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Brasília (DF) 22/12/2024 – A jornalista e pesquisadora, Cibele Tenório autora da biografia sufragista Almerinda Farias.
Cibele posa para foto com as partituras inéditas descobertas durante pesquisa
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Os olhos da aluna sorriem enquanto o som do piano domina a sala e os seus sentidos. A professora toca, ensina, mas, neste lugar, também aprende. As notas da música Noturno saem dos dedos da pianista Renata Sica e se espalham pela sala de uma casa na cidade de Araras (SP). Maria José Febraro, de 75 anos, flutua no tempo ao saber que aquela a obra foi composta por uma mulher negra como ela, com sonhos suados parecidos com os dela, com as conquistas de vez em quando e com os nãos de todos os dias. 

Brasília (DF) 20/12/2024 - Professora de piano Renata Sica (e), ao lado da aluna Maria José Febraro (d)75 anos, toca partitura de Almerinda Farias, descoberta pela jornalista e pesquisadora, Cibele Tenório.
Foto: Renata Sica/Arquivo pessoal
Maria José Febraro

A autora da música foi a sufragista, datilógrafa e sindicalista Almerinda Farias Gama (1899-1999). Almerinda foi uma trabalhadora alagoana histórica, invisibilizada no século XX e uma figura até então desconhecida para a professora que tocava, para a aluna que ouvia e para o mundo. As duas sabem que estão diante de uma partitura histórica com as marcas amareladas do tempo.

A primeira a perceber que tinha uma relíquia diante de si foi a pesquisadora Cibele Tenório, doutoranda em história pela Universidade de Brasília (UnB) e jornalista da Rádio Nacional, d Empresa Brasil de Comunicação (EVC). Foi Cibele quem encontrou as partituras arquivadas na Escola Nacional de Música, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Ritmos

Cibele lançará, no ano que vem, uma biografia sobre Almerinda Farias (pela editora Todavia). Essa biografia nasceu de uma pesquisa de mestrado na UnB, sob orientação da professora Teresa Marques. No percurso para conhecer mais de Almerinda, Cibele descobriu que a sufragista tinha paixão pelo piano e havia criado músicas de variadas inspirações.

“Falamos de uma personagem que foi esquecida”, diz a pesquisadora. Cibele explica que Almerinda, em uma entrevista em 1984, recordou que a avó paterna ensinou francês, prendas domésticas e aula básica de piano. “Ela disse que nunca ingressou em um conservatório na infância. (...) Depois, quando era idosa e se aposentou como datilógrafa, voltou a se dedicar ao piano, o instrumento da infância”, afirma Cibele.

“Vai estragas os dedos”

A trajetória de Almerinda encanta e comove Maria José, que também conheceu o piano na infância. “Saber dessa história de luta, de uma mulher negra como eu, me deu mais vontade de aprender piano”, diz Maria José. A mulher que hoje ouve o instrumento, já escutou dos patrões da mãe, empregada doméstica em um sítio, que não deveria chegar perto do piano da casa. “Disseram que, se eu tocasse, poderia estragar meus dedos”, recorda. 

Hoje, os dedos e o coração da ex-lavradora e empregada doméstica encontram notas – as teclas brancas – e seus bemóis e sustenidos – as pretas – graças à vizinha musicista Renata Sica. “Eu fiquei tocada quando o Instituto do Piano Brasileiro divulgou a descoberta das partituras. Eu queria tocar. E foi como viajar no tempo”, conta a professora. 

Conhecendo Almerinda

A divulgação da descoberta das partituras desconhecidas ocorreu a partir da descoberta de Cibele Tenório. Cibele se emocionou quando viu as partituras em suas mãos e depois, ao ouvir a aquele papel amarelado virando música na execução de Renata. “É como se tivesse encontrando com Almerinda”. Mais do que documentos, a música, na prática, faz reviver a personagem. Deixou de ser só história no livro e passou a ser vida entoada.

Brasília (DF) 22/12/2024 – A jornalista e pesquisadora, Cibele Tenório autora da biografia sufragista Almerinda Farias.
Cibele posa para foto com as partituras inéditas descobertas durante pesquisa
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Cibele Tenório

“A Almerinda tocava piano quando era criança. Também teve a vida toda nas teclas da máquina de escrever. É como se ela tivesse trocado as teclas. Inverteu, na infância, as teclas do piano para as da datilografia. Na velhice, voltou para as teclas em preto e branco”. A pesquisadora explica que Almerinda disse, aos 85 anos de idade, que havia, ao longo da vida, feito mais de 90 músicas. 

