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A Justiça negou pedido de tutela antecipada feita pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) para impedir a reabertura das escolas particulares na capital, fechadas desde março por causa da pandemia de covid-19. O órgão entrou com Ação Civil Pública ontem (2), e o pedido de urgência foi negado no plantão judiciário do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), pela juíza Márcia Alves Succi.

Novo recurso apresentado, ontem, pela Defensoria Pública foi negado hoje (3). Na ação, o MP-RJ e a Defensoria pediram a suspensão do decreto municipal que autoriza a reabertura das escolas privadas a partir de 1º de agosto. Segundo o órgão, a decisão da prefeitura traz risco à vida e saúde da coletividade, além de promover desigualdade de acesso à escola.

“A ação destaca estudo publicado pela Fundação Oswaldo Cruz em 20 de julho que considera prematura a abertura das escolas no atual momento da pandemia. Considerando ainda o alto índice de contágio, tal estudo estima que são previstas 3 mil novas mortes no Rio de Janeiro com um possível retorno das aulas em agosto”, afirma o MP-RJ.

Em sua decisão, a juíza Márcia Alves Succi alegou que, na análise preliminar dos autos, não encontrou “prova inequívoca capaz de convencer acerca da verossimilhança das alegações e o risco de dano irreparável ou de difícil reparação” pretendido na ação.

A juíza afirmou que não se trata de matéria recente, visto que o decreto é do dia 22 de julho, e que o Supremo Tribunal Federal já decidiu que as regras de isolamento devem ser definidas pelos Estados e municípios.

“O STF já decidiu que compete aos Estados e municípios definir regras sobre isolamento, pois, as regras constitucionais também visam à racionalidade coletiva de modo que o ente público seja capaz de coordenar as ações que se façam necessárias para o retorno das atividades presenciais sem restrições de funcionamento. E, em sede de plantão, não ficou demonstrada a extrapolação de limites de segurança e cumprimento de regras pelo município”.

Segundo a prefeitura, o aval para a reabertura inclui apenas a parte da Vigilância Sanitária, e cabe aos proprietários dos estabelecimentos a decisão sobre o retorno ou não das aulas presenciais. “Destaca-se que não cabe à prefeitura essa regulação sobre reabertura de escolas particulares nem creches privadas. A posição da Prefeitura do Rio é apenas autorizativa quanto aos protocolos e ao cumprimento deles por parte da Vigilância Sanitária”, destacou o órgão em nota.

Greve

Diante da possibilidade do retorno às aulas presenciais, os professores das escolas particulares decidiram, em assembleia no sábado, manter a greve iniciada no dia 6 de julho. O Sindicato dos Estabelecimentos de Educação Básica do Município do Rio de Janeiro (Sinepe) deve divulgar um balanço ainda hoje sobre quantas escolas reabriram.

Não há data definida para retorno das aulas nas escolas municipais.

(Fonte: Agência Brasil)

Nauro Diniz Machado [São Luís, 2 de agosto de 1935 – São Luís, 28 de novembro de 2015].

É bem difícil ficar-se sem dizer nada diante da beleza estético-formal contida na poemática de Nauro Machado.

Acabo de receber “Percurso de Sombras” [lê-se 2014], que só pelo oferecimento e pela generosidade do poeta, já quebraria por si, qualquer resistência de silêncio... Irresistível provocação sentimental de um irmão de estrada, de sombrios sonhos e de terríveis sombras, a ferir, chagar mesmo minha saudade de tantas lonjuras...

Apressei-me de logo a registrar a chegada de seu livro em minha página no Facebook, sem a surpresa de continuar a ver o poeta ainda em seu barro cru, como se recém-saído de uma olaria de pesadelos... E uterino como sempre em seu estar-se divino, o satânico sobrepõe-se e faz-me publicar “Réquiem para uma Mãe”: “Tudo já entrado em ti, tudo, / enfim estás em ti, / como os pés nos seus sapatos, / dizendo ser a tua morte. / Viúva da eternidade / a se fazer como um sonho / da carne imune ao real. / Dor: arranca a tampa da água / a um náufrago marinheiro, / e o telegrama do fêmur /à volúpia do ovário, / morto ventre de onde eu vim / com meus calos e naufrágios. / Dor: inverte os lábios da água / dando de beber a mãe / pela boca de um cadáver”.

