Pessoas de todo o Brasil interessadas em participar da 5ª Feira de Talentos Contrate-me, promovida pelo Departamento Nacional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), com apoio técnico do Senai Cetiqt, já podem cadastrar o currículo aqui. O evento de empregabilidade gratuito e on-line busca contribuir para a inserção profissional dos participantes. A feira ocorrerá entre os dias 3 e 5 de maio.
Empresas de diferentes regiões do Brasil e de todos os setores econômicos, além da indústria, podem participar também do evento, cadastrando suas oportunidades de emprego por meio de formulário on-line ou entrando em contato com [email protected].
A feira terá vagas de emprego ou estágio, além de palestras e workshops (oficinas). O público poderá ter acesso à programação do evento e à plataforma on-line da feira, a partir do dia 3 de maio, na página do evento na internet.
“As pessoas vão poder navegar ali e consumir o conteúdo da feira, que é visitar os estandes, conhecer os cursos que o Senai está oferecendo em todos os níveis de ensino no Espaço Senai, assistir às palestras”, disse à Agência Brasil a psicóloga e pedagoga Luize Marçal, analista responsável pelo evento no Senai Cetiqt. As pessoas poderão também navegar pelos sites das empresas parceiras e interagir com especialistas em diversas carreiras e recrutadores por meio de mensagens.
Acessibilidade
As palestras vão ser transmitidas ao vivo no auditório situado em uma plataforma criada no metaverso. Elas serão acessíveis e terão tradução em Libras. Como a plataforma não tem ainda um endereço virtual definido, o Senai está direcionando o público interessado para a página da feira. Luize informou que o Contrate-me já tem hoje 200 mil cadastrados, dos quais mais de 2,8 mil são caracterizados como pessoas com algum tipo de deficiência. “As empresas procuram porque têm dificuldade de contratar pessoas com esses perfis”.
Segundo Luize, a previsão é que sejam ofertadas, durante a feira, cerca de 8 mil vagas de emprego. “São vagas no Brasil inteiro e de todos os níveis de ensino”. Luize destacou também que os participantes poderão ganhar prêmios, como cursos do Senai, à medida que mais consumirem os conteúdos da plataforma.
Luize destacou que, ao fazerem o cadastramento na plataforma Contrate-me, os candidatos às vagas de emprego deverão responder a perguntas sobre suas competências técnicas e socioemocionais. “O Contrate-me é uma plataforma que faz uso da inteligência artificial (IA). Então, são perguntas que o candidato vai respondendo com seus dados, como se estivesse preenchendo um currículo. Tem uma parte de entrevista, onde o candidato vai ter que falar um pouco sobre si mesmo. A inteligência artificial que tem na plataforma vai indicar quais são os profissionais mais assertivos, mais indicados para preencher as vagas que as empresas estão cadastrando”.
Senai Cetiqt
O Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (Senai Cetiqt) é formado pela Faculdade Senai Cetiqt, Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras e pelo Instituto Senai de Tecnologia Têxtil e de Confecção. Inaugurado em 1949, é hoje um dos maiores centros de geração de conhecimento da cadeia produtiva química, têxtil e de confecção, setores que, juntos, produzem cerca de 11,9 milhões de empregos no país.
Após meses de preparação, quase 1,5 milhão de candidatos em todo o país fazem, neste domingo (23), as provas do concurso do Banco do Brasil (BB). Os exames ocorrerão em 178 cidades de todos os Estados e o Distrito Federal.
Os inscritos devem conferir os dados pessoais e o local de prova na página da Fundação Cesgranrio, organizadora do concurso. Os portões dos locais de aplicação serão abertos às 12h e fechados às 13h (horário de Brasília). A entrada só é permitida com a apresentação do cartão de inscrição, que deve ser impresso na página da Cesgranrio.
As provas serão liberadas às 13h30, sempre considerando o horário de Brasília. Os candidatos terão até cinco horas para responder a todas as questões.
Esse é o segundo maior concurso externo da história do Banco do Brasil e o maior da área de tecnologia já realizado no país. Ao todo, mais de 1,3 milhão de pessoas disputam 2 mil vagas de escriturário-agente comercial, e 130 mil concorrem para 2 mil vagas de escriturário-agente de tecnologia.
Há vagas em todos os Estados e no Distrito Federal, porém as de tecnologia são apenas para Brasília e São Paulo. Além dos 4 mil postos com contratação imediata, existem 2 mil vagas de cadastro reserva: 1.000 para cada um dos cargos em disputa.
O candidato precisa ter 18 anos (completos até a data de contratação) e apresentar certificado de conclusão do ensino médio. Dos inscritos, 53,75% se declaram do sexo feminino, 69,17% têm entre 19 e 35 anos de idade e 55,40% estudaram até o ensino médio.
Pessoas com deficiência
O banco anunciou também que ampliou o número de vagas exclusivas para pessoas com deficiência. Agora, somam 825, das quais 299 vagas para contratação imediata e 226 para formação de cadastro de reserva.