As canções foram para a Escola Nacional de Música, no Rio de Janeiro. Cibele localizou 29 obras e conseguiu acesso e liberação para que o material fosse divulgado. “A maioria tem versos e têm a letrinha dela. São de gêneros variados, como baião, valsa, samba…. Como ela afirmou que havia mais de 90 trabalhos, há ainda muito o que vasculhar”. 

As partituras não têm datas identificadas e tratam sobre amor, lendas amazônicas (Almerinda morou em Belém) e até canções de ninar. “Eu comecei primeiro conhecendo a figura pública, uma ativista pelo direito das mulheres. Depois, descobri as partituras”. Os papéis eram uma conquista, mas os sons levaram a descoberta a uma outra dimensão.

Divulgação

Brasília (DF) 20/12/2024 - Almerinda Farias em seu piano
Foto: Almerinda Farias/Arquivo pessoal
Almerinda Farias

Os sons se tornaram possíveis também porque a pesquisadora levou as partituras para o Instituto do Piano Brasileiro para que pudesse haver divulgação do material. “A gente já publicou mais de 4 mil vídeos de partituras de compositores brasileiros [anônimos]”. Depois de veiculado na página do instituto, pianistas se interessaram em fazer que a música não ficasse somente em papéis antigos. “As músicas da Almerinda são simples. Podem ser tocadas em ambiente doméstico ou recitais”, diz o presidente do instituto, Henrique Dias. Ele explica que as canções funcionam no piano solo, mas também podem e devem ser cantadas.

“O que mais me chamou atenção foi ver o ecletismo dessa intelectual. Mostra que mente vivaz e afiada que ela era”, diz o pianista. Para Cibele Tenório, a sensação de ouvir foi diferente. Mais do que método, papéis e teoria, há sentimentos que a pesquisadora não consegue explicar racionalmente.

“Meu encontro com a Almerinda também é proporcionado pela ancestralidade. Sou filha de uma mulher negra e a minha pesquisa é, de alguma maneira, um reencontro com a minha mãe [que faleceu quando a pesquisadora era adolescente]”. O resgate é para que as pessoas não sejam esquecidas. 

Revolucionária

Pesquisadora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea, do Departamento de Letras da UFRJ, a professora Kátia Santos entende que histórias como a de Almerinda, trabalhadora negra que nasceu 11 anos após a abolição da escravatura, são situações atípicas e revolucionárias. Kátia avalia que, mesmo dentro das próprias famílias negras, a arte acaba não podendo ser a prioridade porque a sobrevivência sempre foi o mais importante. A conquista de Almerinda não foi simples. 

“As mulheres negras são as que mais sofrem a opressão [...] Elas têm sempre que se juntar para tentar fazer valer um espaço para elas. Mas a base de tudo isso, para que essas pessoas tenham oportunidade de saber se têm essas aptidões, se querem fazer isso, é garantir a educação”, considera Kátia Santos. 

Para ela, a história de Almerinda mostra uma necessidade cidadã. “Ela queria exercer a arte também. Isso é muito importante”. Essa necessidade agora é da professora Renata, que resolveu tocar e gravar as músicas da sufragista. Uma necessidade também para a aluna de piano Maria José. “Desde criança, eu amei piano. Mas eu era muito pobre e não tinha possibilidade de estudar. Agora, eu consigo. Almerinda é mais uma inspiração para mim”. O silêncio foi desfeito. 

(Fonte: Agência Brasil)

Baile do Menino Deus. Cena do Boi. Sóstenes e Arilson Lopes como Mateus, Caique Ferraz e Laís Senna como José e Maria, Carlos Filho canta.

O ano é 2004. No palco da Praça do Marco Zero, no Recife (PE), o Baile do Menino Deus, um Auto de Natal pernambucano, encanta os olhos do jovem Ellan Barreto. O garoto que, aos 11 anos, aprende os primeiros passos de break, se imagina cercado por todas aquelas luzes, pelos aplausos daquelas milhares de pessoas. Dentre elas, a família de sete irmãos e os amigos da comunidade em que nasceu e se criou, a Favela do Canal, no Bairro do Arruda.

Vinte anos se passam e, agora, Ellan, com 31 anos, adota o nome artístico de Okado do Canal. Ele não saiu da comunidade e criou projetos artísticos voltados para a sua “quebrada”, o “Lado Beco”, com atividades de hip hop. O coletivo é PE Original Style. Agora, Okado, junto com seu grupo, estará do outro lado do Baile do Menino Deus, em cima do palco. O espetáculo gratuito será encenado de 23 a 25 de dezembro, às 20h. “As crianças vão sonhar em ter esse momento como a gente já sonhou lá atrás. E isso é uma forma também de salvar vidas”, afirma o artista.