A lavoura do léxico nauromachadiano nos atordoa pela sua precisão e pelo seu fôlego a resistir seu canto-lógico e a dispor-se cartesiano, quando, assim, tira a prova dos “Noves fora”: “Não necessariamente / é igual uma cama / a outra cama, como / uma noite é de outra / feita a mesma noite [...] E até mesmo à soma / que nos subtrai, / nós, humanamente, / somos desiguais”.

E o poeta segue pelos becos e ladeiras de São Luís a soltar balões de eternas infâncias, pelas sombras das noites, balões que se soltam de suas mãos carregadas de trevas e furadas pelos pregos do tempo, até chegar a um dezembro festivo a renascer no peito ferido do poeta, onde se aninham flores no seu esôfago, como se fossem miolos de um pão sagrado que Nauro tivera de engolir um dia, para arrebentar-lhe e lhe arrematar o grito: “Minhas netas da luz, / do meu filho o retrato, / iluminando os olhos / da minha mãe sem pálpebras”.

E sereno continua a ouvir as “Vozes do Natal” que lhe chegam assim: “Cristo do anverso, / em minha costa, / durante séculos / dizendo a Lázaro: / – Vem para fora! / – Vem para fora!...”.

E ainda, no percurso do Advento, clama aos “Milagres Natalinos”: “Porque só tu não me apartas, / boneca da minha mãe, / da infância do meu pai / imputrescível nos anos [...] Todo Natal, como mar, / volta sempre à mesma praia, / enchendo as eternas águas / com o choro dos meus pais...”.

Assim o “Pássaro de Deus” alça voo para o percurso das sombras, como se bebesse o nepente benfazejo para esquecer, não a imagem de Lenora, mas “as cáries da carne na boca dos vocábulos” e ainda com o mesmo ritornelo canto igual ao daquele corvo agourento, pousa nos umbrais do poeta Nauro Machado para ouvi-lo dizer que “há coisas que assustam / sem palavra alguma, / assim como as há, / como nossos cúmplices, / pela indiferença / na boca de um morto” [...] “quebrei-as nas mãos / desse estéril poema / de cisne nenhum, / entre o pão e o vocábulo / as virtudes dos pássaros / de nossa inocência”.

E diante da “Praça de um poeta” onde se materializa sua memória de carne e verbo, há tempos, périplo indesejável entre esse espaço e a “Casa das Tulhas”, solene no seu comum de “Feira da Praia Grande”, Nauro revive o cancro de dolorosos dias a ressuscitar quase apodrecido pelos muitos açoites que o fazem agora justificar-se diante de um vazio que lhe deflora: “Sabendo olhar / na escuridão, / o povo vê / que não sou nada, / e nem serei / até morrer. / E embora diga / o inverso disso, / o povo sabe / que sou igual / ao mais comum / de todos eles... [...] Alguma coisa, / depois de eu morto, / me habitará / vivendo ainda”.

“Naurito” velho de guerra, enfim chegamos naquele estágio em que não mais reconhecemos nossas visões, porque nosso passado não é mais nosso companheiro, parafraseando Mário de Andrade... Aqui estão alguns traços sobre o belo miolo do teu livro, muito bem apanhado graficamente pelas ilustrações do artista Pedro Meyer... Dize-me que Deus haverá de salvar-te, ainda que andes pelo vale das trevas... É belo o salmodiar de David quando se tem coragem, principalmente embalado pela fé que tens... Agradeço-te o alimento espiritual que tanto agradaria a Verlaine ou a Paul Valéry, tenho certeza, porque mesmo na brenha de um “percurso de sombras”, os teus cantos “são enredos de aranhas costurando os verbos...”.

* Fernando Braga, in jornal “O Estado do Maranhão”, 4 de janeiro de 2014, original in “Conversas Vadias”, antologia de textos do autor.