Remuneração
O salário inicial é de R$ 3.622,23 para jornada de 30 horas semanais, além de auxílio-alimentação/refeição de R$ 1.014,42 e cesta-alimentação de R$ 799,38, que são pagas mensalmente.
O funcionário terá participação nos lucros ou resultados; vale-transporte; auxílio-creche; auxílio a filho com deficiência; previdência complementar; planos de saúde e odontológico básico e acesso a programas de educação e capacitação. O Banco do Brasil oferece a possibilidade de ascensão na carreira ao longo dos anos de trabalho.
Fazer uma nação leitora, este é o desafio do atual governo. Em entrevista exclusiva para a Agência Brasil, o secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura, Fabiano Piúba, destaca as ações de retomada das políticas para a área, assim como aponta propostas da pasta para o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). De acordo com ele, a formação leitora dos brasileiros é uma das prioridades da gestão.
“O próprio presidente Lula, no processo de campanha, trouxe muito essa pauta quando falava menos armas e mais livros, menos clubes de tiro e mais bibliotecas. Eu creio que essa política ganha um relevo desde o fato de estar numa secretaria como também em uma agenda social e política do governo federal”, afirma.
Reduzida a uma diretoria dentro da Secretaria de Economia Criativa durante o governo Bolsonaro, a pasta recupera agora um grau institucional maior, segundo Piúba. Uma das atribuições da atual Secretaria é implementar o Plano Nacional de Livro e Leitura (PNLL), de forma articulada com o Ministério da Educação. O PNLL trata de diretrizes básicas para a democratização do acesso ao livro e para o fortalecimento de sua cadeia produtiva.
“Nós estamos com um grupo técnico específico para a construção desse PNLL, e uma das linhas é a implementação e a modernização de bibliotecas, tanto da rede pública como da rede escolar”, explica o secretário.
Criar e recuperar bibliotecas
Para Fabiano Piúba, é preciso modernizar o próprio conceito de biblioteca. “Ela deve ser vista como um dínamo cultural, conforme diz a Unesco, não como um depósito de livros”, defende.
Uma das propostas para levar essa inovação adiante é a implementação das chamadas Bibliotecas Parque, atualmente em fase de estudo. Criadas na cidade de Medellín, na Colômbia, essas bibliotecas são centros culturais que desenvolvem diversas atividades educativas e lúdicas, com forte envolvimento da comunidade.
O secretário também aponta a experiência das Bibliotecas Parque do Rio de Janeiro, inauguradas nos anos de 2010 e 2011. “A gente quer desenvolver também uma ação para as Bibliotecas Parque em áreas de periferia, em áreas de vulnerabilidade, não necessariamente nas capitais”, especifica.
Outro desafio é recuperar as bibliotecas públicas fechadas nos últimos anos. Segundo o Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais (2009), empreendido pela Fundação Getúlio Vargas, 1.152 municípios não contavam com este aparelho cultural.
“Em 2010, a gente zerou o deficit de municípios sem bibliotecas. Isso era uma meta que estava vinculada à Presidência da República à época”, afirma.
Segundo a pasta, atualmente faltam bibliotecas públicas em, pelo menos, 991 cidades brasileiras e apenas dois estados – Amapá e Sergipe – estão beneficiados em todos os municípios. A ideia agora é abrir uma linha, por meio de edital, para que os municípios apresentem seus projetos.
Bibliodiversidade por princípio
Para Piúba, o fomento ao livro e à leitura deve ser pensado a partir da bibliodiversidade. Esse conceito faz referência à diversidade da produção editorial de um país.
“Uma política de aquisição e de atualização de acervos [para bibliotecas públicas] tem que compreender essa bibliodiversidade, isto é, uma diversidade regional, de editoras, mas compreendendo também que há autores e autoras independentes, além de uma diversidade cultural e étnica”.
A proposta é que as aquisições de livros para bibliotecas públicas possam abranger obras variadas e não se concentrar apenas na produção de poucas editoras da Região Sudeste, como costumava ser feito.
Também para incentivar a diversidade, a Secretaria lançou o Prêmio Carolina Maria de Jesus em abril deste ano. O edital prevê a seleção de 40 obras inéditas escritas por mulheres, destinando o valor de R$ 50 mil reais por agraciada.
“Esse edital já deu o tom do que vem por aí. Ele estabeleceu cotas importantes, 20% no mínimo para mulheres negras, 10% para mulheres indígenas, 10% para mulheres com deficiência, 5% para mulheres ciganas e 5% para mulheres quilombolas”, detalha o secretário. De acordo com ele, as políticas afirmativas também compõem as estratégias da Secretaria e seguem as diretrizes da ministra da Cultura Margareth Menezes.
PAC e livros para exportação
A Secretaria tem apresentado propostas para o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. “Um dos projetos é que, ao receber a chave da casa [no programa Minha Casa, Minha Vida], a família receba também um kit com uma biblioteca básica de literatura brasileira, universal e infantil”, explica Piúba.
