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O Parque Nacional da Tijuca vai reabrir, amanhã (24), ao público a trilha da Pedra Bonita. A visitação poderá ser feita de segunda a sexta-feira. Nos fins de semana, o local permanecerá fechado. A trilha, que foi aberta no dia 9 de julho, precisou ser interditada no dia 1º de agosto.

O fechamento aconteceu porque parte dos visitantes insistiu em descumprir as atuais regras temporárias de visitação. As normas englobam, por exemplo, o uso obrigatório de máscara durante a trilha, o descarte de lixo para fora do Parque, o horário limite de visitação (das 8h às 17h) e o respeito a grupos de, no máximo, 10 pessoas, com distanciamento de 2 metros entre cada uma.

A reabertura será monitorada, e o comportamento das pessoas vai ajudar na decisão futura de reabrir a trilha também nos fins de semana. Em 2019, cerca de 160 mil visitantes realizaram a trilha da Pedra Bonita, que está entre as mais procuradas do parque.

(Fonte: Agência Brasil)

O curta-metragem “Inspirações”, produzido por alunos da Escola Municipal Adalgisa Nery, situada em Santa Cruz, zona oeste do Rio, com o apoio da Secretaria Municipal de Educação, foi o vencedor da mostra Júri Popular do 3º Festival de Cinema Curta Caicó, no Rio Grande do Norte. O filme foi dirigido e protagonizado pela aluna Ariany de Souza e mostra o racismo como um dos obstáculos na vida dos jovens negros que moram na periferia.

Ariany considerou o prêmio o reconhecimento do esforço, concentração e foco no trabalho. “O filme mostrou que todo mundo pode realizar seu sonho”, disse a jovem, moradora também da zona oeste da capital fluminense. Ela própria escreveu as músicas e poesias do filme.

O Festival de Caicó exibiu 115 filmes, divididos em quatro mostras competitivas e seis paralelas. Os vencedores foram escolhidos por votação “on-line”. O professor Ygor Lioi, coordenador do #CinEscola, com a parceria dos cineastas Nathalia Sarro e André da Costa Pinto, afirmou que é “gratificante saber que a educação pública municipal pode ser um caminho para a transformação social por meio da arte”. Lioi acrescentou que o prêmio “é dedicado aos alunos que foram guerreiros, se empoderaram e hoje são visíveis”.

FestTaguá

A expectativa dos estudantes e do professor Ygor Lioi é que o curta “Inspirações”, fruto do projeto #CinEscola, poderá ser premiado mais uma vez. Ele está na disputa das mostras Competitiva e Seleção Popular do 15º Festival Taguatinga de Cinema (FestTaguá2020), no Distrito Federal, cujo resultado será divulgado no fim deste mês.

Segundo informou a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Educação, no início do ano passado, o professor de história decidiu criar uma matéria eletiva para ensinar os alunos do 9º ano da Escola Municipal Adalgisa Nery os primeiros passos de uma produção audiovisual.

Além de “Inspirações”, os alunos produziram mais dois curtas. Um deles é “Para todos”, que fala da necessidade de se romper os muros visíveis e invisíveis para possibilitar que pessoas com necessidades especiais, LGBTs, mulheres, entre outros grupos, participem de partidas de futebol; o outro filme é “Ainda somos os mesmos”, que questiona os pais dos jovens sobre quais eram seus sonhos na infância e como eles veem o mundo atualmente.

(Fonte: Agência Brasil)

O cavalo despeado e solto como um poema
livre, galopa com outros cavalos selvagens.
Abstraído, o cavalo é mais verde que o verde
subjetivo que lhe inspira o impressionismo.

O cavalo imaginado pelo gênio de Gauguin
é multifário, e respira pelas largas narinas
o verde de Brasília e o aroma de Martinica.
O cavalo, na pastagem, é mágico e lógico

ao pão do seu alimento, e nunca se mudou
ou fugiu daquele velho quadro na parede.
Abstruso e de um silêncio que se faz ouvir,

o cavalo oculto nunca quis esquartejar-me,
e nunca, relinchante, se foi campo em fora.
O cavalo por si lhe cabe, e à tuna, o tenho!

