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São Paulo - 04/07/2025 - Mostra de Cinema Indígena exibe 11 filmes de diretores de diversas etnias. Foto: Agência SP

Cineastas indígenas de diferentes regiões do país terão seus filmes exibidos no próximo dia 13 de julho,  durante a Mostra de Cinema Indígena, na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo. A programação é gratuita e aberta ao público das 11h às 21h30. Para participar é preciso se inscrever pelo site spaudiovisualhub.com.br .

Realizada pelo São Paulo Audiovisual Hub, iniciativa da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do governo do Estado de São Paulo, a mostra terá a exibição da produção de filmes, documentários e videorreportagens dirigidos por 11 cineastas dos povos Guarani, Kuikuro, Huni Kuin, Yanomami, Munduruku, Tukano, Tupinambá, Ikpeng e Guajajara.

A curadoria da Mostra de Cinema Indígena é assinada por Carolina Caffé, Kerexu Martim Guarani e Edivan Guajajara. Após a exibição de alguns filmes, haverá debate com realizadores, protagonistas e lideranças. Paricipam Beka Munduruku, Edivan Guajajara, Oremé Ikpeng, Kerexu Martim, Richard Wera Mirim Guarani, Natália Tupi, Jera Guarani, Txai Surui, Thiago Guarani, Larissa Tucano, Beatriz Pankarai e Geni Núñez.

Confira a programação

Das 12h às 14h

Mãri hi – A Árvore do Sonho, direção de Morzaniel Ɨramari, de etnia Yanomami.

Parte do mote “quando as flores da árvore Mari desabrocham, surgem os sonhos”, com as palavras de um grande xamã conduzindo uma experiência onírica por meio da sinergia entre cinema e sonho yanomami, apresentando poéticas e ensinamentos dos povos da floresta.

Minha Câmera é Minha Flecha, direção de Natália Tupi e Guilherme Fascina, etnias Guarani e Tupinambá.

Conta a história de Richard Wera Mirim, um jovem Comunicador Indígena do Povo Guarani Mbya da Terra Indígena Jaraguá, território que ainda resiste às margens da Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo. O filme traz um pouco de sua trajetória, aliada à força do audiovisual e do uso das redes sociais na luta e resistência indígena. Mostra a câmera como uma flecha, uma ferramenta de comunicação poderosa para registrar e retratar, com o olhar de quem vivencia a cultura, os conhecimentos, os territórios e demais aspectos dos povos originários.

Somos Raízes: Guardiões da Floresta, com direção de Edivan Guajajara, da etnia Guajajara.

Uma videorreportagem que traz a realidade dos que lutam pelo território Tenetehara no Maranhão: os Guardiões da Floresta do povo Guajajara. Eles são reconhecidos mundialmente por seu trabalho em defesa da mata remanescente na porção amazônica do Maranhão - menos de 20% da cobertura original. Na Terra Indígena Araribóia e na Terra Indígena Caru, onde o grupo de autodefesa reúne cerca de 120 indígenas para proteger o território, os guardiões expulsam madeireiros e outros invasores, às vezes pagando com sua própria vida.

Após a sessão haverá um bate-papo com o diretor e Richard Wera Mirim Guarani, com a mediação de Beatriz Pankararu

Das 15h às 17h

A Febre da Mata, com direção de Takumã Kuikuro, da etnia Kuikuro.

Conta a história do pajé e sua família que saem para pescar e,durante a pesca uma onça se aproxima assustada em busca de ajuda. O pajé retorna imediatamente para a aldeia e alerta seu povo do perigo que se aproxima. Ele busca força espiritual na pajelança à medida que sua preocupação cresce. O fogo invade a floresta os animais fogem em busca de abrigo, mas muitos não resistem. 

Thuë pihi kuuwi: Uma Mulher Pensando, com direção de Aida Harika Yanomami, Edmar Tokorino Yanomami, Roseane Yariana Yanomami, da etnia Yanomami.

No filme uma mulher yanomami observa um xamã durante o preparo da Yãkoana, alimento dos espíritos. A partir da narrativa de uma jovem mulher indígena, a Yãkoana que alimenta os Xapiri e permite aos xamãs adentrarem o mundo dos espíritos também propõe um encontro de perspectivas e imaginações.

Aguyjevete avaxi’i, com direção de Kerexu Mirim, da etnia Guarani.

O documentário celebra a retomada do plantio das variedades do milho tradicional do povo Guarani M’bya na aldeia Kalipety, onde antes havia uma área seca e degradada, consequência de décadas de monocultura de eucalipto. Considerado um alimento que os seres divinos possuem em suas moradas celestes, o milho passa por rituais e bênçãos desde o plantio até a colheita, quando a aldeia se junta para festejar. Comê-lo mantém a vitalidade dos seres humanos em equilíbrio, à semelhança das divindades.

Em seguida haverá um bate papo com Keretxu Martim e Jera Guarani, mediado por Txai Surui.

Das 17h às 19h

Rami Rami Kirani, com direção de Lira Huni Kuin, da etnia Huni Kuin.

Conta a história das mulheres Huni Kuin que, há até pouco tempo, não podiam consagrar e preparar o Nixi Pae (ayahuasca) - apenas os homens conheciam o poder dessa medicina. Um filme sobre os aprendizados, transformações e a força da ayahuasca através das mulheres Huni Kuin. Realizado durante a oficina de formação audiovisual e direitos das mulheres indígenas na Aldeia Mibãya, na Terra Indígena Praia do Carapanã, no Acre.

Nhemongaraí - Ontem, Hoje e Amanhã, com direção de Natália Tupi e Richard Wera Mirim, da etnia Guarani e Tupinambá.

O filme é um mergulho na noite de 24 de janeiro, quando acontece anualmente o Batismo das águas na Tekoa Pyau, Terra Indígena do Jaraguá, em São Paulo. O documentário é narrado pelo xondaro Michael Tupã Popyguá, jovem liderança do território, e traz a importância de repassar a cultura e ancestralidade de geração para geração. O filme também é uma homenagem ao líder Alísio Tupã Mirim, que partiu um mês após as filmagens.

Wehse Darase - Trabalho da Roça, com direção Larissa Tukano, da etnia Tukano.

O documentário foi produzido durante as Oficinas de Audiovisual para Salvaguarda do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro, promovidas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O filme apresenta, de maneira íntima e subjetiva, as relações geracionais no contexto das roças que compõem esse sistema agrícola, reconhecido como patrimônio cultural imaterial do Brasil. A obra destaca a importância da agricultura tradicional para a identidade e a sustentabilidade das comunidades indígenas do Rio Negro, evidenciando práticas ancestrais e saberes transmitidos entre gerações.

Em seguida haverá um bate-papo com Natália Tupi e Larissa Tukano, com mediação de Thiago Guarani

Das 19h30 às 21h30

Yarang Mamin, com direção de Kamatxi Ikpeng, da etnia Ikpeng.

O filme é um mergulho no dia a dia das mulheres do povo Ikpeng que coletam sementes nativas no Território Indígena do Xingu (MT). As coletoras criaram o Movimento das Mulheres Yarang e, ao longo de uma década, coletaram 3,2 toneladas de sementes florestais, o que possibilitou o plantio de cerca de 1 milhão de árvores nas bacias do Rio Xingu e Araguaia. Um respiro em meio à devastação que corrói o que resta de floresta.

