mares já ou nunca dantes navegados. Navios são feitos porque os mares, e não os portos, existem.

Também é para roer distâncias, encurtar tempos, transportar pessoas e coisas, que se fazem carros. Eles são para as ruas e estradas, pois das vielas e becos cuidam nossos pés. É porque existem espaços para transitar, e não garagens para estacionar, que se industrializam carros.

É para a vida, para o mundo, para a certeza das buscas e incerteza do encontro, que se geram filhos. Sobre eles, pais, no máximo, têm autoridade, não propriedade.

É principalmente para unirem-se em torno de um ideal, e não em frente uns dos outros, que pessoas se juntam em clubes de serviço. E uma Academia de Letras também é, ou deve urgentemente ser, um clube de serviços, ou, melhor, menos clube, e mais serviço. Prestar serviços que prestam.

Porque é urgente e preciso organizar as pessoas para que elas organizem, para melhor, o mundo. Abrir não o leque que espalhe um arzinho de conforto, mas um fole, que resfolegue, que crie, espalhe e trabalhe também o desconforto, donde poderão sobrevir respostas e realidades – assim como do desconforto, da irritação da ostra nasce a preciosidade da pérola. As Letras não são somente canto de acalanto, mas toque de despertar, sinal de alerta, sirene de alarme, aviso de marcha, hino de guerra, canção de vitória.

Senhores:

O que legaliza uma Instituição é seu registro, mas o que a legitima é a qualidade de sua ação. Os Cartórios e as Juntas Comerciais estão cheios de certidões de fantasmas, de escrituras de vivos-mortos. Nesse caso, não há muita diferença entre uma certidão de nascimento e um atestado de óbito.

Não tem jeito. O mundo exige, as cidades precisam, o ser reclama: pessoas e instituições têm de fazer diferença. Há muita inércia no mundo, muita energia estática.

Em uma Academia, não basta assinar o ato de posse – temos de tomar posse dos nossos atos. Pelo menos nós aqui, gente escolada na vida e no ofício, sabemos que o ato de posse não se exaure, ou não se deve exaurir, nesta noite de destaques e de discursos. Não basta tomar posse NA Academia; e indispensável tomar posse DA Academia... Que ninguém se sinta pleno aqui e agora. Academia não mais é reverência; quando muito, é referência. É, em igual tempo, museu e laboratório, conservação e criação, pensamento e ação.

Por mais inusual, pouco comum, que pareça, também cabe a uma Academia – como caberia a qualquer Instituição – auxiliar na desinstalação das pedagogias criminosas. Da pedagogia que não adiciona valor, embora subtraia rendas. Da pedagogia prendedora, e não empreendedora: a educação para a passividade, que disciplina para a dependência, não para a competência.

A dependência cria, no máximo, a revolta; a competência faz a revolução. A revolta muda as pessoas do poder. A revolução muda o poder das pessoas, mostra às pessoas que elas são ou têm o poder.

O revolucionário preexiste à revolução. Uma revolução inicia-se pelo nível da consciência. Uma revolta, pelo nível da emoção. O que se inicia pela consciência fortalece a emoção; o que começa pela emoção, fragiliza a consciência. O revolucionário tem consciência da necessidade. O revoltado tem necessidade da consciência.

Uma Academia é um laboratório – e não um repositório –  de consciências.

Senhoras e Senhores, meus Confrades da Academia Açailandense de Letras:

Muito do que aqui estou dizendo é repetição, senão pregação, do que venho falando ou escrevendo já há algumas décadas.

A Academia Imperatrizense de Letras tem orgulho de estar apadrinhando a criação e instalação desta Academia e a posse de seus membros fundadores.  Dá-se, com a Academia de Açailândia, o que já se deu com a própria cidade de Açailândia: uma é filha da cidade de Imperatriz, a outra, é filha da Academia de Imperatriz. Ambas tratam e retratam valores culturais.

Talvez isso, quem sabe, seja essa a verdadeira fórmula do desenvolvimento, um desenvolvimento onde aos haveres econômicos se aliem os valores culturais. Tudo tem de estar integrado. Onde a Engenharia erga prédios, a Estética espalhe sensibilidade.

Onde a Geografia imponha limites, a Cultura interponha pontes.

Onde a Economia fixe preços, a Arte destaque valores.

Enfim, onde o Homem faz corpo, Deus sopre alma. Porque, à maneira de Vieira, prédios sem pessoas viram ruínas senão escombros.

Países sem pontes viram isolamentos senão ditaduras.

Economia sem cidadania vira exploração senão barbárie.

Política sem Humanismo vira escravidão senão tirania.

E pessoas sem cultura nem alma viram máquinas senão monstros.

E por que assuntos como este, de Arte e Cultura, parece ser tão incompreensível, inadmissível, tão “demodè”, às vezes tão estranho, hoje?

O que foi que aconteceu?

Houve a banalização da fala?

A vulgarização da palavra?

A dessensibilização dos sentidos?

A dessacralização dos sentimentos?

É o mau uso da Língua, a incorreção da linguagem, a palavra de duplo sentido ou a vida sem nem um significado?

É a precariedade ética, a prevenção cética, o primarismo estético, o pragmatismo técnico?

É a miopia política, a ausência de crítica, a repetição cíclica, a deseducação típica?

É a inafeição cultural, a inaptidão intelectual, a indisposição literal, a desinformação atual, a decomposição moral e coisa e tal, o que é, Senhoras e Senhores? É a falta da virtude rara, da vergonha na cara?

Desculpem-me – peço-lhes – se, em vez de um fraseado bonito e soluções confortantes, trago-lhes eu aqui um leriado, um palavreado feio e dúvidas cortantes, constantes. Mas até nisto há de se entrever algum mérito, porque o homem também cresce quando duvida.