Outra proposta é retomar o programa Agentes de Leitura, que operou entre 2009 e 2011: “São jovens entre 18 e 29 anos, com ensino médio completo, que passam por um processo de seleção e formação contínua para criar ambientes favoráveis para a leitura dentro das casas, só que agora queremos conectar isso com a escola, em parceria com o MEC”. Esta seria uma ação desenvolvida no âmbito do Programa Nacional de Incentivo à Leitura (Proler).
Literatura nacional
A promoção da literatura brasileira também está na agenda da Secretaria. Dentre as prioridades, está a participação estratégica de autores em feiras literárias internacionais importantes, como a Feira de Guadalajara e a Feira de Frankfurt, que realizam rodadas de negócios para compra e venda de direitos autorais.
“As editoras brasileiras ainda vão muito mais comprar direitos do que vendê-los e a gente quer fazer uma via de mão dupla”, explica.
Além disso, existe a expectativa de destacar recursos orçamentários para o programa de tradução de obras de autores brasileiros, coordenado pela Fundação Biblioteca Nacional. Dessa forma, a pasta espera repercutir nossa criação literária em línguas diversas.
Desafios de um país que lê pouco
Um dos desafios apontados por Piúba é a formação leitora. Publicada em 2019, a 5ª edição da pesquisa Retratos da Leitura, do Instituto Pró-Livro, revelou uma redução no percentual de leitores entre 2015 e 2019. De acordo com os dados divulgados, passamos de 104,7 milhões de leitores para 100,1 milhões – uma queda de 4,6 milhões. Além disso, o Brasil continua no patamar de quase 50% de não leitores.
“A escola brasileira não tem sido capaz de formar um leitor para a vida inteira e esse é um desafio”.
Segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) de 2018, três em cada dez brasileiros entre 15 e 64 anos sofrem de analfabetismo funcional, isto é, não são capazes de compreender aquilo que leem.
“A criança precisa ser alfabetizada no tempo certo, e os jovens têm que chegar ao ensino médio não com analfabetismo funcional, mas aptos a dar um salto maior para chegar à universidade com essa capacidade de leitura e escrita”, avalia.
Para Piúba, um eixo importante para a alfabetização plena é justamente o da formação leitora. Doutor em educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC), ele defende que os programas de alfabetização enfatizem essa formação específica, com destaque à literatura infantil e juvenil, o que vem sendo tratado com o MEC.
“Muito mais importante do que saber quantos livros a gente lê ao ano, comparando o Brasil com outros países, é saber o que somos capazes de fazer com aquilo que se leu”, conclui.
Em homenagem ao aniversário de 63 anos de Brasília, comemorado neste 21 de abril, a Rádio Nacional traz um pouco da história da construção da capital federal, revelada em conversa com Frederico Flósculo, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília.
Rádio Nacional:
A construção muito peculiar da capital federal no Planalto Central conferiu à cidade características que vão desde aspectos monumentais à arquitetura inovadora, o que conferiu à cidade, em 1987, o reconhecimento da Unesco como Patrimônio da Humanidade. O que torna o conjunto urbanístico arquitetônico de Brasília tão especial?
Frederico Flósculo:
Brasília é um episódio extraordinário da história brasileira, porque sobretudo foi a realização do sonho republicano de transferência da capital da República para o interior do Brasil. Isso era um sonho até anterior à República. Foi um sonho expressado por José Bonifácio, por líderes brasileiros que viam a necessidade de bem defender a capital brasileira, mas bem administrar um país gigantesco. Então, finalmente, Juscelino Kubitschek conseguiu fazer isso, e a história desse sucesso é uma história muito particular, porque se deveu muito, tanto aos trabalhos do próprio [Getúlio] Vargas, porque Vargas quase cria Brasília, ele criou comissões de estudos e montou todo o grupo praticamente que, depois, foi usado pelo próprio Juscelino, mas também por Juscelino Kubitschek que foi, assim, o grande herói de Brasília porque ele enfrentou uma oposição política, extraordinariamente, agressiva contra a realização da cidade.
Mas Juscelino teve, a seu favor, a contribuição de um extraordinário arquiteto. Oscar Niemeyer. que ele já conhecia desde os tempos de prefeitura de Belo Horizonte, desde a década de 30. Oscar Niemeyer e Juscelino tinham uma amizade, uma sólida confiança mútua, e Juscelino confiou ao Oscar o projeto de Brasília. Só que Oscar Niemeyer, cuidadosamente, sabiamente, recusou. Oscar Niemeyer era ligado a OAB, propôs a realização de um concurso público nacional e, nesse concurso nacional, em 1957, foi vencedor outro extraordinário urbanista carioca, Lúcio Costa. Embora nascido na França, Lúcio Costa era mestre de Oscar Niemeyer, um grande reformador do ensino brasileiro, criador do Iphan. Na verdade, o Serviço Nacional depois se tornou o Instituto Nacional do Patrimônio Público, Histórico e Artístico Nacional. E aí, é a proposta de Lúcio Costa, extraordinária, que vai começar realmente a concretizar Brasília. Então Lúcio Costa propõe uma cidade com o traçado muito simples, dois eixos que se cruzam, um eixo descendo assim na direção do lago que já estava definido e outro eixo, fazendo o abraço do grande morro do Cruzeiro. E é ao longo desse eixo que faz o abraço que estão distribuídas as superquadras residenciais. E, no eixo que desce o morro na direção do lago, ele se tornou o eixo monumental onde são colocadas as principais zonas, setores tanto da capital da República, quanto de apoio e atração as funções fundamentais da cidade.