Mundurukuyü A Floresta Das Mulheres Peixe, com a direção do Coletivo Daje Kepap Epy, da etnia Munduruku

A obra fala sobre a floresta das mulheres-peixe que espelha a mitologia Munduruku, em que humanos, na origem do mundo, se transformaram em floresta, plantas e animais. No dia-a-dia da aldeia Sawre Muybu, os espíritos da floresta não são apenas forças espirituais ancestrais, mas parte da família.

Após a exibição haverá o bate-papo com Oreme Ikpeng e Beka Munduruku, mediado por Geni Núñez.

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília (DF), 30/06/2025 - Personagem Édouard Glissant, pensador da Martinica é grande inspiração para a Temporada França-Brasil.
Foto: sylvieglissant/Instagram

Relação: palavra que aparece constantemente entre as diversas obras publicadas de Édouard Glissant. Entre as diferentes culturas, entre aqueles que foram escravizados e as populações e as terras para onde foram levados, entre os diversos territórios que existem no mundo. Autor de uma extensa bibliografia, o poeta, filósofo e romancista da Martinica é a grande inspiração para a Temporada França-Brasil 2025, que se propõe também a discutir e estreitar relações entre os dois países.

Em Paris, a Agência Brasil conversou com Sylvie Glissant, viúva de Édouard Glissant, sobre a vida e obra do pensador, que viveu entre 1928 e 2011.

“Ele vem de uma região do mundo que é um arquipélago. Todas as ilhas estão conectadas entre si. Ele nunca fala somente da Martinica. Ele fala da relação existente entre as ilhas e entre todas as regiões do mundo que estão lado ao lado, que encaram o mundo juntas e que começam a ter a sensação de que tem algo que elas compartilham, algo que têm em comum”, diz Sylvie.

A Martinica é um departamento ultramarino insular da França no Caribe. Cristóvão Colombo foi o primeiro europeu a pisar lá, em 1502, reivindicando o arquipélago para a regência espanhola. A colonização francesa começou em 1635. Desde então, até 1946, a Martinica, como colônia da França, produzia mercadorias como cana-de-açúcar, café, rum e cacau. Foram as pessoas escravizadas, da África Ocidental, que constituíram a origem da maior parte da população atual, de cerca de 360 mil habitantes. Não há mais população indígena. 

Glissant estudou em Paris ─ filosofia, na Universidade Sorbonne, e etnografia, no Musée de l’Homme. A partir dos anos 1950, engajou-se em movimentos pela descolonização, juntamente com escritores como Frantz Fanon e René Depestre, tendo assinado, em 1960, o Manifesto dos 121, em apoio à independência da Argélia. Antes disso, na juventude, foi discípulo do poeta Aimé Césaire, seu conterrâneo e fundador do movimento da negritude. As obras de Glissant evidenciam o impacto da escravidão que seguem nos dias atuais e propõe também formas de seguir. 

Além de toda a história pessoal e da história da Martinica, que moldaram o pensamento de Glissant, a paisagem também fez parte das reflexões, segundo Sylvie. A casa de Glissant, no sul da Martinica, na cidade Le Diamant, localizada em frente à turística Rocha do Diamante, possui um terraço, “que para ele era como um barco”, conta.

“A Rocha do Diamante está no ponto de encontro de dois mares, o Atlântico e o do Caribe. É um lugar de encontro das águas e era um lugar particularmente importante para ele. É esse lugar que lhe permitia olhar para o mundo. Ele olhava para o mundo a partir deste ponto de encontro das águas”.

A ideia de encontro aparece em um dos principais conceitos do autor, a crioulização. De acordo com Sylvie, muitas vezes entendido como mestiçagem ou miscigenação, algo tão presente no Caribe e também no Brasil, a ideia vai além disso.

“Não é necessariamente a mestiçagem ou a miscigenação. Ele dizia que o mundo se criouliza, não que ele se torna crioulo, mas ele é feito por esses encontros inesperados, com resultados inesperados. Como na Martinica, com a chegada de pessoas que foram escravizadas, que foram transformadas em coisas, que não tinham uma existência reconhecida, que perderam o nome, perderam os direitos. Como essas pessoas conseguiram resgatar a sua comunidade, conseguiram reconstruir uma comunidade, reconstruir-se e como souberam resistir”, diz.

Relação com o Brasil

Mirando esses encontros, Glissant também olhava para o Brasil: “O Brasil era particularmente importante para Édouard. O país de encontro das diásporas africanas, obviamente, europeias também e dos indígenas”, conta Sylvie.

Ela ressalta que o Brasil e o Caribe têm uma herança comum, a história da escravidão e também todo o apagamento que provêm disso. O apagamento das memórias e existências de cada uma das pessoas que foram escravizadas. Quando chegavam aos destinos, eram rebatizadas, ganhando novos nomes que nada tinham a ver com a cultura a qual pertenciam e eram obrigadas a deixar para trás as próprias vivências.

Para o pensador, essa memória não desapareceu por completo, ela é sentida pelo próprio corpo e transborda nas expressões, como as artísticas. “Até o nome desapareceu. O que é que ficou? Ficaram rastros. E os corpos se transmitiram, os corpos levaram algo. São esses rastros que a visão poética aberta, a visão sensível consegue reencontrar, resgatar aquilo que vibra a música, o canto, a voz”, explica a viúva.

Para ele, é através do corpo, através daquilo que se sente, que é possível reencontrar paisagens interiores, imaginários e diálogos. “São vozes poéticas, vozes que dizem o mundo, que dizem aquilo que muitas vezes não querem que a gente veja, que os políticos não querem que a gente veja. Tudo aquilo que faz a alma vibrante desse mundo e que, por meio dessa multiplicidade das vozes, consegue se fazer ouvir e se fazer ouvir junto”, diz Sylvie.

Programação

Além de inspirar a temporada, o autor fará parte da programação. Em setembro, o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, irá apresentar, pela primeira vez, um conjunto de 40 obras da coleção pessoal de Édouard Glissant, hoje preservada pelo Mémorial Acte, em Guadalupe. O acervo conta com obras de artistas da América Latina, do Caribe, da Europa e dos Estados Unidos, a maioria deles viajantes que viveram em Paris e tiveram alguma relação com o Surrealismo. Além dessa coleção própria, foi selecionado um conjunto com obras de 20 artistas contemporâneos que se relacionam com a visão de Glissant.

A própria Sylvie participará da Festival Literário das Periferias (Flup), no Rio de Janeiro, em novembro. O Festival, também no âmbito da temporada, receberá uma delegação de autores, pensadores e artistas franceses da Martinica e de Guadalupe, assim como de países africanos.

O colóquio O arquipélago Glissant ocorre entre setembro e dezembro de 2025, no Rio, São Paulo e Salvador, com exposições, residências artísticas e seminários sobre o legado do filósofo.

Temporada França-Brasil

A Temporada 2025 foi acordada em 2023, pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Emmanuel Macron. O objetivo é fortalecer a relação bilateral entre os dois países principalmente por meio da cultura. No primeiro semestre deste ano ocorreu a Temporada Brasil-França, ou seja, a programação brasileira em solo francês. Agora, no segundo semestre é a vez da Temporada França-Brasil, elaborada pela França.

