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30 de março, há três anos, Carvalho tombou para o alto…*

“Cultuo a vida”

(Carvalho Junior)

*

Enquanto o escritor Carvalho Junior lutava pela sobrevivência, eu ficava pensando no que pensavam suas duas maiores obras – as filhas – e a esposa, Joseneyde. Sem querer, mas sem controlar, me lembrava de minha mãe doente, entubada, e de como seríamos nós seus filhos sem ela, a grande mãe, a grande fieira, o grande cambo que nos unia a todos. (Aliás, a palavra “Cambo” é título de um livro que estou escrevendo e Carvalho Junior por “n” vezes me dizia do quanto gostava desse título e brincava: “– Se você não escrever esse livro, escrevo um com esse nome...”.

Não há como esquecer as conversas ao telefone por horas e horas seguidas, o sem-número de áudios e as mensagens, as dúvidas e perguntas que me fazia o Carvalho Junior sobre algum aspecto da Língua Portuguesa, da Literatura e da História caxiense.

A gente fica pensando no quanto de orações, “energias”, mensagens, poemas, imagens foram feitos, enviados, trocados, todos torcendo pela recuperação do grande jovem poeta. Nas solenidades – controladas, desaglomeradas... – dos dez anos da Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão, a Asleama, de 15 a 19 de março deste 2021, quantas vezes antes e/ou depois de pronunciamentos eu e outros colegas acadêmicos nos manifestamos com uma fala sobre o Carvalho Junior e pedidos e endereçamentos de minutos de silêncio e contrição, energia e oração em prol do Carvalho...

Em janeiro último, Carvalho Junior, Eziquio Barros Neto e eu  vencemos a tarde e a noite em uma mesa frente ao Excelsior Hotel, em Caxias (neste momento estou em Fortaleza/CE), e, entre goles de um líquido ouro, partilhamos sonhos áureos para Caxias, para o futuro da cidade, para um possível reconhecimento da grandeza de seus valores de ontem e de agora... (Aliás, era nesse Hotel, mas, também frequentemente, no menor bar do mundo, o Fiapu, do amigo Paulo Sérgio Assunção, praticamente em frente à Igreja Matriz, que Carvalho, Ezíquio e eu nos reuníamos, “lavando o peritônio” e remoçando sonhos que poderiam envelhecer de tão sonhados que são...).

Jovem, 35 anos, não fumante, forte... Nós, que não sabemos nada, nos perguntamos: Como pode ter ido o Carvalho Junior, assim?

30 de março de 2021...

Caxias, o Maranhão e o Brasil não só perdem o Carvalho professor, gestor escolar, ativista cultural, sonhador por uma Caxias melhor – perde também provavelmente seu mais consistente e promissor poeta das últimas décadas. Ele me falava de um novo livro em preparo, além de outros já prontos, inclusive um livro infantil, para o qual me pediu um prefácio, em versos.

Joseneyde e as meninas não deixarão que essas obras se enterrem com seu Autor. Ante tantos dias de luto, dor, tristeza, saudade, publicar os inéditos de Carvalho Junior é uma forma de o escritor ressuscitar em palavras e dar-lhe a parição de mais filhos – de celulose e tinta, que também cuidarão de eternizar o pai-Autor.

Não é fácil desviver... Aliás, nós, os Morituros, de verdade nem intuímos isso de verdade. Parece que o fato de se estar vivo provoca a ilusão de que se seja eterno em carne e osso. Mas – já o disse – não somos eternos; somos apenas enfermos – enfermos de vida.

Carvalho Junior foi à frente, para desvendar o maior dos mistérios poéticos – a Criação (“poesia”, em grego).

Carvalho resistiu o quanto pôde.

E, quando tombou, tombou para o Alto.

Descansa, Grande Poeta.

Carvalho Junior:

Conterrâneo – de Caxias;

Colega – de Magistério, Educação, Literatura;

Parceiro – de ideais;

Confrade – de Academias;

Amigo – de sempre.

*

(ESCRITO E PUBLICADO EM FORTALEZA/CE, 30 DE MARÇO DE 2021)

*

Aqui, o prefácio para o livro infantil (inédito) escrito pelo Carvalho Junior:

CHIQUINHO SAPATINHO

(para o livro “A Volta do Sapatinho de Ploc”, de Carvalho Junior)

*

Tem pai. Tem mãe. Tem irmãos. Tem, claro, amigos.

Se briga, se zanga, se se irrita, o que faz?

– Uns biquinhos.

Além do topete, da pose e a teimosia,

sim, ele, um menino, levado, o que traz?

– Sapatinhos...

... que cheiram a festa e, nham!,  goma de mascar

– bola (ploc!) que estoura gostoso no ar.

Estoura também bolha-tempo, e o guri cresce

– pois Peter Pan é (de) outra história:

– um tiquinho

de gente que voa, voa. Nosso menino, não:

tem pés no  chão. Vira pai. É clara sua glória.

 – É, Chiquinho...

O Chiquinho – feito gente feita de letras

 ... e carinho

para quem sabe ler e imaginar – ao menos

– um pouquinho.