Brasília 60 Anos
Rádio Nacional:
O senhor mencionou a história do concurso do plano piloto, e eu gostaria de saber quais os principais destaques do projeto de Lúcio Costa e como ele foi colocado em prática.
Frederico Flósculo:
E aí é uma história, extraordinária, do próprio concurso. Lúcio Costa quando propôs, ele propôs realmente todos os planos que tinham sido apresentados, o mais elegante, ele propôs uma cidade parque que foi escolhida pelo júri que tinha membros internacionais, eles escolheram por causa da simplicidade e viabilidade e extrema beleza do plano. O Juscelino queria que o Oscar fizesse os prédios, os edifícios, o projeto de arquitetura. E teve um urbanista vencedor do concurso que eles dois teriam que trabalhar juntos. E o Juscelino conhecia muito bem arquiteto e urbanista. Sabe como é essa turma que não se concilia, que não é muito amiga, você vai ter um inferno na terra. Aí, ganhou esse presente aí. Realmente, a escolha foi isenta, e um grande mestre e companheiro de Oscar foi o vencedor. Os dois, então, fizeram a cidade que é tanto do Lúcio quanto do Oscar.
produção de fotos para matéria de aniversário de Brasília
Há vários episódios em Brasília, no Congresso Nacional em que se você ficaria espantada em ver como, por exemplo, aquele jogo belíssimo de formas das duas cúpulas, uma virada pra cima, os dois edifícios gêmeos, tudo aquilo foi concebido, simultaneamente, por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. A gente atribui só ao Oscar, mas quem começou a desenhar, fez a primeira proposta do Congresso Nacional, foi Lúcio Costa. E Oscar duplicou e, aí, começa uma sucessão de realizações extraordinárias em pouco mais de dois anos de trabalho, de projeto de execução, graças também a um grande engenheiro chamado Israel Pinheiro. Então, é algo que emociona a brasilidade, se você pensar que, em cerca de mil dias, essa equipe heroica conseguiu entregar para o Brasil, no dia 21 de abril de 1960, a capital com o presidente instalado, com os poderes instalados em condição de começar a fazer com que o governo brasileiro se manifestasse e fizesse a gestão do Brasil desde o Planalto Central. Um momento de imensa emoção. E a partir daí, o Brasil começou a conhecer Brasília. Porque ninguém sabia que coisa era aquela, que eles conheciam por algumas fotografias da obra, por alguns desenhos da obra. A brasilidade ao longo daqueles anos 60, 70, veio, desceu, veio de todo o planeta Brasil para trabalhar em Brasília, nas suas embaixadas, nos seus ministérios. Virou um centro de brasilidade, assim, que nos orgulha. Não há cidade, capital, no mundo, que tenha a beleza, a integridade, a elevação de Brasília. É por isso que, no final dos anos 80, acabamos sendo distiguidos pela Unesco com o título de Patrimônio Cultural da Humanidade. O único Patrimônio Cultural da Humanidade que é modernista, que é do século XX.
Brasília 60 anos - Palácio do Planalto
Rádio Nacional:
Professor Flósculo, pelos aspectos urbanísticos, como a cidade se transformou ao longo desses 63 anos de existência?
Frederico Flósculo:
Estamos num processo agora de preservação desse núcleo porque contra, digamos, a integridade daquela Brasília de JK, de Oscar Niemeyer, de Lúcio Costa, de Israel Pinheiro, há muitos inimigos, eu coloco meio que entre aspas, representados pelos especuladores imobiliários. Pelos oportunistas, pelos grileiros, por várias ondas de pessoas que pensam poder impor à Brasília o mesmo tipo de derrota urbana que foi imposta, em especial, ao Rio de Janeiro. Então, nós temos esse estigma também. De não permitirmos que aquilo que aconteceu no Rio, que ainda continua a aterrorizar a antiga capital, isso aconteça em Brasília, mas, infelizmente, já está acontecendo. Nós temos, desde aquele momento de inauguração em 21 de abril de 60, até hoje, esses 63 anos que se passaram, várias descontinuidades que foram quase fatais pra Brasília. Continuidades cruéis como da ditadura militar. E quase mata Brasília. Quase que os militares conseguiram arrebentar com todo aquele impulso de criação da cidade, de republicanismo. Isso foi muito importante porque, com a retomada da democracia em meados da década de 80, nós tínhamos uma democracia interrompida. E nós tivemos, a seguir, uma sucessão de governadores, francamente, desastrosa. Brasília não teve sorte, até hoje, com sua democracia porque os governadores não têm mostrado, digamos assim, identidade e consciência da grandeza do projeto da cidade, ao contrário, Brasília se tornou cada vez mais objeto fácil de projetos pessoais, de projetos menores, de especulação e, até mesmo, de corrupção do uso do seu território.
