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São Paulo (SP), 10/11/2024 - Estudantes  no segundo dia de provas do ENEM na UNIP Vergueiro em São Paulo. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

As primeiras provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2025 serão realizadas neste domingo (9) em 1.804 municípios brasileiros, nas 27 unidades da federação. As três únicas exceções são Belém, Ananindeua e Marituba, no Pará, devido à realização da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) na região.

Neste sábado, é a hora de os candidatos se organizarem, separarem o checklist de “sobrevivência” e ajustarem os relógios. O objetivo é evitar contratempos na chegada aos locais de prova antes das 13h e, também, durante a aplicação do exame.

A Agência Brasil reuniu as principais orientações do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela aplicação do exame, sobre documentos de identificação, itens permitidos, horários e questões que envolvem a realização das provas.

As regras estão listadas no edital completo do Enem 2025, disponível também na Página do Participante do Inep.

Documentação

O fiscal somente autorizará a entrada dos candidatos na sala de aplicação do Enem se estes apresentarem documentos oficiais de identificação com foto e válidos. A organização do Enem aceitará a identificação com documentos nos formatos físico ou digital, mas prints de tela do smartphone e fotos dos documentos não serão aceitos.

Desde a edição de 2024, é aceita a Carteira de Identidade Nacional (CIN) digital, que integra os dados de identificação do cidadão e reduz a possibilidade de fraudes.

A Carteira de Identidade Nacional (CIN) digital e demais documentos, como e-Título, Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou a Carteira de identidade, antigamente chamada de Registro Geral (RG), também poderão ser apresentados, por meio do aplicativo de serviços do governo federal, o Gov.br.

O candidato ainda pode acessar o aplicativo oficial da CNH Digital Gov.br.

Basta mostrar tudo nos aplicativos oficiais, previamente instalados no celular do candidato. Por isso, a dica de ouro é não deixar para o último momento a instalação dos apps.

Além dos já citados, também será aceita a documentação para estrangeiros, conforme os termos do Acordo sobre Documentos de Viagem dos Estados Partes do Mercosul [Mercado Comum do Sul] e Estados Associados.

O que lavar e o que guardar

Embora não seja item obrigatório, o Inep recomenda levar impresso o Cartão de Confirmação de Inscrição, disponível também na Página do Participante, com login único da plataforma Gov.br.

Entre outras informações, o documento traz o número de inscrição, data, hora e local de prova, além de registrar que a pessoa deverá contar com determinado atendimento especializado ou tratamento pelo nome social, se for o caso. 

A prova deve ser respondida com caneta esferográfica de tinta preta, fabricada em material transparente. Caneta azul não será aceita.

Os participantes com atendimento especializado para transtorno do espectro autista poderão utilizar caneta em material transparente com tinta colorida exclusivamente nas marcações do caderno de questões.

Contudo, o Cartão-Resposta, independentemente da situação, deve ser preenchido exclusivamente com caneta de tinta preta.

O que guardar no envelope

Não serão permitidos quaisquer tipos de consultas pelo candidato a livros, manuais impressos e anotações. Esses itens devem ser guardados no envelope porta-objetos, antes de o participante entrar no local de aplicação.

Antes de ingressar na sala, também devem ser guardados no envelope: óculos escuros, protetor auricular e artigos de chapelaria (boné, chapéu, viseira, gorro ou similares).

Igualmente, não podem ser deixados sob a carteira do candidato materiais de papelaria, como lápis, lapiseira, borrachas, réguas, nem mesmo caneta esferográfica de material não transparente.

O envelope porta-objetos deve ser mantido debaixo do assento, lacrado e identificado, desde o ingresso na sala de provas até a saída definitiva do local de provas.

Lanches e medicamentos

Os candidatos podem levar lanches ou medicamentos necessários. Eles são permitidos, desde que sejam vistoriados pelo chefe de sala de aplicação da prova.

Os candidatos portadores de artigos religiosos, como véu, quipá, burca e outros, poderão ter estes itens sujeitos à vistoria do coordenador local.

Proibidos

É vetado o porte de armas de qualquer espécie, exceto para os casos previstos em lei (Art. 6º da Lei nº 10.826/2003). Nestes casos, é obrigatória a apresentação da autorização de porte de armas, pelo participante.

Os candidatos não podem levar ou ingerir bebidas alcoólicas, ou consumir cigarro, inclusive eletrônico, bem como outros produtos derivados do tabaco, no local de provas. Evidentemente, drogas ilícitas não serão permitidas.

O uso de qualquer equipamento eletrônico é proibido. Esses itens devem ser guardados desligados no envelope porta-objetos, antes de o participante entrar no local de aplicação.

O edital lista exemplos de dispositivos eletrônicos que não podem ficar à mostra: relógios, garrafa/copo digital, cigarro eletrônico, telefone celular, smartphone, chave com alarme, tablet, máquina calculadora, agenda eletrônica e/ou similares, gravador, pen drive, mp3 e/ou similar, alarme.

As restrições englobam ainda fone de ouvido ou com qualquer outro componente eletrônico, e/ou qualquer transmissor, gravador e/ou receptor de dados, imagens, vídeos e mensagens.

Incomunicáveis

Será eliminado o candidato que se comunicar ou tentar se comunicar verbalmente, por escrito ou por qualquer outra forma, com qualquer pessoa que não seja da equipe de aplicação, a partir das 13 horas, até o fim da aplicação, 19 horas, no horário de Brasília.

Ausências

Os participantes não podem se ausentar da sala de provas, a partir das 13 horas, sem o acompanhamento de um fiscal.

Para se ausentar em definitivo da sala de provas, é preciso que se passem duas horas do início das provas.

Banheiros

Após o fechamento dos portões, a partir de 13 horas, se o participante precisar usar o banheiro antes do início da prova ou durante a aplicação desta, será acompanhado pelo fiscal.

Ao retornar à sala de provas, o participante deverá passar por um novo processo de identificação, mesmo tendo realizado a identificação anteriormente.

O objetivo é garantir que a pessoa que saiu da sala é a mesma que está retornando para a aplicação do exame.

Após o término do exame e a saída definitiva da sala de provas, o candidato não poderá mais usar o banheiro do local de aplicação.

Saída definitiva

Quando o participante decide entregar seus materiais (cartão-resposta e folha de redação) e se retira permanentemente da sala, sua participação é considerada encerrada.

A partir desse momento de saída definitiva, o participante está proibido de retornar à sala de aplicação e de usar as instalações sanitárias do local.

Material de prova

A regra do edital estabelece as condições para a retirada de material de prova do local de aplicação pelo participante. As medidas visam proteger a segurança e o sigilo das provas.

Por isso, a retirada do caderno de questões é autorizada apenas se o participante deixar a sala de forma definitiva dentro dos últimos 30 minutos que antecedem o horário oficial de término da prova, ou seja, 18h30.

O cartão-resposta e a folha de redação não poderão ser levados em nenhuma hipótese.

Portanto, se o participante optar por finalizar o exame e se retirar da sala antes desse intervalo de 30 minutos, o caderno de questões deverá ser obrigatoriamente devolvido ao aplicador, juntamente com os demais materiais.

Horários

A aplicação das provas segue o horário de Brasília. Pontualmente, os portões abrem às 12 horas e se fecham às 13h.

No primeiro dia do Enem 2025, as provas começam às 13h30 e se encerram às 19h.

Os participantes resolverão questões de linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; língua estrangeira (inglês ou espanhol); além da redação, com texto dissertativo-argumentativo.

Dúvidas

Para saber mais sobre o que fazer antes, durante e depois do exame, acesse o link criado pelo Inep com respostas às perguntas mais frequentes.