* Fernando Braga. In “O Sétimo Dia”, São Luís, 1997.

E fugimos, mais uma vez, dos acontecimentos políticos, fatos e homens, comentários e críticas. Afastamo-nos de tudo isto. E, diante de nós, está o domingo e, com ele, a paisagem geográfica da cidade – a ILHA. E, com ela, uma mistura de ONTEM e de HOJE. Um passado que nos viu nascer, e um presente que nos assiste. O berço e a caminhada para o túmulo. Começo e fim. Vida e morte. Os dois extremos. As duas realidades palpitantes da VIDA. Abrir os olhos para a VIDA e para depois fechá-los para a MORTE. É isto. Desgraçadamente é isto. Encantadoramente é isto. Mas é na VIDA que a gente se encontra mais à vontade. Mas é na MORTE que está a verdadeira VIDA. Todo um tempo sonhando as coisas mais bonitas. E a gente crescendo dentro dos sonhos. Uma mocidade que domina. Deslumbra. Fascina. Preponderante. Uma velhice que vem de manso. Que se agasalha de manso. Impressiona e envolve. Tem carícia para o adormecer ligeiro. E tem impulsos para o acordar impressionante. E na realidade de tudo, nós. Nós e os pensamentos. Nós numa sequência de emoções. Nós em planejamentos. Nós no exercício de várias funções. Nós na execução dos planos. Das realizações. Nós e a obra. O trabalho. A valorização da nossa presença na Terra. No chão onde se nasce e onde se morre.

Mas é isto mesmo. E vamos deixar as divagações. Vamos olhar a VIDA. Lá no alto, um sol. Abundância de luz. Luz queimando a terra. Luz vivificadora. Luz dominadora. Lá no alto, um céu azul. Vestido de branco. Um céu tranquilo. Nuvens brancas manchando o azul. Um sol clareando tudo. E um mar lá fora estrugindo. Encrespado de ondas. Ondas se desfazendo e se refazendo em ondas. Um espelho d’água cintilante. Raios do sol se filtrando nas águas. O sol se banhando no mar! Mar agitado, queimado de sol! Extravagância duma realidade tremenda. E, na terra, nós, a gente, os sonhos. Uma paisagem humana no deslumbramento doutras emoções. Um bar cheio de gente. Uma porção de gente bebendo. Uma igreja cheia de gente. Uma porção de gente rezando. Contrita. Lá adiante, um hospital. Uma porção de gente morrendo aos poucos. E lá adiante, um clube. Uma porção de gente gastando, esbanjamento do “poder econômico”. Em tudo, vida. Vida crescendo em vida. Vida que decresce em morte. Mas dominando o sol. Claridade e sombra dominando a cidade. No céu, a mesma colorização, as mesmas tintas. A mesma tranquilidade. Mais um pouco, há mudanças e surgem outros aspectos. Há um sol na tarde. Esmaecido. E as sombras são mais tensas. Um sol numa agonia aparente de falecimento total. E as sombras se condensam cada vez mais. E o sol se fechando em sombras. Transformação em tudo. Simbolismo admirável dos extremos: VIDA e MORTE. De momento, a noite. No alto, um azul diferente na iluminação das estrelas. Estrelas que são sóis. Sóis que são estrelas. Luz na abundância doutras luzes. De há muito que o Dia findou. De há muito que a Noite iniciou a caminhada. Dia, VIDA! Noite, MORTE! E Bilac: “Nunca morrer assim... Num dia assim, assim...” E outro poeta: “Nunca morrer assim... numa noite assim...” Em ambos: Nunca morrer!...

