Skip to content

2

Poema de amor a São Luís

Vejo agora vejo e não estou sonhando
que Dom João, o Rei 4º, e bem-andante,
não terá o encoberto de Dom Fernando
que tem ferro e ferrão sem ser infante.
Não é aqui definitivamente o Quinto Império
da prédica do Bandarra, sapateiro profeta e profano,

nem tampouco é aqui a Corte de Queluz
que submergiu nos encantos...
porque a amplidão dos Lençóis
é maior que os campos de Alcácer-Quibir.

Não há mais na Ilha vinho para os vivos
e flores para os mortos,
e nem canoas para as travessias.
Somente o Sol liberta-se de seu claustro
a cair vermelho por detrás da tarde,
ante meus olhos desarmados
e atracados nos cais de minh'alma.
O promontório não cresce mais no verão
e apodrece num montão de pedras a beijar
entulhos e mirantes,
e telhados verdes de chuvas.

Homens e paralelepípedos despencam
dos becos e vielas
por cumeeiras sem escápulas, territórios de artistas
e pensadores que secam as vísceras ao sol do meio-dia.

Todos são poetas até prova em contrário, e nada mais existe
escrito a carvão, ou a caco de telhas,
nos muros e nos planos das calçadas.

As janelas desconjuntaram-se e as rótulas vazias
ficaram nos peitoris sem olhos e cotovelos.

As bilhas secaram como os peitos das mães de África,
e os quintais despomatizaram-se,
mas as marrecas continuam em seus baixos voos...

As portas e as janelas, sem mais postigos,
foram literalmente fechadas
e presa para sempre, lá no fundo do corredor,
por um aleijão na argamassa,
uma réstia de luz vinda do poste da praça,
antes de tudo ser, como realmente o foi, e para sempre...

Em antigas casas, de gestos portugueses,
plantaram-se às portas e às janelas,
não alecrins, e jarros com flores,
mas bugigangas do charco, e chinesices,
que nada dizem à memória dos ilustres mortos;
nas igrejas não têm mais missas
e réquiens cantados,
nem mais as homilias de Padre Mohana
nas manhãs de domingo,
e nem os cânticos de Te Deum,
e nem mais rezas à noite, e ladainhas...

Os velhos sobrados, depois de tombados,
de tantos desamores e maus-tratos,
começaram literalmente a cair,
por não poder esperar a briga dos herdeiros pelo inventário;
são esses mesmos sobrados, esburacados e enfeados,
cujos motivos lusônios,
foram todos furtados,
a trocarem os adereços de endereços,
além de serem invadidos por devassas trepadeiras,
que se acoitam pelas paredes e sacadas de ferro.

Que belíssimos jardins de inverno!
Os palacetes da média burguesia,
com jardins, e terraços, e gradis bordados,
viraram espaços de defuntos, e dores,
e, ao invés dos rasos risos do passado,
vivem hoje dos choros das carpideiras,
e do tremeluzir dos círios acesos,
e do cheiro adocicado
de cravos e de coroas de flores.
A Ilha que um dia foi rebelde,
de alma pura e corpo sujo,
hoje mais se parece uma fotografia
esquecida numa mesa de redação,
como se fosse um grande abrigo
com pátio e poço a desmanchar-se em caliça,
onde vivem indigentes,
e mais os jubilados da sorte,
e vencidos e degenerados,
personagens de histórias de ficção
e de tratados de sociologia
que resolveram sair das páginas em que viviam,
para expulsar seus autores
e levá-los ao exílio e à morte,
e se aboletarem na podre carcaça da Ilha,
como almas calcinadas;
pobres personagens sem pessoas,
aos poucos defluem como resíduos
para os muitos portos, ao redor da Ilha,
para serem diluídos no sal
e expostos ao Sol e ao céu!...

Não há mais pregões nas ruas,
nem cofos, e paus-de-carga,
nem mais comícios políticos
no velho Largo do Carmo,
e algaravias de estudantes.
Nunca mais aquelas brigas
panfletárias de morfologia e sintaxe,
e nem aqueles filólogos a discutirem
se o nome da Cidade,
provindo da variação latina de Ludovico,
seria mesmo com s, ou z.

Nunca mais bondes, vitrinas, saraus e retretas...
e pronomes bem-colocados,
e verbos conjugados certos,
no tempo da carne e no modo do vinho.
Mas sempre na Ilha há de existir
a crueza da língua viperina,
em punir com sentenças extramuros,
inocentes, principalmente,
com injúrias, calúnias, infâmias e difamações,
como se o abecedário predicado por Vieira
continuasse a explodir no tempo,
dando ênfase à letra "M".

Diz o hino libertário que “... caiu do invasor a audácia
estranha, e surgiu do direito a luz dourada...”

E a Ilha ficou sem mais ser!
E a história se fez escrita, e ficou na cidade,
na cidade que tem nome de santo,
e de rei, e de menino.

E o passado se fez de rima na poesia encardida
nos azulejos, e na saudade de tudo quanto a vista alcança,
e na lembrança do que ainda se desdobra,
e na inteligência de crânios polidos
que rolam à-toa ao rés do chão.

Morreram todos, dizem os cadeados nas cancelas!

* Fernando Braga, “Poemas do tempo comum”, São Luís, 2009.

O Museu do Amanhã, na Praça Mauá, zona portuária do Rio de Janeiro, reabriu, neste sábado (5), ao público, após ficar quase seis meses fechado. As atividades foram suspensas no dia 16 de março, por causa das medidas de isolamento social para evitar a propagação da covid-19.

Como medidas sanitárias de prevenção, recomendadas pelo Conselho Internacional de Museus, a instituição está medindo a temperatura dos visitantes e exigindo o uso de máscaras. O museu também aumentou a frequência da higienização dos equipamentos interativos, disponibilizou totens de álcool em gel e tapetes sanitizantes e mudou o percurso da exposição, sem a possibilidade de retorno para evitar aglomerações nos corredores.