Como parte do projeto de fortalecimento do Democratas no Maranhão, a legenda tem se preparado para conseguir bons resultados nas eleições municipais deste ano. Nesse sábado (1º/8), por exemplo, o DEM-MA lançou, oficialmente, a candidatura à reeleição do prefeito de Pio XII, Carlos do Biné, com Lúcia da Pesca como vice. O evento foi realizado nas dependências da AABB e contou com a presença do presidente estadual da legenda, deputado federal Juscelino Filho (DEM-MA) e do ex-deputado estadual Stênio Rezende.

Em seu discurso, Juscelino Filho destacou a importância da reeleição de Carlos do Biné pelo Democratas. “Com o prefeito Carlos do Biné, tenho certeza de que vamos rumo à vitória para continuar construindo uma nova história no município”, afirmou.

Em busca de mais um mandato como prefeito de Pio XII, Carlos do Biné agradeceu ao apoio da direção estadual do Democratas e garantiu que continuará trabalhando com seriedade. “Temos a seriedade, o compromisso no trabalho e a vontade de fazer muito mais. Não descansaremos para continuar fazendo a diferença por nossa cidade”, disse.

Para o ex-deputado Stênio Rezende, “a soma de nossas forças seguirá rumo a grandes conquistas no município de Pio XII”, analisou.

Eleições 2020

Vale lembrar que as eleições municipais deste ano foram adiadas de outubro para novembro em razão da pandemia provocada pelo novo coronavírus. Dessa forma, foram fixadas as datas de 15 de novembro e 29 de novembro para os dois turnos de votação para eleger prefeitos e vereadores em 5.568 municípios do país.

(Fonte: Assessoria de comunicaççao)

Prece à boca da minha alma

Não te transformes em bicho,
ó forma incorpórea minha,
só porque animal capricho
perdeu o humano que eu tinha.

Guarda, do animal, o alheio
esquecimento. E somente.
Mas lembra aquele outro seio
que te nutriu a boca e a mente.

E recorda, sobretudo,
que não babas ou engatinhas,
a não ser quando te escuto
pelos becos, dentre as vinhas.

Vive como um homem morre:
em solidão e na esperança
guardando a fé que socorre
em mim, semivelho, a criança.

Mas não te tornes em bicho,
nem percas o ser humano,
só porque a tara (ou o capricho)
deu-me este existir insano.

(autor: Nauro Machado)

(Fonte: Integrantes da noite)

– “[...] o mundo restará o mesmo sem minha quota de angústia e sem minha parcela de nada”.

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Há quase cinco anos, em 28/11/2015, a Poesia maranhense e universal perdeu um Poeta maranhense e universal. Na madrugada daquele dia, um sábado, Nauro Diniz Machado morreu.

Hoje, Nauro (re)nasce. É dia de seu aniversário de nascimento, havido em São Luís.

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Por mais que digam que poetas não morrem, isso é só... uma liberdade poética.

Poetas morrem, sim, embora possa não morrer a poesia de cada um, poesia que, contrariamente, pode até se tornar mais vívida e vivida.

Nauro Machado havia completado, em 2015, seus exatos 80 anos de nascimento. Se sua poesia era universal, o poeta era provinciano, isto é, gostava de ficar, de permanecer em sua cidade natal, dela só se afastando para raras incursões fora do Estado.

Desde a década de 1970 que conheço Nauro. Conheci-o por intermédio do jornalista e escritor teresinense-caxiense Vítor Gonçalves Neto: eu escrevia, adolescente, uma página literária no jornal “O Pioneiro”, de Caxias, dirigido pelo Vítor (falecido há 30 anos, em 1989).

Em Caxias, Imperatriz e São Luís reencontrei Nauro Machado em momentos fortuitos. Apenas uma vez combinamos um encontro, um almoço, momento que juntos partilhamos em Imperatriz.

Além de alguns livros com dedicatória, tenho e mantenho do Nauro boa imagem como pessoa, agradável e sem “intelectualismos” nas conversas que (man)tivemos, bem-humorado, apesar da gravidade do rosto nas fotos.

