Neste domingo, apresentamos mais...
Dúvidas dos leitores
1ª) Risco de vida OU risco de morte?
Tanto faz. Não há uma forma certa e outra errada.
Se o risco é de morrer, podemos dizer “risco de morte”, mas é indiscutível que a maioria dos brasileiros fala RISCO DE VIDA. Temos, aqui, uma elipse: risco de (perder a) vida. Isso é corretíssimo e aceitável na língua padrão.
Isso tudo significa que podemos escolher. As duas formas são corretas. Eu prefiro RISCO DE VIDA por ser a forma mais usual.
É importante lembrar que não há uma forma melhor ou pior, mais certa ou menos errada. No meio jornalístico, há o hábito de criar padrões, mas, como o nome bem diz, são apenas padrões, ou seja, preferências do repórter ou do editor.
2ª) Rendição OU rendisão?
Leitor quer saber por que RENDIÇÃO se escreve com “ç”, se é derivado do verbo RENDER, que termina em “-ender”.
Escrevemos com “s” os substantivos terminados em “-ensão” derivados de verbos terminados em “-ender”: tender – tensão; pretender – pretensão; compreender – compreensão; ascender – ascensão.
Embora derive de um verbo terminado em “-ender” (render), o substantivo RENDIÇÃO não se escreve com “s”, porque não termina em “-ensão”.
3ª) Atenção OU atensão?
Leitor quer saber por que ATENÇÃO se escreve com “ç”, se é derivado do verbo ATENDER, que termina em “-ender”.
O substantivo ATENÇÃO não deriva do verbo ATENDER. ATENÇÃO é o ato de ATER-SE, e não de “atender”. O ato de atender é ATENDIMENTO.
Os verbos derivados de TER formam substantivos terminados em “-enção”, com “ç”: deter – detenção; reter – retenção; conter – contenção, obter – obtenção; manter – manutenção; ater-se – atenção.
4ª) Mini-hospital OU minihospital OU miniospital?
Não há registro em nossos dicionários de nenhuma das três formas.
Se um dia inventarem um hospital tão pequeno que queiram chamá-lo de “mini”, tenho a certeza de que a tendência da maioria será escrever com hífen: mini-hospital.
Segundo o acordo ortográfico de 1943, o elemento MINI não prevê o uso do hífen. Devemos escrever “tudo junto”: minidicionário, minissaia, minissérie, minirreforma…
Assim sendo, a grafia oficial seria “miniospital”, mas, segundo a nova reforma ortográfica (2009), nas formações com prefixos (anti, contra, hiper, sub…) e em formações com falsos prefixos (auto, eletro, macro, mini, neo, pan, semi, tele…), devemos usar hífen se o segundo elemento começa por “h” ou por vogal igual à vogal final do prefixo: anti-herói, pré-história, sub-humano, super-homem, pan-helênico, infra-hepático, semi-hospital, MINI-HOSPITAL, anti-inflacionário, contra-ataque, micro-ondas.
5ª) O que OU o quê o telespectador gostaria de ver?
A grafia correta é sem acento gráfico: “O que o telespectador gostaria de ver?”
Em “Não sei o que o telespectador gostaria de ver”, o “o” equivale a “aquilo” e é um pronome demonstrativo. E o “que” é um pronome relativo.
Em “Que o telespectador gostaria de ver?”, o “que” é um pronome interrogativo.
A palavra QUE recebe acento circunflexo em dois casos:
1º) quando é substantivado: “Ela tem um quê especial”;
2º) no fim de frase (antes de pausa): “Ela respondeu não sei o quê”.; “Não tem de quê”.; “Fez isso não sei para quê!”; “Ainda não chegou por quê?”.
6ª) Três mil e duzentos OU três mil, duzentos?
Devemos escrever os numerais por extenso como se fala:
1º) “Compareceram à recepção três mil e duzentos convidados”;
2º) “Escreveu corretamente no cheque: três mil, duzentos e quarenta e sete reais e vinte e dois centavos”.
7ª) Cem milhões de dólares norte-americano OU norte-americanos?
NORTE-AMERICANO é adjetivo, por isso deve concordar em gênero e número com o substantivo a que se refere.
Se as TROPAS são NORTE-AMERICANAS, os dólares são NORTE-AMERICANOS.
Teste da semana
Assinale a opção que completa, corretamente, as lacunas das frases a seguir:
1ª) “Eu __________”, repetiu o depoente várias vezes.
2ª) É preciso que você __________ mais uma vez.
3ª) Quero que você ________ suas palavras.
a) repilo / compita / meça;
b) repilo / compita / messa;
c) repilo / competa / meça;
d) repelo / competa / messa;
e) repelo / compita / meça.
Resposta do teste: letra (a).
Os verbos terminados em “-pelir”, “-petir”, “ferir”… mudam a vogal “e” para “i” na primeira pessoa do singular do presente do indicativo (repelir – REPILO; impelir – impilo; expelir – expilo; repetir – repito; competir – compito; preferir – prefiro; conferir – confiro; aferir – afiro…) e em todo o presente do subjuntivo (que você repila, expila, repita, COMPITA, prefira, confira, afira…). Os verbos terminados em “-edir” (pedir, medir, impedir), na primeira pessoa do singular do presente do indicativo e em todo o presente do subjuntivo, devem ser escritos com “ç”: peço, meço, impeço; que você peça, MEÇA, impeça.