(Fonte: Agência Brasil)

Paraty (RJ), 02/08/2025 - A escritora Ana Maria Gonçalves conversa sobre o livro Um defeito de Cor na Casa Record durante a 23ª Festa Literária Internacional de Paraty. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A escritora Ana Maria Gonçalves toma posse na cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras (ABL), nesta sexta feira (7), no Rio de Janeiro. Consagrada pela obra Um Defeito de Cor, eleito como um dos principais livros para se entender o Brasil, ela é a primeira mulher negra a integrar a ABL em 128 anos de existência da instituição e também a mais jovem do atual quadro de imortais.

A cerimônia será realizada no Petit Trianon, na sede da ABL, a partir das 20h, e será transmitida ao vivo pelo site e pelo canal do Youtube da ABL 

Nessa quarta-feira (5), a ABL divulgou a programação da cerimônia. Ana Maria Gonçalves será recebida pela acadêmica Lilia Schwarcz; receberá o colar da acadêmica Ana Maria Machado e o diploma do Acadêmico Gilberto Gil.

A comissão de entrada será formada pelas acadêmicas Rosiska Darcy de Oliveira, Fernanda Montenegro e Miriam Leitão; a comissão de saída terá Domício Proença Filho, Geraldo Carneiro e Eduardo Giannetti.

De acordo coma ABL, a nova acadêmica está programando algumas novidades para a festa. Ao final da cerimônia de posse, será servido um jantar sentado para 300 pessoas no pátio externo, com um cardápio africano.

A cerimônia contará, ainda, com uma surpresa dos amigos da escritora: a apresentação de um grupo musical, que chegará ao local depois de percorrer algumas ruas do centro do Rio de Janeiro em cortejo.

Trajetória profissional

Ana Maria Gonçalves sucede o professor, gramático e filólogo brasileiro Evanildo Bechara, que faleceu em maio deste ano.

Ela nasceu em Ibiá, em Minas Gerais, em 1970. É roteirista, dramaturga e professora de escrita criativa e sócia-fundadora da empresa Terreiro Produções.

Ana Maria é autora de Ao lado e à margem do que sentes por mim e Um defeito de cor, ganhador do prêmio Casa de Las Americas (Cuba, 2007) e eleito um dos principais livros para se entender o Brasil.

O livro levou cinco anos para ser concluído, sendo dois anos de pesquisa, um de escrita e dois de reescrita. Em 2024, foi enredo da Escola de Samba Portela.

Ela publicou contos em Portugal, Itália e nos Estados Unidos, onde morou por oito anos e ministrou cursos e palestras sobre questões raciais. Foi escritora residente nas Universidades de Tulane (New Orleans), Stanford (California), e Middlebur (Vermont).

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília (DF) 05/11/2025 – Cintia Etsuko Yamashita, coordenadora pedagógica da Escola Bilíngue Pueri Domus da Aclimação, em São Paulo.
Foto: Cintia Etsuko Yamashita/Arquivo pessoal

A aplicação da primeira etapa do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025 ocorrerá neste domingo (9) nas 27 unidades da Federação para mais de 4,81 milhões de inscritos confirmados.

Saber o local de prova e se planejar logisticamente são tão importantes quanto o estudo para o exame. Isso porque se o candidato perder o horário de fechamento dos portões, às 13h (horário de Brasília), todo o esforço de um ano se perde.

A tolerância é zero para atrasos. O edital do Enem 2025 é taxativo ao proibir a entrada do participante no local de prova, após o fechamento dos portões. Com isso, perder o horário resulta na eliminação automática do candidato.

Cartão de confirmação de inscrição

A informação sobre o local de prova do Enem 2025 está disponível no Cartão de Confirmação de Inscrição.

O documento individualizado deve ser acessado exclusivamente na Página do Participante, no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Adicionalmente, o documento informa o número de inscrição, as datas e os horários das provas, além de indicar se o inscrito tem direito a atendimento especializado ou tratamento por nome social, quando previamente solicitado e aprovado.

Há, ainda, dados sobre a opção de língua estrangeira selecionada, se houve a opção de pedido de certificação do ensino médio e dá orientações gerais aos inscritos.

Embora não seja obrigatório, o Inep recomenda levá-lo impresso nos dois dias do exame (9 e 16 de novembro), para evitar imprevistos.

Confira o passo a passo para acessar e imprimir o Cartão de Confirmação de Inscrição:

1 - acesse a Página do Participante e selecione o botão “Página do Participante – Entrar com gov.br”.

2 - em seguida, use o login único do Gov.Br e clique em “Continuar”.

3 - Já na Página do Participante, à esquerda da tela, clique em “Local de Prova”.

4 – na sequência, clique no ícone em azul, apresentado pelo assistente virtual (Local de Prova).

5 - O sistema abrirá o Cartão de Confirmação de Inscrição.

Para imprimir, basta descer a tela até o final da página e clicar no botão “Imprimir”.

Dicas de planejamento

Chegar ao local com calma e antecedência é fundamental para evitar a ansiedade de última hora, o que pode prejudicar a concentração do candidato antes mesmo de a prova começar.

Muitos candidatos se atrasam por fatores externos, como trânsito intenso em locais próximos aos centros de prova e outras situações mais comuns aos domingos como o transporte público (ônibus, metrôs ou trens) com horários de circulação reduzidos. Outros candidatos também desconhecem o local ou o trajeto até ele.

Brasília (DF) 05/11/2025 – Cintia Etsuko Yamashita, coordenadora pedagógica da Escola Bilíngue Pueri Domus da Aclimação, em São Paulo.
Foto: Cintia Etsuko Yamashita/Arquivo pessoal

Especialistas recomendam que o horário ideal para sair da residência rumo ao local de prova seria o intervalo de duas a três horas, dependendo da distância. A coordenadora pedagógica da Escola Bilíngue Pueri Domus da Aclimação, em São Paulo, Cintia Etsuko Yamashita, defende a preparação do candidato com o planejamento de rota, por exemplo.

“Programar que horas você vai chegar ao local, no dia da prova, é muito importante”, avalia.

Por isso, nestes dois dias que antecedem as provas, é preciso conhecer o local de aplicação do Enem e vale consultar o tempo do deslocamento, trajetos alternativos e diferentes modais para chegar à unidade destacada no cartão de inscrição do candidato. 

A demanda por carros de aplicativo é alta nos horários de pico (entre as 11h e as 13h) nos domingos do Enem, o que pode ocasionar a demora até encontrar um motorista que aceite a corrida. Além disso, os preços podem subir.

A estudante Ana Carolina da Silva Gribbler, do terceiro ano do ensino médio do Colégio St. Georges (STG), no Rio de Janeiro, fará o Enem pela primeira vez. Aos 18 anos, a jovem diz ter familiaridade com o local de prova, depois que a coordenação geral do exame o alterou para um novo endereço, mais próximo da residência dela.

Brasília (DF) 05/11/2025 – Ana Carolina da Silva Gribbler, 18 anos – aluna do terceiro ano, deseja cursar medicina, 1º Enem
Foto: Ana Carolina da Silva Gribbler/Arquivo pessoal
Ana Carolina da Silva

“Eu tinha caído em um lugar um pouquinho longe de onde eu moro. Depois, me realocaram. Com a mudança, agora, estou em frente à minha escola.”

Apesar de nunca ter entrado na unidade designada para fazer o Enem, Ana Carolina se sente aliviada para focar em seu objetivo principal, ser aprovada no curso superior de medicina. “Por estar mais perto, estou mais segura quanto ao meu local de prova e mais tranquila quanto ao horário também”.

Transporte público

Como opção, algumas cidades brasileiras anunciaram algum tipo de gratuidade ou reforço no transporte para o Enem 2025. Este é o caso do metrô de Salvador e Lauro de Freitas (BA). Em Fortaleza, foi anunciado o aumento da frota de ônibus para estudantes cearenses; viagens de graça nos ônibus intermunicipais de sete cidades do ABC Paulista e no transporte municipal de Osasco; passe Livre (ida e volta) para estudantes de Campo Grande, entre outras localidades.