É preciso mais. É urgente dar mais vida à vida.

Nós, os acadêmicos de Imperatriz, claro, não estamos EM Açailândia, mas sempre estaremos COM Açailândia. Ser açailandense não é apenas nascer ou construir residência em Açailândia – é RENASCER em Açailândia e construí-la, construir e carregar a cidade dentro de si. Não é ter emprego na cidade – é trabalhar por ela. Não basta apenas ser filho da cidade – é preciso criar e crescer a cidade dentro de si.

Uma cidade e uma academia têm esse ponto em comum. Açailândia – e sua Academia – não são somente referência, reverência, abstração, memória, história, inspiração. Açailândia – e sua Academia – não são só um sentido, um sentimento. A cidade – e sua academia – também são matéria, chão, paredes, mobília, necessidades a serem supridas, reclamos a serem atendidos, participação a ser cobrada, direitos a serem exigidos, deveres a serem cumpridos, contas a serem pagas.

Senhores Acadêmicos, Senhoras e Senhores:

Em Açailândia, sua Academia de Letras não é um contraste – é do contexto. Não é um confronto – é um encontro. Nasce de espíritos interessados, não de mentes interesseiras. A lógica de sua criação baseia-se em argumentos, não em argúcias.

É demagógico o discurso de que uma academia não é necessária a uma cidade, de que a região tem outras prioridades. Claro, ninguém vai à “vernissage” nem à “avant-première”, ninguém vem a uma solenidade como esta com olhos e bucho de fome. Mas Terra e homem foram dotados de recursos suficientes para que, explorados de forma inteligente e íntegra, integral e integrada, a vida se faça plena, dispensando, pois, prioridades isolacionistas, hierarquias mecanicistas, vícios segregacionistas, demagogias separatistas. Visão de conjunto, percepção do todo: É perfeitamente possível transformar em complementar o que se diz concorrente. Tornar compatível o que se julga contraditório. Fazer amigo no que é adversário.

Senhoras e Senhores:

Como veem, por tudo o que disse aqui, Academia não é só um fardão: ela é também um fardo – o qual, cada um dos membros fundadores ajudarão a carregar, com o concurso dos 33 cidadãos inteligentes, fortes e dispostos que formam a Academia Imperatrizense de Letras, os quais, por motivos involuntários, não puderam estar aqui nesta noite, embora muitos deles tenham estado em diversos eventos culturais realizados nesta cidade.

Senhoras e Senhores, colegas Acadêmicos:

Sejam cada vez mais açailandenses.

Sejam cada vez mais cidadãos.

Sejam cada vez mais solidários.

Sobretudo, sejam cada vez mais felizes.

Pela paciência e atenção, aceitem minha gratidão; e recebam, com afeto, o afeto que se encerra neste peito juvenil.

Muito obrigado. Palmas para Açailândia.

* EDMILSON SANCHES

Imagem:

Brasão da AAL.

DE ACADEMIA E POVO, DISTÂNCIAS E REALIDADES

* * *

A forte chuva que se iniciou antes das 19h do sábado, 24/11/2018, e que se estendeu para próximo ou além da meia-noite, deve ter sido mesmo uma bênção dos céus para servir de desculpa a algumas autoridades de todos os gêneros e espécies que, convidadas, não deram o ar da graça na solenidade pública e festiva de posse dos primeiros 25 membros e da primeira diretoria (com oito integrantes) da Academia João-lisboense de Letras (AJL).

Entretanto, e ainda bem, o auditório do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de João Lisboa (Sintejol) estava lotado, e com mais gente nos corredores. E todas aquelas pessoas  -- mulheres, homens, jovens, moças, meninos e até bebês – representavam, elas sim, a verdadeira autoridade, fonte primeira do poder: o Povo, POVO grande, maiúsculo.

O povo de João Lisboa – município maranhense com 97 anos de início de sua História, com 59 anos de autonomia política, com território de 1.137 km2, com 24 mil habitantes e com economia de R$ 270,6 milhões (2021) –, o povo de João Lisboa, repita-se, avalizou, no dia 25/11/2018, todos os esforços anteriores e posteriores que tiveram como marco histórico o ato também público e solene realizado em 27 de abril de 2017, quando, na Câmara Municipal joão-lisboense (“casa do povo”), foi criada a Academia João-lisboense de Letras.

João Lisboa merecia sua Academia –  até mesmo a partir do seu nome, uma homenagem ao maranhense João Francisco Lisboa, que integra a Academia Brasileira de Letras (ABL) como patrono da Cadeira nº 18, por escolha de seu primeiro ocupante, o escritor, educador, jornalista e estudioso da literatura brasileira José Veríssimo, paraense de Óbidos, considerado o principal idealizador da criação da ABL.

 João Francisco Lisboa nasceu em Pirapemas (MA) em  22 de março de 1812 e faleceu na capital portuguesa, Lisboa, em 26 de abril de 1863. Foi escritor, jornalista e político combativo. É clássica sua obra “Jornal de Tímon” (Tímon – com acento agudo no “i” – era um filósofo cético grego dos séculos III e IV antes de Cristo). A cidade que lhe homenageia com o nome, João Lisboa, está a três anos de seu primeiro século de existência, a ser completado em 2025, considerada o ano de chegada – 1925 – do Sr. Joaquim Alves da Silva, o primeiro morador das terras do município, que deu ao lugar o nome de “Gameleira”, ante a existência de árvores de mesmo nome, com cuja madeira se fazem, entre outras, as vasilhas chamadas “gamelas”, de uso doméstico (banhos, por exemplo) e de trabalho (como dar de comer a porcos, muitas das vezes de pequenas criações domésticas).