Construção de prédios residenciais e comerciais no Setor Noroeste em Brasília
Rádio Nacional:
Para encerrar, o senhor pode comentar sobre o que avançou em termos de ocupação da cidade, a exemplo de políticas como planos de preservação do conjunto urbanístico de Brasília, que espera há dez anos por finalização.
Frederico Flósculo:
Nós chegamos no ano de 1993, quando Brasília já tinha autonomia política desde 88, nominalmente, pela Constituição Federal e desde 90, pela eleição do primeiro governador. E é aí que, em 93, nós temos a Lei Orgânica do Distrito Federal, definindo a necessidade de um PPCUB, e um plano de preservação do conjunto urbanístico de Brasília. Desde 93 até hoje, 2023, nós temos aí um lapso de 30 anos. 30 anos de lapso, em que Brasília não conseguiu fazer o seu PPCUB. Quer dizer, era um dos primeiros planos a terem sido feitos em 93, nunca foi feito. Por quê? A razão é: governadores em sucessão, até os dias de hoje, não queriam fazer com que a preservação travasse seus negócios. Quer dizer, é quando o planejamento faz mal a política. E isso, infelizmente, acontece no nosso país. Não termos um PPCUB é algo escandaloso e é indício de péssima gestão pública. Nós temos aí, às vésperas de ter um PPCUB péssimo, na minha avaliação, o PPCUB, o primeiro PPCUB já vai ser cheio de maus movimentos do governo. Com coisas inacreditáveis, loteamento do eixo monumental, de lotes gigantescos destinados a restaurantes, a shoppings, a um monte de coisas que seriam muito bem-vindas nas cidades, nos bairros, nas administrações e não no eixo monumental.
Brasília 60 Anos - Passarelas subterrâneas de pedestres
A Rádio MEC celebrou 100 anos na última quarta-feira (20), em um evento no Teatro da Caixa Nelson Rodrigues, no Rio de Janeiro. A emissora pública, que tem conteúdo voltado para educação, arte e cultura, foi criada, em 1923, pelos cientistas Roquette-Pinto e Henrique Morize. Para marcar a data histórica, foi anunciada uma programação especial que vai entrar na grade da emissora durante os próximos meses.
Entre as novidades, destaque para a série protagonizada pelo escritor Ruy Castro, que vai ao ar nos domingos, às 22h, a partir do próximo dia 23. Ela é baseada no livro do autor, Metrópole à beira-mar. Também estão previstos: o programa Memória: Rádio MEC 100 anos, com 100 programas históricos do acervo; a apresentação da Orquestra Sinfônica Nacional no dia 10 de maio, ao vivo, na rádio; a transmissão do Festival de Jazz e Blues de Rio das Ostras (8 a 11 de junho); o concerto com a Petrobras Sinfônica, no Museu Nacional (7 de setembro); e o Prêmio Rádio MEC 100 anos (25 de setembro).
A diretora de Conteúdo e Programação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Antonia Pellegrino, disse que uma das prioridades da nova gestão é digitalizar o acervo da Rádio MEC.
“Isso é muito importante para garantir que ele não se perca, como vimos no caso dos acervos de alguns museus do Brasil. É também uma forma de disponibilizar nosso acervo para consulta de pesquisadores, estudantes e curiosos. E é uma etapa necessária para o tombamento da Rádio MEC como patrimônio imaterial brasileiro pelo Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional], um reconhecimento da importância e da contribuição que a rádio deu ao Brasil como difusora de cultura e ciência”.
Gerente-executivo de Rádio da EBC, Thiago Regotto, reforçou que o momento é favorável para investir no crescimento da MEC e aproximá-la ainda mais do público.
“Tem muita coisa bacana que a gente pode fazer no cenário atual, que foi difícil de executar antes por dificuldades orçamentárias. Hoje, a comunicação pública e a Rádio MEC aparecem como prioridades. Então, vamos fazer tudo o que pudermos para alcançar mais pessoas, para apresentar conteúdos diferentes e relevantes na programação”.
Além das novidades, a Rádio MEC promete continuar fortalecendo os programas que recebem retorno positivo do público. É o caso do infantojuvenil Blim-Blem-Blom, comandado pelo compositor e produtor musical Tim Rescala há 11 anos.
“O programa é muito ouvido pelas famílias. Tenho esse retorno, que me deixa muito feliz, também pelos professores de música, que utilizam o programa em sala de aula. Então, isso mostra que esse aspecto didático e educativo, que marca a rádio, nos coloca no caminho certo. A gente está conseguindo levar a música clássica de forma lúdica para as crianças”.
O presidente da EBC, Hélio Doyle, lembrou que o centenário da MECé uma prova de que as previsões pessimistas sobre o fim do rádio não se concretizaram. E que a emissora vai continuar se adaptando e sendo um meio de comunicação importante na sociedade brasileira.