Mas, a dica é confirmar os detalhes específicos das medidas anunciadas na região, diretamente na prefeitura ou órgão de transporte da cidade, pois as regras de acesso podem variar.

(Fonte: Agência Brasil)

Tempos atrás, li em seção de erros de um jornal de São Paulo a observação de que nomes de tribos indígenas não têm plural. O jornal, pressurosamente, se penitenciava de erro cometido em manchete principal de uma de suas edições.

Não. Nesse caso, ao colocar o nome  “guajajaras” no plural, o jornal não errou. Quando devidamente adaptadas à nossa grafia e, até, legitimadas pelo hábito, as palavras procedentes de um idioma que não seja o português são flexionadas de acordo com a nossa língua. Tanto é que não dizemos ou escrevemos os plurais da língua latina – na farta exemplificação de Napoleão Mendes de Almeida, em seu “Dicionário de Questões Vernáculas” – “os ‘mapae mundi’”, “os ‘onera’ do processo”, “os ‘veredicta’”. Dizemos e escrevemos “os mapas-múndi”, “os ônus do processo”, “os veredictos”.

Há uma "Convenção para a Grafia de Nomes Tribais", setentã, estabelecida em 14 de novembro de 1953 pela Associação Brasileira de Antropologia. A convenção é criticada por alguns antropólogos. O documento fixa grafia maiúscula para os nomes das nações/povos indígenas e ausência de plural. Há os que observam que a notação maiúscula é só importação do costume da Língua Inglesa, que escreve em caixa-alta a letra inicial daqueles nomes. Outros, inclusive o antropólogo Julio Cezar Mellatti, falam da pretensão dessa convenção de talvez querer "constituir-se numa nomenclatura científica para as sociedades indígenas, como se fossem espécies animais e vegetais". Nas duas edições que tenho do Mapa Etno-histórico de Curt Nimuendaju (1981 e 1987, do IBGE), embora a imensa maioria de nomes grafados no singular, registram-se diversos com o plural: botocudos, ocren-sacracrinhas, emerillons (do grupo tupi-guarani), rodellas (também chamados tuxás) etc.

A explicação para o uso de maiúscula e não uso de plural teria a ver com o fato de, embora não sendo ou não tendo um país nos termos da cultura "branca", os indígenas referem-se a si mesmos como uma nação, como se um país fossem – e nomes de países grafam-se no singular, na maioria dos casos: Brasil, Argentina...

É a tal coisa. Certa vez, em Fortaleza, em um encontro sobre Língua Portuguesa, fiz um questionamento ao professor Napoleão Almeida sobre a não existência da palavra “extraordinariedade” (pois existe “contrariedade”, “temporariedade” etc.). Ele disse-me para usar o bom senso. Observei-lhe que, em relação ao uso da língua, se prevalecer a regra do bom senso, corremos o risco de ter idiomas individuais. Ele concordou.

Tal se dá a respeito do plural dos nomes de origem indígena já aportuguesados. Estou com a tese e a prática de que sobre eles, nomes, devem recair as normas que disciplinam o uso correto da Língua Portuguesa. Caso contrário, abre-se a possibilidade de ocorrerem tantas exceções ou “usos particulares” quantas forem as instituições humanas. Agora, se o Governo Brasileiro e as Entidades acreditadas oficializarem, passando o nome de tribos indígenas a não ter plural, eu seguiria sem problema. Se permanecessem em todos os casos apenas no singular, os nomes de nações/povos/tribos indígenas passariam a ser um substantivo “singulare tantum”, que é aquele que só se escreve no singular, em contraposição aos substantivos “pluralia tantum”, que são escritos só no plural (por exemplo, núpcias, exéquias).

* * *

Décadas atrás, nossos melhores jornalistas, nossos maiores jornais e revistas colocaram em pauta quase permanente os muitos problemas e a nenhuma solução que afligiam os indígenas ianomâmis.

Se ficava intrigado com a omissão criminosa do Governo, também me intrigava o fato da Imprensa quase nunca escrever ou pronunciar no plural a palavra “ianomâmi”  — que, aliás, também é esquecida por alguns de nossos dicionários.

Gramáticos, dicionaristas e escritores consultados sempre dão plural para os nomes de tribos e nações indígenas. Afinal, pronunciamos e escrevemos timbiras, tupis, tapuias, guaranis, nhambiquaras e txucarramães. Por que não “ianomâmis” e, também, “guajajaras”? A grafia é boa, o ouvido não reclama de cacofonia... então, por que não?

Escreve NAPOLEÃO MENDES DE ALMEIDA: “Unicamente quando inadaptável ao vernáculo, quando de terminação estranha às nossas, é que certas palavras obedecem para o plural às regras do idioma de que procedem”.

Meu conterrâneo de Caxias GONÇALVES DIAS, que na época conhecia os indígenas e sua língua como ninguém, deu a uma obra sua o título – pluralizado – de “Os Timbiras”. Veja-se, no Dicionário Aurélio, o verbete “timbira”: “Indivíduo dos timbiras, grupo oriental das tribos indígenas jês setentrionais”.

Timbiras, jês... tudo no plural.

Em 1954, NUNES PEREIRA publicou no Rio de Janeiro o livro “Os Índios Mauês”. Mauês...

TAUNAY e VON HERING, em épocas distintas, deram título e plural para os trabalhos sobre “Os Guaianãs”  (viviam entre o Paraná e o Uruguai) e “Os Caingangues” (grupo indígena dos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e – observe-se os plurais – “são chamados, também, em parte, 'coroados', 'camés' e 'xoclengues'”). Guaianãs... caingangues... coroados... camés... xoclengues...

JOSÉ AUGUSTO CALDAS escreveu, há quase um século, o “Vocabulário da Língua dos Bororos-Coroados” (os bororos são do Mato Grosso e os coroados são sua família linguística).

Os exemplos se avolumam. Na “Enciclopédia Barsa” (1997, volume “Datapédia e Atlas”, pág. 11): “(...) os índios cambebas”. Cambebas...

Na “Enciclopédia Ilustrada do Conhecimento Essencial” (1998), do Reader’s Digest, pág. 195: “A tradicional imagem dos índios norte-americanos, com ornamentações na cabeça, o arco e a flecha, baseia-se nas tribos indígenas das planícies, como os sioux, os cheyennes e os crows”. Cheyennes... crows...

Está-se vendo: até em inglês faz-se o plural. Estamos em boa companhia...

Os indígenas eram oito milhões (há estimativas de três milhões) no Brasil, em 1500. Pelas vias das doenças e violências várias, teriam sido reduzidos, segundo alguns registros, para algo em torno de duzentos mil, mas o IBGE contou 1.693.535 pessoas indígenas em 2022.

Podemos concluir: Em todo o mundo, os indígenas, tanto na grafia quanto na sobrevivência, são uma questão plural.

Os povos indígenas representam menos de um por cento do total de brasileiros. Se já são poucos no território, não vamos acabar com eles também na gramática.

*

P. S. – Falando sobre os termos “índio”, “indígena” e “aborígene”, vale lembrar que a grafia correta de “aborígine”, como se lê, é com “i” depois do “g”, e não “aborígene”, com “e”. A palavra vem do latim “ab origine” (“de origem”); portanto, nada a ver com “indígena”. Esta, etimologicamente, tampouco tem a ver com “índio”: a palavra “indígena” vem do latim “indígena”, que é formado de “inde” (significa “dali”) e “gena” (“gerado”), ou seja, “indígena” significa “do lugar”, aquele gerado no lugar. O substantivo “índio”, sim, vem do nome do país Índia, nome cuja origem passa pelo latim e grego, com o significado de “o rio Indo”, e, ainda, pelas línguas persa (“hind”) e zenda (“heñdu”) e, mais remotamente, chega ao sânscrito “sindhu”, com o significado de “rio”. Ainda hoje, na Índia, há uma região de nome Sindh, onde está o rio Indo.