Os temas prioritários da Temporada são: a diversidade de sociedades e diálogo com África; democracia e Estado de direito; e, clima e transição ecológica. A programação, que ocorre de agosto a dezembro, será distribuída entre 15 cidades brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belém, Salvador, Recife, Fortaleza, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Campinas, São Luís, Teresina, João Pessoa e Macapá.

Entre os dias 17 e 24 de maio, a Agência Brasil esteve em Paris, a convite do Instituto Francês, vinculado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da França, responsável pela programação do segundo semestre, para conhecer um pouco da programação.

(Fonte: Agência Brasil)

São Paulo 05/07/2025 - Matéria dos  Maxakali. Fotos Cristina Indio do Brasil.

A Sala do Artista Popular (SAP) do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP/Iphan), no Museu de Folclore Edison Carneiro, no Catete, zona sul do Rio, vai abrigar até o dia 28 de setembro, a exposição Hãmxop tut xop - as mães das nossas coisas: artesanato em fibra de embaúba. As peças da mostra foram produzidas por mulheres da etnia Maxakali, a única a manter a própria língua em todo o estado de Minas Gerais.

“A gente está trazendo memória viva. Para nós, é a nossa herança que a gente leva para alguns lugares. A herança para nossos filhos é a nossa cultura. O conhecimento e a sabedoria estão dentro da nossa memória. Não apagaram”, disse Sueli Maxakali, uma das líderes da etnia e professora de crianças e adultos maxakali, em entrevista à Agência Brasil.

Os Tikmũ’ũn, que é como se autodenomina o povo também conhecido como Maxakali, vivem nas aldeias Água Boa, Pradinho, Aldeia Verde, Cachoeirinha e Aldeia-Escola-Floresta, nos municípios de Santa Helena de Minas, Bertópolis, Ladainha e Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, no nordeste de Minas Gerais.

“Os Maxakali, apesar de estarem relativamente próximos dos grandes centros brasileiros, permaneceram muito ignorados, muito invisibilizados, pouco conhecidos também pelas suas diferenças culturais. Hoje, praticamente todo povo é monolíngue, fala pouquíssimo português. Isso é uma barreira também de comunicação com os não-indígenas”, contou à Agência Brasil, o antropólogo Roberto Romero, responsável pela pesquisa e pelo texto da exposição, que há 15 anos convive com os Tikmũ’ũn, que foram tema do mestrado e do doutorado que fez.

Embaúba

A matéria-prima dos seus trabalhos é a embaúba, árvore natural da Mata Atlântica, quase extinta na região em que eles habitam. Com a fibra da árvore produzem bolsas, colares, braceletes e pulseiras com características da etnia.

São Paulo 05/07/2025 - Matéria dos  Maxakali. Fotos Cristina Indio do Brasil.

Apoio financeiro

A venda dos produtos é um meio de renda para o povo. “Nós trazemos para fora para vender e levar [os recursos financeiros] para as nossas aldeias. Às vezes também é para comprar algumas mudas de árvores frutíferas para podermos repor nas nossas aldeias”, explicou Sueli, destacando que os recursos são aplicados também no reflorestamento com mudas nativas que estão fazendo em seus territórios.

“Hoje estamos reflorestando e colocando umas embaúbas para poder tirar as linhas para poder fazer as bolsas. Nós raspamos, depois tiramos a linha desfiando nas pernas e fazemos as bolsas, brincos, pulseiras”, contou que além de artista dos artesanatos também é fotógrafa.

O antropólogo Roberto Romero afirmou que a exposição é uma feliz coincidência porque o diretor do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular do Museu de Folclore Edison Carneiro, Rafael Barros, conhecia a arte da tecelagem da embaúba e de outros materiais das mulheres maxakali para ser conhecida justamente no momento em que desde 2023, o projeto Hãmhi | Terra Viva, de recuperação dos territórios, é desenvolvido nas aldeias.

“De formação de agentes agroflorestais e viveiristas indígenas do povo que estão plantando mudas e reflorestando seu território. Nesses dois anos, a gente conseguiu plantar 100 quintais agroflorestais, totalizando 60 hectares de área e plantar 156 hectares de áreas de reflorestamento, isso em um território que foi totalmente tomado pelo capim colonião e branchiaria”, afirmou, informando que a mudança na vegetação se deu durante o período da ditadura militar quando converteu os territórios em colônias agrícolas e impôs trabalho semi-escravo aos povos Tikmũ’ũn.

Documentário

Depois da abertura da exposição, houve a pré-estreia do filmeYõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá. O tema é a busca de Sueli e Maíza Maxakali pelo pai, Luis Kaiowá, que foi retirado da convivência na sua aldeia Kaiowá durante a ditadura militar, para fazer serviços forçados em outras regiões do Brasil.

“O pai dela foi tratorista da Funai durante a ditadura, ele é do povo Kaiowá e na época foi levado pelos soldados da polícia militar para viver com os maxakali. Ele viveu 15 anos lá, aprendeu a falar a língua Maxakali, teve duas filhas, mas depois os soldados o levaram de volta para o Mato Grosso do Sul e não conseguiu voltar. A Sueli cresceu sem o pai e a gente tinha notícias dessa busca dela pelo pai e finalmente uma colega antropóloga, Tatiane Klein que trabalhou muitos anos com os Kaiowa localizou o pai. Foi aí que a gente que já trabalhava com cinema pensou em fazer o filme”, contou Roberto Romero, que também é codiretor do documentário, que entra em circuito em salas de cinema de todo o país, no dia 10 de julho. Quem quiser mais informações sobre o filme pode acessar o site www.meupaikaiowá.com.br.

“No filme se vê o encontro dela com o pai e foi um sonho que ela realizou de vê-lo. Ele se tornou um grande rezador e grande conhecedor dos cânticos do povo kaiowá, talvez até pela experiência que teve de contato dos maxakali”, contou.

Em debate após a exibição, nos jardins do Museu, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, destacou que quando se assiste ao documentário, mais se chega à conclusão que a luta de reparação de povos indígenas continua.

“Aqui traz não só a história dos guarani kaiowa e dos maxakali, mas também a história de muitos povos indígenas do Brasil, que igualmente ficaram apartados das suas famílias e conta toda essa história de violência que a gente está a toda hora querendo rememorar, querendo trazer a verdade para que a gente possa buscar a reparação. Aqui de uma forma muito simples e real, traz essa verdade, que às vezes muita gente ainda duvida. Não é uma história do passado e está muito presente ainda que acontece com muitos povos e ainda não houve a reparação”, apontou a ministra.

“O que a Sueli faz é recuperar um parentesco criado pela história dos brancos, que trouxeram a força com um povo muito distante dos maxakali e formaram uma nova conexão importante de parentesco uma aliança criada pela ditadura, pelos brancos que acabou mostrando a possibilidade de união dos povos indígenas apesar do processo de destruição dos povos indígenas”, indicou o professor Eduardo Viveiros de Castro, que acompanhou a apresentação do documentário.