E conosco a fuga. Fugindo da realidade brutal que aí existe... Mas será que fugimos? Será que nos enganamos a nós mesmos? Não. A impressão é que saímos dos acontecimentos políticos, fatos e homens, comentários e críticas. E ficamos com os nossos pensamentos. Ficamos com a paisagem geográfica da Cidade – a ILHA. E, com ela, estes paralelos e contrastes. Divagações do espírito que se liberta que, procurando a VIDA, vai se encontrar com a MORTE.

E, com os nossos leitores, esta página de HOJE. Mais uma página solta nesta coluna.

* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inédito) – “Jornal do Dia”, 25 de junho de 1963 (domingo).

Neste domingo, apresentamos palavras com dupla grafia.

Eis alguns exemplos que já aparecem registrados nas mais recentes edições de nossos principais dicionários e no Vocabulário Ortográfico publicado pela Academia Brasileira de Letras.

1 – abóbada (e abóboda);
2 – aborígene (e aborígine);
3 – arteriosclerose (e aterosclerose);
4 – assobiar (e assoviar);
5 – aterrissar (e aterrizar);
6 – babador (e babadouro);
7 – bêbado (e bêbedo);
8 – bebedouro (e bebedor);
9 – berinjela (e beringela);
10 – botijão (e bujão);
11 – caatinga (e catinga);
12 – chimpanzé (e chipanzé);
13 – descarrilar (e descarrilhar);
14 – diabetes (e diabete);
15 – dgnitário (e dignatário);
16 – doceria (e doçaria);
17 – estada (e estadia);
18 – garagem (e garage);
19 – hidrelétrica (e hidroelétrica);
20 – infarto (infarte e enfarte e enfarto);
21 – listra (e lista);
22 – loura (e loira);
23 – percentagem (e porcentagem);
24 – quatorze (e catorze);
25 – cota (e quota);
26 – cotidiano (e quotidiano);
27 – reescrever (e rescrever);
28 – seriíssimo (e seríssimo);
29 – subumano (e sub-humano);
30 – taberna (e taverna);
31 – tataraneto (e tetraneto);
32 – televisionar (e televisar);
33 – termelétrica (e termoelétrica);
34 – terraplenagem (e terraplanagem);
35 – trecentésimo (e tricentésimo);
36 – voleibol (e volibol);
37 – xucro (e chucro).

O uso do hífen
Devemos usar o hífen:
1) Para dividir sílabas:
or-to-gra-fi-a, gra-má-ti-ca, ter-ra, per-do-o, ra-i-nha, trans-for-mar, tran-sa-ção, su-bli-me, sub-li-nhar, rit-mo…

2) Com pronomes enclíticos e mesoclíticos:
encontrei-o, recebê-lo, reunimo-nos, encontraram-no, dar-lhe, tornar-se-á, realizar-se-ia…

3) Antes de sufixo -(GU)AÇU, -MIRIM, -MOR:
capim-açu, araçá-guaçu, araçá-mirim, guarda-mor…

4) Em compostos em que o primeiro elemento é forma apocopada (BEL-, GRÃ-, GRÃO- …) ou verbal:
bel-prazer, grã-fino, grão-duque, el-rei, arranha-céu, cata-vento, quebra-mola, para-lama, beija-flor…

5) Em nomes próprios compostos que se tornaram comuns:
santo-antônio, dom-joão, gonçalo-alves…

6) Em nomes gentílicos:
cabo-verdiano, porto-alegrense, espírito-santense, mato-grossense…

7) Em compostos em que o primeiro elemento é numeral:
primeiro-ministro, primeira-dama, segunda-feira, terça-feira…

8) Em compostos homogêneos (dois adjetivos, dois verbos):
técnico-científico, luso-brasileiro, azul-claro, quebra-quebra, corre-corre, zigue-zague…

9) Em compostos de dois substantivos em que o segundo faz papel de adjetivo:
carro-bomba, bomba-relógio, laranja-lima, manga-rosa, tamanduá-bandeira, caminhão-pipa…

10) Em compostos em que os elementos, com sua estrutura e acento, perdem a sua significação original e formam uma nova unidade semântica:
copo-de-leite, couve-flor, tenente-coronel, pé-frio...