Chego a dizer que, pelo menos nos momentos comuns que dividimos, Nauro Machado era um sujeito muito simples. Claro que, aqui e acolá, se a conversa descambava para algo mais, digamos, sofisticado em termos de Literatura, ali estava o literato à altura. Sua obra, então, nem se fala: mentes mais competentes dela já falaram e vêm falando, analisando, avaliando... com as melhores notas.

Se Nauro era ou parecia ser um sujeito comum, sua obra, não.

Nauro, filho de "seu" Torquato e dona Maria de Lourdes, marido de Arlete (escritora de ótimas obras), homem versado nas Artes e na Filosofia, partiu há quase cinco anos para o desvelamento do mistério pós-morte.

Em verso não metrificado, Nauro media-se a si mesmo, ao dizer que estava ocupando...

... “o espaço que não é meu, mas do universo”,...

...”espaço do tamanho do meu corpo aqui, enchendo inúteis quilos de um metro e setenta e dois centímetros [...]”.

Nesse poema “do ofício”, Nauro menciona aqueles que o...

...”mandam pro inferno, se inferno houvesse pior que este inumano existir burocrático”.

Também ouve ou identifica “o escárnio da minha província” e vaticina (pois que é um vate...) que...

... “o mundo restará o mesmo sem minha quota de angústia e sem minha parcela de nada”.

Liberdades poéticas e sensibilidades literárias à parte, claro que Nauro Machado era, com Ferreira Gullar e José Salgado Maranhão, a grande referência maranhense contemporânea além-Maranhão na difícil arte da grande “ars poética”.

Claro que seu espaço ia além, muito além, dos automedidos 172 centímetros.

Claro que o inferno não é uma escolha nem lugar para onde se mande, se ele existir – como o verso nauriano se permitiu duvidar.

Claro que não há escárnio – só ex-carne.

É claro que o mundo e a Vida continuarão sem Nauro – pois é do mundo e da Vida continuarem, ainda que sem um ser que sabia observá-los,...

...sabia absorvê-los...

... e sabia (re)pintá-los com originais pinceladas de letras.

* EDMILSON SANCHES

Após cerca de quatro meses com as aulas suspensas, Estados começam a sinalizar a volta às aulas presenciais nas escolas. De um lado, melhor equipadas, de maneira geral, que as escolas públicas, as escolas particulares defendem que estão prontas para uma retomada com segurança. Do outro, há professores e funcionários que não se sentem seguros com o retorno e dizem que a permanência nas salas de aula e uma maior circulação de pessoas nas cidades podem aumentar os casos de infecção por coronavírus.

De acordo com o Mapa de Retorno das Atividades Educacionais presencial no Brasil, elaborado diariamente pela Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), até sexta-feira (31), havia, no país, um Estado com a reabertura autorizada das escolas, Amazonas. Outros nove Estados e o Distrito Federal têm propostas de data para retornar às atividades presenciais. São eles: Acre, Pará, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. No Rio de Janeiro, na capital, a prefeitura autorizou o retorno facultativo para algumas séries este mês. As demais unidades da Federação estão sem data definida.

“Na parte operacional, já está tudo certo. Temos protocolo, e a gente já sabe o que fazer. Agora, é uma questão política, porque, tecnicamente, já têm as condições sanitárias em muitos locais para voltar. Tem a necessidade das escolas funcionarem para não quebrarem, necessidade dos pais e das crianças. Também, para não prejudicar as crianças do ponto de vista pedagógico. Há todas essas questões. Agora, a decisão é política”, diz o presidente da Fenep, Ademar Batista Pereira.

Professores e trabalhadores em educação, no entanto, dizem que não estão sendo consultados para a definição dos protocolos de segurança e que temem um retorno às aulas. “Neste momento, não existe protocolo seguro, não existe. Os órgãos de saúde estão dizendo que é perigoso, que não tem condição, nem com afastamento. Ainda mais criança. Não tem condição de garantir um protocolo completamente seguro”, diz a coordenadora-geral da Contee, Madalena Peixoto.