Rio de Janeiro (RJ) 28/01/2025 - Sueli Maxacali - Cinema deve olhar para violações a indígenas na ditadura.
Foto: Leo Fontes/UNIVERSO PRODUÇÃO/ DIVULGAÇÃO

O Censo de 2022, indica que existem mais de 300 etnias indígenas no Brasil. Entre elas, 19 etnias vivem no estado de Minas Gerais. A população Maxakali é estimada em 2.629 habitantes e, conforme dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), a região onde habitam é uma das que mais aqueceram no país nos últimos anos.

Registro no Iphan

O diretor do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular do Museu de Folclore Edison Carneiro, no Catete, zona sul do Rio, Rafael Barros, revelou que em agosto os Maxakali vão entrar com um pedido no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para registro de reconhecimento da cultura deles.

“A exposição na Sala do Artista Popular foi um start, um provocador para que os Maxakali, formalizem junto ao Iphan o pedido de registro dos seus ritos e dos seus cantos como patrimônio material brasileiro entendendo que eles constituem um complexo cultural singular, único de importância e relevância nacional e que precisa de proteção para se manter vivo, pujante e ativo”, adiantou à Agência Brasil.

Para Rafael Barros, a exposição do artesanato Maxakali é mais uma forma de fortalecimento da etnia.

“Hoje em dia, os Maxakali passam por um processo de crescimento novamente e de recuperação demográfica, mas a manutenção da atividade simbólica e cultural só foi possível através da conta ritual que é extremamente ativa. A Sueli costuma refletir que para preservar a língua e cultura eles tiveram que abrir mão do território, ou seja, em um processo de retração e de afastamento do contato com o branco. Eles sempre tiveram uma postura reativa desse contato para tentar preservar a sua própria cultura”, disse o diretor, para quem o processo explica a manutenção da língua original dos Maxakali.

(Fonte: Agência Brasil)

Com 400 expositores durante cinco dias de apresentações de produtos e sobre as tendências do setor, além de aulas e oficinas, começa neste sábado (5) a Mega Artesanal, uma das maiores feiras de produtos e técnicas para a arte, artesanato e artes manuais da América Latina. O evento vai até o dia 9, das 10h às 18h, na São Paulo Expo e a expectativa dos organizadores é que a feira atraia cerca de 100 mil visitantes. 

Conforme os organizadores do evento, o mercado de artesanato no Brasil “vive um momento de expansão e transformação”. Uma expansão que pode ser explicada pelo impulsionamento ao setor gerado pela digitalização e o comércio online, pelo aumento do empreendedorismo e valorização do consumo consciente.

O que antes estava concentrado em feiras menores e mercados locais, o segmento ganhou novos canais de comercialização com o crescimento do e-commerce, das redes sociais e das plataformas de marketplace especializadas.

De acordo com os dados de 2024 do Mapeamento do Artesanato Brasileiro, cerca de 35% dos artesãos já vendem seus produtos online, número que cresce anualmente. Além disso, estima-se que 1,3 milhão de artesãos têm a Carteira Nacional do Artesão, documento que reconhece oficialmente a atividade como profissional e permite o acesso às políticas públicas.

Um dos destaques da feira são as exposições de arte, que abordam temas ligados às mulheres e a diversidade da cidade de São Paulo.

A mostra Todas Elas, por exemplo, será uma homenagem à identidade e pluralidade feminina, com a exposição de 30 obras criadas por artistas visuais que exploram diferentes linguagens, técnicas e estilos.

Ou a apresentação São Paulo Colorida: Uma cidade traduzida em arte, propõe uma visão abrangente da capital paulista, como um organismo vivo, pulsante e acolhedor, fugindo da ideia de uma cidade de concreto. 

Outro destaque é o projeto Desafio: Artesanato na Moda, em que 16 estudantes de moda, da Escola Técnica José Rocha Mendes, são desafiados a confeccionar peças de roupas inspiradas nas criações da pintora norte-americana Georgia O’Keeffe.

A programação completa do Mega Artesanato pode ser conferida no site da exposição para ver a programação completa.

(Fonte: Agência Brasil)

Orquestra Sinfônica Brasileira

Começa, neste sábado (5) e segue até 3 de agosto, a 55ª edição do tradicional Festival de Inverno de Campos do Jordão, um dos maiores eventos de música clássica da América Latina. Haverá 75 concertos gratuitos, separados em quatro palcos na própria cidade, mas também outros quatro em São Paulo.

Entre os destaques da programação figuram a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), interpretando a Sinfonia doméstica, de Strauss, no concerto de abertura do festival; a Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo, com participação do violinista Guido Sant’Anna, e o grupo norte-americano Quarteto Ulysses, especializado em música de câmara.

Também estão em destaque na programação as filarmônicas de Goiás e Santa Catarina, bem como as sinfônicas de Campinas, Santos e do Paraná, além do Quinteto Villa-Lobos, Quarteto Zahir, Quarteto Camargo Guarnieri, a Camerata Grecco e o Brazilian Winds Ensemble.

Dança

Uma novidade desta edição do Festival de Inverno é a série de espetáculos da Jornada Paulista de Dança, no palco da Estação Motiva Cultural, ao lado da Sala São Paulo. As atividades de dança e artes do corpo são abertas ao público.

Outra novidade é o Prêmio Anna Laura de Música Antiga (Palma), que reconhece jovens músicos brasileiros dedicados ao repertório de música clássica. Após avaliação de uma comissão julgadora, os três primeiros colocados serão contemplados com valores entre R$ 3 mil e R$ 10 mil.

 “O Festival de Inverno de Campos do Jordão é um símbolo da vitalidade cultural do nosso Estado. Ao reunir grandes artistas, promover novas gerações por meio de bolsas de estudo e formar plateias com acesso gratuito, o evento reafirma nosso compromisso com uma cultura viva, plural e acessível. É uma celebração da excelência artística aliada à política pública que transforma”, afirma Marilia Marton, secretária da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo.

A programação completa pode ser encontrada no site do Festival de Inverno. 

Programa para bolsistas

O festival também conta com um programa que receberá bolsistas para aulas de práticas orquestrais, música de câmara, música antiga e camerata. Ao todo, serão 141 alunos e 82 professores.

No dia 26, sob nome de Orquestra do Festival, os bolsistas vão se apresentar com a performance de o Concerto para piano, de Ravel.

Ao final do evento, haverá a entrega do Prêmio Eleazar de Carvalho, uma tradição do festival. Contemplará o bolsista que tiver o melhor desempenho com uma bolsa de US$ 1.400 mil mensais para estudar em uma instituição estrangeira de sua escolha.

(Fonte: Agência Brasil)

Rio de Janeiro (RJ), 18/08/2024 - Candidatos chegam para as provas do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU)na UERJ, zona norte da cidade. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O Ministério Público Federal (MPF) pediu, na última quinta-feira (3), à Justiça Federal do Distrito Federal a suspensão imediata da segunda edição do Concurso Público Nacional Unificado. O CNU de 2025 oferece 3.652 vagas distribuídas em nove blocos temáticos, abrangendo 32 órgãos do poder Executivo federal.

O MPF alega que o certame foi lançado, na última segunda-feira (30), pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) “sem a correção das falhas estruturais apontadas em ação civil pública ajuizada há uma semana e sem adoção de medidas capazes de garantir o cumprimento efetivo das cotas raciais no certame”.

O Ministério Público relata que, em 25 de junho, apresentou ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) ação civil pública que aponta problemas estruturais do edital do processo seletivo e solicitou a comprovação da adoção de medidas que corrijam as falhas.

