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LÍNGUA PORTUGUESA: dicas e exercícios 37

Neste domingo, apresentamos outras regras de acentuação gráfica.

Vamos começar pelas palavras monossílabas.

Dicas gramaticais

1. DA ou DÁ?
DA = preposição DE + artigo A:
“Ela vem da praia”.

DÁ = 3ª pessoa do singular do verbo DAR (presente do indicativo):
“Ele dá tudo de si”.

REGRA:
Acentuam-se as palavras monossílabas tônicas terminadas em “a”, “e” e “o”, seguidas ou não de “s”:
A(S): lá, já, má, más (adjetivo), gás...
E(S): fé, vê, três, vês (verbo), mês...
O(S): pó, dó, nó, nós (pronome reto), pôs...

OBSERVAÇÃO 1:
Não se acentuam os monossílabos terminados em:
I(S): ti, si, bis, quis...
U(S): tu, cru, nus, pus...
AZ, EZ, OZ: paz, fez, vez, noz, voz...

OBSERVAÇÃO 2:
Acentuam-se as formas verbais terminadas em “a”, “e” e “o” seguidas dos pronomes LA(S) ou LO(S): dá-lo, vê-la, pô-los, vê-lo-á...

OBSERVAÇÃO 3:
Não se acentuam os monossílabos átonos:
Artigos definidos: o, a, os, as;
Conjunções: e, mas, se, que...
Preposições: a, de, por...
Pronomes pessoais oblíquos: o, se, nos, vos...
Contrações: da(s), do(s), na(s) , no(s)...
Pronome relativo: que.

2. POR ou PÔR?
POR é preposição:
“Vou por este caminho”.

PÔR é verbo:
“Vou pôr o livro sobre a mesa”.

OBSERVAÇÃO 1:
Este caso é uma das exceções que ficaram após a última mudança ortográfica, que aboliu a regra do acento diferencial.

OBSERVAÇÃO 2:
Somente o verbo PÔR tem acento circunflexo. Os verbos derivados não têm acento: expor, compor, dispor, contrapor, impor...

OBSERVAÇÃO 3:
As demais palavras terminadas em “or” não tem acento gráfico: cor, for, dor...

3. QUE ou QUÊ?
A palavra QUÊ só tem acento circunflexo quando está substantivada ou no fim da frase:
“Ela possuía um quê todo especial”. (= substantivo)
“Procurava não sabia bem o quê”.
“Ele viajou por quê?”

Acrescentando...

“Pôr” e “pôde” preservam acento
Já se disse que quase todos os acentos diferenciais foram suprimidos pelo Novo Acordo Ortográfico. É bom esclarecer, então, quais foram os que permaneceram – apenas dois, o do verbo “pôr” e o da forma “pôde” (terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do modo indicativo).

O acento de “pôr” faz que a forma verbal se distinga da preposição “por”. Na letra da canção “Leve”, de Chico Buarque, temos a preposição “por”: “Não me leve a mal/ Me leve apenas para andar por aí/ Na lagoa, no cemitério/ Na areia, no mormaço”. Do mesmo Chico, agora na letra de “Bye-bye, Brasil”, está o verbo “pôr”: “Eu vou dar um pulo em Manaus/ Aqui tá quarenta e dois graus/ O sol nunca mais vai se pôr/ Eu tenho saudades da nossa canção/ Saudades de roça e sertão/ Bom mesmo é ter um caminhão”.

É importante lembrar que o substantivo composto “pôr do sol” continua grafado com acento, dado que o verbo “pôr” é um de seus elementos constitutivos. O mesmo ocorrerá com a forma “soto-pôr”, único derivado do verbo “pôr” em que o prefixo fica separado por hífen, motivo pelo qual o acento deve ser empregado. Nos demais, não ocorre acento gráfico: repor, propor, depor, compor, sobrepor etc.

Já a forma “pôde” mantém-se como único caso de acento diferencial de timbre (observe que, no presente do indicativo, dizemos “pode”, com /o/ aberto e, no pretérito perfeito do indicativo, pronunciamos “pôde”, com /o/ fechado). O motivo da manutenção do acento gráfico de “pôde”, entretanto, não é a preservação da sua pronúncia fechada. Essa grafia serve para marcar o tempo passado.

A utilidade desse acento fez que não fosse suprimido na reforma ortográfica de 1971 e que sobrevivesse também a esta. Assim: “Ele não pode fazer isso” (presente) é diferente de “Ele não pôde fazer isso” (passado).

“Soto-pôr” e “sotoposto”; “vaga-lume” e “vagalumear”
O texto oficial do Novo Acordo Ortográfico propõe a sistematização do hífen em todos os vocábulos iniciados pelos prefixos “soto-“ e “sota-“, formas variantes, cujo significado é “abaixo de”.

Alguns termos, não todos, antes se escreviam de forma aglutinada (“sotavento” e “sotopor”, por exemplo). Agora se escrevem todos com o hífen. No caso de “soto-pôr”, a hifenização faz surgir o acento circunflexo. Entenda-se: na forma aglutinada, uma oxítona terminada em R, não havia acento (como, de resto, ocorre com todos os outros derivados do verbo “pôr”: compor, depor, propor, repor etc.), mas, com o hífen, aparece a forma infinitiva do verbo “pôr”, que manteve o acento diferencial.

Está justificada a grafia de “soto-pôr” (“sota-vento” ganhou o hífen também), mas, curiosamente, a ABL (Academia Brasileira de Letras) entendeu que as formas conjugadas do verbo “soto-pôr” deverão ser aglutinadas. “Sotoposto”, o particípio passado do verbo, grafa-se sem o hífen – e o princípio vale para todas as formas conjugadas (sotopus, sotopuseste etc.). Mudou, então, apenas o infinitivo.

Em tempo: o substantivo composto “vaga-lume” aparece com o hífen na nova edição do Volp (“Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa”), ao lado do verbo “vagalumear”, sem o hífen.

Teste da semana

Assinale a opção que completa, corretamente, as lacunas da frase abaixo:
“Minha __________ está __________ por culpa não sei de __________”.
(a) pesquiza – atrazada – quê;
(b) pesquisa – atrazada – que;
(c) pesquiza – atrasada – que;
(d) pesquisa – atrasada – quê.

Resposta do teste: Letra (d).
PESQUISA se escreve sempre com “s”. Não existe “pesquisa” com “z”. ATRASADA” vem do verbo “atrasar”, que deriva de atrás. Todas com “s”. E a palavra QUE, em fim de frase, sempre recebe acento circunflexo: “Respondeu não sei o quê”. / “Parou, por quê?” / “Fez isso, para quê!” / “Não tem de quê”.