Os primeiros 25 acadêmicos da AJL (do total de 40 Cadeiras) são, em ordem alfabética:

BRUNIDES QUEIROZ MOREIRA, Cadeira nº 14, patronato do escritor, jornalista e professor Josué Montello;

CLAUDYO JACKSON DAMASCENA SIMÃO, Cadeira nº 19, patronato do escritor, jornalista e teatrólogo Nelson Rodrigues;

EDMILSON SANCHES, Cadeira nº 22, patronato do professor, historiador e escritor João Renôr Ferreira de Carvalho;

EMERSON GEOVANE DO NASCIMENTO, Cadeira nº 4, patronato do militar e político Duque de Caxias;

FLÁVIA DE ALMEIDA, Cadeira nº 5, patronato da escritora e jornalista Clarice Lispector;

HERLI DE SOUSA CARVALHO, Cadeira nº 24, patronato da professora, historiadora e ativista dos direitos humanos Maria Beatriz do Nascimento;

HOLDEN FARHANY ARRUDA MARTINS, Cadeira nº 12, patronato do escritor, sociólogo e professor Antônio Cândido de Mello e Souza;

IOLÂNGELA BARRETO SILVA, Cadeira nº 10, patronato da escritora, poetisa e contista Cora Coralina;

IVAN LIMA DE AZEVEDO, Cadeira nº 2, patronado do jornalista, advogado e professor Jurivê de Macedo;

JAQUELINE BARBOSA FERRAZ DE ANDRADE, Cadeira nº 18, patronato da escritora, romancista e poeta Lucy Teixeira;

JOÃO BOSCO BRITO, Cadeira nº 27, patronato do pioneiro, empresário e empreendedor João Paraibano;

JOSÉ HUMBERTO SANTOS NASCIMENTO, Cadeira nº 28, patronato do escritor e líder religioso Estevam Ângelo de Sousa;

JOSÉ RIBEIRO DA SILVA JÚNIOR, Cadeira nº 1, patronato do historiador, jornalista e escritor João Francisco Lisboa;

JOSIANO CÉSAR DE SOUSA, Cadeira nº 13, patronato do escritor, advogado e poeta Gonçalves Dias;

LAIZA SOUZA DE LIMA CAMPELO, Cadeira nº 20, patronato do professor, pedagogo e filósofo Paulo Freire;

LUIZ CARLOS FERREIRA CEZAR, Cadeira nº 25, patronato do escritor, jornalista e memorialista Graciliano Ramos;

MARCELO BITAR LOBO JÚNIOR, Cadeira nº 8, patronato do escritor e cordelista Manu Rolim;

MARIA DA CONCEIÇÃO MEDEIROS RODRIGUES FORMIGA, Cadeira nº 21, patronato da escritora, historiadora e professora Edelvira Marques de Moraes Barros; 

MARIA LOZA DA ANUNCIAÇÃO SILVA, Cadeira nº 9, patronato do compositor, cantor e músico João do Vale;

MARIA NATIVIDADE SILVA RODRIGUES, Cadeira nº 36, patronato da escritora, romancista e professora Maria Firmina dos Reis;

MARICÉLIA RIBEIRO DE MENEZES ROCHA, Cadeira nº 39, patronato do escritor, jornalista e dramaturgo Machado de Assis;

MÔNICA MONTEIRO, Cadeira nº 6, patronato do escritor, jornalista e cineasta Fernando Sabino;

NERY BARRETO SILVA, Cadeira nº 7; patronato do escritor, advogado e diplomata Ruy Barbosa;

RAIMUNDO NONATO CABELUDO VIEIRA, Cadeira nº 31, patronato do empresário e político João Menezes Santana;

REGIVALDO ALVES, Cadeira nº 34, patronato da professora e servidora pública Darcy Fontenele Cruz de Queiroz;

SÁLVIO DINO JESUS DE CASTRO E COSTA (“in memoriam”), Cadeira nº 32, patronato do professor, jornalista e empreendedor João Parsondas de Carvalho;

SÔNIA MARIA NOGUEIRA, Cadeira nº 17, patronato do escritor, jornalista e poeta Francisco Sotero dos Reis;

VALDIZAR FERREIRA LIMA, Cadeira nº 3, patronado do jornalista, escritor e editor Adalberto Franklin; e

 ZENEIDE MARIA PEREIRA, Cadeira nº 15, patronato do escritor, dramaturgo e professor Ariano Suassuna.

A primeira Diretoria eleita tem oito membros: JOSÉ RIBEIRO DA SILVA JÚNIOR, presidente; IVAN LIMA DE AZEVEDO, vice-presidente; VALDIZAR FERREIRA LIMA, diretor-geral; EMERSON GEOVANE DO NASCIMENTO, vice-diretor-geral; JOSIANO CÉSAR DE SOUSA, diretor financeiro; MARIA DA CONCEIÇÃO MEDEIROS RODRIGUES FORMIGA, vice-diretora financeira; João Bosco Brito, diretor de Comunicação; HOLDEN FARHANY ARRUDA MARTINS, vice-diretor de Comunicação.

Por decisão dos acadêmicos da AJL, fui escolhido para presidir tanto os atos de criação da Academia, em 27/4/2017, quanto os atos de posse solene dos acadêmicos e da primeira Diretoria em 24/11/2018.

Nesses dois momentos da história inicial da AJL, além da parte protocolar, formal, oficial, ousei concitar e incitar a todos, em especial convidados e demais pessoas presentes, para um novo olhar sobre as funções e a importância latente, potencial, de entidades do gênero das Academias de letras e culturais em geral.

Com efeito, Academias de Letras não mais devem ser vistas como apenas um ambiente intelectual, mas, também, como espaço social, fórum político (sociopolítico) e agente econômico.