“A suspensão imediata do concurso pode evitar prejuízos à efetividade da política de ações afirmativas e aos candidatos cotistas”, diz a nota do MPF.

Nesta sexta-feira (4), a Advocacia-Geral da União (AGU) disse à Agência Brasil, que “a União não foi intimada de decisão judicial, nem instada a se manifestar nos autos do processo”. Em resposta aos questionamentos da reportagem, o Ministério da Gestão declarou em nota que “ainda não foi notificado pela justiça federal sobre qualquer decisão nesse processo”.

O edital do CNU 2025 foi publicado na segunda-feira, alguns dias depois do MPF ter ajuizado a ação civil pública. Com base no texto do edital, os procuradores entendem que as regras do certame mantém os mesmos problemas já registrados na primeira edição do concurso, em 2024, quando vários candidatos questionaram judicialmente os critérios do certamente para o enquadramento (ou negativa) como cotista. Confira os apontamentos do MPF:

1 - Comissões de heteroidentificação

A Procuradoria da República assinalou que o edital do certame mantém a orientação de que as decisões das comissões de heteroidentificação permanecem definitivas. “Isso contraria os princípios do contraditório, da ampla defesa e da motivação dos atos administrativos”, aponta o MPF.

Em concursos públicos, a comissão de heteroidentificação é responsável por verificar a autodeclaração de candidatos que concorrem a vagas reservadas a pessoas negras (pretos e pardos). Em janeiro deste ano, o MPF chegou a recomendar a suspensão da divulgação dos resultados finais do primeiro concurso unificado de 2024, até que as falhas no cumprimento de regras relativas às cotas raciais fossem sanadas.

Na época, o Ministério Público Federal relatou que recebeu reclamações de candidatos sobre a aplicação dos critérios de avaliação dessas comissões. Os relatos tratam de falhas no processo de heteroidentificação de candidatos cotistas, falta de transparência, dificuldades para apresentação de recursos e violação ao direito ao contraditório, entre outras situações.

Mesmo assim, o cronograma de divulgação dos resultados do CNU 2024 foi mantido.

2 - Sorteio para cotas

O Ministério Público Federal aponta que o sorteio de vagas do CNU 2025 para aplicação proporcional das cotas raciais, nos casos de cargos com número de vagas inferior ao mínimo legal, adotou critérios sem transparência e que carecem de mecanismos de controle externo. De acordo com o MPF, isso compromete a ação afirmativa e a segurança jurídica dos candidatos de cotas étnico-raciais.

O Ministério da Gestão realizou o sorteio em 26 de junho, com transmissão ao vivo pelo canal da pasta no YouTube.

3- Reserva proporcional por cota

Para o Ministério Público Federal, o edital também não cita, de forma expressa, o cadastro de reserva proporcional por modalidade de cota, o que impediria o monitoramento da convocação de candidatos até o fim do prazo de validade do concurso e fragilizaria o cumprimento da reserva legal.

lei federal nº 15.142/2025 – nova legislação que trata das cotas étnico-raciais – e o decreto nº 9.508/2018, que trata de cotas para pessoas com deficiência, estabelecem que a reserva de vagas somente se aplica automaticamente quando o edital oferece:

  • aplicação da reserva legal de 30% para pessoas pretas, pardas, indígenas e quilombolas.
  • aplicação da reserva legal de 5% para PCDs.

4 - Listas classificatórias

Por fim, o MPF declara falta de clareza sobre a publicidade das listas classificatórias específicas e sobre o ranqueamento contínuo.

(Fonte: Agência Brasil)

Promover maior autonomia na busca por recursos públicos e privados e impactar no fortalecimento da atuação de grupos e agentes culturais. Esses são alguns dos pontos centrais do projeto Ciclo de Formação para Agentes Culturais, que ganhou nova edição em 2025: desta vez, alcançará mais quatro municípios maranhenses, localizados na Baixada Maranhense e no Litoral Ocidental do Maranhão.

Neste ano, o Ciclo ocorrerá em duas etapas, sendo a primeira no mês de julho – entre os dias 7 e 12, nas cidades de Matinha e Viana –, e a seguinte no mês de agosto, nos municípios de Cururupu e Bequimão. O projeto é realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio da Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão (Secma), do Governo do Maranhão, com idealização e realização da Afrodite Produções e Orgânik Produções.

Contemplando fazedores de cultura com formações presenciais e gratuitas, a edição 2025 do Ciclo de Formação para Agentes Culturais inicia já no próximo dia 7 de julho (segunda-feira), no município de Matinha, com a Oficina de Leitura e Interpretação de Editais Culturais, das 14h às 18h.

Ao todo, serão três dias de atividades – nos dias 8 e 9 de julho, ocorre a Oficina de Portfólio Cultural, das 8h às 12h e das 14h às 18h. Todas as ações em Matinha ocorrerão na Sala de Reunião da prefeitura, localizada na Rua Coronel Antônio Augusto, no Centro da cidade. As inscrições já foram iniciadas e podem ser feitas até o dia 4 de julho – os interessados podem se inscrever por meio do link: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSc8l28ZeoIIQo6EvV79gADfZu1NiQEq9aYaB5irjcCB_ovocQ/viewform.

Já a partir do dia 10 de julho, as oficinas serão realizadas na cidade de Viana, no Prime Delux, localizado no Bairro Subestação, no Km 37, da MA-014. Nesse dia, a Oficina de Leitura e Interpretação de Editais Culturais ocorre das 14h às 18h. Nos dias 11 e 12, a Oficina de Portfólio Cultural será das 8h às 12h e das 14h às 18h. Os interessados podem se inscrever até o dia 7 de julho, por meio do link: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSf73KF5ccUy5Nx5onIW6ICPGioS26ERqkrDrL6edmbF6VjDUA/viewform.

“As oficinas são espaços importantes para que o público interessado tanto da Baixada Maranhense quanto do Litoral Ocidental possa fortalecer sua atuação cultural com ferramentas práticas e acesso à informação”, analisa Mariana Cronemberger, idealizadora e uma das instrutoras do projeto.

Além das inscrições on-line – no total, são 25 vagas disponíveis em cada oficina –, o público interessado também pode se inscrever de forma presencial e gratuita nos seguintes endereços: em Matinha, das 8h às 12h, na Secretaria de Juventude, localizada na Av. Major Heráclito Alves da Silva, S/N, Centro); em Viana, também das 8h às 12h, na Cooperativa Folclórica e Cultural de Viana e Municípios Adjacentes (FOLCUT), localizada na Rua 7 de Setembro, nº 337, Centro).

Para Júlia Martins, também idealizadora e instrutora do projeto, a grandeza do Ciclo está no impacto da qualificação ofertada por meio de oficinas práticas voltadas à profissionalização da cultura. “É uma iniciativa que visa ampliar o acesso de agentes culturais aos mecanismos de fomento existentes, para que possamos contribuir, de forma efetiva e direta, no crescimento da cena cultural local”, acrescenta.

A segunda etapa do Ciclo de Formação para Agentes Culturais será realizada no próximo mês de agosto, nos municípios de Cururupu e Bequimão – mais informações sobre a nova fase serão divulgadas em breve, no Instagram do Ciclo de formação para agentes culturais, no perfil @ciclodeformacaocultural e/ou no link: https://www.instagram.com/ciclodeformacaocultural/.