A questão foi levada para o Ministério Público e para a Justiça em algumas unidades da Federação. Segundo levantamento da Contee, no Distrito Federal, o Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinproep-DF) acionou o Ministério Público. Em reunião entre o Ministério Público do Trabalho e a 6ª Vara do Trabalho, ficou mantida a suspensão das aulas presenciais nas escolas do setor privado do DF. Uma audiência de conciliação envolvendo as várias partes está marcada para segunda-feira (3). Em São Paulo, a Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp) também acionou o Ministério Público do Trabalho contra a volta às aulas, previstas para 8 de setembro.

No Mato Grosso, o Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino no Mato Grosso (Sintrae-MT) notificou os estabelecimentos de ensino da responsabilidade pela garantia da incolumidade física e mental dos professores e administrativos ao convocá-los para a realização de atividades em suas dependências. Na cidade do Rio de Janeiro, os professores decretaram, em assembleia do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (Sinpro-Rio), uma greve no início de julho.

Aulas no Amazonas

A escola Meu Caminho, em Manaus, retomou as aulas presenciais no dia 6 de julho. Desde então, professores, funcionários e estudantes todos os dias seguem a mesma rotina: checam a temperatura, higienizam as mãos e higienizam os calçados em um tapete com uma solução de água sanitária. Somente então podem se dirigir às salas de aula. Os funcionários receberam máscaras, escudos faciais e aventais. Os estudantes, que têm de 6 a 10 anos de idade, precisam também usar máscaras.

Os alunos passaram a frequentar a escola de forma escalonada, parte fica em casa, assistindo às aulas de forma remota e parte vai presencialmente. Os grupos se revezam, o que faz com que a sala de aula tenha menos estudantes e seja possível manter um distanciamento entre eles.

O Estado é o único no país a permitir o retorno das aulas presenciais nas escolas particulares. Segundo a diretora da escola Meu Caminho e vice-presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado do Estado do Amazonas (Sinepe-AM), Laura Cristina Vital, seguir o protocolo sanitário é fundamental para garantir a saúde. “A execução das medidas sanitárias do protocolo de segurança é uma coisa superimportante que precisa ser seguida para que tenhamos o balanço positivo que estamos tendo”, diz. Segundo ela, a escola elaborou também por conta própria um protocolo para ser seguido no local.

“Mesmo com todo esse processo que a gente precisa seguir, eu acredito que o presencial é fundamental”, diz Laura. “Mesmo que passe alguns dias aqui e outros em casa, nos dias que está de forma presencial, a gente consegue acompanhar e entender como essa criança está se desenvolvendo”, defende.

Após a retomada das aulas presenciais na rede particular, esta semana, o governo do Estado anunciou o retorno às aulas presenciais nas escolas públicas estaduais em Manaus a partir do dia 10 de agosto. Ainda não há data para o retorno no interior do Estado.

“Estamos acompanhando com bastante preocupação”, diz o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo. A entidade representa os trabalhadores de instituições públicas. A entidade defende que os trabalhadores participem da elaboração dos protocolos e que os governos estaduais e municipais garantam a execução das medidas. “Para isso, será necessário mais investimento no setor público”, ressalta.

Educação infantil

A educação infantil é a etapa que mais sofre com a suspensão das aulas presenciais, dentre outras razões pela dificuldade de oferecer educação remota a bebês e crianças da creche e pré-escola, etapa que vai até os 5 anos de idade.

Levantamento feito pela Fenep mostra que, em média, a inadimplência no setor chegou a 35%, sendo que o cancelamento de matrículas ocorre em maior proporção na educação infantil. De acordo com a análise dos dados da pesquisa, dois terços dos estudantes poderão abandonar as creches particulares neste ano, o que reflete em, aproximadamente, 1 milhão de crianças fora da escola, levando ao fechamento de instituições de ensino privadas.

“A nossa posição é que os Estados que estão com baixas estáveis [de contágio pelo coronavírus] devem reabrir [começando] pela educação infantil. As crianças de 4 sofrem danos psicológicos muito grandes porque não têm estrutura psíquica para lidar com o que está acontecendo”, diz a presidente da Associação Brasileira de Educação Infantil (Asbrei), Celia Moreno Maia.