Recordo-me de que, quando criei a Academia Imperatrizense de Letras (AIL) neste mesmo dia e mês, há 33 anos (27 de abril de 1991), fui “atacado”, questionado. Argumentavam, as forças contrárias, anônimas, que “Imperatriz não precisava de Academia”, que “o povo precisava era de comida e dinheiro”. Entre outras coisas, respondi, em contundente artigo, que “pessoas não são só bucho e bolso”. Na minha segunda gestão como presidente da AIL (2003/2005), criei a Semana Imperatrizense do Livro (SIL), anual, que mais tarde seria redenominada Salão do Livro de Imperatriz (Salimp), que, há anos, consta do calendário do governo federal para eventos do gênero e que é, com certeza, um fator econômico ante o movimento financeiro de alto vulto proporcionado pelo consumo das dezenas de milhares de pessoas físicas e jurídicas que dão tamanho e grandiosidade ao evento e que se abastecem com a compra de milhares e milhares de livros e outros suportes de informação, conhecimento e cultura, além de alimentos, lazer, “shows” musicais etc.

Assim, uma academia novel como a de João Lisboa tem de ter, em seu início, apenas essa primeira preocupação: existir. Existir legalmente. Existir enquanto determinada quantidade inicial de pessoas unidades sob mesmos propósitos. A partir de sua existência oficial, com os devidos registros legais (cartório, Receita Federal...), dão-se os primeiros passos rumo aos projetos. Como um ser recém-nascido, vai-se crescendo e vai-se fortalecendo com o decurso dos dias. Desprezam-se, olímpica e majestosamente, bílis e azedumes, invejas e ressentimentos. A energia intelectual, emocional e operativa deve ser dirigida ao SABER FAZER (realizar) acompanhado do FAZER SABER (comunicar, divulgar).

As Academias de Letras, pelas obras (sem trocadilho) e serviços tornam-se parte dos agentes da chamada Economia Criativa, segmento econômico que tem, como matéria-prima e mãe, o talento, a inteligência, a criatividade e outros recursos que, trabalhando sobre recursos outros, produzem desde literatura, música, pintura, programas de computador (“softwares”), artesanato e um sem-número de produtos e serviços cuja classificação ainda depende do estudioso ou da instituição que a faz. Por exemplo, as Nações Unidas (ONU), por meio da sua Conferência para o Comércio Internacional e o Desenvolvimento (UNCTAD) classifica a Economia Criativa em quatro grandes grupos: Herança ou Patrimônio (artesanatos, festivais e celebrações; sítios arqueológicos e culturais, como museus, bibliotecas, exposições etc.); Artes Visuais (pintura, escultura, fotografia e antiguidades) e Artes Performáticas (música ao vivo, teatro, dança, ópera, circo, marionetes etc.); Mídia e Produção Editorial (imprensa, livros e outras publicações) e Produção Audiovisual (cinema, televisão, rádio etc.); Criação Funcional: atividades como “design” (de interior, gráfico, moda, joias, brinquedos); a “nova mídia” (“software”, “videogames” e conteúdo criativo digitalizado); e outros serviços de criação intelectual (Arquitetura, Publicidade, Recreação, Pesquisa & Desenvolvimento etc.).

De modo oficial, o Brasil tem no seu Ministério da Cultura uma Secretaria de Economia Criativa e, também oficialmente, com o Decreto 7.743, de 1º de junho de 2012, listou, pelo menos, vinte segmentos: animação, arquitetura, artesanato, artes cênicas, artes visuais, audiovisual, cultura popular, “design”, entretenimento, eventos, “games”, gastronomia, literatura e mercado editorial, moda, música, publicidade, rádio, “software”, televisão, e turismo cultural.

É nessa realidade institucional e até oficial, advinda de uma realidade antecedente – o poder criativo das pessoas – onde uma Academia de Letras deve-se inserir, se manter e transformar e ampliar (para melhor). Evidentemente, nem de longe se está aqui preconizando a ascendência do econômico sobre o criativo. Obrigatoriedade não combina com liberdade. Não se trata de um CONTRA o outro, mas de um COM o outro. A criação com liberdade e, por que não, também com lucro, com resultados culturais, identitários, e também econômico-sociais ou socioeconômicos.

A compreensão do novo “modus vivendi” e “modus faciendi” de uma Casa de Letras tem a ver com o assumir papeis sociais cujas ações – de pensar, de expressar o pensamento, de realizar eventos e produzir “coisas” – contribuam para reduzir os graus das diversas carências para cuja debelação as autoridades tradicionais se mostraram/se mostram ainda poucas e incapazes, sobretudo ante as práticas de corrupção, que consomem ou para as quais se desviam enorme quantidade de esforço, de tempo, de talento, de dinheiro e de outros recursos, tão essenciais, tão fundamentais, tão vitais ao suprimento de obras e serviços para o povo.

A Academia João-lisboense de Letras é lugar de pessoas ocupadas. Todos os seus membros trabalham, têm suas atividades, além da prática e/ou do gosto pelas coisas e causas da Cultura, da Arte, da Literatura. São professores, comunicadores, gestores, empresários e empreendedores, servidores públicos, entre outros afazeres. Pessoas ocupadas são as mais indicadas para realizar “novas” tarefas... pois, as outras, não têm tempo – o “otium sine dignitate” consome talento e horas...

Portanto, integrada por trabalhadores, a AJL nasce com uma boa característica: responsabilidade, que deve gerar planejamento, que deve gerar foco, resultados, realidades – novas realidades.

A palavra grega “academia” é formada pelos antigos elementos de composição “aká-” e “-demos” e significa “lugar distante do povo”, pois a Academia original – criada pelo filósofo Platão por volta de 387 antes de Cristo – localizava-se nos arredores de Atenas (Grécia), em lugar afastado dos locais de acesso mais comum da população.