*EDMILSON SANCHES

O 5 de novembro, como data comemorativa, tem um nome oficial: “Dia da Cultura e da Ciência”. É só assim, desse jeitinho, com essa grafia e até as aspas, do modo como está na Lei; não é “Dia Nacional da Cultura e da Ciência Brasileira” nem qualquer outra denominação que se espalha Internet adentro e afora.

Esta é a Lei sancionada pelo presidente Emílio Garrastazu Médici e o ministro Jarbas Passarinho: “Institui o "Dia da Cultura e da Ciência", e dá outras providências. // O PRESIDENTE DA REPÚBLICA. Faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei: // Art. 1º Fica instituído o "Dia da Cultura e da Ciência", que será comemorado a cinco de novembro de cada ano, como homenagem a data natalícia de figuras exponenciais das letras e das ciências, no Brasil e no mundo. // Parágrafo único. As comemorações a que se refere o presente artigo terão como escopo o Conselheiro Rui Barbosa, nascido a 5 de novembro de 1849. // Art. 2º O Ministério da Educação e Cultura estabelecerá as normas para a divulgação da vida e da obra de Rui Barbosa, principalmente nos estabelecimentos de ensino do País. // Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. // Art. 4º Revogam-se as disposições em contrário. // Brasília, 15 de maio de 1970; 149º da Independência e 82º da República.”

*

CULTURA

E o que é “Cultura”? Essa palavra tem diversos significados ou sentidos:

1) a cultura que é tratar, lavrar a terra e nela plantar – é a “agricultura”, onde “agri-” significa “campo”, pois é no campo, na zona rural (mas também em espaços urbanos) que mais se cultivam plantas, vegetais;

2) a cultura que é cuidar de animais, multiplicando-os, abatendo-os para comida, preparando-os para esportes ou competições de qualidade; é o caso da “pecuária” (que tem a ver com “gado”, isto é, conjunto de animais da mesma espécie, como boi / bovinocultura, porcos / suinocultura, ovelhas / ovinocultura, cabras / caprinocultura etc.);

3) a cultura que tem a ver com o conjunto de pelo menos quatro “CCCC” de uma comunidade: conhecimentos, costumes, comportamentos, crenças;

4) a cultura que é o conjunto de talentos, conhecimentos de pessoas e comunidades;

5) a cultura que, como está no “Dicionário Houaiss”, é o “complexo de atividades, instituições, padrões sociais ligados à criação e difusão das belas-artes, ciências humanas e afins”. Existem outras definições e mesmo estas estão incompletas.

Mas, pelo que a Lei registra, pode-se concluir que “Cultura”, com “C” maiúsculo, é essa do item 5 acima. A Cultura como sensibilidade, elaboração, construção / composição, técnica, oferta, aquisição, disseminação de um serviço (cantar, declamar, discursar, palestrar, contar histórias, dançar etc.) e de um produto (um livro, disco musical, uma pintura, foto, escultura, peça de artesanato etc.).

Para mim, no sentido geral, cultura é toda intervenção do ser humano na Natureza. Se quebrou um galho e utiliza esse pedaço de pau para cutucar frutas, coçar as costas, espantar animais etc., está fazendo cultura, está praticando um ato cultural – no sentido “antropológico” do termo.

Entretanto, retornando ao sentido da Lei que instituiu o Dia da Cultura e da Ciência há 55 anos, a Cultura é não só CAUSA mas também COISA, um algo material ou abstrato que constrói identidade, inicia tradições, inicia, mantém e altera costumes, une e dá permanência a grupamentos humanos... e pode – e deve --  ser transformada em objeto de valor e preço. Surge aí o que foi designado “Economia da Cultura” ou “Economia Criativa”. Este tipo de Economia, sem interferir no processo criativo do artista ou criador, “trabalha” a coisa criada – material ou não – e estabelece para seu criador contrapartidas materiais, financeiras, vendendo-as dentro ou fora da comunidade onde o objeto cultural foi criado.

Tão importante é a Cultura também para a Economia que a maior cidade do Brasil, São Paulo, município que é capital do estado de mesmo nome, tem na Cultura a maior fonte de sua riqueza. Ou seja, dos mais de R$ 828,9 BILHÕES (último dado do IBGE, de 2021) da economia da cidade de São Paulo, a maior parte não vem de gigantescas refinarias de petróleo, de descomunais montadoras de veículos, de mastodônticas indústrias siderúrgicas: o maior volume de dinheiro que forma o Produto Interno Bruto paulistano tem origem na chamada cadeia ou teia da Cultura, da Economia Criativa. O autor que escreve um romance vai, a partir de seu talento, movimentar e alimentar uma série de pontos: a indústria de tintas, de papeis, de plásticos, de máquinas de impressão, os serviços de profissionais de revisão, de diagramação e desenho, de impressão e acabamento, de “softwares”, de embalagem, de transportes, de eventos, enfim, um mundo de pessoas e empreendimentos, com seus objetos e seus serviços especializados, tudo girando em torno de uma obra gerada na solidão de uma mente em um corpo...

E disso aí em cima se pode dizer também para a Música, a Pintura, a Fotografia, a Escultura, o Artesanato etc. etc. etc. etc. É um mundo sem fim a Cultura e a Economia criativa.

Só há um problema: o desapreço, o desapego, a descrença, a desgraça político-administrativa, que, máxime em municípios, se instala e cresce em cérebros de governantes e outros gestores, que (man)têm outros (des)caminhos para os grandes volumes de dinheiro que todos os dias 10, 20 e 30 entram nos cofres de todas as prefeituras de todos os 5.570 municípios brasileiros...

O problema do Brasil não é governo sem dinheiro – é dinheiro sem governo...

(II)

O 5 de novembro, como data comemorativa, tem um nome oficial: “Dia da Cultura e da Ciência”. É só assim, desse jeitinho, com essa grafia e até as aspas, do modo como está na Lei; não é “Dia Nacional da Cultura e da Ciência Brasileira” nem qualquer outra denominação que se espalha Internet adentro e afora. Acima, tratamos da “Cultura”. Sobre “Ciência”, passemos a seguir.

CIÊNCIA

Embora divida o 5 de novembro com a Cultura, a Ciência tem outra data: o 8 de julho, quando é comemorado (ou, ao menos, lembrado) o "Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico".

A LEI – O Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico é a denominação de dois "Dias": o Dia Nacional da Ciência, instituído pela Lei federal nº 10.221, de 18 de abril de 2001, assinada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, e o Dia Nacional do Pesquisador, instituído pela Lei federal nº 11.807, de 13 de novembro de 2008, assinada pelo vice-presidente José Alencar Gomes da Silva, no exercício da Presidência. Na lei "alencarina" não há o adjetivo "Científico" após "Pesquisador".

O "Dia Nacional da Ciência" é uma referência à data de fundação, em 8 de julho de 1948, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), grande Entidade de que fui membro por anos e anos, décadas atrás.

A Ciência a que se refere a ancestral Lei 5.579 é aquele “corpo de conhecimentos sistematizados adquiridos via observação, identificação, pesquisa e explicação de determinadas categorias de fenômenos e fatos, e formulados metódica e racionalmente” (Houaiss). Ciência é criar a cobra e mostrar como isso pode ser feito e repetido. (Quem mata a cobra e a mostra morta é a política, senhora absoluta das provações e privações culturais e científicas no Brasil).

Mais que explicar Ciência, melhor é exemplificar Ciência. Alguns casos:

1)     CHOCOLATE – Com 41 mil quilômetros quadrados (km2), a Suíça é menor do que o Rio de Janeiro ou o Espírito Santo, dois dos cinco menores Estados brasileiros. A Suíça não planta um pé de cacau... Mas onde são fabricados os assim declarados melhores chocolates do mundo? É na Suíça ou no Brasil, que está se aproximando de 200 mil toneladas de cacau por ano (produção em queda)? É a Suíça que compra chocolate do Brasil ou é o Brasil que importa os caros chocolates da Suíça? Tudo isso tem a ver com Ciência...