O número de visitantes simultâneos, que chegou a 1,2 mil, está restrito a 300 por hora. A venda dos ingressos está sendo feita apenas pela “internet” e a compra validada em totens automáticos. Por enquanto, o funcionamento será de quinta-feira a domingo, das 10h às 17h. O ingresso custa R$ 26, asseguradas as gratuidades e a meia-entrada previstas em lei.

Segundo o diretor-presidente do IDG, instituto que faz a gestão do museu, Ricardo Piquet, as perdas durante o período em que a instituição ficou fechada somam cerca de R$ 6 milhões.

“Por causa da pandemia, o Museu do Amanhã deixou de arrecadar cerca de R$ 6 milhões em 2020, com as perdas de bilheteria, aluguel para eventos e aluguel de loja, restaurante e café. Ainda assim, mantivemos as operações de segurança, limpeza e manutenção, além de criar uma programação ‘on-line’ para manter a conexão com o nosso público e atualizar a exposição de longa duração”.

Novidades

A exposição de longa duração do Museu do Amanhã foi atualizada. O vídeo inicial “Cosmos”, exibido em uma projeção 360 graus em um domo, inclui, agora, novas sensações pautadas pela vivência da pandemia.

Na área da Terra também foram incluídas fotos de satélite de cidades durante a quarentena, com as ruas vazias. A área do Antropoceno, que mostra a evolução do movimento ambiental e as marcas que a humanidade vai deixar no planeta, ia até o Acordo de Paris, de 2016, e, agora, avançou para a época do “Conoraceno”.

A atração interativa Cidades Conectadas mostra como a pandemia se espalhou pelo mundo. Um vídeo da médica Jurema Werneck, atual diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil, aborda os impactos sociais e econômicos da pandemia e outro com a bióloga da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Marcia Chame fala dos fatores biológicos que influenciam no surgimento das epidemias.

Durante o período em que permaneceu com as portas fechadas, o Museu do Amanhã atuou de forma “on-line”, com atividades como debates semanais, encontros mensais sobre sustentabilidade e visita virtual à exposição temporária Pratodomundo - Comida para 10 bilhões.

Outros museus

O Museu de Arte do Rio (MAR), também na Praça Mauá, permanece fechado e ainda não anunciou o retorno às atividades presenciais, assim como o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no centro, e a Caixa Cultural, no Largo da Carioca. O Museu de Arte Moderna (MAM), no Aterro do Flamengo, está com a reabertura prevista para o próximo sábado (12).

O Museu Histórico Nacional, na Praça 15, no centro, segue as determinações do ofício do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), voltadas a instituições federais, e permanece fechado até o dia 15 de outubro. Mesma situação do Museu Nacional de Belas Artes, na Cinelândia.

(Fonte: Agência Brasil)

1

O Ministério do Turismo (MTur) iniciou, nessa sexta-feira (4), os repasses para Estados e municípios dos recursos previstos na Lei Aldir Blanc. Sancionada no fim de junho, a lei foi regulamentada em agosto e vem para socorrer o setor cultural e de eventos durante a pandemia do novo coronavírus.

O MTur encaminhou as ordens de pagamentos para 100 municípios e cinco Estados, num total de R$ 194,2 milhões. O Estado do Amapá e o município gaúcho de Nonoai foram os primeiros a concluir todas as etapas previstas no processo. A Lei, batizada de Aldir Blanc em homenagem ao escritor e compositor que morreu de covid-19, prevê o repasse de R$ 3 bilhões, sendo metade destinada aos Estados e ao Distrito Federal, e a outra metade, aos municípios e ao Distrito Federal.

O recurso poderá ser usado para pagamento de renda emergencial mensal aos trabalhadores da cultura – R$ 600 pelo período de três meses –, subsídio mensal para manutenção de espaços artísticos e culturais – entre R$ 3 mil e R$ 10 mil – e iniciativas de fomento cultural. Dentre essas iniciativas, estão aquisição de bens e serviços vinculados ao setor cultural e outros instrumentos destinados à manutenção de agentes, de espaços, de produções, entre outros.

O pagamento será dividido em quatro lotes. O primeiro com pagamento até 11 de setembro, o segundo com pagamento até 26 de setembro, o terceiro com pagamento até 11 de outubro e o último com pagamento até 26 de outubro.

O MTur e a Secretaria Especial de Cultura oferecem canais de atendimento para tirar dúvidas sobre a aplicação da legislação, pelo “site” portalsnc.cultura.gov.br/auxiliocultura e o “e-mail” [email protected].

(Fonte: Agência Brasil)

“ESTOU MORRENDO DE UMA DOENÇA CONTAGIOSA. PEÇO-LHE PARA NÃO INVESTIGAR AS CONDIÇÕES DE MINHA MORTE. VOU COMETER SUICÍDIO”

**

Você é jovem. Tem 27 anos e já é um cientista, com doutorado e tudo, com estudos e trabalhos feitos em diversas partes do mundo e é considerado um dos mais promissores talentos em sua área.

Você tem uma irmã. É bem nascido: o pai é médico, pioneiro no uso da novocaína em anestesia e fundador do maior hospital da região; a mãe também é médica, dedica-se a crianças e é ativista na luta contra a tuberculose.

Então, em fluente inglês escreve uma carta, onde, de início e diretamente, expõe o próprio drama e anuncia a tragédia particular:

“I am dying of a contagious disease. I request you to not investigate the conditions of my death. I am going to commit suicide”. (“ESTOU MORRENDO DE UMA DOENÇA CONTAGIOSA. PEÇO-LHE PARA NÃO INVESTIGAR AS CONDIÇÕES DE MINHA MORTE. VOU COMETER SUICÍDIO”).