“Eu ouvia a história de que o rádio ia acabar quando veio a televisão. Depois, se falou do fim do rádio por causa da internet. O rádio se revitaliza, se renova. E ele não vai deixar de existir porque é o meio de comunicação mais acessado pelas pessoas. É o que chega mais facilmente, que depende menos de tecnologias sofisticadas. Seja no interior da Amazônia ou em qualquer outro lugar, o rádio chega lá. Ele não vai acabar, ele vai se recriar”.
História
A MEC foi a primeira emissora radiofônica do Brasil. Sucessora da Rádio Sociedade, criada em 20 de abril de 1923 por Edgard Roquette-Pinto e Henrique Morize, teve papel importante na formação musical e cultural do país. Em 5 de julho de 2022, foi declarada Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial do Rio de Janeiro.
Doada em 1936 ao Ministério da Educação, a Rádio MEC é gerida, desde 2007, pela EBC. Com cerca de 50 mil registros e produções, a emissora possui um patrimônio de gravações de personalidades como Getúlio Vargas, Monteiro Lobato, Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Fernanda Montenegro e Carlos Drummond de Andrade.
A escritora Heloísa Buarque de Hollanda foi eleita nessa quinta-feira (20), para a Academia Brasileira de Letras (ABL), e vai ocupar a cadeira 30, vaga desde a morte da escritora Nélida Piñon, em dezembro passado. A escritora e crítica cultural passa a ser a décima mulher eleita para a ABL.
A votação que elegeu a paulista com 34 dos 37 votos foi a primeira da Academia feita por urna eletrônica. O pintor e escritor Oscar Araripe teve 2 votos e houve um voto em branco.
“Esse atual projeto de abertura da Academia me fascina. E isso não é nem o começo. Tem que ter mulher, negro, índio. Porque são excelentes também. Isso é o Brasil, a democracia. Eu estou muito feliz de chegar nesse momento na Academia, com esse projeto de renovação, aos 84 anos”, destacou Heloísa, em nota da ABL.
A cadeira 30 tem como fundador o contista Pedro Rabelo, como patrono o jornalista e romancista Pardal Mallet, e teve como titulares o advogado Heráclito Graça, o médico Antônio Austregésilo e o ensaísta, filólogo e lexicógrafo Aurélio Buarque, além de Nélida Piñon.
Feminista
Uma das principais vozes do feminismo brasileiro, considerada a maior intelectual pública do país, Heloísa Buarque de Hollanda é formada em letras clássicas pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), com mestrado e doutorado em literatura brasileira na UFRJ e pós-doutorado em sociologia da cultura na Universidade de Columbia, em Nova York. É diretora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC-Letras/UFRJ), onde coordena o Laboratório de Tecnologias Sociais, do projeto Universidade das Quebradas, e o Fórum M, espaço aberto para o debate sobre a questão da mulher na universidade.
Seu campo de pesquisa privilegia a relação entre cultura e desenvolvimento, área em que se tornou referência, dedicando-se às áreas de poesia, relações de gênero e étnicas, culturas marginalizadas e cultura digital. Nos últimos anos, vem trabalhando com o foco nas produções das periferias das grandes cidades, no feminismo, bem como no impacto das novas tecnologias digitais e da internet na produção e no consumo culturais.
Entre os livros publicados, destaca-se a histórica coletânea “26 Poetas Hoje”, de 1976, que revelou uma geração de poetas “marginais” que entrou para a história da literatura brasileira, como Ana Cristina Cesar, Cacaso e Chacal. Essa antologia é considerada um divisor de águas entre uma poesia canônica e uma poesia contemporânea e performática. Segundo a autora, o livro causou furor na época.
“Em tempos de censura e de repressão, plena ditadura, no ano de 1976, em uma época batizada por Zuenir Ventura de vazio cultural, publiquei uma antologia que causou furor”, avaliou Heloísa em nota.
A ABL destaca que o livro 26 Poetas Hoje trazia a atmosfera coloquial e irreverente que marcaria a década de 1970, também chamada de geração mimeógrafo ou geração marginal. Eram poetas que estavam à margem do circuito das grandes editoras e que produziam seus livros de maneira artesanal, em casa, em pequenas tiragens vendidas em centros culturais, bares e nas portas dos cinemas. O livro foi uma resposta direta aos anos de chumbo e se tornou um clássico da poesia brasileira, referência incontornável para escritores e leitores de poesia.
Heloísa Buarque de Hollanda publicou também: Macunaíma, da literatura ao cinema; Cultura e Participação nos anos 60; Pós-Modernismo e Política; O Feminismo como Crítica da Cultura; Guia Poético do Rio de Janeiro; Asdrúbal Trouxe o Trombone: memórias de uma trupe solitária de comediantes que abalou os anos 70; entre outros.
O kitesurfista maranhense Bruno Lobo, que é patrocinado pelo Grupo Audiolar e pelo governo do Estado por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, além de contar com os patrocínios do Bolsa-Atleta e da Revista Kitley, vai representar o Estado e o Brasil em mais uma importante competição do calendário mundial da modalidade. Em fase de preparação para a disputa da tão sonhada vaga nos Jogos Olímpicos, Bruno mira um bom resultado na Semana Olímpica Francesa, competição que ocorre entre os dias 22 e 29 de abril, em Hyères, na França.