*

REPERCUSSÃO

– “Que belas palavras!! Você o descreveu tão perfeito que ao ler suas palavras tive a sensação de que escrevia olhando para ele” (RENATA SANTOS FERREIRA, professora. Caxias/MA, 30/3/2021)

– “Uma grande perda para nossa literatura, caro confrade. Nosso amigo Carvalho estava no ápice de sua produção intelectual. Resta-nos as boas lembranças e a saudade. O legado permanece para sempre.” (HUMBERTO BARCELOS, professor, escritor, gestor de marketing; da Academia Imperatrizense de Letras. Imperatriz/MA, 30/3/2021)

– “Uma tristeza... um grande amigo e irmão... uma tristeza...” (ANTÔNIO GUIMARÃES DE OLIVEIRA, mestre em História/UFPE; professor, escritor; do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão/IHGM. São Luís/MA, 30/3/2021)

– “Caro Sanches, sempre me encanto com suas bonitas palavras!! Hoje, minha alma está chorando, mesmo sem conhecer o jovem senhor que partiu para a eternidade 🙏 Meus sinceros sentimentos. LINDALVA BASTOS LOPES. Imperatriz/MA, 30/3/2021)

– “Que bom que existe pessoas como você, que valoriza os amigos. // Muito jovem o seu amigo, poeta, professor e papai de duas lindas meninas. Descanse em paz, e lá do alto continue cuidando do seu maior tesouro: “Família”. (MARIA DO SOCORRO DIAS MOURA, graduada em Pedagogia; servidora pública federal. Caxias/MA, 30/3/2021)

– “Nossos sentimentos!” (PAULO HELDER, advogado, ex-procurador da Prefeitura de São Luís. São Luís/MA, 30/3/2021)

– “Muito triste. Meus pêsames.” (HAROLDO SABOIA, graduado em Direto/UnB e em Economia/Universidade de Paris I, França. Jornalista. Vereador. Ex-deputado federal. São Luís/MA, 30/3/2021)

– “Ser humano espetacular. Muito triste.” (MARIO LUNA FILHO, médico, poeta, contista, ensaísta. São Luís/MA, 30/3/2021)

– “Perdemos um bom poeta. Perdeu a literatura maranhense”. (Wilson Martins, artes gráficas e cênicas. São Luís/MA, 30/3/2021)

– “Bela Homenagem!!! Você sempre descrevendo muito bem os seus sentimentos e nos emocionando.... // Até logo ao jovem Poeta! Grande perda!🥺💐” (Kelen Oliveira, caxiense, professora; graduada em Pedagogia. São Paulo/SP, 30/3/2021)

– “Ah que pena! Lamento a sua perda, Edmilson Sanches. Vocês eram muito próximos. Não tive a honra de conhecer pessoalmente o poeta, mas li algumas de suas produções. Muito talento, uma perda para Caxias”. (LUÍSA VAZ, Licenciada em Letras e Ciências Religiosas. Revisora (artigos, monografias, dissertações, teses, livros...). Ambientalista. Fortaleza/CE, 30/3/2021)

– “Que pena, meu Deus! Que pena!😪😪” (Luciana Bezerra, empresária de Turismo. Caxias/MA, 30/3/2021)

– “DEUS o levou para a Morada Celeste... Descanse em Paz, Poeta!” (SILVÉRIA MARIA DA SILVA VIEIRA, graduada/Cesc-Uena. Caxias/MA, 30/3/2021)

– “Uma bela homenagem, onde sentimos um verdadeiro laço de amizade. // Que Deus conforte o coração de todos os amigos e familiares.” (FLOR DE LIS SILVA, graduada/Uema e FAI. Caxias/MA, 30/3/2021)

– “Lamentável perda para a poesia e para a vida... Maldito e inclemente vírus invisível!... // Meus sentidos pêsames!!” (Chico Senna, graduado em Direito/Unifacema e Letras/Uena; servidor público municipal. Caxias/MA, 30/3/2021)

– “Descanse em paz, professor”. (FRANCISCA RIBEIRO, Timon/MA, 30/3/2021)

– “Vou insistir em perguntar sempre... Somos tão órfãos de "novos tudo"? Qual o motivo de deixar essa terra de poetas na ausência desse??? // Tive a honra e o prazer de degustar um pouco desse dia registrado na foto, de onde ouvi ele falar da legitimidade que acompanha a minha pessoa... Que descanse em paz 🙏🏽” (CONSTANTINO FERREIRA CASTRO NETO – TINO. Economista/Uniceuma; empresário; desportista. Caxias/MA, 30/3/2021)

– “Magnífica sua descrição! O poeta se foi em carne, mas seu legado ficou eternizado e será sempre lembrado quando pensarmos em poesia. // Que tenha o descanso no paraíso celestial poeta!” (DIAH OLIVEIRA, graduada/Uema; ex-servidora pública municipal e estadual. Caxias/MA, 31/3/2021)

– “Meu Deus! Lamentável!😪” (MARIA DA PROVIDENCIA SILVA. Rio de Janeiro/RJ, 1º/4/2021)

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* EDMILSON SANCHES