Baile do Menino Deus, com bailarinos de hip hop. Crédito Hans Manteuffel

Ele disse que conheceu a dança de rua pelos dançarinos mais velhos do bairro. “A partir daí, foi paixão à primeira vista”. Okado entrará em cena por volta da metade do espetáculo. “É importante que a periferia tenha essa representatividade”, diz. Afinal, o “Baile do Menino Deus: Uma Brincadeira de Natal” chega este ano à sua 41ª edição e é considerado o maior espetáculo natalino do país baseado na cultura brasileira, com mais de 300 artistas.

Identidade nacional

A encenação é vista anualmente por mais de 70 mil pessoas e exibida pelo YouTube. Os dramaturgos Ronaldo Correia de Brito e Assis Lima, além do compositor Antonio Madureira, produziram um espetáculo com cantigas, danças, brincadeiras, costumes, rezas, figuras folclóricas e outras linguagens.

Ronaldo Correia de Brito entende que o espetáculo é uma celebração da identidade nacional baseada na representatividade dos povos. “O Baile é um espetáculo totalmente inspirado nessa riquíssima cultura brasileira”.

Ele testemunha que a tradicional encenação ajuda na formação de artistas e de público. “Há muitos adolescentes na plateia, que dançam, que cantam e choram”. O diretor disse que existe uma preocupação em trazer a tolerância religiosa. “Buscamos um sentido mais transcendente, menos materialista e consumista”.

O Baile do Menino Deus

O diretor afirma que a opção por uma orquestra popular, com berimbau de lata, rabeca e viola de arco traz um sentido de inclusão para o espetáculo, regido pelos maestros Spock e Forró. Neste ano, uma das estrelas é a cirandeira Lia de Itamaracá. “No espetáculo, há artistas dos mais eruditos e sofisticados a populares das periferias em uma harmonia perfeita. Hoje, a predominância é de pessoas negras”.

Baile do Menino Deus. Mateus, vividos por Sóstenes Vidal e Arilson Lopes, com as crianças. Crédito Hans Manteuffel

Na história, dois brincantes, os Mateus, levam o público, com um coro infantil formado por 12 crianças, à porta de uma casa onde estaria o Menino. Esse percurso emociona o ator Sóstenes Vidal, que interpreta um dos Mateus há 21 anos. “O personagem é dos folguedos populares nordestinos, do Bumba Meu Boi, do Cavalo Marinho. E essa adaptação junta o sagrado ao profano”, disse o ator. Entre as cenas que mais o emocionam, estão o momento em que o personagem fala dos brinquedos populares. Outro momento é uma cena final, que sempre lhe emociona.

“Eu engasgo de emoção”. No texto, está gravado na memória e no coração. “Senhores donos da casa, meninos desta folia, povo inteiro desta sala que assiste a nossa alegria…. Quando eu viro, eu chamo o povo inteiro desta grande sala, as milhares de pessoas que estão assistindo”.

E o baile continua...

Outra emoção que o ator terá nesta edição é que a filha, a atriz e dançarina Marina Vidal, de 21 anos, estará em cena como uma ciganinha. Ela está no palco dessa montagem desde criança. “Eu estou estreando como bailarina no espetáculo. Participei, desde os cinco anos como coro infantil. Estar no palco junto com meu pai é uma sensação maravilhosa”. Foram mais de três meses de ensaio.

Nem todo o ensaio do mundo é capaz de tirar do elenco a emoção dessa encenação a céu aberto. Mateus, o personagem em cena, desfia sua reflexão sobre a luta de cada dia. Como ele diz, o baile é a própria vida. “Continuemos o baile. O coração nunca esfria, quem dança os males espanta e o peito desanuvia. Continuemos o baile, agora e em cada dia”.

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília (DF) 22/12/2024 - Mestre Laurentino morre ao 98 anos em Belém
Músico paraense ficou conhecido como o roqueiro mais antigo do Brasil
Foto: mestrelaurentino/Instagram

O músico João Laurentino da Silva, conhecido como Mestre Laurentino morreu nesse sábado (21), em Belém. Ícone da música paraense, ele morreu aos 98 anos, em sua residência, localizada na Travessa Barão do Triunfo, no Bairro da Sacramenta. A causa da morte não foi informada.

Laurentino nasceu na Ilha de Marajó, mas cresceu na capital do Pará, onde formou família e ficou conhecido como o roqueiro mais antigo do Brasil. Ele teve 27 filhos.

Em nota, o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, lamentou o falecimento do instrumentista e prestou solidariedade aos familiares.