Teste da semana
Assinale a opção que completa, corretamente, as lacunas da frase abaixo:
“__________ V.Sa. com __________ subordinados os cuidados que tem __________”.
(a) tende / vossos / convosco mesmo;
(b) tenha / vossos / consigo mesma;
(c) tenha / seus / convosco mesmo;
(d) tende / vossos / consigo mesmo;
(e) tenha / seus / consigo mesmo.

Resposta do teste: Letra (e).
Vossa Senhoria é pronome de tratamento. A concordância é a mesma de VOCÊ, ou seja, deve ser feita com verbos e pronomes de terceira pessoa: “TENHA Vossa Senhoria com SEUS subordinados os cuidados que tem CONSIGO mesmo”.

A Prefeitura de São Paulo está disponibilizando uma plataforma com cursos “on-line” gratuitos de capacitação em seis áreas do mercado de trabalho, voltado ao público a partir de 16 anos. A maioria dos cursos disponíveis no portal conta com certificado de conclusão. A iniciativa é do Centro de Apoio ao Trabalho e Empreendedorismo (Cate), da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho.

Os cursos oferecidos são nas áreas de gestão, empreendedorismo e trabalho; economia criativa; saúde e bem-estar; meio-ambiente e sustentabilidade; tecnologia; e gastronomia. Além dos cursos, a plataforma oferece dicas, por exemplo, de como reduzir custos de quem tem um negócio próprio, e de como explorar o novo mercado de “delivery”.

Entre os destaques do portal, estão informações sobre setores em expansão, como mercado de “games”, “pets” e moda. A plataforma pode ser acessada aqui.

(Fonte: Agência Brasil)

A alpinista Aretha Duarte planeja chegar ao topo do mundo em abril de 2021. Pode ser uma metáfora, e de certa forma é. Mas uma metáfora que representa bem o desafio da educadora física natural de Campinas (interior de São Paulo). Aretha planeja escalar o Monte Everest pelo lado nepalês. A montanha é a mais alta do mundo, com 8.848 metros de altura.

“O desafio é gigante, mas me sinto superpreparada. Desde janeiro de 2012, visito altas montanhas pelo menos uma vez por ano. Já estive 5 vezes no Monte Aconcágua [montanha mais alta fora da Ásia, localizada nos Andes, na Argentina, com altitude de 6.962 metros], atingindo o cume quatro vezes”, diz Aretha à Agência Brasil.

Mesmo não sendo o objetivo inicial da alpinista, concluindo a missão ela escreverá outro capítulo na história do esporte: será a primeira brasileira negra a chegar ao topo do mundo. Até o momento, 25 atletas do país tiveram sucesso, sendo 5 mulheres e nenhum negro. “Não era meu objetivo inicial. Esse conceito ganhou força à medida que divulgava o projeto. Caiu a ficha de que poderia servir como inspiração para muitas pessoas. Independentemente das dificuldades, o importante é correr atrás. Sinto que esse projeto não é mais um objetivo pessoal. É uma realização coletiva de várias pessoas que estão comigo nessa luta”, declara.

Na parte técnica, a atleta ressalta os pontos a serem observados para concluir a missão de uma forma segura: “Excelente condicionamento físico. Experiência de escalada em rocha e em gelo. Bom volume de experiências em alta montanha. Já ter escalado uma montanha de, pelo menos, 7 mil metros. Isso tudo já alcancei ao longo desses quase nove anos de experiência”.