De certo modo, por modos incertos, à origem da palavra agregou-se um viés sociológico de elitismo, de distanciamento do comum da população. As Academias, todas elas, têm de remarcar-se, posicionar-se, espacial, intelectual e operacionalmente para ocupar o lugar de proximidade que seu nome e os novos tempos impõem.

Pois, na palavra “academia”, a maior parte (“-demia”) é povo.

Sem o povo, não é – não há – Academia.

Viva a Academia João-lisboense! Viva ao povo de João Lisboa!

E vamos ao trabalho, pois, como lembra o também grego Hipócrates, pai da Medicina: “Ars longa, vita brevis”.

A arte é longa, a vida é breve.

* EDMILSON SANCHES

Ilustração:

Logomarca da Academia João-lisboense de Letras.

Festival O Corpo Negro, promovido pelo Sesc RJ. Gbín. Foto: Maurício Maia/Divulgação

O início do festival de dança O Corpo Negro, um dos maiores do gênero no país, será marcado por uma performance na Praia de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, neste domingo (28), às 16h, em alusão ao Dia Mundial da Dança, comemorado em 29 de abril. Na ocasião, os dançarinos do grupo DeBonde ocuparão o calçadão da praia, na altura da Rua Figueiredo Magalhães, com o espetáculo Debandada, uma intervenção que atravessa e é atravessada pela rua.

“A gente queria destacar e celebrar essa data junto com a cidade do Rio de Janeiro e a sociedade, antes da nossa abertura oficial, e apresentar uma pílula da nossa programação que vai acontecer ao longo do mês de maio”, disse à Agência Brasil o analista técnico de Artes Cênicas do Serviço Social do Comércio do Estado (Sesc RJ), André Gracindo.

O festival chega à sua quarta edição este ano e é realizado pelo Sesc, englobando espetáculos criados e executados por artistas negros, selecionados por um edital. A programação gratuita se estenderá até 31 de maio nas cidades do Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo, Nova Iguaçu, Barra Mansa, Volta Redonda, Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis.

Abertura oficial

Os espetáculos serão apresentados em unidades do Sesc RJ, escolas e universidades e espaços públicos, totalizando obras de 32 companhias e grupos de dança, oriundos dos Estados do Rio de Janeiro, da Bahia, do Ceará, do Espírito Santo, de Goiás, do Maranhão e de São Paulo. A abertura oficial do projeto está marcada para terça-feira (30), às 20h, no Sesc Tijuca. O evento contará com a presença dos artistas da programação, dos curadores convidados Diego Dantas, Gal Martins e Jaílson Lima, e do público em geral.

Na oportunidade, será feita homenagem a Mestre Manoel Dionísio, criador da Escola de Mestres-Salas, Porta-Bandeiras e Porta-Estandartes, em atividade no Rio de Janeiro, que forma novos bailarinos e preserva os repertórios da dança e do Carnaval há cerca de 33 anos. André Gracindo salientou que Mestre Dionísio é um dos baluartes de um dos saberes da dança no Brasil, que são os movimentos relacionados ao samba e, mais especificamente, ao Carnaval. Durante o encontro, será lançado o curta-metragem Dionísio, um Mestre, realizado pela coreógrafa, diretora de teatro e realizadora audiovisual Carmen Luz.

Serão mais de 60 atrações gratuitas e 200 atividades, englobando espetáculos de dança, shows, mostra audiovisual, oficinas e debates, que ocorrerão ao longo de um mês. “A gente tem dois espetáculos de samba, um que fala mais especificamente do samba gafieira. Ao mesmo tempo, a gente tem espetáculos de hip-hop, espetáculos de dança afro, de dança contemporânea, performances. É uma variedade bastante grande de oferta que o público vai poder conhecer um pouquinho do que esses artistas estão produzindo na contemporaneidade e experimentar esses sabores, percebendo, ao mesmo tempo, essa variedade da cultura brasileira, de criações e estética”, destacou Gracindo.

Protagonismo

André Gracindo salientou que, nesta quarta edição, o Sesc continua com o objetivo de reforçar a importância e o papel dos artistas negros na cultura brasileira, especialmente na dança, a partir do princípio de que o artista pode criar o que quiser, seja na dança contemporânea, no samba, no hip-hop, no funk etc. “Não existe um lugar próprio. A ideia do projeto é desconstruir também esse estereótipo de que boa parte da sociedade tem quando fala da cultura negra, de um lugar já construído. A gente quer justamente bagunçar isso e dizer ‘a pessoa está trabalhando, produzindo, criando e cada um tem a sua trajetória, inclusive a trajetória que vem de culturas de África’”.

O festival vai oferecer ao público dez espetáculos inéditos, selecionados por meio de edital lançado, no ano passado, pelo Sesc RJ para a programação do evento. Entre as estreias nacionais, está O Som do Morro, no qual o coreógrafo carioca Patrick Carvalho narra a própria história. Entre os becos e vielas, o premiado bailarino apresenta seu jeito genuíno de coreografar. Outra estreia é a da performance Vogue Funk, que mistura baile funk com os elementos da cultura ballroom, trazendo a periferia negra e LGBTQ+ para o centro do palco. A história de personalidades da dança brasileira também está representada em Isaura, espetáculo idealizado e perIformado por Aline Valentim. O trabalho conta a história da bailarina, professora e coreógrafa Isaura de Assis, uma das grandes referências das danças negras no Estado.

Crianças

Pela primeira vez, o festival terá uma programação dedicada ao público infantil, concentrada no Sesc Tijuca. A ideia é conversar sobre questões da estrutura do racismo na sociedade brasileira. “A gente acredita que ter representatividade dentro do palco, contando histórias sobre personagens negros, com corpos negros dançando, alguns vocabulários oriundos da África, é muito importante. Quanto mais cedo a gente conversa sobre isso, menos oportunidade se dá para que o racismo continue estabelecido no seio da sociedade”, disse Gracindo.