2)     SOJA – Com 377 mil km2, o território do Japão é, em sua maior parte, de origem vulcânica e impróprio para cultivo e construção civil. O Japão é um conjunto de 14.125 (contagem de 2023; antes, eram 6.852 ilhas). Todo dia tem terremotos e/ou maremotos e/ou vulcões ativos. Falando “grosso modo”, o Japão tinha e tem todas as pré-condições para dar errado enquanto País; entretanto, é um dos mais desenvolvidos do mundo, é a quarta maior economia do planeta. Por exemplo, importa a soja brasileira e, com sua Ciência, a transforma em medicamento(s), como o fito-hormônio de soja, indicado até para tratamento de câncer de útero e de mama. E o Brasil, que, campeão mundial, produz 171 milhões de toneladas de soja* (2024/2025) dos 420 milhões de toneladas* que o mundo produz, vende seus grãos “in natura” e os recompra sob forma de caros medicamentos... Isso é (falta de ) Ciência... (*) Fonte: https://www.embrapa.br/soja/cultivos/soja1/dados-economicos

3)     COCO – Em uma praia ou praça, na esquina de uma rua ou em carrinhos, compramos coco da praia, bebemos seu líquido, quando muito o partimos e comemos a “remela”, a polpa... e jogamos fora o restante, aliás, a maior parte. Pois bem: orientais utilizam a casca (endocarpo) para estofamento dos bancos de seus carros de luxo. Isto é Ciência.

4)     PEDRAS – Antigamente, dos peixes que se capturavam, cortava-se a cabeça, que era jogada fora. Hoje, já há quem praticamente se interesse mais pela cabeça que pelo restante do peixe. Na cabeça há três pares de pedras, umas menores, outras maiores, como as da cabeça da corvina e do bacalhau. São os otólitos. Já se fala de uso científico dessas pedras e há discretos postos de compra pelo Brasil. Os orientais as querem. É bom começar a estocar pedras de cabeça de peixes.... A Ciência poderá ter bons usos com elas...

5)     CAFÉ – Achou que o 7 a 1 que a Seleção Brasileira de Futebol levou em 8 de julho de 2014 da Alemanha foi a maior surra que os germânicos deram e dão no Brasil? Pois anote aí: a Alemanha compra 6,5 milhões de toneladas de café do Brasil (safra 2023/2024; fonte: www.cecafe.com.br). Por meio de sua formidável logística, os alemães vendem parte dessas toneladas de café por um preço várias vezes superior ao que comprou dos agricultores brasileiros. Com a parte restante do total de toneladas de café, os alemães produzem cafés especiais, de preços altíssimos, para mercados sofisticados, que têm poder e não têm pudor de pagar até SETENTA VEZES MAIS CARO do que os alemães nos compraram!... Isso é Ciência (e, claro, Administração / Logística também). Para se ter uma ideia, a indústria alemã Melitta, em um país que não planta um pé de café, tem mais de 160 itens fabricados por ela DEDICADOS SÓ PARA CAFÉ, como cafeteiras, filtros (inclusive de papel), máquinas e equipamentos, cafés solúveis etc. etc. etc. Tem fábricas em mais de CEM países, inclusive no Brasil, fornecedor da matéria-prima (“commodity”) em torno da qual giram as indústrias Melitta desde 1908, quando foi fundada. Isso é Ciência, inclusive a ciência de ganhar dinheiro com o produto dos outros...

Faltam CIÊNCIA e CONSCIÊNCIA no Brasil.

*

Cultura e Ciência são necessidades de primeira grandeza. Países desenvolvidos são países de grande cultura artística e científica.

O Brasil está cheio de criadores e cultivadores, técnicos, tecnólogos e cientistas.

Sobra talento. Falta apoio.

Há dinheiro. Falta vergonha...

... Vergonha para não dilapidar os recursos que têm origem em cada um de nós.

Até quando abusarão de nossa paciência, seus Catilinas?

* EDMILSON SANCHES

NO BRASIL, TER CONHECIMENTO É UMA AGRESSÃO

(SE NO BRASIL JÁ SE PRATICA POLÍTICA ERRADA E SE CULTIVA UMA MORAL ERRADA... POR QUE SE INCOMODAR EM FALAR A LÍNGUA ERRADO?)

*

O amigo Jerry Alves, pessoa de bons pensares, falares e escreveres, aqui e acolá me "provoca" com a remessa ou indicação de certos assuntos.

Declarado admirador de umas e outras coisas que escrevo e de minha atuação como cidadão que “enfrentou o sistema” na política (para a raiva de alguns), Jerry, segundo me contou, já teve até de me defender de pessoas que, em conversa com ele, manifestavam o desagrado delas pelo simples fato de eu buscar conhecimento.

Jerry teve de perguntar a essas pessoas se elas tinham alguma crítica contra mim baseada em roubalheira minha quando era político com mandato, se conheciam minha produtividade enquanto parlamentar em Câmara Municipal (as leis, os projetos, as audiências públicas, os discursos, as diversas proposições, o “ide e pregai” nos bairros e povoados), se eu empreguei (ou pedi para empregar) parente ou qualquer gente na Prefeitura, e se eu, como cidadão, era um mal para a cidade, o município.

Enfim, perguntou o Jerry àquelas gentes que motivo levava uma pessoa a condenar outra pelo simples (simples?) fato de buscar conhecimento e, principalmente, dividi-lo com os semelhantes por aí, sem ônus, em escolas e outras instituições, bairros e povoados, cidades e estados, ajudando para a formação e formatação de uma melhor consciência crítica etc. etc.

Tem certos políticos e assessores e asseclas de políticos que me detrataram exatamente pelo que eu NÃO sou, pelos vícios e desvios de que eles e seus chefes e chefetes são portadores e praticantes, sustentados geralmente por brasileiros que, com certeza, não se orgulham de tê-los como mandatários, representantes ou servidores. Bandidos... (atuam como bando).

*

Mudando, ou entrando, no assunto, tempos atrás foi trazido a mim o assunto, na época, acerca da medida do Ministério da Educação brasileiro, de chancelar livro didático para crianças onde se diz que falar e escrever errado é certo.

Minha opinião:

Validar ou avalizar o significado da mensagem sem se importar com sua forma é enfraquecer as bases da própria Língua.

Claro, há sim ambientes e situações onde e quando se pode falar à vontade, sem necessidade de saber se o pronome pessoal "SE" está em próclise, ênclise ou mesóclise. (Lembre-se da a piada: "O carro SE atolou-SE".)

Há espaço, sim, para a informalidade, para a descontração, para o falar sem observar a norma padrão ou norma culta.

Há espaço e momento até para o não falar...

Agora, não parece ser bom para a pessoa ou para seu país apor um carimbo oficial permitindo, endossando, legalizando ou legitimando o uso incorreto (ou, vá lá, discordante da norma padrão) da Língua Portuguesa.

Se "minha Pátria é minha Língua", então façamos e falemos (d)a Pátria errada, viva a Pátria errada!

Estamos na pátria errada...

Não é cultivando menos a própria Língua Portuguesa que seremos melhores cidadãos.

Não será errando na Língua que acertaremos na Cidadania.

Não é assim que seremos mais ricos, ou menos pobres.

Não é desrespeitando o próprio idioma que seremos mais respeitados no estrangeiro.

Pelo visto, estamos preparando o Brasil para o entregarmos às Nações estranhas.

Se não temos porque lutar, se o erro é que é o certo e o conhecimento é enxovalhado, antecipemos o futuro e, com o apoio da maioria que odeia "falar certo", que não tem tempo para o conhecimento...

... com o apoio – até inconsciente e involuntário – da maioria dos analfabetos, ágrafos, agramatistas, amorais, imorais, incultos, não leitores, famintos de arroz e feijão, ignorantes da ciência do conhecimento e do conhecimento da Ciência,...