Porém, ela recorda de outro obstáculo a ser superado para concluir a prova, a parte financeira. Aí entra um detalhe bem inusitado da história. Segundo a escaladora, o valor terrestre da expedição é de US$ 43 mil, sem contar equipamentos, voo e seguro específico para essa atividade. Para completar o pacote, ela precisa de, aproximadamente, US$ 70 mil. Aí surgiu a ideia de trabalhar com material reciclado: “Tenho renda da minha atividade profissional como consultora e guia de montanhismo. Mas decidi juntar, selecionar e revender esse material. Está tão forte na minha cabeça a intenção de concluir esse objetivo, que agora não é mais uma luta pessoal. Mirei o cume do Everest e estou conseguindo alcançar muitas outras coisas. Entendo que o mundo passa por uma crise econômica por causa da pandemia [coronavírus] e não me senti no direito de pedir dinheiro para ninguém, nem que fizesse rifa ou algo do tipo. O objetivo é juntar lixo e sucata da minha casa, bairro, de amigos. É um trabalho de formiguinha”.

Experiência nas alturas

Não vai ser a primeira vez da brasileira no Everest. Ela já esteve no campo base da montanha em 2013, a mais de 5 mil metros de altura. “Em dezembro do ano passado, vendo fotos de expedições no Nepal, vi o Vale do Silêncio, que está 6.400 metros de altura. Achei impressionante e me arrepiei. Achei lindo e, naquele momento, quis estar lá, e aí surgiu a vontade de um dia ir”, afirma Aretha.

Em março do ano atual, Aretha acompanharia um grupo em visita ao local. “Viajaríamos, no dia 14, eu e outras quatro pessoas. Porém, um dia antes, as fronteiras do Nepal foram fechadas. Compreendi a questão, por conta da pandemia do novo coronavírus (covid-19), mas, nesse dia, refleti e pensei: a próxima oportunidade será para escalar o topo do Everest”, completa.

Após conhecer o esporte aos 20 anos, a alpinista já escalou montanhas em sete países, experiência que marcou sua vida: “Fiquei extremamente apaixonada, pensando: como nunca tinha ouvido falar neste tipo de esporte antes? Moro na periferia de Campinas e, por aqui, é comum conhecermos, no máximo, os esportes coletivos. Praticava futebol, mas escalada, montanhismo, nunca tinha tido acesso”.

(Fonte: Agência Brasil)

Pesquisa realizada pelo Sesc São Paulo e pela Fundação Perseu Abramo mostra que os idosos no Brasil sentem-se excluídos do mundo digital e têm dificuldade em ler e escrever. A pesquisa Idosos no Brasil: Vivências, Desafios e Expectativas na Terceira Idade consultou, entre 25 de janeiro e 2 de março de 2020, 2.369 pessoas com mais de 60 anos, nas cinco regiões do país, e tem margem de erro de até 2,5 pontos percentuais.

O levantamento mostra que o acesso ao ensino médio aumentou entre os idosos desde a última pesquisa, realizada em 2006: de 7% para 15%, em 2020. No entanto, 40% dos maiores de 60 anos disseram ter algum tipo de dificuldade em ler e escrever, seja pela falta de escolaridade básica, analfabetismo ou o analfabetismo funcional.

“Pensando que boa parte da nossa comunicação é feita via escrita, via palavra escrita, a gente pode ver por esses números, qual a dificuldade que os nossos idosos encontram em ter acesso aos diversos tipos de comunicação”, disse a pesquisadora da Fundação Perseu Abramo e coordenadora do estudo, Vilma Bokany.

De acordo com Vilma, os dados sobre o aumento do acesso dos idosos ao ensino médio podem esconder a baixa escolaridade desse público. “Quando a gente olha para o segmento idoso, a gente vai perceber que, apesar do expressivo aumento do nível médio de escolaridade, entre os idosos ainda predomina baixa escolaridade, com 14% de idosos que nunca foram à escola, e 24% que têm o ensino fundamental incompleto”.

O estudo mostra ainda que os idosos continuam apartados do mundo digital. Apesar do aumento dos maiores de 60 anos que disseram ter conhecimento sobre o termo “internet” (63% em 2006 e 81% em 2020), apenas 19% dos idosos fazem uso efetivo da rede. Segundo a pesquisa, 72% da população da terceira idade nunca utilizou um aplicativo e 62% nunca utilizou redes sociais.