Por isso, o analista técnico de Artes Cênicas do Sesc RJ acredita que olhar para o segmento infantil é fundamental para que haja uma aproximação desse assunto como uma experiência estética, de dança, para que a criança possa conhecer outros corpos com os quais não está acostumada e outras histórias sendo contadas. Entre os destaques, a estreia do espetáculo A Menina Dança, que apresenta a menina Maria Felipe, com ritmos e danças africanas e cantigas, em uma coreografia que aborda o enfrentamento à colonização do país. Outra estreia é o espetáculo Gbin, da Cia Xirê (RJ), que aborda matrizes afrodescendentes na cena da dança contemporânea.

Programação paralela

Apesar de o destaque ser a dança, o festival O Corpo Negro terá programação paralela com música, filmes e outras atividades integradas. Haverá shows de música com Jonathan Ferr, um dos nomes mais celebrados da nova geração do jazz brasileiro, na abertura, além do dançante Baile Black Bom, e rodas de samba em várias unidades.

Já a mostra audiovisual vai oferecer ao público mais de 65 sessões de filmes. Entre eles, o documentário Othelo, O Grande, que aborda a vida e obra do comediante e ator Grande Otelo, que rompeu barreiras para um ator negro na primeira metade do século XX, trabalhando com nomes do cinema mundial. Também será exibido Diálogos com Ruth de Souza, que apresenta rico material da vida de uma das grandes damas da dramaturgia nacional, a primeira artista brasileira indicada ao prêmio de melhor atriz em um festival internacional de cinema.

Embora a programação audiovisual se estenda até 31 de maio, o evento de encerramento do festival ocorrerá no dia 26, a partir das 14h, no Viaduto de Madureira, zona norte do Rio, região conhecida como disseminadora da cultura negra pelo tradicional Baile Charme.

(Fonte: Agência Brasil)

Nos registros de passagem do tempo, convencionou-se que 30 anos se chamam “bodas de pérola”. A Academia Imperatrizense  de Letras (AIL) fez seu 30º aniversário em 2021 e continua mesmo tendo algo a ver com a pérola – é uma joia.

Neste sábado (27/4/24), faz 33 anos, bodas de crisoprásio – pedra preciosa muito rara e muito valiosa, a ponto de os gregos, na Antiguidade, a colocarem em igual valia com o ouro. Os egípcios a usavam para proteção e cura (bem que as Letras e o Livro, a Leitura e a Cultura precisam dessa segurança e saúde...).

*

Como se sabe, uma ostra tranquila, quieta em seu canto, não produz pérola. É preciso haver uma irritação, advinda de uma partícula qualquer (um grão de areia, por exemplo), que invada sua intimidade e ela, ostra, a partir daí, faz de sua irritação uma rica obra: envolve a partícula alienígena com uma substância nacarada, iridescente, até ao final resultar em bela e valiosa pérola.

Eu sei não apenas dos grãos, mas das carradas de areia; não das partículas, mas das “partes” que tentaram demover-me da criação da Academia imperatrizense de Letras. Quem acompanhou a Imprensa da época pôde – e qualquer um ainda hoje pode – ver/saber de alguns registros que assomaram e se tornaram visíveis, como ponta de “icebergs”.

Mas eu já aprendera: Onde há uma sinfonia de corvos, desafinado é o rouxinol. Onde há ajuntamentos de urubus, fedorenta é a rosa.

Resultado: todo ano, e trinta e três anos depois, entrega-se uma preciosa joia – cada vez mais valiosa – aos desmotivadores e detratores...

Depois que fundei a AIL, não me neguei a atender convites de diversas cidades e mesmo a sugerir a pessoas delas no sentido de criarem sua própria Academia de Letras. Assim, fui convidado a presidir a solenidade de instalação da Academia Açailandense de Letras e posse de seus membros.

Depois, reuni intelectuais de Santa Inês e lá criamos a Academia.

Participei da criação da Academia Caxiense de Letras e fui designado para fazer o discurso de posse dos membros, em concorrido evento para toda a sociedade local.

Aí se seguiram São João do Sóter, Aldeias Altas, João Lisboa, Buriticupu... e outras onde nossa experiência e boa vontade, mais que algum conhecimento, são demandadas. E já há, pelo menos, quatro cidades à espera.

Nada mais poderoso que uma faísca que sabe que é hora de se tornar incêndio...

*

No instante em que a Academia Imperatrizense de Letras (AIL) prepara-se para comemorar hoje seu 33º aniversário, lanço, como sempre, um olhar para diante e, sorrindo meio sem jeito cá dentro de mim, fico pensando nessas três décadas e três anos de existência da AIL.

Recordo-me das buscas cartoriais, para saber se, formalmente existia ou não uma Academia de Letras em Imperatriz. Era eu no único cartório do município à época, o Cartório do 1º Ofício, na Rua Godofredo Viana, centro de Imperatriz, enchendo a paciência – e o dever de ofício – do Rosseny da Costa Marinho (“in memoriam”; o decano entre os tabeliães), do Antônio Carlos da Mota Bandeira, do Miguel da Mota Bandeira (“in memoriam”; meu velho amigo de jogo de palavras – a “impugna”, junto com o professor e farmacêutico-bioquímico Oscar Gavinho, lá no Bar do Riba, perto da antiga Universidade Estadual do Maranhão/Uema).