... enfim, com o apoio de políticos bandidos e dos bandidos políticos, antecipemos o futuro e vendamos o Brasil, coloquemos nosso país na hasta pública, façamos um leilão e que o pregoeiro grite – em correto idioma estrangeiro – que nós brasileiros cansamo-nos de ser um país grande de atitudes pequenas, que acha "esperto" aquele candidato e aquele político ser ladrão, aquele cidadão não ter cidadania, aquele brasileiro falar de qualquer jeito, desde que "comunique", desde que a mensagem seja entendida, entendeu?

O Brasil já não tinha muita coisa para defender como certo. Até fazer política corretamente é errado: quem faz assim perde, se lasca – pois político que não é corrupto não é confiável.

Agir com correção, não dar um "jeitinho", não furar a fila, não agradar/não corromper o guarda e outras autoridades é ser besta, tolo, idiota, imbecil.

Buscar o conhecimento e respeitar a Língua, é querer "aparecer".

Para não encompridar a lista, basta dizer que fizemos a opção consciente por praticar uma Política errada, uma Moral errada, uma Cidadania errada, uma Saúde errada, uma Educação errada...

Por que se incomodar em falar uma língua errado?

Ao menos deixem em paz aqueles que escolherem ("errado") o modo certo de fazer... e falar.

Certo?

*EDMILSON SANCHES

(*) O Dia Nacional da Língua Portuguesa – 5 de novembro – foi instituído, no Brasi,l pela Lei federal nº 11.310, de 12 de junho de 2006. O dia 5 de novembro é uma homenagem a um dos maiores estudiosos e cultivadores da Língua Portuguesa, o advogado, político e escritor Ruy Barbosa, nascido nessa data em 1849.

*

Comentário

"SOU SIM, UM GRANDE ADMIRADOR DO POLÍTICO EM QUEM JÁ CONFIEI E CONFIO MEU VOTO SEM ME ARREPENDER, DO CIDADÃO INSTIGADOR, CONSCIENTE E PARTICIPATIVO QUE TU ÉS".

Quanta honra ser citado em um texto de tamanha qualidade e importância ["TER CONHECIMENTO É UMA AGRESSÃO"], para saudar uma data enormemente especial de nosso calendário [5 DE NOVEMBRO, DIA NACIONAL DA LÍNGUA PORTUGUESA], ainda mais vindo de um dos maiores linguistas que conheço, um imenso cidadão, e um voraz guardião de nossa tão mal falada Língua Portuguesa.

Em tempos de rede social, então... quem cuidará desse tesouro?

Ainda chegará o dia em que as pessoas serão admiradas pelo seu saber e conhecimento acumulados, em vez de pelo tanto de números em sua conta bancária?

E quando será que o eleitor elegerá alguém por suas credenciais, em vez de o quanto o sujeito é o mais popular da vez, o amalucado que o denominam de Messias, o que compre votos e consciências suficientes, ou tenha participado de um BBB?

Quando?

Sou sim, um grande admirador do escrevinhador fora de série, e do estudioso intelectual em que tu te tornaste ao longo do tempo, do político em quem já confiei e confio meu voto sem me arrepender, do cidadão instigador, consciente e participativo que tu és na comunidade em que vives, e o amigo atencioso, correto e de excelente companhia, sempre.

Receba o meu fraterno abraço e votos de saúde; e muito obrigado pela amizade e citação.

Em tempo: viva a Língua Portuguesa!"

(JERRY ALVES, radialista, mestre de cerimônias. Boa Vista/RR, 5/11/2018)

Criado com o objetivo de aliar o estudo e a prática esportiva na vida de crianças em São Luís, o Projeto Educação e Esporte – Escolinha de Futebol está pronto para o início de mais uma temporada de atividades. O lançamento oficial da 7ª edição do Educação e Esporte, que conta com os patrocínios do governo do Estado e das Drogarias Globo por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, ocorrerá na manhã deste sábado (8), a partir das 8h, na Associação do Altos do Calhau.

Na abertura da 7ª edição do Projeto Educação e Esporte, os alunos receberão kits para participação nas atividades semanais. Os kits são individuais e compostos por uniforme completo (camisa, calção e meião), chuteiras, bolsas, caneleiras, squeeze e agenda escolar.

Em sua nova temporada, o Projeto Educação e Esporte terá a participação de 60 crianças de 8 a 12 anos, que serão beneficiadas com aulas de reforço escolar e treinos de futebol de campo na Associação do Altos do Calhau. Na edição anterior, o projeto foi desenvolvido na Associação dos Veteranos da Caixa D’Água do Cohatrac.

"Estamos muito felizes e com uma expectativa enorme para a 7ª edição do Projeto Educação e Esporte, que já se consolidou como uma das grandes iniciativas sociais de São Luís, transformando a vida de centenas de crianças durante todo esse tempo. Nós queremos dar uma oportunidade a esses jovens da região do Altos do Calhau, para que eles possam se tornar grandes cidadãos por meio dos ensinamentos adquiridos nos estudos e na prática esportiva. Agradecemos mais uma vez ao governo do Estado e às Drogarias Globo por todo o apoio para a realização das atividades do Educação e Esporte", afirma Kléber Muniz, coordenador do projeto.

Projeto Educação e Esporte

Em execução desde 2016, o projeto já atendeu mais de 350 crianças. O grande diferencial dessa iniciativa é justamente conseguir levar educação e esporte para as crianças. A dinâmica do projeto é bem simples: semanalmente, as crianças participam dos treinos de futebol acompanhados por profissionais de educação física. Paralelamente ao trabalho desenvolvido em campo, a garotada recebe acompanhamento educacional, com aulas que servem como uma espécie de reforço escolar.

Vale destacar que, nos dias dos treinos, as crianças do projeto recebem acompanhamento de uma pedagoga e de profissionais de educação física. Além disso, eles ainda participam de um lanche coletivo.

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Uma das equipes mais vitoriosas do esporte maranhense, o Balsas Futsal continua se preparando com foco total na disputa da Campeonato Maranhense de Futsal 2025. Maior campeão do Estado na categoria Adulto Masculino, com 10 títulos, o Balsas, que tem o patrocínio da Prefeitura de Balsas e da Casa Sertaneja, sediará a etapa regional da competição entre os dias 28 a 30 de novembro, no Ginásio do Colégio Educar, contando com o apoio do torcedor para dar um passo importante na ampliação da hegemonia no futsal do Maranhão.

Na etapa regional da categoria Adulto Masculino do Maranhense de Futsal 2025, o Balsas Futsal vai enfrentar a atual campeã estadual AMAFC, de São Francisco do Brejão, e o Real 7, de Imperatriz, vencedor da Copa Cultiva, realizada em Balsas. Para conquistar grandes resultados e ganhar força na briga pelo 11° Estadual de sua história, o Balsas Futsal ressalta a importância da presença da torcida, que terá entrada gratuita nos jogos da equipe.

"A nossa equipe está trabalhando firme para o Campeonato Maranhense de Futsal, com o objetivo de voltar a conquistar o título no torneio Adulto Masculino, onde somos os maiores campeões. Estamos felizes por sediar a fase regional do Estadual, e o apoio do torcedor de Balsas será fundamental nesses confrontos de alto nível contra equipes qualificadas. Fica o convite para que a população balsense venha prestigiar a nossa equipe, a entrada é gratuita e esperamos um ginásio cheio com a nossa torcida nos incentivando em busca das vitórias", declara Hallysson Dias, presidente e técnico do Balsas Futsal.

Além de lutar por mais um título na categoria Adulto Masculino, o Balsas Futsal vai disputar o Campeonato Maranhense de Futsal 2025 em outras 14 categorias: Sub-7, Sub-8, Sub-9, Sub-10, Sub-11, Sub-12, Sub-13, Sub-14, Sub-15, Sub-16, Sub-17, Sub-19, Sub-20 e Adulto Feminino. O Balsas jogará a primeira fase dos torneios Sub-8, Sub-9, Sub-10, Sub-11 e Sub-12 em Imperatriz, enquanto as demais equipes farão os seus primeiros compromissos em São Luís.