E o ato final: as mãos empunham uma faca e, incompreensão das incompreensões, desespero dos desesperos, pesadelo dos pesadelos, horror dos horrores, em diversos e sucessivos golpes, a lâmina metálica fria agride, desfere e fere, lacera e dilacera, talha e retalha, parte e reparte partes do próprio corpo.

Mas o fim próximo, se estava anunciado, não estava completo: aos golpes de faca afiada sucedem o martírio derradeiro, a sevícia última, a violência autoinfligida fatal: o corpo esfaqueado, esburacado, sangrento e sangrando, encaminha-se rumo... à forca.

Na presença de duas testemunhas pasmas e impotentes, em um cenário de matas e morros, pendurado a um nó de corda, um homem se mata e morre.

Foi em Carolina, Maranhão, há exatamente 80 anos, no dia 2 de agosto de 1939.

Com apenas 27 anos, o antropólogo e Ph. D. norte-americano Buell Halvor Quain, nascido em Bismarck, cidade de 144 anos, 80 quilômetros quadrados, 61 mil habitantes e capital do Estado de Dakota do Norte, Estados Unidos, comete suicídio. Deixou sete cartas para amigos brasileiros e para familiares e colegas nos Estados Unidos. Lúcido, pode-se dizer, isentou as duas testemunhas – dois índios – de qualquer responsabilidade em relação à sua morte.

Embora tenha merecido registros e elogios de antropólogos e etnólogos como o francês Claude Lévi-Strauss – considerado uma das grandes inteligências do século XX, falecido em 2009, um mês antes de completar 101 anos –, Buell Quain e seus quatro livros (três deles “post mortem”) parecem ter ficado esquecidos.

Sua vida e sua morte, ou melhor, o mistério que as circunda e envolve, foi objeto do livro “Nove Noites” (2002), do escritor brasileiro Bernardo Carvalho. A obra é assumidamente parte ficção e parte não ficção, nesse criativo “fiat” frankensteiniano que escritores estão divinamente autorizados a pronunciar, cometer, realizar.

Em um “site” norte-americano sobre doenças ou distúrbios psíquicos (www.bipolaraid.org) há um espaço intitulado “Famous People with Mood Disorders”. Nele listam-se, em ordem alfabética, pessoas do presente e do passado, mortas e vivas, que são/seriam portadoras desses distúrbios da complicada alma humana. Do “A” ao “Z”, a lista “pega” um mundo de gente. Quem sabia que o ultrainteligente teólogo e escritor espanhol São Tomás de Aquino sofria de depressão?

E o poeta mexicano Manoel Acuña, também depressivo, que se matou tomando cianeto de potássio, um dos mais violentos venenos que a Química já elaborou?

E Pushkin, notável escritor russo? Era bipolar. E Antero de Quental, notável filósofo e escritor português? Também bipolar. Matou-se à bala.

E Boris Yeltsin, o primeiro presidente da democracia russa? Tinha depressão, mas não cometeu suicídio: morreu do coração em 2007 e era uma “figura”, com seu estilo e suas gafes movidas a “nonsense” e vodka – muuuuuuuuuita vodka... Foi a preocupação de diplomatas do seu e de outros países e, também, fez as delícias (e malícias...) de jornalistas e cronistas do mundo político.

E, encerrando a lista, na última letra está a competente e, com a licença de Michael Douglas, bela cantora e atriz britânica Catherine Zeta-Jones, provavelmente o mais perfeito dos espécimens bipolares vivos...

Não esqueçamos do Stefan Zweig, o jornalista e escritor austríaco que veio viver e morrer em terras tropicais e aqui escreveu seu famoso livro conhecido mais como frase do que como título: “Brasil, País do Futuro”. Em 1942, em Petrópolis (RJ), após uma tocante e superbem escrita carta de agradecimento, desilusão e adeus, o depressivo Stefan e a esposa, Lotte, tomaram ácido (barbitúrico, em dose mortal). No escrever do escritor, “em boa hora e conduta ereta” ele achou melhor “concluir uma vida na qual o labor intelectual foi a mais pura alegria e a liberdade pessoal o mais precioso bem sobre a Terra”. No encerramento da breve carta, Stefan saudou todos os seus amigos, desejando-lhes “que lhes seja dado ver a aurora desta longa noite”. Como ponto final, anunciou: “Eu, demasiadamente impaciente, vou-me antes”.

Sem trocadilho, a lista de antropônimos de portadores de distúrbios psíquicos vai de um polo ao outro e, nela, está o (quase) esquecido Buell Quain, após cujo nome registra-se: “depression, American ethnologist, suicide” (portador de depressão, etnólogo americano, suicida).

A misteriosa, controvertida, complexa e triste morte de Buell Quain talvez não devesse terminar em um dia 2 de agosto, no interior do Maranhão, nem, muito menos, em uma relação não tão famosa de “famosos” psiquicamente perturbados.

Além dos estudos linguísticos, antropológicos, sobre nossos irmãos índios (os trumais, no Mato Grosso; os craôs/krahôs, no Maranhão/Tocantins), o Brasil, os Estados Unidos e a Ciência estão devendo um esforço que não apenas esclareça e reconte os mistérios da morte mas, sobretudo, resgate e enalteça o talento, os trabalhos e – ele os devia ter – os sonhos de vida de Buell Quain, jovem, 27 anos, doutor, agente e destinatário da própria e trágica morte – morte testemunhada por dois pares de olhos e ouvidos índios e pelo silêncio ancestral de árvores e bichos habitantes de um pedaço de floresta no município maranhense de Carolina, há exatamente 79 anos, 2 de agosto de 1939.