Ciclo de Formação das Agentes Culturais

Idealizado pelas produtoras culturais maranhenses Julia Martins e Mariana Cronemberger, sócias da Afrodite Produções e Orgânik Produções, respectivamente, o projeto nasceu do desejo compartilhado de transformar a realidade da participação de agentes culturais do Estado em processos de captação de recursos e editais.

A partir de suas experiências com gestão cultural e atuação em bancas avaliadoras, as idealizadoras compreenderam a urgência de ampliar o acesso à informação e às ferramentas necessárias para que mais pessoas e coletivos culturais do Maranhão pudessem acessar editais e políticas públicas de fomento.

Desde sua criação, em 2021, a iniciativa já formou mais de 350 agentes culturais em mais de 15 turmas. A primeira edição aconteceu por meio do edital “Ocupa CCVM”, do Centro Cultural Vale Maranhão, com uma oficina de elaboração de portfólios culturais. A partir daí, o projeto seguiu de forma independente, com oficinas realizadas no Centro de São Luís, acessíveis por meio de valor social.

Em 2023, o ciclo foi beneficiado pelo edital de Economia Criativa FAPEMA/Sebrae, levando oficinas a cinco bairros de São Luís. No mesmo ano, a convite do Sesc Maranhão, integrou o projeto Sesc Propulsar, com formações em Alcântara, além de realizar, também em 2023, uma oficina de portfólio cultural em Pindaré-Mirim, em parceria com o Centro Cultural Vale Maranhão.

Já em 2024, o projeto voltou a ser executado em parceria com o Sebrae/MA, realizando um ciclo formativo em cinco polos culturais da capital maranhense – Itaqui-Bacanga, Centro, Coroadinho, Liberdade e Cidade Operária –, promovendo a descentralização das ações e o acesso democrático à formação cultural.

O Ciclo beneficia um conjunto de oficinas que abordam temáticas fundamentais para o desenvolvimento de agentes culturais: leitura e interpretação de editais culturais; elaboração de portfólios artísticos; elaboração de projetos culturais; e gestão cultural (como pensar programações inclusivas, diversas e com olhar contra-colonial).

Com uma metodologia acessível, pensada a partir das realidades dos territórios e dos agentes participantes, o Ciclo de Formação para Agentes Culturais reafirma seu compromisso com a democratização do conhecimento, o fortalecimento da cultura local e o estímulo à autonomia dos fazedores de cultura do Maranhão.

Serviço

O quê: edição 2025 do Ciclo de Formação para Agentes Culturais;

Onde: nos municípios de Matinha, Viana, Cururupu e Bequimão;

Quando: no mês de julho, com a oficina de Leitura e Interpretação de Editais Culturais em Matinha, no dia 7 de julho, e em Viana, no dia 10 - ambas das 14h às 18h; e a Oficina de Portfólio Cultural, das 8h às 12h e das 14h às 18h, nos dias 8 e 9, em Matinha, e nos dias 11 e 12, em Viana;

Endereços: em Matinha, as ações serão na Sala de Reunião da Prefeitura, localizada na Rua Coronel Antônio Augusto, no Centro da cidade; e em Viana, no Prime Delux, no Bairro Subestação, no km 37, da MA-014;

Inscrições em Matinha: pelo link https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSc8l28ZeoIIQo6EvV79gADfZu1NiQEq9aYaB5irjcCB_ovocQ/viewform ou presencialmente, das 8h às 12h, até o dia 4 de julho, na Secretaria de Juventude, na Av. Major Heráclito Alves da Silva, S/N, Centro);

Inscrições em Viana: pelo link https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSf73KF5ccUy5Nx5onIW6ICPGioS26ERqkrDrL6edmbF6VjDUA/viewform ou presencialmente, das 8h às 12h, até o dia 7 de julho, na Cooperativa Folclórica e Cultural de Viana e Municípios Adjacentes (FOLCUT), na Rua 7 de Setembro, nº 337, Centro);

Mais informações: no Instagram do Ciclo de formação para agentes culturais, no perfil @ciclodeformacaocultural e/ou no link: https://www.instagram.com/ciclodeformacaocultural/;

Assessoria de Imprensa: (98) 99968-2033 – Gustavo Sampaio.

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Brasília (DF), 24/10/2024 - Alunos do colégio Galois em sala de aula na preparação dos últimos dias antes da prova do Enem 2024.  Foto: José Cruz/Agência Brasil

Os representantes dos 384 cursinhos populares gratuitos selecionados pela Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP) devem cadastrar os coordenadores e  professores que receberão as bolsas do programa até esta sexta-feira (4).

O prazo para o cadastramento dos auxílios de permanência para os estudantes termina neste sábado (5).

Para isso, os representantes dos cursinhos devem seguir as orientações recebidas no e-mail cadastrado.  É fundamental que os bolsistas indicados também verifiquem a caixa de spam e realizem o cadastro dentro do período estipulado.

O Ministério da Educação (MEC) avisa, porém, que os cursinhos que perderem o prazo continuam fazendo parte da rede CPOP e poderão receber os recursos em novo calendário a ser definido.

Criada em março deste ano, a rede de apoio a cursinhos populares no Brasil tem o objetivo de garantir o suporte técnico e financeiro para a preparação de estudantes da rede pública socialmente desfavorecidos, especialmente pessoas negras, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência (PCD). 

A preparação dos cursinhos populares e comunitários é geralmente voltada para quem vai fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Prioridade

A iniciativa federal prioriza os cursinhos populares sem fins lucrativos que não recebem apoio financeiro direto ou indireto.

De acordo com o edital da primeira chamada pública da CPOP, cada cursinho popular selecionado receberá R$ 163,2 mil por turma aberta.

O valor abrange auxílio de R$ 200 mensais a cada um dos estudantes da unidade que ingressarem nas turmas dos cursos selecionados para a permanência nos estudos, pelo período de seis meses; auxílio financeiro para a contratação de coordenadores e professores, pelo período de sete meses; apoio de R$ 6 mil para atividades técnicas e administrativas; formação de gestores e professores e a disponibilização de materiais pedagógicos gratuitos aos docentes e aos alunos voltados à preparação para o Enem e outros vestibulares.

A bolsa permanência será paga a no máximo 40 alunos por cursinho, por ordem de prioridade determinada ação estabelecida no Decreto nº 12.410/2025.

Também poderão receber o auxílio alunos de baixa renda que tenham renda familiar por pessoa de até um salário mínimo, que equivale hoje a R$ 1.518.

Confira aqui os cursinhos populares selecionados em 2025 para integrar a rede nacional

Cadastro dos bolsistas

Os cursinhos populares e comunitários selecionados devem fazer o cadastro de informações pela Plataforma da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec), de acordo com o e-mail recebido no endereço eletrônico cadastrado.

Até esta sexta-feira, devem ser informados os nomes dos coordenadores e do quadro de educadores voluntários do cursinho que receberão o auxílio financeiro do programa.

Confira o passo a passo para cadastro de coordenadores e professores aqui

Os estudantes cadastrados que devem ser indicados até este sábado para receber a bolsa permanência precisarão, posteriormente, enviar para os coordenadores dos cursinhos a documentação que comprove a condição financeira. Para fins de comprovação de baixa renda, serão aceitas inscrições no Cadastro Único de Programas Sociais do governo federal (CadÚnico).