Recordo-me dos 13 que aceitaram vir comigo no ingente e despudorado mister e mistério de fazer cultura em uma cidade que – diziam – era a “terra da pistolagem” e onde “o dinheiro corria”, o que parecia querer dizer que Imperatriz seria refratária, não porosa, contraindicada a assuntos ligados à Cultura. Valores do espírito, na Imperatriz da época, só mesmo os das Igrejas – e olhe lá...

Mas, graças a Deus, isso não era verdade e, se parecia, foi desmentido pelo inicial esforço conjunto dos 14 “homens de Letras”, na verdade humanistas, sensíveis às causas e cousas que, elas sim, criam, fortalecem e ainda dão brilho ao que de mais visível e forte deve ter uma sociedade: sua Identidade.

Eis os nomes dos que, comigo, assinaram a ata de fundação da Academia Imperatrizense de Letras, em 27 de abril de 1991, há trinta e três anos:

ADALBERTO – Lembro-me do Adalberto Franklin Pereira de Castro ("in memoriam") recebendo meu convite, ele meio sem jeito, imbiocado (introvertido), mas sempre me apoiando – como, aliás, já acontecia no movimento de organização da Imprensa (criei a Airt – Associação de Imprensa da Região Tocantina e o Sindijori – Sindicato dos Jornalistas e Radialistas de Imperatriz). Adalberto, que nem o Jurivê, não pôde comparecer à reunião de fundação, mas ficou acertado que estaria com a decisão da maioria.

DOM AFFONSO – Dom Affonso Felippe Gregory (“in memoriam”) tinha aquela bonomia dos bons pastores espirituais. Sempre conversávamos – inclusive bebericando... –  e ele apoiou de pronto a ideia de criação da AIL. Anos depois, coincidiu ter sido em uma gestão minha frente à Academia a decisão dele, explicada por carta, de se autoexcluir da Entidade, por questões de saúde e sobrecarga de serviços. (Para se ter uma ideia, Dom Affonso, além de bispo de uma grande Diocese, também era presidente da Caritas Internacional, espécie de confederação de quase duzentas organizações humanitárias da Igreja Católica, com atuação em mais de duzentos países. A Caritas, fundada em 1897 na Alemanha, tem sede no Vaticano. Bastava este compromisso e havia tantos outros, para dar-se razão ao bom Dom Affonso, o 1º bispo de Imperatriz, ele que tinha de viajar regularmente para diversos países.)

EUCÁRIO – O sempre bem-humorado Eucário Rodrigues (“in memoriam”). Ele era colega de lides bancárias, funcionário do Banco do Brasil em Imperatriz. Psicanalista de formação e atuação, tinha fundado em São Paulo uma entidade da classe.

ZÉ BREVES – O José de Sousa Breves Filho era meu conhecido da Universidade (Uema). Carioca de nascimento, foi o primeiro professor imperatrizense a concluir um doutorado. Anos depois pediu para sair da AIL e mudou-se para Fortaleza, onde se aposentou por instituição de ensino do governo federal.

GERALDO - Também me lembro do José Geraldo da Costa, a quem “intimei” em sua casa para juntar-se a mim neste projeto – e ele, prontamente, aceitou. Geraldo e eu mantínhamos muitas e longas e boas conversas e vivíamos nos esbarrando nas universidades UFMA (Universidade Federal do Maranhão) e Uema e em diversos, incontáveis eventos sociocomunitários e culturais naqueles idos dos anos 1980 e 1990.

JURIVÊ - Relembro do meu colega jornalista Jurivê de Macedo, o Juredo, de supersaudosa memória. Embora nos primeiros instantes tenha se mostrado relutante, e até com negativa escrita em sua coluna no "O Estado do Maranhão", terminou por não resistir ao meu “leriado” e igualmente somou-se ao projeto  –  vindo a adicionar muito mais, muito mesmo, como membro assíduo, produtivo e aconselhador no dia a dia da Academia. Jurivê não esteve na reunião de fundação, mas antecipou que concordaria com o que fosse decidido.

JUCELINO – O Jucelino Pereira da Silva era colega de Jornalismo e aqui e acolá me chamava de “príncipe do Jornalismo”. O futuro advogado e excepcional redator Jucelino trabalhava em “O Progresso” e escrevia uma das colunas assinadas como “da Redação”, onde registrou alguns dos “ataques” de outrem a mim por causa da ideia de criação da Academia. Houve até quem escrevesse ao jornal dizendo que “Imperatriz não precisa de Academia; precisa é de comida e dinheiro”. Claro que respondi em um histórico texto: “De Bucho e Bolso”.

LOURENÇO – O Lourenço Pereira de Sousa foi um dos 14 que comigo iniciaram a Academia. Na época, e sempre, foi considerado um dos mais talentosos sacerdotes de Imperatriz e região. Ele e eu vivíamos escrevendo em jornais da Imperatriz daquelas décadas de 1980 e 1990. Lourenço saiu da Academia e também da Igreja. Casou-se. Sempre discreto, destacou-se e se destaca como professor universitário.

SEREJO - Lembro-me da abordagem ao juiz de Direito Lourival Serejo, também escritor, que era meu cliente no Banco do Nordeste, e de sua pronta, imediata adesão ao projeto (ficou como meu secretário informal nos trabalhos iniciais). O notável e premiado escritor, contista e cronista Serejo é hoje desembargador em São Luís, presidiu o Tribunal Regional Eleitoral e o Tribunal de Justiça do Maranhão e, atualmente, preside a Academia Maranhense de Letras.

DONA NENECA – A entusiasmada, radiante, sempre alegre escritora e radialista Neneca Motta Mello (Sebastiana Vicentina da Motta Mello; “in memoriam”) era desses espíritos eternamente dispostos, apesar das muitas tarefas. Vivíamos nos esbarrando em páginas de jornais e em salas de locução de rádios. Assim como já fizera no Sudeste do País, onde nascera, Neneca também desenvolvia grande e discreto serviço sociocomunitário em Imperatriz.