**

Talvez caibam ao viver e desviver de Buell Quain os versos de Antonio Domenico Bonaventura Trapassi, ou Pietro Metastasio, respeitado e influente escritor romano do século XVIII:

“Não é verdade que seja a morte
O pior de todos os males;
É um alívio dos mortais
Que estão cansados de sofrer”.

* EDMILSON SANCHES

Fotos:
Buell Quain, crianças craôs/krahôs e adultos trumais,grupos indígenas que estudava).

**

Este solo é para ser pisado com respeito. Respeito, porque é mais velho que nós; e devoção, porque sobre ele se assentam oito mil anos de História, Cultura e Arte – “coisas” que nos tornam o que teimamos negar: humanos.

Do papiro à pintura, da múmia ao moderno, em pedra e pau, papel e tecido, cerâmica e vidro, ouro e chumbo, pele e osso, são cerca de 400.000 peças, das quais menos de 10% estão expostas, espalhadas em 160 mil metros quadrados de área de um palácio que, neste 2013, completa 220 anos de construção.

Estou no pátio central (“Cour Napoleon”) do Museu do Louvre e caminho para a entrada localizada sob a polêmica pirâmide de vidro inaugurada em 1989. (Um exemplo dessa má digestão de alguns franceses acerca da pirâmide de vidro está em uma cena em frente a ela, no filme “O Código da Vinci”: a pirâmide é definida como “Uma cicatriz nas feições de Paris” – em inglês: “A scar on the face of Paris”, frase dita pelo capitão francês Bezu Fache, interpretado por Jean Reno, dirigindo-se a Robert Langdon, o simbologista interpretado por Tom Hanks. No "link" abaixo, emocione-se com a música de Hans Zimmer com que o filme se encerra, em cena tocante – com trocadilho – de Tom Hanks ajoelhado sobre os vidros da pirâmide do Louvre).

Sou um dos 10 milhões de visitantes anuais e em um número de oito algarismos a unidade não faz diferença ao Louvre. A diferença está no olhar, no observar e no absorver.

**

A fama é a forma. A fama do Louvre é a forma do olhar de quem o visita.

A fama não está na “Mona Lisa” de Da Vinci, ou na “Vênus de Milo”, na “Vitória de Samotrácia”. A fama é feita de forma. O conceito (positivo ou negativo) é o jeito com que se olha e divulga o olhar. A reputação (boa ou má) depende de modos e maneiras.

A fama é orgânica. Está no ser humano, que a repassa ou imprime, como um carimbo, sobre os papéis sociais que exerce.

Uma pintura, uma escultura, um objeto desperta ou não sensações, sentidos, sentimentos – que podem ser espontâneos ou podem estar submetidos à mediação do cardápio (ou “menu” – afinal, é Paris) de conteúdos do observador, contemplador, apreciador.

Eis o Museu do Louvre. Entrar nele depende de 9 euros. Mas ele entrar em você... isso não tem preço.

Acompanhe-me.

* EDMILSON SANCHES

(Texto inicial do livro "Reflexões Parisienses", inédito)

Fotos:
No Museu do Louvre, em seu pátio central, na pirâmide de vidro e próximo à Mona Lisa ("La Gioconda").

Engenho Central, em Pindaré

– Município completou no mês de junho exatamente 180 anos de existência histórica e é um caso exemplar de fundação de um lugar que tem preservada toda a documentação histórica inicial.

**

Pindaré-Mirim comemora, como data de aniversário, o dia 28 de julho. A Lei nº 429, de 9 de abril de 1986 [veja a reprodução], institui três feriados municipais: 29 de junho, dia do padroeiro de Pindaré-Mirim, São Pedro; Sexta-Feira da Paixão; e 28 de julho, “data da elevação de Pindaré à condição de município”, de acordo com a Lei, assinada pelo prefeito José Bonifácio Silva, que administrou o município de 1982 a 1986, sucedendo a José Antônio Haickel.

Embora haja imprecisões em relação ao dia 28 de julho, como se verá mais adiante, o que está confirmado é que, pelos registros oficiais, documentados, Pindaré-Mirim, considerado berço cultural e histórico do Vale do Pindaré, completou em 2020 exatamente 180 anos de existência, desde seu começo como Colônia de São Pedro de Alcântara, conforme estabelecido pela Lei nº 80, de 16 de junho de 1840. Portanto, já há 43 dias que Pindaré-Mirim deveria ter anunciado sua maior data, o início de sua História.

Índio guajajara

Nos documentos históricos consultados, não se encontra nenhum registro do dia 28 de julho de 1923 como sendo a data de elevação de Pindaré-Mirim à condição de município.

A monumental “Enciclopédia dos Municípios”, publicada, em 31 de janeiro de 1959, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), diz textualmente: “A Lei provincial nº 800, de 22 de março de 1918, elevou a comuna à categoria de vila, e a [Lei] de nº 1.052, de 10 de abril de 1923, criou o município de São Pedro” (Volume XV, página 271).

Essa mesma Lei nº 1.052 e sua data (10 de abril de 1923) é o que também consta do “site” do IBGE (https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ma/pindare-mirim/historico), como “elevado à condição de cidade, com a denominação de São Pedro”.

Em sua dissertação de mestrado em Ciências Sociais, de 2008, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a acadêmica Maria Zenaide Costa igualmente registra: “Em sua história para criação do município foi feito um desmembramento do município de Monção, seu vizinho, através da Lei nº 1.052, de 10 de abril de 1923, em que recebeu o nome de São Pedro [...]”.

Carlota Cristina Veloso Câmara, em sua monografia de bacharel em Turismo, na Universidade Federal do Maranhão, em 2010, também consigna: “O município de Pindaré-Mirim foi desmembrado do município de Monção e criado pela Lei nº 1.052, de 10 d abril de 1923, com o nome Colônia de São Pedro [...]”.