"É um momento de muita tristeza para a cultura de Belém e do Pará. A prefeitura se solidariza com amigos e familiares de João Laurentino da Silva, carinhosamente chamado de Mestre Laurentino, e reconhece sua grande contribuição à cultura paraense", declarou o prefeito.

Durante sua carreira, Mestre Laurentino produziu centenas de fitas cassetes gravadas no quintal de sua casa, com uivados de cachorros, papagaios, galinhas e todo o som de seu habitat. Com isso, acabou criando uma linguagem própria.

Um dos seus maiores sucessos, "Lourinha Americana", foi gravado por Gilberto Gil.

(Fonte: Agência Brasil)

"A ÁGUA DESTE LIVRO É BOA; É DA MELHOR. ENTRETANTO, PARA BEBÊ-LA, NÃO BASTA TER SEDE"

*

A Botânica até pode nos dizer que poesia não é árvore. Mas tem raiz. Tem origem. Filiação. "Pedigree".

O melhor da interpretação, da declamação, da poesia e Cultura regional foi visto, ouvido e aplaudido em uma noite, há cerca de cinco anos, no Teatro Ferreira Gullar, em Imperatriz (MA). Era Lília Diniz, atriz, poeta, artista, da Academia Imperatrizense de Letras, mulher que prende por sua Arte e empreende em toda parte.

Lília é a ponte entre a capital do país e seu interiorzão. Vive em Brasília e revive e convive em Imperatriz e região.

Além dos muitos conteúdos que traz, Lília traz Cora Coralina dentro de si. E a bota para fora, em poesia, canto e encanto – no espetáculo. “Cora Dentro de Mim”, que Lilia interpreta, declama, produz e o levou para diversos Estados brasileiros.

Em uma dessas apresentações, durante um daqueles lapsos de 15 segundos, Lília Diniz convidou-me – com carinho e dengo, do jeito que só ela sabe convidar – para fazer o texto de apresentação da nova edição de seu livro "Miolo de Pote", cujo lançamento aconteceu naqueles dias e noites de bom gosto, Arte e Cultura.

Sobre Lilia, escrevi:

Varinha de marmelo, de condão,

faça essa mistura em um caldeirão:

um pouco daquela (e)terna menina

(o nome dela: Cora Coralina);

o canto de um pássaro de fé

– cante lá, Patativa do Assaré –;

mais Catulo da Paixão Cearense

(apesar do nome, é maranhense)

– dessa química ou mágica feliz,

distinto público: Lília Diniz!

*

Reproduzo a apresentação que fiz e que vai no livro.

* * *

APRESENTAÇÃO

O babaçu é o boi das matas. Dele, sabe-se, nada se perde. Artesanato, alimento, combustível, medicamento. E mais: entre os muitos aproveitamentos e utilidades do babaçu também está a celulose, o papel. Vale dizer, assim, que de babaçu também faz-se um livro. Este, por exemplo.

E se do boi – o babaçu dos pastos – o cantor nordestino Ednardo aproveitou até o berro, Lília Diniz empresta voz à mudez do fruto e movimento à imobilidade da palmeira. Voz e movimento, denúncia e sentimento pendem aqui em cachos de letras.

É com muita razão e sensibilidade que a escritora, “bicho do mato”, traz o babaçu para as primeiras páginas desta obra. Lília, cabocla, sabe das brenhas onde se embrenha, dos matos das matas que se desmata. É íntima das palmeiras e das conversas delas com o vento, quando farfalham e gargalham. Lília sabe da essência do babaçu, do âmago das amêndoas. É um gongo que fala – sobretudo, alerta.

O líquido batismal de Lília deve ter sido azeite, que lhe marcou a fronte e a vida – vida povoada de sonoridades, cheiros, sabores e histórias que vêm a partir dos palmeirais, dos cocos que se desprendem, das mãos que os (a)colhem.

Mas uma vida rica de vivências, sofrências, persistências, ardências, consciência e coerência até pode ter um batismo de babaçu... porém há outras plantas e plantações na selva da existência. Daí "MIOLO DE POTE DA CACIMBA DE BEBER" ir além das lembranças e essências da terra e das palmeiras. Lília sabe que há outros “elementos”, como dizem as xilogravuras que anunciam cada uma das quatro “partes” do livro: “Terra”, “Fogo”, “Água” e “Ar”, as quatro substâncias que sábios pré-socráticos diziam formar tudo e que, neste livro, compõem um quadrifólio poético – quatro pétalas, mesma flor.