O Balsas Futsal conta com o patrocínio da Prefeitura de Balsas e Casa Sertaneja, além dos apoios da Líder Peças, da Evolução Contabilidade e de Tulio Rezende.

(Fonte: Assessoria de imprensa)

O piloto maranhense Ciro Sobral vive a expectativa pela etapa especial da Fórmula 4 Brasil 2025, principal categoria-escola em monopostos do automobilismo nacional, que será realizada no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, como parte do cronograma oficial do GP de São Paulo de Fórmula 1. Ciro, que está em oitavo lugar na classificação geral da F4 Brasil, vai disputar três corridas no sábado (8) e no domingo (9), tendo a oportunidade de competir diante de um grande público em Interlagos e mostrar todo o seu talento diante dos chefes de equipe e pilotos da maior categoria de automobilismo no mundo.

Além de poder competir em um evento que integra a programação da Fórmula 1 no Brasil, Ciro Sobral vai aproveitar a etapa especial da Fórmula 4 Brasil em Interlagos para fazer as primeiras corridas em sua nova equipe, a Starrett Bassani Racing, onde vive a expectativa de voltar a brigar pelas primeiras posições e repetir o bom desempenho do início da temporada de 2025: depois de garantir a pole position e conquistar uma vitória histórica na Corrida 1 da 1ª etapa da F4 Brasil, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, Ciro ficou em segundo lugar na Corrida 2 da 3ª etapa, realizada no Autódromo Velocitta, em Mogi Guaçu.

"A expectativa é grande para voltar a acelerar em Interlagos, palco da minha primeira vitória na Fórmula 4 Brasil, ainda mais durante a programação do evento da Fórmula 1 em São Paulo. Já tive essa experiência no passado. Eestou muito feliz por ter essa oportunidade outra vez e muito confiante em um bom desempenho. Estou voltando para o grid animado com o que há por vir e muito ansioso para viver esse momento mais uma vez. Obrigado por todo o apoio e mensagens de carinho que recebi nos últimos meses, desistir não é a opção e estamos muito felizes por acelerar com a Starrett Bassani. Conto com a torcida de todos em mais um desafio na temporada", afirma Ciro Sobral, que é o único piloto do Norte/Nordeste na Fórmula 4 Brasil.

A etapa especial da Fórmula 4 Brasil 2025 começa na sexta-feira (7), com a realização de um treino livre a partir das 9h05, com 40 minutos de duração. Já às 17h, os pilotos voltam para a pista de Interlagos no treino classificatório, que definirá o pole position da etapa e o grid de largada para as Corridas 1 e 3.

A Corrida 1 da etapa especial da Fórmula 4 Brasil 2025 será realizada na manhã de sábado (8), a partir das 9h25, com duração de 25 minutos, assim como a Corrida 2, que ocorre às 16h35. A Corrida 3, por sua vez, tem largada marcada para domingo (9), às 9h20, com duração de 18 minutos.

Revelação do automobilismo maranhense

Em sua segunda temporada consecutiva na Fórmula 4 Brasil, Ciro Sobral se consolidou como uma das revelações da modalidade e chega a esta temporada como um dos postulantes ao título. Em 2024, quando fez a sua temporada de estreia e foi o único piloto do Norte/Nordeste a participar da categoria-escola, Ciro colecionou bons resultados e garantiu o Top 5 do campeonato dos novatos, além de atingir o Top 10 da classificação geral, adquirindo um grande aprendizado para a sequência da carreira no automobilismo.

No ano passado, Ciro Sobral teve uma temporada de estreia com oito etapas, cada uma com três corridas, e subiu ao pódio três vezes, com destaque para o segundo lugar na abertura da competição, ocorrida no Autódromo Velocitta, em Mogi Guaçu. O piloto maranhense também garantiu o terceiro lugar na quarta etapa, que foi disputada em Goiânia, e na quinta etapa, em Buenos Aires, faturando o seu primeiro pódio internacional justamente na estreia da F4 Brasil no exterior.

Em processo de adaptação à Fórmula 4 Brasil e de evolução a cada corrida, Ciro Sobral encerrou a temporada de 2024 com ótimos resultados. Além de ficar em 4º lugar no campeonato dos novatos, com 260 pontos, Ciro esteve no primeiro pelotão da classificação geral durante toda a F4 Brasil 2024 e concluiu o ano em 9º lugar, somando 109 pontos.

Treinos e corridas na Itália

Em meio à temporada 2024 da Fórmula 4 Brasil, Ciro Sobral teve uma experiência internacional de destaque no fim de outubro, participando de treinos e disputando três corridas da sétima e última etapa da Fórmula 4 Italiana no Autódromo de Monza, um dos circuitos mais famosos do automobilismo mundial e conhecido como o "Templo da Velocidade".

Único piloto do Norte/Nordeste a disputar a F4 Italiana 2024 e representante do Brasil na última etapa da competição, Ciro Sobral correu pela escuderia Jenzer Motorsport e teve um desempenho regular na categoria mais competitiva do mundo para jovens pilotos, com destaque para o Top 20 na primeira corrida em Monza. 

CLASSIFICAÇÃO DA F4 BRASIL 2025 APÓS QUATRO ETAPAS (TOP 10)

1° - Heitor Dall'Agnol, 199 pontos

2° - Filippo Fiorentino, 120 pontos

3° - Murilo Rocha, 116 pontos

4° - Pedro Lima, 110 pontos

5° - Pedro Lins, 86 pontos

6° - Ethan Nobels, 85 pontos

7° - Pietro Mesquita, 62 pontos

8° - Ciro Sobral, 61 pontos

9° - Alceu Feldmann Neto, 56 pontos

10° - Rogério Grotta, 54 pontos 

CALENDÁRIO DA F4 BRASIL 2025

1ª etapa: 3 e 4 de maio, Interlagos (SP) – já realizada

2ª etapa: 20 de julho, Velocitta (SP) - já realizada

3ª etapa: 28 de setembro, Velocitta (SP) - já realizada

4ª etapa: 5 de outubro, Velocitta (SP) - já realizada

Etapa especial: 9 de novembro, Interlagos (SP) – Preliminar do GP de São Paulo de Fórmula 1

5ª etapa: 30 de novembro, Brasília (DF)

6ª etapa: 14 de dezembro, Interlagos (SP)

(Fonte: Agência Brasil)

Cérebro: use-o.

*

Minha página no Facebook e este espaço aqui não são de conforto ou comodismo. Eles, muitas das vezes, instigam, problematizam, criticam, propõem reflexões, sugerem ações.

Em geral os textos são grandes. E mesmo em décadas e décadas de produção textual, apenas uma – repita-se: apenas uma –- pessoa, residente em uma capital de estado, observou, uma única vez, que eu deveria, digamos, ser "menor", escrever textos mais compactos. (De qualquer modo, essa pessoa prossegue em leituras de meus textos e comentários a eles).

É claro, escrevo textos de pequeno tamanho, poesias de poucos versos, contos de duas, três linhas (microcontos), crônicas, “causos”, sueltos, notas etc., de reduzido número de caracteres.