Escritor João Lisboa

Fundação

Nos séculos XVII e XVIII, os jesuítas foram expulsos três vezes do Maranhão, incluindo-se, claro, a região do Pindaré. A última vez foi em 1759. Ficando “órfãos”, os índios tornaram-se rebeldes, violentos e tornaram-se uma ameaça, na visão de fazendeiros e do Estado, que pretendiam explorar e colonizar a região.

Assim, em 2 de julho de 1839, pela Lei nº 85, a Assembleia Legislativa da província do Maranhão autoriza o governador Manoel Felizardo de Sousa e Mello a criar três Missões para, conforme Jerônimo de Viveiros, “civilizar” os índios. Essa Lei não é cumprida e, no ano seguinte (1840), já sob a administração de Luís Alves de Lima e Silva, que viria a se tornar o Duque de Caxias, a Lei nº 80, de 16/6/1840, autoriza criar “a primeira missão do Rio Pindaré, com o nome de Colônia de São Pedro de Alcântara”, a futura Pindaré-Mirim. Para estabelecer a missão, foram compradas terras que pertenciam a um cirurgião, Manoel Lopes de Magalhães.

Para ficar à frente desse processo, por ordem do coronel Luís Alves de Lima e Silva, que administrava o Estado e, também, comandava as tropas que combatiam a Balaiada, foi designado o engenheiro militar Fernando Luís Ferreira, que era tenente-coronel do Imperial Corpo de Engenheiros. A missão, fundada na margem direita do Rio Pindaré, tinha o objetivo de reconectar-se com os índios Guajajaras, facilitar o processo exploratório e civilizatório da região, como o compreendiam os interessados (governo, colonizadores, exploradores), e, muito importante também, desestimular uma adesão deles, índios, aos rebelados da Balaiada, cujos membros estavam fazendo incursões por diversos lugares, arregimentando pessoas insatisfeitas com as ações e os representantes dos Poderes Públicos. A Balaiada, ocorrida no Maranhão, tornou-se uma das maiores insurreições de origem popular havidas na época do Brasil imperial. Teve início em 13 de dezembro de 1838 e prolongou-se até 1841, com a derrota, prisão e morte de muitos revoltosos.

Desembargador Fernando Luís Vieira Ferreira

Documentos

Pindaré-Mirim é um raro caso de cidade cuja origem está bem documentada pelos agentes envolvidos na fundação, desde o Poder Legislativo estadual da época até os registros e relatos manuscritos do “principal” fundador, no caso o tenente-coronel Fernando Luís Ferreira. O fundador deixou um documento manuscrito onde expõe sobre o “plano civilizatório” que resultou no nascimento da Colônia de São Pedro. Esse documento, escrito de próprio punho pelo tenente-coronel, encontra-se guardado em instituição do Estado do Rio de Janeiro. Há registros também em publicações periódicas do século XIX, constantes do acervo de instituições de pesquisa e documentação histórica do Sudeste do país.

A Lei nº 80, de 16 de junho de 1840, é o mais histórico e o legítimo “registro de nascimento” de Pindaré-Mirim. É necessário ir em busca do seu original e dele fazer cópia de alta qualidade, pois trata-se de documento que é o marco legal e histórico do início da existência de Pindaré-Mirim, desde há 180 anos. Prefeitura e Câmara Municipal, entidades e empresas e filhos e amigos do município de Pindaré-Mirim poderiam associar-se para financiar essa empreitada, de resgate da história pindareense, a partir de um plano de localização dos documentos originais, produção de cópias e aquisição de publicações históricas para exibição, reprodução, estudo e divulgação entre alunos, professores, jornalistas e pesquisadores, políticos e investidores e demais interessados.

Em 21 de abril de 1918, Pindaré-Mirim passa de São Pedro de Alcântara, distrito de Monção, para a condição de vila, com o nome São Pedro, denominação que permanece quando da elevação à categoria de cidade em 1923. Somente mais de cem anos depois de sua criação como colônia é que o município teve seu nome alterado para Pindaré-Mirim, por disposição do Decreto-Lei nº 820, de 30 de dezembro de 1943.

A história de Pindaré-Mirim teve algumas idas e vindas, inclusive extinção e recriação do município em 1931, absorção e desmembramento do município de Monção (de onde se originou territorialmente), elevação e queda da produção econômica etc. Apesar disso, ao final, o espírito das pessoas e a potencialidade da região foram mais fortes e continuaram o sonho dos pioneiros da missão e da Colônia: conviver, trabalhar e desenvolver. E, é claro, o máximo possível, ser feliz.

Fundador

Registros biográficos colocam Fernando Luís Ferreira como “fundador de Pindaré-Mirim”, pois do plano que lhe foi confiado resultou a criação da Colônia de São Pedro, primeiro nome do futuro município de Pindaré-Mirim. O médico, professor, pesquisador, historiador e escritor caxiense César Augusto Marques, em sua monumental obra “Diccionario Historico-Geographico da Provincia do Maranhão”, de 1870, página 196, primeira coluna, escreveu: “Em 1840, [Fernando Luís Ferreira] foi encarregado de fundar a colônia indígena de São Pedro do Pindaré”.

Fernando Luís Ferreira era filho do tenente-coronel Miguel Ignacio e de dona Catharina de Senna Ferreira de Mendonça. Nasceu em São Luís (MA), em 1º de agosto de 1803, e faleceu no Rio de Janeiro, em 1879. Bacharel em Matemática e Ciências Físicas pela academia militar. Escreveu livros. Foi jornalista, tendo sido fundador e redator de várias publicações. Foi sócio de diversas entidades culturais. Também se dedicou à agricultura, tendo introduzido novos sistemas de cultivo, inclusive o arado – inovação esta pela qual foi censurado.