Se “Terra” é “essência”, que identifica, e “estrume”, que fertiliza, “Fogo” é luz e calor, energia e amor, que ilumina desejos e paixões e incendeia corpos e corações: é a mulher ardente em brasa, “acesa” em casa, “com tanto desejo a queimar”... até que, ao final, “as verrugas do tempo” tragam um certo “enfado” e uma (in)certa esperança de rever o ser objeto de tanto sentimento, tanta chama e incandescência.

“Água” é a parte líquida e certa deste “miolo de pote”. Dela, dos últimos versos do poema “Alimento”, a autora tirou, com concha de comprido cabo, o título do livro. Neste segmento, a água soletra um “abc”, pois está presente, real e metaforicamente, na cheia dos açudes, no molhado dos beijos e no chocalho cuja água as faladeiras parece que tomaram. Águas e mais águas que lembram as lavadeiras, rios e ribanceiras, poços e pororocas, mares e amares – águas onde corpos são lavados, roupas enxaguadas, sonhos banhados e sentimentos, quarados.

Em “Ar”, quarta e última parte, Lília Diniz, com a autoridade natural de quem é dona e maior conhecedora de si mesma, traceja traços (auto)biográficos desde a nascença, pois que ela, deverbal, é sujeita derivada de “alicezear”, verbo formado pela união da cearense Alice com o carpinteiro Zé, dos quais é filha.

Sem necessidade de esclarecimentos sobre manhas e artimanhas, mumunhas e mungangos de exercícios poéticos, somos levados a, sem reparos, reparar no poema “Buchuda” a solução visual com que a autora tratou a disposição dos versos, uma mulher grávida. Este recurso formal, de ascendência concretista, foi inicialmente utilizado na parte primeira do livro, em “Tanta terra”, onde os conceitos intelectuais são visualizados nas palavras postas em cruz.

*

O “miolo” deste livro não é do pote. É da poeta. Verdadeira e visceral como é, Lília, em linhas, sublinhas e entrelinhas, revela muito de amor e dor. Muito de dignidade e indignações. Muito de talento e Arte. Muito de sua Vida.

A água deste livro é boa; é da melhor.

Entretanto, para bebê-la, não basta ter sede.

* EDMILSON SANCHES

Foto: O livro "Miolo de Pote", já em 5ª edição, em sua caixa-embalagem artesanal.

Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2024 - Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa). Foto: IMPA/Divulgação

A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) divulgou, nessa sexta-feira (20), a lista de premiados na 19ª edição. Os ganhadores podem ser conferidos no site da Obmep. Assim como no ano passado, medalhistas do nível 3 poderão disputar uma das 100 vagas no Impa Tech, que é a primeira graduação do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa).

A Obmep é a maior competição científica do país. Criada pelo Impa em 2005, a olimpíada é promovida com recursos dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Educação (MEC). A competição é destinada a estudantes do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio. 

Neste ano, a Obmep bateu recorde no número de escolas e municípios inscritos: 56.516 instituições de 5.564 cidades – o que representa uma cobertura de 99,9% dos municípios brasileiros. Ao todo, mais de 18,5 milhões de estudantes participaram da primeira fase da competição.

Prêmios

Nesta edição, serão distribuídas 8.450 medalhas nacionais, além de mais de 20 mil medalhas para os estudantes mais bem colocados de cada Estado.

Alunos de escolas públicas e privadas serão premiados separadamente. Os estudantes de escolas públicas receberão 6,5 mil medalhas, sendo 500 de ouro, 1.500 de prata e 4.500 de bronze, e até 45 mil certificados de menção honrosa.

Já os estudantes de instituições particulares receberão 1.950 medalhas: 150 de ouro, 450 de prata e 1.350 de bronze, e até 6 mil certificados de menção honrosa.

Escolas, secretarias municipais de Educação e professores que se destacaram pelo desempenho dos alunos serão também premiados. A data da cerimônia de entrega de prêmios da 19ª Obmep será anunciada em 2025.

Impa Tech e iniciação científica

Medalhistas nacionais são convidados a participar do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC), que contará com aulas avançadas para que aprimorem os conhecimentos. Alunos de escolas públicas receberão do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) uma bolsa de R$ 300 para integrarem o programa. 

Os vencedores do nível 3, que é voltado para alunos do ensino médio, poderão concorrer a uma das 100 vagas no Impa Tech. Inaugurada no ano passado, a instituição oferece bacharelado em matemática da tecnologia e inovação, que conta com alojamento estudantil e auxílio financeiro para os aprovados no processo seletivo.

As inscrições para a graduação vão até 27 de dezembro, no site do Impatech. O edital reserva 80% das vagas para estudantes premiados em cinco olimpíadas de conhecimento, como a Obmep, e 20% para aqueles que obtiveram as melhores notas na prova de matemática do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O edital está disponível na internet.