“Se na década de 70 e 80 a juventude era o foco da atenção dos governos e das políticas públicas, hoje a gente percebe que esta camada idosa é a que mais demanda por políticas públicas. Nossa população envelheceu ao longo dessas décadas, e as gestões precisam pensar em como elaborar melhores políticas para atender aos anseios desse público”, destacou a pesquisadora.

(Fonte: Agência Brasil)

UBIRAJARA FIDALGO, O PRIMEIRO DRAMATURGO NEGRO DO BRASIL, TALENTO MARANHENSE QUE O MARANHÃO ESQUECEU.

– Nasceu em Caxias, em 22 de junho de 1949. Faleceu no Rio de Janeiro, aos 37 anos, em 3 de julho de 1986.

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O governo federal (Ministério da Cultura) oficializou 2016 como o “Ano Ubirajara Fidalgo da Cultura”.

Ter um ano inteiro dedicado a um maranhense deveria ser motivo de orgulho e atividades em torno ou a partir desse nome. É muito raro o governo federal formalizar uma lembrança e homenagem dessas relacionadas ao Maranhão.

No caso de Ubirajara Fidalgo, teatrólogo de talento e engajamento, seria a oportunidade para o Estado do Maranhão e o município de Caxias iniciarem um reparo histórico: conhecerem mais e melhor o filho ilustre. Como?

– publicando livro onde se recuperasse sua história...

– publicando suas obras teatrais, até hoje inéditas em livro, embora diversas delas encenadas nas maiores capitais do Brasil, inclusive por atores e atrizes de renome...

– fazendo exposição de seu acervo, exibir documentário...

– convidando as companhias teatrais de diversos pontos do Brasil que cultivam e encenam as peças de Ubirajara Fidalgo...

Entrevistei, no começo de 2017, Dona Aldenora Fidalgo, mãe de Ubirajara, à época com 91 anos, residente no município de São João do Sóter (MA). Em conversa agradável, pude recuperar aspectos -- ainda inéditos – da biografia do grande maranhense e caxiense.

Mas Caxias e o Maranhão não se importaram (nem se importam) com seus talentos que agregaram valor à identidade cultural, artística, histórica etc. de nosso país – e até as gravações/filmagens, feitas por duas pessoas, até hoje não me foram enviadas...

Caxias e o Maranhão abandonam seu maior patrimônio... Diferentemente, em relação a Ubirajara Fidalgo, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Brasília, com destaque na Imprensa, fazem homenagens, realizam atividades, encenam peças do maranhense e caxiense. (Em setembro de 2019, com minha assistência, foi criada a Comenda Ubirajara Fidalgo, concedida pela Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia de Caxias, durante a 2ª Feira de Literatura, Cultura e Turismo da Região dos Cocais (FLICT), evento no qual foi homenageada Dª Aldenora, acompanhada da filha Cristina (irmã de Ubirajara Fidalgo). Convidado, fiz a palestra em que falei de valores caxienses e ressaltei um pouco da vida e trabalho de Ubirajara Fidalgo.

Abaixo, texto sobre Ubirajara Fidalgo que escrevi há anos e que divulguei em alguns jornais e outras mídias.

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Os caxienses e maranhenses precisam saber quem foi e o que representa Ubirajara Fidalgo para a Cultura brasileira.

Nascido no Povoado São Pedro, distrito de Caxias, em 22 de junho de 1949, Ubirajara Fidalgo da Silva faleceu em 3 de julho de 1986, aos 37 anos, no Rio de Janeiro, após operação nos rins.

Teve uma vida curta, mas que grande vida ele teve!

Casou-se em 28 de janeiro de 1974, com Alzira Fidalgo, cenógrafa, figurinista e produtora, que faleceu em 2012. Sua filha, Sabrina Fidalgo, é cineasta, com formação na Alemanha e produção elogiada, é quem cuida do legado dos pais. O “site” “Brasileiros na Alemanha” registra ser Sabrina muito conhecida naquele país.