Fernando Luís Ferreira era primo do escritor João Francisco Lisboa, em cujo sepultamento pronunciou discurso fúnebre. Era avô de Fernando Luís Vieira Ferreira, que lhe herdou o nome (com o “Vieira” a mais) e a inteligência, tendo sido desembargador e intelectual no Rio de Janeiro. A propósito, em texto publicado no jornal "Agora Santa Inês", no aniversário de Pindaré-Mirim em 2013, a foto do neto, desembargador, foi equivocadamente identificada como sendo o avô, engenheiro. Como se trata de texto presente em ambientes digitais, é grande a possibilidade de replicação dessa inconsistência, pelo que, como autor do texto, peço desculpa e informo que, por enquanto, ainda não localizei fotografia ou outra imagem de Fernando Luís Ferreira.

Engenho

Um dos símbolos históricos de Pindaré-Mirim é o Engenho Central, uma construção no centro da cidade, recuperada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O Engenho pertencia à Companhia Progresso Agrícola, instalada em 1876 e que foi responsável por grandes transformações socioeconômicas em Pindaré-Mirim e em toda a região até 1915, quando a Companhia entrou em declínio, sobretudo por causa dos altos juros bancários, falta de matéria-prima e de mão de obra especializada.

Lei Municipal de 1986

Atualmente

Hoje, Pindaré-Mirim tem 32.941 habitantes, segundo o IBGE, no ano de 2019; pelo Censo de 2010, 31.152 pessoas, o que o coloca entre os cinquenta maiores municípios do Maranhão e o de nº 1.012 em todo o Brasil, considerados as 5.570 cidades do país.

Pindaré-Mirim tem Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,633, o que significa ser de médio desenvolvimento, colocando a cidade como uma das melhores do Estado.

A economia do município é a 46ª maior entre os 217 municípios maranhenses e ocupa exatamente a posição nº 2.000 entre os 5.570 municípios do Brasil. O total da economia pindareense é de R$ 283 milhões 308 mil, em 2017 – mas já chegou a R$ 372 milhões 213 mil em 2015.

A maior participação na economia do município tem origem nos Serviços Públicos (administração, defesa, saúde e seguridade social), com R$ 124 milhões 420 mil, ou 43,91% do total. O Setor de Serviços (que inclui o segmento de Comércio) é responsável por R$ 77 milhões 901 mil, o que corresponde a 27,49%. A Indústria participa com R$ 45 milhões 398 mil, ou 16,02% do total, e a Agropecuária, com R$ 18 milhões 893 mil, correspondentes a 6,66%. Os Impostos, na ordem de R$ 16 milhões 694 mil, ou 5,89%, contribuem com o restante do Produto Interno Bruto (PIB) de Pindaré-Mirim.

Em 2018, o movimento bancário em Pindaré-Mirim revelava que os clientes tinham em depósito R$ 22 milhões 395 mil, a maior parte em poupança (R$ 17 milhões 717 mil). Por outro lado, os clientes (pessoas e empresas), na mesma data, já haviam recebido, em operações de crédito (empréstimos, financiamentos etc.) quase R$ 50 milhões (exatamente R$ 48 milhões 995 mil).

Território

O território de Pindaré-Mirim foi retirado do município de Monção, que cedeu quase a metade de sua área. Em 1959, Pindaré-Mirim tinha 14.975 quilômetros quadrados (km2) e era o quinto maior município em área do Estado do Maranhão. Atualmente, Pindaré-Mirim tem 268 quilômetros e 285 metros quadrados, o que corresponde a MENOS DE DOIS POR CENTO do seu antigo território, ou exatamente 1,79%. Pindaré-Mirim tornou-se município-pai ou cidade-mãe de diversos municípios e cidades, a exemplo de Santa Inês.

Sugestão

Pindaré-Mirim tem de, com urgência, assenhorear-se de sua orgulhosa condição de matriz histórico-cultural da região do Vale do Pindaré. Para isso, antiguidade é posto. Assim, em vez de comemorar uma data de mudança de “status” político-administrativo, por que não comemorar a data de quando tudo começa... e que tem documento oficial comprovando? Esse é o caso do início da história de Pindaré-Mirim, com a lei estadual que autorizou a fundação da Colônia São Pedro, em 1840. São 180 anos de História, quase o dobro do que hoje se lembra. Afinal, uma cidade é uma união de pessoas, e pessoas comemoram a data de nascimento, não a data de seu registro em cartório, não a data de sua maioridade civil nem muito menos a entrada na velhice... Desse modo, Pindaré-Mirim deveria estabelecer oficialmente como data magna, como o grande dia de festa da municipalidade o dia 16 de junho, quando, em 1840, há 180 anos, dava-se início à saga dessa pequena grande cidade.

O que se deve celebrar é a vida, ou, no caso de uma cidade, o início de sua existência. E Pindaré-Mirim tem história (e existem registros dessa história) para estar comemorando seus 180 anos em 2020. Um plebiscito ou uma lei devidamente discutida com a sociedade poderia estabelecer o seguinte:

“Para preservar os registros legais e históricos existentes em fontes confiáveis e marcar a importância e anterioridade do município de Pindaré-Mirim na formação da história e desenvolvimento do Vale do Pindaré e do Oeste maranhense, fica decidido, com a aprovação do povo pindareense, que, a partir de 2021, o ano oficial de fundação do município é 1840, e o dia de comemoração, 16 de junho, correspondente à data da Lei nº 80/1840, da Assembleia Legislativa Provincial do Maranhão, que determinou a criação da Colônia de São Pedro de Alcântara, reunindo o ancestral povo guajajara e os novos habitantes em um só ideal de convivência, trabalho, e desenvolvimento e felicidade”.