Bruno Lobo viajou para a França com a confiança elevada por um grande desempenho na 52ª edição do Troféu Princesa Sofia, um dos eventos mais tradicionais da vela, que foi realizado entre os dias 4 e 8 de abril, em Palma de Mallorca, na Espanha. O atleta maranhense foi o melhor kitesurfista das Américas, ficou em sétimo lugar entre os países e também garantiu a 11ª posição na classificação geral da competição, que contou com a participação dos 115 melhores kitesurfistas do mundo.
A temporada de 2023 é a mais importante da carreira de Bruno Lobo, que terá duas oportunidades para carimbar a vaga nos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris, na França. O primeiro seletivo olímpico para o kitesurfista número 1 do Brasil será o Campeonato Mundial de Vela, entre os dias 10 e 20 de agosto, na cidade de Haia, na Holanda.
Depois do Campeonato Mundial, Bruno Lobo ainda terá outro evento classificatório para os Jogos Olímpicos pela frente. Entre os dias 25 de outubro e 5 de novembro, o kitesurfista maranhense vai competir nos Jogos Pan-Americanos, em Santiago, no Chile. O Pan traz ótimas recordações para Bruno, que teve um desempenho histórico e faturou a medalha de ouro na competição de 2019, em Lima, no Peru.
Conquistas em 2022
Antes de se destacar no Troféu Princesa Sofia, Bruno Lobo fez história em duas competições disputadas em novembro, em São Luís. O kitesurfista maranhense faturou pela terceira vez o Campeonato Pan-Americano de Fórmula Kite e garantiu o sexto título brasileiro de Fórmula Kite, mostrando mais uma vez porque é um dos principais nomes da modalidade no continente.
Também em 2022, Bruno Lobo foi campeão da Copa Brasil de Vela, que foi válida como segunda etapa do Campeonato Brasileiro de Fórmula Kite e disputada em Ilhabela (SP), com vitórias em todas as 13 regatas da competição, garantiu a 18ª colocação e foi o melhor das Américas no Mundial de Fórmula Kite, em Cagliari, na Itália, ficou com a nona colocação no Circuito Europeu, realizado entre setembro e outubro, em Lepanto, na Grécia, faturou o título da categoria Hydrofoil na Copa Brasil de Vela de Praia, com vitórias nas 10 regatas da competição disputada no mês de agosto, em Fortaleza, e conquistou a sétima posição no Circuito Mundial de Kitesurf, que ocorreu no fim de julho, em Gizzeria, na Itália.
No primeiro semestre de 2022, Bruno Lobo ficou em sétimo lugar na disputa da Fórmula Kite na Copa do Mundo de Vela, que ocorreu em junho, na Holanda, e sagrou-se campeão da etapa do Campeonato Espanhol na cidade de Palamós, vencendo 10 das 12 regatas disputadas. O maranhense também garantiu a quarta colocação no Campeonato Asiático de Kitesurf na Tailândia e acabou ficando no Top 20 na disputa da Semana Olímpica Francesa em Hyères, na França.
Referência no Brasil e nas Américas
Nos últimos anos, o maranhense Bruno Lobo tornou-se a principal referência no kitesurf tanto no Brasil quanto nas Américas. Hexacampeão brasileiro de Hydrofoil, o atleta é dono de uma vasta coleção de títulos: foi campeão dos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019, tricampeão das Américas (2020-2021-2022), octacampeão maranhense, entre outros.
“Só tenho a agradecer aos patrocínios do Grupo Audiolar, do governo do Estado, do Bolsa-Atleta federal e da Revista Kitley por estarem ao meu lado nesse sonho de representar o Maranhão e o Brasil nas Olimpíadas de Paris. A cada competição, buscamos evoluir para conquistar a vaga olímpica. Muito obrigado pelo apoio e incentivo”, concluiu Bruno Lobo.
Com o objetivo de preparar o Time Maranhão para a disputa do Campeonato Brasileiro Sub-18 de Judô, a Federação Maranhense de Judô (FMJ) vai realizar, na manhã desta sexta-feira (21), um supertreino para os judocas que vão representar o Estado na competição nacional. O treinamento ocorrerá a partir das 10h, na Viva Água, no Bairro do Renascença.
A iniciativa da FMJ visa qualificar e preparar o time maranhense para competir em junho, na cidade do Rio de Janeiro. A capital do Estado foi confirmada para sediar esta edição do Campeonato Brasileiro Sub-18.
“A FMJ continua trabalhando para que o judô maranhense evolua. A tentativa desse treino com os atletas da seleção visa melhorar as habilidades e técnicas dos nossos judocas que, muito em breve, vão representar o Maranhão no Campeonato Brasileiro. Os atletas têm a oportunidade de trocar experiências e qualificar ainda mais o nível do seu judô”, explicou Rodolfo Leite, presidente da Federação Maranhense de Judô.