Mas, sem desconsideração, quem só encara texto “menor” perde a oportunidade de conviver literal e literariamente com algo maior. Só porque são “textões”, não se deve decretar a inutilidade dos romances, das novelas, peças teatrais, artigos de profundidade, ensaios, crítica... Civilizações inteiras nos diversos continentes da Terra têm a marca e o orgulho de suas graaaandes produções: a Bíblia, “Dom Quixote de La Mancha” (de Cervantes), “Em Busca do Tempo Perdido” (Proust), “Primeiros Cantos” (Gonçalves Dias), “Dom Casmurro” (Machado de Assis), “Guerra e Paz” (Tolstói), “Comédia Humana” (Balzac), “Crime e Castigo” (Dostoievski), “Grande Sertão: Veredas” (Guimarães Rosa), “Os Miseráveis” (Victor Hugo), “A Divina Comédia” (Dante), as obras de Shakespeare, “Madame Bovary” (Flaubert), “A República” (Platão), “Ilíada” e “Odisseia” (Homero), “O Príncipe” (Maquiavel), “os Lusíadas” (Camões)...

É um universo de pelo menos 130 milhões de livros publicados em todo o planeta. Se pudéssemos ler um livro por minuto, calcula o “El País”, jornal espanhol, levaríamos mais de dois séculos... Ler é escolher...

Comunidades desenvolvidas são comunidades leitoras. E leitoras de livros, não de telegramas.

Aponte-me uma sociedade atrasada e ali haverá uma população não leitora.

Dos mais de CEM BILHÕES de pessoas que já existiram no planeta Terra, pelo menos 99% não deixaram uma marca para a posteridade. Nem seus ossos sobraram, corroídos pelo Tempo. Transformados em pó.

Assim, de certa forma, a coisa escrita torna-se o novo fóssil. O fóssil onde cientistas, especialistas e pesquisadores de um distante futuro haverão de colher material que diga ou que ajude a dizer como era a sociedade humana em que vivíamos nós que fomos habitantes dos antigos séculos 20 e/ou 21.

Claro, cada um de nós tem o direito de ir pro inferno em paz, isto é, de fazer nossas próprias escolhas, de viver como quiser, de preferir o comodismo ou o esforço, a preguiça ou a labuta, a vida mole ou o trabalho duro.

De minha parte, acho que usar ambientes de redes sociais e outros espaços da Internet ("blogs", "sites"...) apenas (eu disse: "apenas") para frivolidades é desperdiçar os recursos dos espaços digitais e o talento potencial que cada um de nós carregamos, pois todos nascemos com a mesma quantidade de neurônios. Mas, enfim, volto a repetir, não há censura nisso, é só uma constatação, e cada um – torno a dizer – é senhor ou senhora de sua própria vida. Dela faz o que quiser – desde que não "mexa" negativamente com a vida dos outros.

Mas convenhamos que, do ponto de vista biológico, não faz bem nenhum aos neurônios de uma pessoa ou aos cromossomos (a herança genética que ela deixará) se ela, pessoa, por exemplo, em redes sociais, se limita a "comentar" quase sempre com reduções/abreviações do tipo "vdd" ou demonstrar reações e emoções com "rs rs" / "kkk" ou com figuras de rosto ou dedão azul pra cima (ou pra baixo).

Quanto de tempo alguém economiza "escrevendo" assim? E o que faz com o tempo economizado? Qual o ganho que há se, em vez de "verdade" escreve "vdd", ao invés de "beleza" escreve "blz" etc.?

A repetição, a frequência, o acostumar-se a essa linguagem excessivamente sincopada vai gradativamente habituando o cérebro (que tanto quer desafios, informações...) a ficar "preguiçoso", lento... Aí, quando o escrevedor de "vdds" e "kkks" se defronta com textos com linhas a mais, bate o desânimo, a preguiça, o desconforto, o desinteresse, quando não a imediata repulsa – pois o cérebro não foi adequadamente estimulado (exceto para o nenhum ou pouco esforço mental).

Quanto tem de enfrentar uma redação no vestibular, uma entrevista de emprego, a pessoa se perde, se ataranta... porque não habituou para a leitura, a inteligência, o raciocínio, a escrita adequada o único órgão que define quem ele é (o cérebro).

Tempos atrás, um leitor da página que tenho no Facebook pediu-me, por mensagem privada, que escrevesse um texto sobre um determinado assunto. Depois de uns poucos dias em que fui fazendo leituras e reflexões sobre o tema, depois de naturalmente meu cérebro ir acumulando e organizando "automaticamente" informações e correlações acerca da matéria, escrevi o texto e prontamente o enviei para meu leitor, também por mensagem privada (Messenger) – afinal, se ele me suscitara para escrever o texto, deveria ser o primeiro a dele tomar conhecimento...

Quase que imediatamente o leitor enviou-me esta micromensagem: "Vdd". Basicamente, ele havia lido só o título e já pespegou uma resposta, um comentário.

Naquele tempo eu sequer sabia o que era "vdd". Rapidamente descobri o que significava e indaguei ao leitor: "É só isso o que você tem a dizer?"

Achei que essa pergunta se justificava. Afinal, eu investira tempo, esforço, saúde, energia mental para a elaboração do texto com alguma propriedade e, como "resposta", me vem três consoantes!...

A coisa piorou. Em "resposta" à minha pergunta, o leitor enviou a figura de um dedão de cor azul, com o polegar para cima, como a "dizer" "OK", ou "certo", "isso mesmo".

Ou seja: o leitor saiu da fase das abreviações, onde ainda se usavam letras, para um nível simbólico, imagético. O cérebro se acomoda mais, pois a interpretação, o significado é quase simultâneo. A mente vai ficando em estado basal, termo da Medicina que indica que um órgão ou organismo chegou ao ou está no patamar mínimo de atividade.

Embora o cérebro não seja estimulado apenas pela leitura e a escrita, a Ciência já confirmou que a leitura é a verdadeira "academia de ginástica" do cérebro. Sem um bom uso da linguagem, corremos o risco de voltar ao "Ugh! Ugh!" e, quando acabar esta fase "verbal, voltaremos a fazer inscrições nas cavernas...

É evidente que não se está negando aqui o valor de frases curtas, densas, espirituosas, que fazem "pirar" e inspirar. Não se nega o valor do pequeno, do extremamente minúsculo, do qual todos nós e tudo em qualquer parte do Universo somos constituídos. O de que se fala aqui é de outra coisa.

*

Sabemos que, dentro de um futuro ainda distante, o planeta Terra e tudo que há nele deixarão de existir. Um irrefreável fenômeno astronômico de gradual aproximação do Sol à Terra vai queimar, vai torrar nosso mundo. É verdade científica. Não é "se", mas "quando", e todo o conhecimento humano acumulado nada poderá fazer. A solução, há muito pensada e buscada, é descobrir um novo planeta que nos acolha e nos ature (pois somos maus, não zelamos devidamente o lugar que habitamos).

A busca por uma nova "casa planetária” necessitará de mais e mais conhecimentos – inovadores, criativos, ousados, exequíveis, quiçá urgentes. Conhecimentos exigem mentes preparadas, porosas, abertas, sequiosas de saber (sem neura, evidentemente). E não se consegue isso com "kkks", não é vdd? Então, blz.

Ser "moderno" ou contemporâneo não é ter um telefone inteligente ("smartphone") de última geração, com todos os aplicativos possíveis. Ser "moderno" não é ter um computador com altíssima memória RAM e terabytes de capacidade no HD. Ser moderno ou contemporâneo, sem descartar os momentos de diversão, contemplação, relax, é ter e/ou desenvolver conteúdos que nos tornem também agentes das ideias e dos fazeres, "mens et manus", e não cômodos usuários de facilidades e frivolidades.

A Humanidade precisa que os humanos explorem suas potencialidades – para ao menos tentar garantir nossa sobrevivência enquanto espécie.

Nada tão frustrante como testemunhar o desaparecimento de um indivíduo ou de uma sociedade sem que ele ou ela tenham atingido seu estado de quase plenitude na sadia exploração, na adequada utilização das possibilidades de cada um de nós.

O cérebro não tem esses bilhões todos de células (os neurônios) à toa.

Essa enorme quantidade de neurônios não está dentro de cada um de nós apenas para fazer número...

... ou ser uma enrugada massa...

... ou uma viscosa pasta.

Basta.

* EDMILSON SANCHE