Essa solução faria justiça a Pindaré-Mirim e só influenciaria positivamente na alteração dos hábitos cívicos do povo pindareense, pois a data proposta (16 de junho) ocorre em período de plena atividade educacional, com a possibilidade de integrar estudantes a esse momento de simbolismo histórico.

* EDMILSON SANCHES

(Jornal "Agora Santa Inês", edição de 29/7/2020).

Eden Jr.

Ser um especialista ou profissional múltiplo? Essa é uma dúvida comum nos dias atuais, para muitos estudantes e profissionais. Fazer o que gosta em várias frentes de trabalho é possível sim. Nesta quinta-feira (3/9), às 19h30, o Inspire e Comunique recebe o economista, relações públicas e escritor Eden Jr.

Ele falará sobre suas experiências profissionais e como consegue conciliar várias atividades nas áreas de economia e comunicação, além do seu projeto de série de entrevistas em homenagem aos 408 anos de São Luís, que se inicia neste sábado (5/9).

Economista e Relações Públicas formado pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Eden Jr. é também auditor da Controladoria Geral da União (CGU) e autor do livro “Três anos insólitos – 2016/2017/2018: reflexões sobre economia e política”. Lançado em julho de 2019, o livro reúne crônicas suas publicadas em jornais maranhenses com reflexões que visam compreender o cenário econômico e político desses anos no Brasil e no Maranhão e avaliar os efeitos no dia a dia das pessoas. Um cronista de mão cheia. Talvez pela sua vertente de comunicador, seus textos possuem linguagem clara e simples, estando ao alcance, até mesmo, de pessoas leigas em matéria de economia.

Outro assunto da “live” do Inspire e Comunique com Eden Jr. é o evento em homenagem ao aniversário de São Luís. Ele mesmo se diz “um apaixonado” pela cidade onde nasceu, pela sua riqueza cultural e, em especial, pelo Centro, antigas habitações e costumes da cidade, o que o motiva, eventualmente, a realizar entrevistas nas suas redes sociais.

A série de entrevistas será realizada de 5 a 11 de setembro, no evento denominado “Semana de Entrevistas: São Luís 408 anos”. Serão sete conversas virtuais com personalidades locais que pesquisam e estudam, frequentemente, questões pitorescas e relevantes da nossa cidade, como a história, a arquitetura, o desenvolvimento urbano, a música, a literatura e o Centro Histórico. As entrevistas serão realizadas sempre às 20h, no perfil do Instagram da Associação Maranhense dos Escritores Independentes (Amei) no endereço @ameimais.

Serviço:
Live: Inspire e Comunique com o economista e relações públicas Eden Jr.

Quando: 3/9 (quinta-feira)

Hora: às 19h30

Onde: Instagram @franci_monteles

(Fonte: Assessoria de comunicação)

Capa de livro sobre Dunshee de Abranches

**

Parece até caso pensado: grandes datas sobre grandes maranhenses continuam não merecendo a atenção maciça e massiva de autoridades de nosso Estado. A partir do talento e até da coragem de filhos seus do passado, o Maranhão legou ao Brasil um grande número de ações e contribuições que modificaram (para melhor) nosso país e concorreu para fortalecer a identidade do povo brasileiro.

Já escrevi e publiquei um texto sobre alguns nomes pioneiros que contribuíram enormemente com a brasilidade (“POR QUE O MARANHÃO ABANDONA SEU MAIOR PATRIMÔNIO”). Quem desejar este texto, solicite-o e será enviado por “e-mail” ([email protected]) ou como anexo na caixa de mensagens privadas do solicitante.

Nessa quarta-feira, 2 de setembro de 2020, completou exatos 153 anos de nascimento de um dos maiores intelectuais maranhenses: Dunshee de Abranches. Quando dos seus 150 anos, escrevi este texto. Mas nada sensibiliza quem não tem sensibilidade.

Nascido em 2 de setembro de 1867, João Dunshee de Abranches Moura foi escritor, advogado, promotor público, jornalista, poeta, músico (tocava violino), sociólogo, político (deputado estadual e federal), professor de Ciências Físicas e Naturais, Anatomia e Fisiologia Comparadas, de Direito Público Americano e professor honorário da Universidade de Heidelberg (Alemanha).

Aos 4 anos, Dunshee de Abranches já sabia ler e escrever; aos 6, fazia traduções do Francês. Aprendeu também Inglês, Espanhol, Alemão, Latim... Como jornalista, foi presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e, em sua gestão, foi criada a carteira de jornalista.

O escritor maranhense Joaquim Vieira da Luz, de Matões, escreveu uma das mais completas biografias sobre seu conterrâneo: o livro “Dunshee de Abranches e Outras Figuras”, de mais de 400 páginas, impresso nas oficinas do “Jornal do Brasil” (Rio de Janeiro/RJ), em 1954. A obra traz diversas fotos e outras imagens relacionadas a Dunshee de Abranches e às demais “figuras” (Aluízio Azevedo, Raimundo Lopes, Antônio Lobo, Correia de Araújo e Raimundo Correia).

Capa de "A Esfinge de Grajaú", obra regional mais conhecida

Tenho, em minha biblioteca particular, diversos livros de Dunshee de Abranches, entre os quais:

– “Como se Faziam Presidentes” (386 páginas; Livraria José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 1973);

– “A Ilusão Brasileira” (dedicado ao também maranhense Urbano Santos, à época vice-presidente da República; (384 páginas; Imprensa Nacional, Rio de Janeiro, 1917);

– “A Esfinge do Grajaú – Memórias” (266 páginas; Rio de Janeiro: “Jornal do Brasil”, 1959);

– “Actas e Actos do Governo Provisório” (2ª edição; 402 páginas; Rio de Janeiro: edição do autor, 1930);

– “Rio Branco e a Política Exterior do Brasil (1902-1912)” (1º e 2º volumes; 254 + 224 páginas; Rio de Janeiro: “Jornal do Brasil”, 1945).