Ubirajara Fidalgo foi ator, dramaturgo, produtor, empresário, apresentador de TV, diretor de teatro. De 1984 a 1986, com Edna Savaget, apresentou o programa “Ela”, na TV Bandeirantes.

Foi o primeiro a ensinar e a incluir e empregar profissionalmente no teatro negros da periferia.

Também foi o primeiro a levar o debate político-social aos palcos com participação e interatividade da plateia.

No dia 20 de fevereiro de 2016, a vida e obra de Ubirajara Fidalgo foram homenageadas no Teatro Arena, em São Paulo (SP), com exposição de fotos e vídeos e leitura de texto da peça teatral “Tuti”, a última escrita por Ubirajara (que também deixou textos inéditos e um livro não terminado).

Saindo de Caxias, Ubirajara Fidalgo já estava em 1968, em São Luís (MA), onde iniciou sua carreira artística, primeiro em curso de iniciação teatral, com o professor Jesus Chediak, depois na Universidade Federal do Maranhão, no curso de Formação de Atores.

Em 1970, mudou de cidade mas não mudou o curso de sua vida, isto é, o Teatro: continuou sua formação na Universidade do Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, encena “Otelo”, de Shakespeare, e dá início ao Teatro Profissional do Negro, o Tepron.

(Na entrevista que me concedeu, Dª Aldenora contou como o Teatro e as Artes Cênicas entraram na família. Disse que as filhas de um casal com quem trabalhava a convidavam, durante as férias escolares, para fazer, na própria casa, pequenas peças de teatro. Isso passou de mãe para filho, que, menino em Caxias, já ensaiava os primeiros passos no que viria a ser uma vitoriosa e, sem trocadilho, representativa carreira. Dª Alzira também revelou que a morte do filho poderia ter-se derivado de antiga queda que Ubirajara sofreu ao pular de cima da carroceria de um caminhão em movimento. Dª Aldenora estava no hospital, com o filho em seus últimos momentos. Muita lucidez, segurança e emoção no relato de uma mãe.

Simultaneamente com suas atividades artísticas, desenvolve intensa militância no ativismo negro do país. Debate a situação do negro, o preconceito racial, a situação social. Seja no Clube Renascença, centro de mobilização do negro; nos Centros Populares de cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE); na fundação do Instituto de Pesquisa da Cultura Negra; na Associação Cultural de Apoio às Artes Negras..., em qualquer lugar em que a arte e a vida da população negra estivesse em debate, ali estava Ubirajara Fidalgo.

Tendo sofrido um acidente na infância, quando pulou da carroceria de um caminhão que lhe dera carona no retorno de uma atividade artística em Caxias, Ubirajara levou para o resto da vida um problema nos rins. Fez transplante. Mas não houve jeito.

Na primeira semana de julho de 1986, morria aquele que “foi uma das grandes figuras emblemáticas do Movimento Negro no Brasil nas décadas de 1970 e 1980”,...

... aquele considerado “um dos principais articuladores do Instituto de Pesquisa e Cultura Negra (IPCN), criado em 1975, com o objetivo de combater o racismo, o preconceito e a discriminação racial”,...

... o “fundador do Teatro Profissional do Negro (Tepron)”, que “aliou a montagem de seus textos teatrais às questões relevantes relacionadas ao racismo, a discriminação no Brasil contemporâneo, o preconceito, a homofobia, a misoginia, desigualdade social e a ditadura militar”.

Um maranhense de enorme talento artístico.

Um caxiense de grande coragem cívico-social.

Um maranhense e caxiense, contraditoriamente, esquecido pelo Maranhão e, no geral, por sua cidade natal, Caxias.

* EDMILSON SANCHES

Fotos:
Ubirajara Fidalgo, sua mulher Alzira e a filha, a cineasta Sabrina Fidalgo. Em janeiro de 2017, em São João do Sóter (MA), Edmilson Sanches entrevista Dona Aldenora, mãe do grande dramaturgo caxiense.