(Fonte: Agência Brasil)

Destaque Concurso Unificado. Foto: Arte/EBC

Os candidatos reintegrados ao Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) e que apresentaram recurso ao resultado das discursivas já podem consultar a decisão sobre os pedidos de revisão das notas das provas. A consulta pode ser feita na página oficial do concurso.

A próxima etapa, conforme o novo cronograma divulgado pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e pelo Ministério Público Federal, será a convocação para verificar as condições declaradas para concorrer às vagas reservadas aos candidatos negros e indígenas, prevista para segunda-feira (23). Nos dias 11 e 12 de janeiro de 2025, serão efetuadas as verificações para os preenchimentos de vagas. Entre 6 e 10 de janeiro de 2025, será realizada a perícia médica dos candidatos com deficiência.

A divulgação do resultado preliminar da avaliação dos títulos, enviados entre os dias 4 e 5 de dezembro, ocorrerá em 15 de janeiro de 2025. Até o dia 16 de janeiro, os candidatos que não concordarem com a pontuação atribuída conforme as regras do edital podem apresentar recurso.

Resultados finais

A previsão é que os resultados finais sejam divulgados no dia 11 de fevereiro de 2025. De acordo com o MGI, os candidatos aprovados para o número de vagas serão convocados para posse e curso de formação.

Os inscritos que já haviam sido habilitados anteriormente continuam no processo seletivo e deverão apenas aguardar o resultado final.

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília (DF), 10/04/2023 - Fachada do ministério da Educação.
Foto:Marcelo Camargo/Agência Brasil/Arquivo

Foi publicado nessa quarta-feira (18) no Diário Oficial da União, extrato de edital do concurso público da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A Fundação Getulio Vargas (FGV) é a banca organizadora do certame.

De acordo com o documento, foram publicados, ainda ontem, três editais normativos ofertando um total de 545 vagas e formação de cadastro, incluindo 198 vagas na área médica, 330 na área assistencial e 17 na área administrativa, todas destinadas a 45 hospitais universitários federais e à administração central da Ebserh.

“Os editais normativos e outras publicações referentes ao concurso público estarão disponíveis nos endereços eletrônicos na data de 18 de dezembro de 2024”.

Entenda

A Ebserh foi criada por meio da Lei nº 12.550 de 15 de dezembro de 2011 como uma empresa pública vinculada ao Ministério da Educação (MEC) com a finalidade de prestar serviços gratuitos de assistência médico-hospitalar, ambulatorial e de apoio diagnóstico e terapêutico à comunidade, além de prestar, às instituições públicas federais de ensino ou instituições congêneres, serviços de apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão, ao ensino-aprendizagem e à formação de pessoas no campo da saúde pública.

(Fonte: Agência Brasil)

Crianças assistem vídeos em celulares conectados no programa “Wi-fi na Praça”

O plenário do Senado Federal aprovou, em votação simbólica, na noite dessa quarta-feira (18), o Projeto de Lei 104/2015, que restringe o uso de aparelhos eletrônicos portáteis, sobretudo de telefones celulares, nas salas de aula dos estabelecimentos públicos e privados de ensino infantil e médio de todo o país.

O texto já havia sido aprovado pela Câmara dos Deputados, na semana passada, em votação terminativa na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Apoiado pelo governo federal e por especialistas, o texto também teve rápida tramitação no Senado, indo direto para votação em plenário. Com a aprovação no Congresso, o projeto segue para sanção presidencial e poderá valer já para o ano letivo de 2025.

Países como França, Espanha, Grécia, Dinamarca, Itália e Holanda já possuem legislações que restringem uso de celular em escolas.

De acordo com o relator do PL no Senado, Alessandro Vieira (MDB-SE), a medida não traz punições, mas "orienta uma política pública educacional".

"Entre o início do período de aula até o final, o uso de celular está proibido, salvo questão de necessidade, como saúde. A regra é que o aluno deixe esse celular desligado, mutado, na sua mochila ou no estabelecimento que tiver espaço, e ele tenha concentração total na aula. É um projeto muito simples, ele quer resgatar a atenção do aluno, levar esse aluno a prestar atenção na aula", argumentou o senador, durante a sessão de debates.

Apesar de ter obtido unanimidade entre os senadores, duas emendas chegaram a ser apresentadas. Uma delas, de autoria do senador Rogério Marinho (PL-RN), visava estabelecer a obrigatoriedade apenas no ensino infantil e fundamental, do 1º ao 9º ano, excluindo o ensino médio. O argumento do parlamentar era aplicar a política de forma gradual. A emenda acabou sendo rejeitada.