Segundo Celia, a partir dos 4 anos, as crianças são capazes de usar máscaras, de internalizar hábitos de higienização e de cumprir o distanciamento. Além de atender as necessidades das crianças, Celia defende que a reabertura impactará a rotina dos pais. “Os pais estão enlouquecidos. Alguns já tiveram covid, as crianças já estão com imunidade. Pais que estão de ‘home office’ precisam fazer a comida, dar banho, colocar para dormir. Crianças nessa faixa etária demandam atenção o tempo todo. Isso está levando a um estresse familiar. Temos condições de amenizar essa situação reabrindo as escolas de educação infantil, com critérios [sanitários]”, defende.

Análise caso a caso

Segundo a pneumologista Patrícia Canto, que é assessora da `vice-presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), cada município e cada Estado precisa, entre outros critérios, avaliar se há queda de taxa de transmissão do coronavírus sustentada, se há leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) disponíveis e se o sistema hospitalar pode dar conta de possível aumento de casos.

A volta às aulas, segundo ela, precisa ser acompanhada pelas autoridades e, se houver sinal de contágio em uma sala de aula, o profissional de educação ou aluno precisa ser afastado e testado. Se houver um caso em uma sala, a sala inteira precisa entrar de quarentena, cumprindo isolamento para evitar a transmissão do vírus.

“A situação do retorno é muito complexa e coloca em risco maior não as crianças, [mas os adultos]. Pelos estudos, até o momento, os menores de 9 anos transmitem menos e têm casos menos graves na maioria das vezes, embora também possam adoecer. Mas a partir dos 9 anos de idade, os estudos mostram que aumenta a taxa de transmissão e risco de transmitirem aos adultos seria maior”, diz.

Patrícia diz que é preciso um protocolo rígido e considerar diversas situações, como professores que trabalham em diferentes escolas, com diferentes condições de cumprir os cuidados com higienização pessoal e do ambiente. Esses professores vão circular entre essas escolas. Além disso, é preciso considerar, em regime alternado entre estudantes com aulas presenciais e estudantes em aulas remotas, que todos tenham acesso às aulas pela “internet” ou outros meios. Professores, funcionários e estudantes que façam parte de grupos de risco, não devem retornar às aulas presenciais.

“É importante que seja um cenário muito controlado, é importante que tenha medidas de vigilância muito focadas nas escolas e é importante que a gente não esqueça a segurança dos trabalhadores, dos pais e dos próprios alunos”, diz, Patrícia, que acrescenta: “A gente tem um contingente de crianças que está sofrendo, exposta à violência doméstica, a insegurança alimentar, porque a escola oferece alimento diário. Tem risco de evasão escolar. A gente sabe que pode ter uma maior evasão e crianças que vamos perder e não vão mais retornar às escolas. É uma situação muito complexa que precisa ser analisada caso a caso, município a município”.

Na semana passada, a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz lançou um manual sobre biossegurança para a reabertura de escolas no contexto da covid-19. Patrícia destaca que só se pode pensar em um retorno, obedecendo a várias variáveis, nos locais onde há uma descedente da curva de transmissão do coronavírus e onde essa queda é permanente por, no mínimo, 14 dias.

(Fonte: Agência Brasil)

Estados, municípios e o Distrito Federal terão acesso aos R$ 3 bilhões de recursos da Lei Aldir Blanc, destinados a ações emergenciais de apoio ao setor cultural e seus trabalhadores durante a pandemia de covid-19, por meio da Plataforma +Brasil.

O recurso foi estabelecido pela Lei 14.017/2020, mais conhecida como Lei Aldir Blanc, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro em 29 de junho. O dinheiro será repassado aos Estados e municípios que têm a responsabilidade de fazer a distribuição.

Instituída pelo Decreto nº 10.035/2019, a Plataforma +Brasil é um sistema integrado que busca reunir as diferentes modalidades de transferências de recursos da União. Até 2022, a Plataforma operacionalizará todas as 31 modalidades de transferências da União, totalizando a gestão de, aproximadamente, R$ 380 bilhões por ano.