Na ausência de inscrição no CadÚnico, o MEC aceitará, excepcionalmente, uma autodeclaração de insuficiência financeira, condicionada a posterior inscrição no CadÚnico.

Saiba mais sobre a Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP), que apoia cursinhos populares no Brasil.

(Fonte: Agência Brasil)

O Fórum Jaracaty continua sendo um verdadeiro celeiro de novos talentos do esporte do Maranhão. O projeto social, que conta com os patrocínios do governo do Estado e da Equatorial Maranhão por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, é referência esportiva tanto em competições locais quanto nacionais. Prova disso, foram os expressivos resultados obtidos pelos atletas do projeto em importantes eventos estaduais de tênis de mesa e judô realizados no mês de junho. Nas disputas da 1ª etapa do TMB Estadual Maranhão de Tênis de Mesa e do Troféu Emílio Moreira de Judô, o Fórum Jaracaty faturou um total de 23 medalhas. 

Na 1ª etapa do TMB Estadual Maranhão, que foi realizado nos dias 14 e 15 de junho, no CT Independente, o Fórum Jaracaty subiu ao pódio com os seus quatro atletas: Paola Morais, Hian Sá, Eike Silva e Nadson Silva Com um ouro, quatro pratas e três bronzes, a equipe do projeto social conquistou a 3ª posição na classificação geral do evento estadual. 

Já no Troféu Emílio Moreira de Judô, evento promovido pela Federação Maranhense de Judô (FMJ) e disputado no fim de junho, no Ginásio Costa Rodrigues, o Fórum Jaracaty terminou o evento com 15 medalhas, sendo 10 ouros, três pratas e dois bronzes. 

As medalhas obtidas nessas duas competições ressaltam a força do Fórum Jaracaty na formação de novos talentos para o esporte maranhense. No fim de março, sete judocas do projeto social foram convocados para o Time Maranhão e faturaram cinco medalhas no Campeonato Brasileiro Regional I, disputado em Manaus. Já em 2024, a mesatenista Paola Morais foi campeã na categoria Adulto Feminino e terceira colocada na disputa do Sub-19 Feminino do TMB Challenge Plus, um dos eventos mais importantes do tênis de mesa brasileiro. 

“É gratificante ver que todo o nosso esforço tem sido recompensado não apenas com medalhas e excelentes resultados esportivos, mas com o crescimento pessoal de nossas crianças e jovens. O Fórum Jaracaty é um projeto que transforma vidas por meio do esporte e de ações sociais. Para nós, conquistar tantas medalhas vale muito, mas formar cidadãos tem um significado enorme. E se hoje somos referência no cenário esportivo, muito se dá ao incentivo do governo do Estado e da Equatorial Maranhão que acreditam no nosso trabalho”, afirmou a diretora-executiva do projeto, Márcia Assunção. 

Fórum Jaracaty

O Fórum Jaracaty conta com o patrocínio do governo do Estado e da Equatorial Maranhão via Lei Estadual de Incentivo ao Esporte para desenvolver atividades nas áreas esportiva, de informática e brinquedoteca. O projeto existe há mais de duas décadas no Jaracaty, ajudando crianças e jovens da região e bairros adjacentes a terem um futuro digno por meio do esporte e demais atividades. 

Para a comunidade, o Fórum Jaracaty oferece cursos, palestras e demais atendimentos, com apoio dos patrocinadores e parceiros. Todas as atividades do projeto são gratuitas.

MEDALHISTAS DO FÓRUM JARACATY NA 1ª ETAPA DO TMB ESTADUAL

OURO

Paola Morais (Sub-19)

PRATA

Paola Morais (Sub-21)

Hian Sá (Sub-19)

Hian Sá (Absoluto D Masculino)

Eike Silva (Sub-11)

BRONZE

Paola Morais (Absoluto B Feminino)

Hian Sá (Sub-21)

Nadson Silva (Sub-11)

MEDALHISTAS DO FÓRUM JARACATY NO TROFÉU EMÍLIO MOREIRA DE JUDÔ

OURO

Midrya Rachelly Almeida Lima (Sub-13 Feminino Ligeiro / -31kg)

Renan Correa Sá (Cadete Masculino Meio-Pesado / -90kg)

Marlon Silva Vieira (Júnior Masculino Meio-Leve / -66kg)

Marvin Silva Vieira (Júnior Masculino Leve / -73kg)

Nassary Kelrem da Silva Sousa (Júnior Feminino Leve / -57kg)

Jardiene Correa Sá (Júnior Feminino Meio-Pesado / -78kg)

Mateus Souza Sodré (Sub-21/Sênior - Iniciante Masculino Leve / -73kg)

Marcos Eduardo Barros dos Passos (Sub-21/ Sênior - Iniciante Masculino Meio-Médio / -81kg) 

Rafael Roberto Ribeiro Ferreira (Sub-15 - Iniciante Masculino Meio-Médio / -60kg) 

Laila Sofia Pavão Soledade (Sub-15 - Iniciante Feminino Meio-Pesado / -63kg)  

PRATA

Davi Lucas dos Santos Lima (Sub-13 Masculino Ligeiro / -31kg) 

Jonathan Pereira Costa (Cadete Masculino Meio-Leve / -60kg) 

Hilton Ryan Freire de Azevedo (Sênior Masculino Meio-Leve / -66kg)

BRONZE

Jimyclif Dourado Cantanhede (Sênior Masculino Leve / -73kg)

João Victor Ribeiro Barros (Sub-21/Sênior - Iniciante Masculino Meio-Médio / -81kg) 

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Brasília (DF), 30/06/2025 -  Usando lençóis como tela, o artista beninense Roméo Mivekannin, recria obras consagradas mundialmente, principalmente das coleções do famoso Museu do Louvre, com um novo olhar e novos personagens
Tela Galeria Superfície/Divulgação

Usando lençóis como tela, o artista beninense Roméo Mivekannin recria obras consagradas mundialmente, principalmente das coleções do famoso Museu do Louvre, em Paris, com um novo olhar e novos personagens. Nas releituras, as pessoas brancas que protagonizam as obras originais perdem espaço para autorretratos de Mivekannin, um homem negro.

A exposição O Avesso do Tempo, que entre dezembro de 2024 e junho de 2025, ocupou o Museu Louvre Lens – unidade localizada em Lens, cidade no norte da França, chega ao Brasil no Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador, de agosto a novembro, como parte da Temporada França-Brasil.

Confira os destaques da programação da Temporada da França no Brasil

Nas obras do artista, as substituições evidenciam questões como: Quem está pintando? Quem está sendo pintado? Quem está presente nas obras e quem está ausente nelas? Na releitura da Balsa da Medusa, de Théodore Géricault, de 1819, por exemplo, é ele que aparece ocupando alguns dos rostos daqueles que sobreviveram ao naufrágio Fragata de Medusa, no qual o quadro foi inspirado.

“Ele se insere para reescrever a história, para propor a sua narrativa. Ele também nos interpela para nos fazer entrar nessa história para, quem sabe, reescrever as nossas narrativas e questionar os sistemas de dominação atuais”, explica a gerente de atividades educacionais do museu, Evelyne Reboul, que acompanhou a Agência Brasil em visita guiada pela exposição no Louvre Lens.