SÁLVIO DINO – O Sálvio de Jesus de Castro e Costa (Sálvio Dino; "in memoriam") era o pesquisador e escritor de destaque e político atuante na região. Encontrávamo-nos em meu local de trabalho, em eventos políticos, culturais e sociocomunitários em Imperatriz, João Lisboa etc. Sempre disposto a colaborar, abriu as portas da sede de uma entidade municipalista que ele presidia para que, nela, a Academia realizasse reuniões enquanto não se localizasse de modo definitivo.

TASSO – O Paulo de Tasso Oliveira Assunção, raro e caro amigo, é uma das testemunhas oculares e auriculares de nosso trabalho. Esteve comigo no “Jornal de Imperatriz”, o primeiro diário da cidade impresso em “off-set”, criado pela dupla José Maria Quariguasi (industrial gráfico; “in memoriam”) e Edmilson Sanches, com Jurivê de Macedo como primeiro diretor de redação. Tasso Assunção prosseguiu comigo no “Jornal de Negócios” (que Jurivê de Macedo, do alto de sua autoridade técnica, dizia ser “o jornal mais bem feito do Maranhão”) e no “Jornal de Açailândia”, os quais fundei, e em “O Imparcial”, cuja sucursal dirigi em Imperatriz e região, em substituição ao decano do jornalismo Sebastião Negreiros (“in memoriam”). Tasso também esteve comigo na fundação e administração da Associação de Imprensa da Região Tocantina (igualmente, o Adalberto Franklin, o meu vice-presidente Conor Farias, o Manoel Cecílio, o Zé Geraldo...).

VITO – O Vito Milesi fui “buscá-lo” na casa dele. Igual ao Adalberto, no começo ficou assim como sem jeito com o convite, mas o tirei do saudável casulo onde ele, ex-padre, bem se havia, como professor no Ensino Médio e em Universidade (foi meu professor no curso de Direito na Universidade Federal do Maranhão). Terminou não resistindo ao meu convite e conversa e tornou-se a maior referência de dedicação, seriedade sem sisudez, compromisso e verdadeira entrega à Academia, da qual foi por diversas vezes presidente. Mantinha religiosamente, sem trocadilho, correspondência (escrita a mão) e contatos comigo, quando, “ex officio”, fui obrigado a mudar-me para Fortaleza (CE). A partir de uma ação em uma das gestões dele frente à AIL, uma feira de livros na Praça de Fátima (segundo ele me relatava), tive a ideia de criar e institucionalizar uma “Feira de Livros”, como está em documento escrito em  uma tarde de 27‎ de ‎março‎ de ‎2003, uma ‏‎quinta-feira, ‎como parte das ações para meu segundo mandato frente à Academia. O documento foi distribuído em reunião de um mês depois, 27/4/2003, no 12º aniversário da Instituição, e a “Feira de Livros” transformou-se, inicialmente, em “Semana Imperatrizense do Livro – SIL” e, depois, duradouramente, em “Salão do Livro de Imperatriz – Salimp”.

PRIMEIRA REUNIÃO – Relembro a pregação que fiz às 10 horas e 30 minutos da manhã de 27 de abril de 1991, um sábado, na sala de projeção de uma pioneira videolocadora na Rua Simplício Moreira, nº 1467, próximo à praça de Fátima, cujo proprietário era simpático à causa. Essa foi a primeira reunião formal, de fundação, aprovação do Estatuto e eleição da primeira Diretoria e coisa e tal.

SEGUNDA REUNIÃO – A segunda reunião já foi sob as bênçãos do bispo Dom Affonso Felippe Gregory, que nos cedeu sua residência episcopal e também se integrou ao projeto.

PRIMEIRO ANO – O primeiro ano da AIL, completado em 1992, foi comemorado em evento no auditório do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), com Sálvio Dino conferenciando sobre “o perfil histórico do rio Tocantins”.

LIVALDO – De 27 de abril de 1991 para cá, muita tinta rolou sobre o papel – desde há 32 anos, incluindo-se os olhares enviesados e ataques enraivecidos, todos contra mim, tudo contra a criação e existência da Academia. Certa vez, em bilhete de 17 linhas, o escritor Livaldo Fregona me escreveu:

– “(...) Meu velho, orgulho-me não de ser seu amigo, mas, apenas, por tê-lo conhecido. Não tenha pressa nem estranhe os invejosos; o mundo reconhecerá seu valor”.

OVÍDIO – O templo nublara, mas eu não estava só – citando o escritor romano Publius Ovidius Naso, o conhecido Ovídio, que viveu 40 anos antes e quase 20 depois de Cristo e que dizia: “(...) se os tempos estiverem nublados, estarás só”.

FÉ COM OBRAS – A certeza enfática dos adversários do projeto apequenou-se e foi engolida pelo desfilar dos dias e, nestes, a persistência, o amor, o trabalho, a fé com obras (não apenas literárias...) dos membros e colaboradores da AIL.

COUSAS E CAUSAS – “Tempus edax rerum” – “o tempo, (esse) devorador das coisas”. É Ovídio novamente, que nos alerta para (também) o que o tempo pode fazer esquecer... e, paradoxalmente, o que não se deve esquecer de fazer.

Por exemplo, fazer boas coisas, defender boas causas.

Matéria-prima, aliás, de que é feita a Academia – e da qual, aliás, são feitas as coisas que ela faz e as causas que ela defende.

Viva a Academia Imperatrizense de Letras em seus 33 anos de existência.

Verdadeiramente, uma joia.

* EDMILSON SANCHES

ILUSTRAÇÃO:

Brasão da Academia Imperatrizense de Letras.