Uma outra emenda, de autoria do senador Eduardo Girão (Novo-CE), chegou a ser apresentada, para obrigar a instalação de câmeras em salas de aula, mas, após os debates, o parlamentar retirou a proposta, para reapresentá-la na forma de um projeto de lei em separado.

(Fonte: Agência Brasil)

A professora e servidora pública Mabel Medeiros surpreendeu-me ao dispensar um pouco do seu tempo, talento, esforço e outros recursos na construção e manutenção de um espaço com meu nome: "FÃ-CLUBE EDMILSON SANCHES" ("link" abaixo).

https://www.facebook.com/profile.php?id=100046295859917

Exatos cinco anos depois, o espaço – e a paciência – - da Mabel se mantêm.

... E meus agradecimentos também.

*

(Da mesma forma, mantenho as palavras que dirigi a ela, no início e agora).

Grato, Mabel.

EDMILSON SANCHES

*

PARA A PROFESSORA MABEL MEDEIROS

Mabel, criadora e mantenedora deste espaço.

Dia 15 de dezembro, há três dias, completaram-se cinco anos deste espaço criado por você.

Pelo tempo, pelo esforço, pela paciência e boa vontade que você emprega aqui, sou-lhe agradecido.

De minha surpresa "y otras cositas más" acerca deste seu empreendimento, já o disse um quinquênio atrás, em texto que volto a reproduzir, aqui, assim:

*

"Com surpresa e rosto corado (*) aceito essa cumplicidade acadêmica, esse carinho conterrâneo, esse cuidado amigo, esse zelo fraternal de minha conterrânea (de Caxias), colega (de escrita), confrade (de Academia) e amiga (de sempre) Mabel Medeiros.

Espero não deslustrar a imagem que recebe esse virtual -- e virtuoso -- verniz.

Grato, Mabel.

EDMILSON SANCHES

(*) É melhor corar que empalidecer... "

Rio de Janeiro (RJ), 17/12/2024 - Exposição Sonhos: história, ciência e utopia, no Museu do Amanhã, na zona portuária do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O misterioso universo dos sonhos sob diferentes perspectivas é o tema da mais nova exposição do Museu do Amanhã, na Praça Mauá, na região central do Rio de Janeiro. Sonhos: História, Ciência e Utopia estreia nesta quarta-feira (18) e marca o início da programação comemorativa para os 10 anos da instituição, que serão completados em 17 de dezembro de 2025.

A mostra traz a complexa teia dos sonhos, sejam lúcidos ou lúdicos, analisados por cientistas ou interpretados por esotéricos; sejam os que moveram a psicanálise de Freud, inspiram a vida e a arte; ou os que dependem do descanso para trazerem saúde e qualidade de vida; sejam eles os sonhos dos ancestrais e as utopias futuras.

Rio de Janeiro (RJ), 17/12/2024 - Exposição Sonhos: história, ciência e utopia, no Museu do Amanhã, na zona portuária do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Com curadoria do neurocientista Sidarta Ribeiro, a mostra é baseada no seu livro O Oráculo da Noite: a história e a ciência do sonho

“O conceito primordial dessa exposição é que sem a capacidade de sonhar e construir o que o sonho propõe, a gente não tem um futuro como espécie. A exposição parte da ideia de que o sonho foi, é e continuará sendo uma ferramenta de sobrevivência e um espaço para construir um futuro viável não só para a nossa espécie como todas as outras que a gente está neste momento colocando em risco. É uma exposição que faz uma crítica muito contundente desse presente, desse momento que a gente dorme tão mal, e que busca dialogar com a ciência não só universitária mas com as ciências indígenas, de matriz africana que lidam com o sonho de uma maneira irreverente”, explicou Sidarta.

A mostra se inicia com a instalação Labirinto - Somos Descendentes de Sonhadores. Simulando um labirinto, com ilustrações, texto e jogos de luz e sombra, o visitante perpassa um panorama histórico de como os sonhos têm sido usados por diferentes povos e em diversas épocas como ferramentas de decisão, criação e aprendizado. Em seguida, em Meditação - Sonhar-criar, há um espaço de meditação guiada pela voz de Sidarta aliada a sonoridades brasileiras.

Rio de Janeiro (RJ), 17/12/2024 - Exposição Sonhos: história, ciência e utopia, no Museu do Amanhã, na zona portuária do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Em parceria com o Museu de Imagens do Inconsciente, a exposição faz uma homenagem ao trabalho iniciado por Nise da Silveira, que entende a arte como reveladora das riquezas do inconsciente e como uma potente contribuição na luta contra os estigmas associados aos portadores de transtornos psíquicos. 