Brasília (DF), 30/06/2025 -  Usando lençóis como tela, o artista beninense Roméo Mivekannin, recria obras consagradas mundialmente, principalmente das coleções do famoso Museu do Louvre, com um novo olhar e novos personagens
Foto: FREDERIC IOVINO/Divulgação

Roméo Mivekannin nasceu em 1986, em Bouaké, na Costa do Marfim, mas vive e trabalha entre a França e o Benin. É formado em arquitetura e começou a pintar em 2019, influenciado pela exposição O corpo negro, de Géricault a Matisse, no Museu D’Orsay, em Paris. A exposição discutia a presença negra nas obras de arte.

Mivekannin é também descendente da realeza de Benin. O último rei independente de Daomé – que, quando colonizado pela França, passa a se chamar Benin – foi Behanzin, tataravô dele.   

O material escolhido para as obras também é simbólico, de acordo com Reboul. Pela cultura à qual pertence, lençóis não devem ser reutilizados. Ele usa justamente lençóis de brechós europeus, que passam por uma lavagem de ervas para purificação. É sobre eles que o artista redesenha a história. 

“Em certas obras, ele nos mostrou que costurou, dentro dos lençóis, cartas que ele escreveu para pedir às personagens autorização para ocupar os seus lugares”, conta. O pedido, segundo Reboul, faz parte de prática religiosa do vudu, religião que nasce no Benin. Além de praticá-la, Mivekannin a retrata em suas próprias obras.

Outra obra da exposição traz uma releitura do quadro Retrato de Madeleine, de Marie-Guillemine Benoist, de 1800. Ao invés de Madeleine, é ele quem aparece com um turbante na cabeça, olhando diretamente para quem observa a obra.

“Esse quadro se chamava Retrato de uma Mulher Negra. Durante muito tempo, foi uma obra sem identidade”, diz Reboul. O quadro original foi renomeado em 2019, quando a mulher foi reconhecida como Madeleine, que foi de Guadalupe para a França após a abolição da escravidão nos territórios franceses, em 1794. Ela trabalhou para a família de Bernoist.

O tataravô também é homenageado na exposição. O último rei independente de Daomé aparece com as esposas em uma fotografia. Mivekannin também se insere no retrato. Assim como se insere em outra fotografia, que mostra um grupo de mulheres negras e um homem branco colonizador junto com elas. Uma delas tem um olhar desafiador, mostrando descontentamento com a situação. É essa mulher que Mivekannin imita.

Brasil ilustrado

A exposição Brasil Ilustrado – Um legado pós-colonial de Jean-Baptiste Debret também impõe um desafio: olhar cuidadosamente para as imagens produzidas pelo pintor francês sobre o Brasil, entre 1816 e 1839, evidenciando as violências ali presentes e propondo ressignificações. A exposição, apresentada em Paris, na Casa da América Latina, chegará ao Museu do Ipiranga, em São Paulo, acompanhada de colóquio e publicação sobre a obra de Debret, também como parte da programação da Temporada França-Brasil.

Debret foi um pintor, desenhista e professor francês que integrou a Missão Artística Francesa (1817). O grupo fundou, no Rio de Janeiro, uma academia de Artes e Ofícios, mais tarde Academia Imperial de Belas Artes, onde lecionou. Quando voltou à França, publicou Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil (1834-1839), com gravuras que havia mantido em segredo, não enviando ao país de origem. As imagens mostram o cotidiano do Rio de Janeiro, em uma sociedade escravocrata repleta de violências contra pessoas negras.

O livro chegou a ser censurado pela biblioteca imperial na França e foi esquecido, até ser publicado no Brasil em 1940. O problema, de acordo com o pesquisador especialista na obra de Jean-Baptiste Debret, Jacques Leenhardt, curador da exposição, é que o que era violência e chocou a sociedade francesa não teve o mesmo impacto no Brasil, que viu as cenas como corriqueiras. As gravuras foram amplamente divulgadas em livros didáticos e até mesmo em souvenires, em panos de prato e outros objetos.

"Por isso, eu coloquei na exposição uma seleção de imagens ligadas ao trabalho, porque o tempo todo ele está falando que quem trabalha no Brasil é o escravo. O português não trabalha. Aparece comendo doces, etc. Quem trabalha é o negro, é o escravo", diz. 

Quando o livro é rejeitado na França, ele recebe um parecer: "Esta não é a realidade brasileira. Tem um desenho que mostra os negros escravizados que chegam ao Valongo [porto no Rio de Janeiro] muito magros e quase morrendo após a viagem. E o comentário que se faz, que hoje é inacreditável, é de que 'o que Debret faz são esqueletos, ele não sabe desenhar`. Mas a realidade era exatamente aquela", diz Leenhardt. 

Brasília (DF), 30/06/2025 -  Usando lençóis como tela, o artista beninense Roméo Mivekannin, recria obras consagradas mundialmente, principalmente das coleções do famoso Museu do Louvre, com um novo olhar e novos personagens
Galeria Nara Roesler/Divulgação

A exposição reúne obras de 15 artistas brasileiros que dialogam ou mesmo recriam os desenhos de Debret. Uma delas, a obra Retrato da Mãe e transformações (2022), de Eustáquio Neves, utiliza imagens da própria mãe em uma série de negativos fotográficos nos quais vai, aos poucos, inserindo uma máscara de metal que era usada nas pessoas escravizadas, tapando a boca para que elas não pudessem se matar para fugir da situação de escravidão, comendo terra. Ao lado, o desenho de Debret no qual a máscara aparece. 

A obra Trabalho (2017), de Jaime Lauriano, reúne uma série de elementos que reforçam o racismo presente na sociedade, como avisos de "A entrada de serviço é pelos fundos" e uma lista de profissões muitas vezes ocupadas por pessoas negras sem que seja dada a elas alternativas, como empacotador, faxineira, empregada doméstica, garçom, gari, entre outras. Ele reúne também objetos que utilizam e normalizam os desenhos de Debret, como calendários e tapeçarias. 

Em Espera da reza pro bater do tambor (2024), Gê Viana recria a obra de Debret, dando protagonismo às pessoas negras e inserindo elementos atuais como uma aparelhagem de som. 

Temporada França-Brasil

A Temporada 2025 foi acordada em 2023, pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Emmanuel Macron. O objetivo é fortalecer a relação bilateral entre os dois países, principalmente por meio da cultura. No primeiro semestre deste ano, ocorreu a Temporada Brasil-França, ou seja, a programação brasileira em solo francês. Agora, no segundo semestre, é a vez da Temporada França-Brasil, elaborada pela França.

Os temas prioritários da Temporada são: a diversidade de sociedades e diálogo com África; democracia e Estado de direito; e, clima e transição ecológica. A programação, que ocorre de agosto a dezembro, será distribuída entre 15 cidades brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belém, Salvador, Recife, Fortaleza, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Campinas, São Luís, Teresina, João Pessoa e Macapá.

Entre os dias 17 e 24 de maio, a Agência Brasil esteve em Paris, a convite do Instituto Francês, vinculado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da França, responsável pela programação do segundo semestre, para conhecer um pouco da programação.

(Fonte: Agência Brasil)