No Maranhão, Dunshee de Abranches é patrono da Cadeira nº 40 da Academia Maranhense de Letras, da Cadeira nº 40 do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), da Cadeira nº 19 da Academia Ludovicense de Letras e da Cadeira nº 20 da Academia Imperatrizense de Letras (AIL), esta que tem como ocupante o professor e escritor Ribamar Silva, que sucedeu a Adalberto Franklin, fundador da Cadeira.

Também, como me informou Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Dunshee de Abranches é o patrono da Federação Esportiva de Levantamento de Peso do Estado do Maranhão, fundada em 1º/9/2017. Leopoldo Gil, professor, pesquisador e escritor, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM) e da Academia Ludovicense de Letras, de São Luís, registra que Dunshee de Abranches “foi o primeiro a praticar o levantamento de peso – halterofilismo – no Maranhão", daí a homenagem com o patronato da novel federação esportiva.

Dunshee de Abranches faleceu aos 73 anos em Petrópolis (RJ), em 11 de março de 1941.

* EDMILSON SANCHES

Em estudo publicado na “Monthly Notices of the Royal Astronomical Society”, o pesquisador Daniel May propõe uma nova forma de compreender o mecanismo de expulsão de matéria dos buracos negros, que são regiões do espaço com uma força gravitacional forte o suficiente para arrastar qualquer coisa, até mesmo a luz.

“Alguns desses buracos negros estão capturando gás que chega na galáxia. Como tudo gira no universo, esse gás não cai em linha reta no buraco negro. Ele faz um disco e, pela gravidade do centro ser extremamente poderosa, o disco acaba se aquecendo muito, e a gente pega as galáxias ativas justamente pelo brilho desse disco. O brilho que a gente vê é de um disco que está ao redor dele caindo aos poucos lá dentro”, explica o pesquisador do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), que trabalha a partir de uma bolsa oferecida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Essas emissões de energia acabam gerando também uma expulsão da matéria que está no entorno do buraco negro, um fenômeno chamado de “outflow”.

Nesse movimento, é visto um gás mais quente e brilhante, atingido diretamente pela radiação emitida pelo buraco negro e outra mais fria, que permite a formação de moléculas.

Como uma bolha

Segundo May, costumava se pensar que a parte mais fria era o gás que estava sendo atraído pela força da gravidade do buraco negro. Porém, a partir da observação de duas galáxias relativamente próximas – a NGC 1068 e a NGC 4151 – o pesquisador diz que tudo faz parte de uma espécie de bolha de matéria que está sendo ejetada pelo buraco negro.

“Seria uma bolha em expansão. A parte da bolha que enxerga o núcleo [atingida pela radiação] ficaria com uma temperatura maior e uma velocidade maior. E a parte mais fria, que está na sombra, também está expandida, porque faz parte da mesma coisa, só que a gente vê de uma forma diferente, como a fase molecular. Se você tem temperaturas menores, você tem moléculas”, diz.

O novo entendimento facilita, de acordo com o pesquisador, o entendimento do fenômeno. “A parte nova desse estudo é colocar todos os ingredientes em uma coisa só. O que faz um cenário muito mais completo que explica naturalmente coisas que a gente não sabia”, enfatiza May, em referência, por exemplo, à origem da parte mais fria, que não conseguia ser localizada na explicação anterior do fenômeno.

O estudo dos buracos negros também se aproxima de respostas sobre a formação das galáxias, uma vez que, segundo o cientista, são elementos ligados. “As duas coisas se conectam ao longo da evolução. Dizendo como essa galáxia evoluiu como um todo. No passado, tinha muito gás, essa cadeia de gás no centro era muito mais voraz, expulsava matéria para fora da galáxia”, afirma.

May conta, ainda, que a descoberta foi possível com o uso de uma técnica que busca o aprofundamento e detalhamento de informações disponíveis. “Eles melhoram a qualidade dos dados. Então, se você melhora a qualidade da imagem, você acaba enxergando coisas diferentes do que os outros costumam desenvolver”, explica sobre os procedimentos que investigam a fundo imagens muito difíceis de serem captadas.

“A gente não enxerga exatamente o disco. A gente enxerga um brilho no centro da galáxia. Só que, se a gente for apontar os telescópios mais poderosos para esses núcleos, toda essa região que eu acabei de descrever [do disco brilhante] cai dentro de um pixel [pequeno ponto] da imagem”, conta.

A pesquisa vai na contramão do que, segundo May, a maioria dos cientistas têm trabalhado, buscando reunir a maior quantidade possível de informações para produzir estatísticas. “Hoje em dia, todo mundo está preocupado em observar muita coisa para fazer estudos estatísticos”, finaliza.

(Fonte: Agência Brasil)

A partir de hoje (2), até o próximo dia 28, o Itaú Cultural apresenta o Festival Arte como Respiro, evento totalmente “on-line” com espetáculos de teatro, dança e circo, apresentações musicais e obras de artes visuais.

O festival traz artistas beneficiados por editais de emergência realizados pela instituição para apoiar a classe artística prejudicada pela quarentena causada pela pandemia de covid-19. O próprio isolamento social imposto pelo novo coronavírus, questões raciais e de gênero são algumas das temáticas presentes nas obras.

Na programação, há peças destinadas tanto para os adultos quanto para as crianças. Cada espetáculo ficará disponível por 24 horas a partir da sua exibição. A programação completa pode ser vista aqui.

(Fonte: Agência Brasil)