Um conjunto de 18 obras de artistas emblemáticos que passaram pela instituição, como Adelina Gomes, Carlos Pertuis, Emygio de Barros e Fernando Diniz, são exibidas para representar o que podemos acessar através dos sonhos.

Na seção interativa O Sono é a Cama do Sonho, pode-se experimentar o ciclo do sono - o que acontece conosco em cada uma de suas fases, por meio de jogos e instalações. 

No último setor, Utopias, obras interativas se utilizam de recursos como inteligência artificial e produção de vídeos; e, encerrando o percurso, o visitante se depara com uma imersão na Galeria de sonhos e de grandes sonhadores, homenagem a sonhadores de nossa história como Bertha Lutz, Cacique Raoni, Chico Mendes, Darcy Ribeiro, Dona Ivone Lara, Lélia Gonzalez, Martin Luther King, Nise da Silveira, Paulo Freire, Pepe Mujica e Yoko Ono.

Rio de Janeiro (RJ), 17/12/2024 - Exposição Sonhos: história, ciência e utopia, no Museu do Amanhã, na zona portuária do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Para o curador do museu, Fabio Scarano, sonhos, tanto do ponto de vista científico como do ponto de vista de outras visões de mundo, inclusive da arte, é um tema que discute bem esse valor que se dá a diferentes inteligências. 

“Tem povos indígenas que fazem todo o seu planejamento com base nos sonhos, tem povos que sonham juntos, combinam de sonhar juntos determinado tema para tomar decisão no dia seguinte. Temos povos aborígenes na Austrália nos quais o sonho é o real e o real é o sonho. Há uma forma gigantesca de lidar com o sonho”, disse Scarano.

Os ingressos estão disponíveis no local e no site oficial do Museu do Amanhã, que funciona de terça-feira a domingo, das 10h às 18h, com última entrada para visitação às 17h. Às terças-feiras, a entrada é gratuita para todos os visitantes.

Des anos

Nesta terça-feira (17), o museu comemora 9 anos de existência com mais de 6,8 milhões de visitantes. Mais de 40% do seu público não é frequentador de museus, 22% visita um museu pela primeira vez e 50% vêm da zona norte e oeste do Rio de Janeiro. Foram cerca de 50 exposições temporárias. Mais de mil atividades entre palestras, workshops, oficinas e debates receberam mais de 48 mil participantes além de 26.500 pessoas alcançadas pelos programas educativos.

Rio de Janeiro (RJ), 17/12/2024 - Exposição Sonhos: história, ciência e utopia, no Museu do Amanhã, na zona portuária do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Segundo o novo diretor executivo da instituição, Cristiano Vasconcelos, o segredo do sucesso vem do trabalho do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG) na administração da casa, regido pelas diretrizes e regras da Prefeitura do Rio de Janeiro. 

“Temos um modelo de gestão sustentável e inovador, cujas receitas vêm de múltiplas fontes. A principal delas é a captação feita via Lei Rouanet, mas também dependemos de bilheteria, locação dos nossos espaços para eventos, patrocínios, além da concessão de espaços como o restaurante e a loja de souvenirs. Assim, conseguimos nossa total autonomia financeira”, informou Vasconcelos.

No início do segundo trimestre de 2025, o museu apresenta um novo conceito para um dos pontos cruciais da sua exposição de longa duração: Antropoceno. Ao longo do ano, outros momentos da exposição também serão renovados.

Em 2025, a instituição abrirá 1.200 metros quadrados destinados à arte contemporânea. O intuito do novo espaço é que a arte seja um meio de democratizar o acesso ao conhecimento científico.

Rio de Janeiro (RJ), 17/12/2024 - Exposição Sonhos: história, ciência e utopia, no Museu do Amanhã, na zona portuária do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O museu foi criado tendo a sustentabilidade como um dos pilares fundamentais e recebeu a certificação Leadership in Energy and Environmental Design, que reconhece e incentiva práticas de construção sustentável desde a concepção do projeto até sua manutenção.

“O museu nasceu num momento muito especial do Brasil em que a gente vivia as Olimpíadas e a Copa do Mundo e permanece. Um dos grandes legados dessa época de ouro é o Museu do Amanhã e o Museu de Arte do Rio, que foram equipamentos que ficaram. Esse museu tem um caráter social importantíssimo e permite que o museu que é algo normalmente elitista, distante, que as pessoas entrem, toquem, por ser um museu muito interativo”, disse o diretor. 

“Esse museu foi criado para discutir as questões climáticas e a sustentabilidade e estamos fortalecendo essa pauta”.

(Fonte: Agência Brasil)