De acordo com a lei, metade dos R$ 3 bilhões é destinada aos Estados e Distrito Federal. Segundo o Ministério do Turismo, o valor foi definido por uma equação que considerou: 20% dos critérios de rateio do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE) e 80% em relação à proporção da população. Já o cálculo dos valores que serão passados aos municípios considerou: 20% de acordo com os critérios de rateio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e 80% em relação à proporção da população.

O recurso poderá ser usado para pagamento de renda emergencial mensal aos trabalhadores da cultura – R$ 600 pelo período de três meses –, subsídio mensal para manutenção de espaços artísticos e culturais – entre R$ 3 mil e R$ 10 mil – e iniciativas de fomento cultural, como: editais, chamadas públicas, prêmios, aquisição de bens e serviços vinculados ao setor cultural e outros instrumentos destinados à manutenção de agentes, espaços, iniciativas, cursos, produções, entre outros. Para as ações de fomento, foi definido um percentual mínimo de 20%, o equivalente a R$ 600 mil.

Os valores serão transferidos do Fundo Nacional da Cultura, administrado pelo Ministério do Turismo, preferencialmente para os fundos estaduais, municipais e distritais de cultura. No caso de não haver fundo para a realização da transferência, o dinheiro poderá ser repassado para outros órgãos responsáveis pela gestão desses recursos.

Cadastro

Toda a operacionalização dos repasses será feita por meio da Plataforma +Brasil. O Ministério do Turismo ressalta que o gestor de convênios deve estar atento para, “em breve”, entrar na plataforma, cadastrar o plano de ação e indicar a agência de relacionamento no Banco do Brasil para onde será feita a transferência. O Estado/município deverá enviar um relatório de gestão e recolher os recursos não aplicados em um prazo de até 180 dias.

(Fonte: Agência Brasil)

Você se lembra de PRÓCLISE, MESÓCLISE e ÊNCLISE?

Trata-se da correta COLOCAÇÃO (= topologia) dos pronomes oblíquos átonos.

Neste domingo, vamos tirar algumas dúvidas a respeito desse assunto.

Dicas gramaticais

COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Introdução
Os pronomes oblíquos átonos (= ME, TE, SE, O, A, LHE, NOS, VOS, OS, AS, LHES) podem ocupar três posições:
1) antes do verbo = PRÓCLISE (posição proclítica);
2) depois do verbo = ÊNCLISE (posição enclítica);
3) meio do verbo = MESÓCLISE (posição mesoclítica).

Os pronomes oblíquos átonos são “fracos” na pronúncia. Por serem átonos, unem-se ao verbo. Não há hífen na próclise, porque a “união” é maior na ênclise. Em razão disso, na sintaxe lusitana, a preferência é a ênclise. No Brasil, a preferência é a próclise.

1 – NOS REUNIMOS ou REUNIMO-NOS com o diretor?
Segundo a sintaxe portuguesa, não devemos usar o pronome oblíquo átono no início da frase, embora seja muito comum no Brasil.
O certo é “REUNIMO-NOS com o diretor”.

Vejamos outros exemplos:
“Dá-me um cigarro”.
“Encontramo-nos com os amigos”.
“Tratando-se de dinheiro, não há discussão”.

Se você considera a forma REUNIMO-NOS pedante ou artificial, sugiro que ponha o sujeito antes do verbo e use a próclise:
“Nós NOS REUNIMOS...”

Em textos formais, é recomendável evitar frases típicas da linguagem coloquial brasileira:
“ME considero pré-candidato”,
“SE sente deprimida.”

Podemos usar:
“Considero-ME pré-candidato”.
ou
“Eu ME considero pré-candidato”.

“Sente-SE deprimida.”
ou
“Ela SE sente deprimida”.

2 – Eu O ENCONTREI ou ENCONTREI-O no espigão?
Tanto faz. As duas formas são aceitáveis.

É preferível a próclise sempre que o sujeito aparece antes do verbo:
“O diretor SE RETIROU mais cedo (ou retirou-SE)”.
“Ela LHE ENTREGOU os documentos (ou entregou-LHE)”.
“O proprietário ME OFERECEU um cargo em sua
empresa (ou ofereceu-ME).”

