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Para especialista, redação do Enem amplia visibilidade para educação de surdos

O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano vai representar uma maior visibilidade sobre os desafios na educação de surdos do Brasil. A avaliação é da professora de pedagogia bilíngue do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines) Patrícia Rezende. Para ela, o tema da redação é considerado “impactante”.

“Este tema vai representar uma maior visibilidade sobre os desafios da educação de surdos neste país. Pois trata-se de um assunto polêmico porque sofremos uma política que não condiz com a qualidade de ensino para surdos. Precisamos de uma política linguística urgente neste país”, avaliou Patrícia, que também foi diretora de políticas educacionais da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis).

Para ela, quem não tiver conhecimento sobre questão linguística e cultural da comunidade surda pode ter dificuldades para escrever a redação, que tem como tema Desafios para Formação Educacional de Surdos no Brasil.

Para a assistente social surda Mariana da Hora, que é colaboradora da diretoria da Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS), o tema da redação do Enem deste ano surpreendeu. “Estamos acostumados a sermos esquecidos, e, colocar a educação de surdos como tema da redação faz com que a sociedade seja cutucada a refletir sobre isso”, diz. Para ela, muitos candidatos terão dificuldade de escrever sobre o assunto por desconhecer a realidade dos surdos do país.

Educação bilíngue

O fotógrafo Cristiano Carvalho, que dá aulas de fotografia para surdos no projeto Surdofoto, considera que o melhor caminho para a maioria dos surdos usuários da Língua Brasileira de Sinais (Libras) no Brasil é a educação bilíngue.

“Cada vez mais isso é para mim um direito deles, uma vez que são brasileiros, e a Libras é uma língua oficial reconhecida por lei. Nossa experiência no projeto Surdofoto é o do ensino de fotografia na língua de sinais. Ou seja, o surdo aprende em sua própria língua”, diz. Mas, segundo ele, existem surdos que não se identificam com a Libras e buscam na oralizaçao e na educação inclusiva um caminho de socialização.

Neste ano, pela primeira vez, o Enem será disponibilizado com o recurso da videoprova traduzida em Libras. Segundo o Inep, instituição responsável pelo Enem, a maioria dos participantes com direito a recurso declarou não precisar de nenhum apoio para a realização das provas. O Inep também oferece outros recursos de acessibilidade, como prova em braille, tradutor-intérprete de Libras, prova superampliada, guia-intérprete para pessoa com surdocegueira, leitura labial e mobiliário acessível.

(Fonte: Agência Brasil)