Mas antes da disputa nacional, os judocas maranhenses terão outro desafio: a 2ª etapa do Circuito Maranhense de Judô. Evento organizado pela FMJ, o Circuito servirá de seletiva para o Brasileiro Sub-18. De acordo com o calendário de competições 2023 da federação, a segunda etapa do Circuito está prevista para ocorrer no dia 20 de maio.
Temporada 2023
No mês de fevereiro, a FMJ realizou a primeira etapa do Circuito Maranhense de Judô, evento que abriu oficialmente a atual temporada da modalidade no Estado. Ao todo, o evento contou com a participação de mais de 170 judocas de diversas regiões do Maranhão e coroou a equipe do Fórum Jaracaty, campeã geral do torneio ao conquistar 23 medalhas no total, sendo 14 ouros, 5 pratas e 4 bronzes. A equipe vice-campeã foi a Associação Mazzili com 21 medalhas (14 ouros, 5 pratas e 2 bronzes).
A primeira etapa do Circuito serviu de seletiva para a disputa do Campeonato Brasileiro de Judô (Região I), que ocorreu no início do mês, no Amapá. No evento nacional, o Time Maranhão brilhou e conquistou o título de campeão geral masculino com um grande desempenho de seus judocas que levaram 25 medalhas, sendo 12 de ouro, 3 de prata e 10 de bronze. No feminino, o Maranhão terminou na 6ª posição com 10 medalhas: 6 pratas e 4 bronzes.
Em julho do ano passado, a Lei 14.402/22 definiu 19 de abril como o Dia dos Povos Indígenas – e não mais Dia do Índio –, para celebrar a cultura e herança desses povos. A medida, aprovada pelo Congresso Nacional, deixa de lado o termo índio, considerado preconceituoso contra os povos originários.
Para o coordenador-executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Dinamam Tuxá, o preconceito acaba sendo reforçado com estereótipos que ainda persistem em comemorações e nos livros escolares.
“Várias escolas fantasiando; crianças, querem colocar os indígenas em um formato, dentro de uma caixinha. Indígena é aquele que mora dentro da floresta, que anda, tem vestimentas. Isso cria um cenário de um racismo porque essas crianças crescem na ideologia de um indígena do cabelo liso, dos olhos puxados, uma pele avermelhada. Nós passamos por um processo de miscigenação. Nós passamos por um processo de violência. Quantas mulheres indígenas não sofreram abusos sexuais? Tiveram a miscigenação forçada”.
A existência dos povos indígenas é atravessada por séculos de violência. Para Dinamam Tuxá, essa violência persiste em forma de racismo, como resquício da colonização portuguesa.
“Processo de muita violência, de aculturação forçada, de retirada de língua, de abuso, de trazer os povos indígenas de forma forçada a uma realidade que não lhes pertence, de não demarcar os territórios indígenas, de não promover ações de políticas públicas que fomentem a cultura dos povos indígenas. Então, todo esse cenário contribui ainda para que essa violência se propague dentro e fora das terras indígenas”.
Genocídio
O professor de História da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Fabrício Lyrio, reforça que a chegada dos portugueses trouxe uma série de violências contra os povos originários, o que resultou em genocídio. Enquanto 5 milhões de indígenas viviam no Brasil, em 1500, atualmente essa população não chega a 1 milhão.
“É, sobretudo, uma violência simbólica de demarcar uma presença em uma terra onde já havia outras pessoas vivendo. E essa violência tende a crescer. Tanto a violência intencional da guerra, da escravização, quanto a violência que não foi planejada, mas que teve um impacto absurdo sobre as populações nativas, a chegada de novas agentes infecciosos. Há uma dimensão de genocídio, não há dúvida”.
Fabrício Lyrio lembra que, antes de imigrantes e pessoas do continente africano, os indígenas foram os primeiros escravizados pelos portugueses no Brasil. Segundo o especialista, os primeiros engenhos de açúcar no país foram montados com mão de obra indígena, em maior parte escravizada.
Em 1500, os portugueses que aqui chegaram acreditavam ter chegado às Índias. Por isso, deram nome de índios aos que aqui já viviam. Mas, o termo correto é indígena, que significa, no latim, natural do lugar em que vive.
Os candidatos pré-selecionados por meio da lista de espera do Programa Universidade Para Todos (Prouni) têm até esta quarta-feira (19) para enviar às instituições de ensino as comprovações das informações prestadas no ato de inscrição. A comprovação pode ser feita de forma presencial ou virtual.
A documentação definida no edital deve ser apresentada pelo candidato e pelos membros do grupo familiar, quando for o caso. Para conferir a lista de documentação comprobatória, basta acessar o Portal Único de Acesso ao Ensino Superior.
É de responsabilidade do candidato verificar, na instituição, os horários e a forma de atendimento disponível para a conferência das informações. A perda do prazo, ou a não comprovação das informações, implicará na reprovação do candidato.
O Prouni oferece bolsas de estudo integrais e parciais (50% do valor da mensalidade do curso) em instituições privadas de educação superior, em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, a brasileiros sem diploma de nível superior.