3 – Eu não LHE DISSE ou DISSE-LHE a verdade?
O certo é: “Eu não LHE DISSE a verdade”.

Quando há uma palavra de sentido negativo (= não) antes do verbo, devemos usar a próclise.

A próclise (= pronome oblíquo átono antes do verbo) é recomendável nos seguintes casos:
a) com palavra negativa: não, nunca, jamais, nada, ninguém:
“Nada ME preocupa mais do que isso”.
“Ninguém NOS perturba tanto quanto os governantes”.

b) com alguns conectivos: que, se, quando, embora, porque:
“Ele lhe disse que OS dispensaria logo”.
“Quando SE trata de política, devemos ter cautela”.
“Caso TE ofendam, tenha paciência”.

c) com alguns advérbios (sem pausa): sempre, já, ainda, agora, talvez:
“Sempre NOS encontramos aqui”.
“Ele já LHE disse tudo”.
“Isto talvez ME seja útil”.

d) com pronomes relativos, demonstrativos e indefinidos:
“Foi ele quem O avisou”.
“Aqui está o livro que TE emprestaram”.
“Isto NOS é desfavorável”.
“Todos A criticaram muito”.
“Alguém NOS viu quando chegamos”.

e) em frases interrogativas:
“Quem LHES enviou os documentos?”
“Quando NOS encontraremos novamente?”
“Como TE sentes?”

f) em frases exclamativas ou optativas:
“Como VOS respeitam!”
“Quanto TE odeiam!”
“Deus O abençoe!”
“Macacos ME mordam”.

g) com verbo no gerúndio antecedido da preposição EM:
“Em SE plantando, tudo dá”.
“Em SE fazendo dia, partirei”.

h) com formas verbais proparoxítonas:
“Nós O censurávamos”.
“Nós A encontráramos antes de ele chegar”.

Teste da semana:
Assinale a opção que completa, corretamente, a frase abaixo:
“Verifique se os programas estão __________ pois __________, no decreto, a exigência de formação e treinamento dos futuros chefes”.
a) certo / está implícito;
b) certo / estão implícitos;
c) certos / está implícita;
d) certo / está implícita;
e) certos / está implícito.

Resposta do teste: Letra (c).
O que está CERTO são os programas e o que está IMPLÍCITO é a exigência. Portanto, o correto é “os programas estão CERTOS” e “está IMPLÍCITA a exigência”.

Do teto da casa
morrendo em desejo
um rato raquítico
espreita “seu” queijo.

E chega a noite fria,
e o tal rato – coitado –
desce rumo ao “seu” queijo
– prato tão desejado...

Já lá no chão batido
olha pra todo lado
e ruma rumo ao queijo
– prato tão desejado...

Passos ressoam na cozinha
e o rato recua de lado.
Vê passar a menininha
... indo ao prato desejado!

A graciosa garotinha
sobe a cadeira em sacolejo
e, sob o olhar do roto rato,
pega o tão cobiçado queijo!

Sem força, com fome, o rato
não vê o gato de tocaia.
(Foi morto e inda perdeu o queijo
para a menina de saia.)

Além da cena daninha,
na sala, em jogo entusiástico,
brincam duas meninazinhas
com oco queijo... de plástico.

* EDMILSON SANCHES (poema da década de 1970)

2

“Aprendi esta língua como se consegue o amor de uma mulher” (Valéry Larbaud)

Meus versos surgem de repente, sem anúncios
preconcebidos, e assim, a esmos e inconsúteis,
se amesendam nas múltiplas intransitividades
que na vida hei passado como poeta e bruxo.

Há entre mim e eles, uma brancura bipartida
em orgânica dualidade, simples e ressurgida,
numa cumplicidade inconsciente e consentida,
mas comedida, necessária, útil e dependente.

Há entre nós uma parceria, como se heterônimos
dalgum poeta fôssemos, onde eles, meus versos,
sorrateiros nas paráfrases se permitem comigo

logo no primeiro grito, sentir a dor que sinto,
mas que nunca em tempo algum deveras finjo.
Eles e eu somos um só Fernando, uma só Pessoa...

* Fernando Braga. In “O Sétimo Dia”, São Luís, 1997.