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Crianças assistem vídeos em celulares conectados no programa “Wi-fi na Praça”

Para ajudar os adolescentes a navegar com mais segurança na internet, o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), lançou, nessa terça-feira (21), o guia Internet com Responsa Só para Adolescentes: Proteção no Uso da Internet.

O guia foi produzido após conversas com adolescentes de todas as regiões do Brasil e foi apresentado na tarde de ontem (21) durante o 10º Simpósio de Crianças e Adolescentes na Internet, que termina hoje (22), na capital paulista.

O material está disponível gratuitamente na internet e fornece dicas para incentivar os jovens a navegarem de forma segura, crítica e equilibrada no ambiente on-line, tratando de assuntos importantes como privacidade, desinformação, saúde mental, inteligência artificial e cyberbullying.

“Esse é um projeto que representa para a gente esse avanço na conscientização e na proteção de adolescentes no ambiente digital e, também, uma ferramenta muito poderosa para educar, orientar e ponderar os próprios adolescentes para esse uso seguro responsável das tecnologias”, disse Mariana Venâncio, advogada do NIC.br.

Para a elaboração da cartilha, foram feitas escutas com crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos, explicou a diretora de Projetos da Rede Conhecimento Social, Harika Merisse Maia. “Foi muita coragem do NIC.br de se abrir para crianças e adolescentes falarem”, disse ela, durante o evento. “Geralmente fazemos poucas perguntas para as crianças. Mas foi muito legal escutá-las e trazer isso para o guia”, completou.

Durante essa conversa com as crianças e adolescentes, contou Harika, foi possível perceber dados interessantes como o fato de que meninos e meninas entre 9 e 11 anos costumam usar o celular por meio das contas dos pais para poderem jogar de forma off-line ou para assistirem a vídeos. Já os adolescentes de 12 a 17 anos usam o aparelho para fazerem compras, acessarem as redes sociais e até mesmo para fazerem apostas. “Os jogos são a principal porta de entrada para as redes sociais e para a internet como um todo. E, quando se fala de adolescentes, eles estão muito mais expostos a conteúdos que não são adequados como, por exemplo, jogos de azar”.

Segundo a diretora, durante essa escuta com crianças e adolescentes, os próprios entrevistados apontaram recomendações sobre como fazer o uso seguro da internet.

“Temos uma lista de sete recomendações para garantir um ambiente digital mais seguro para crianças e adolescentes, que vieram deles. Entre essas recomendações, está a definição de um tempo limite para uso da internet. Eles mesmos estão pedindo limite. E isso vem aparecendo em várias pesquisas que temos feito. Eles também não se importam de o pai e de a mãe saberem o que eles estão fazendo. O problema é eles sentirem que a privacidade foi, de alguma forma, ultrapassada”, explicou Harika.

As demais recomendações feitas por esses adolescentes citam a necessidade de acompanhamento e orientação conforme a faixa etária, o estabelecimento de regras de maneira dialogada, exemplos de uso inadequado e suas consequências, a garantia de um espaço seguro para que possam pedir ajuda e orientação e a proposição de mais atividades interativas fora das telas.

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília (DF) 14/02/2025 - Proibição do uso de celulares nas escolas. A aluna do colégio Galois, Joana Chiaretto. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

O uso de internet por crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos de idade nas escolas caiu em 2025, revelou o estudo Tic Kids On-line Brasil 2025, divulgado hoje (22), em São Paulo. Segundo a pesquisa, a proporção dos usuários dessa faixa etária que acessa a internet nas escolas recuou de 51% no ano passado para 37% este ano.

Para Luísa Adib, coordenadora da pesquisa Tic Kids, uma das explicações para esse recuo pode ser a lei que restringiu o uso de celulares nas escolas, aprovada no início deste ano.

“A gente começou a coleta da pesquisa em março, quando a medida de restrição de celular nas escolas já tinha sido implementada. Então, a gente pode ver uma relação entre a restrição do celular e a queda do acesso à internet na escola”, salientou ela, em entrevista à Agência Brasil.

No entanto, ela aponta outros fatores para essa queda no uso dentro das escolas. “Acho que elas são influenciadas também pelo debate político que está muito centrado e muito forte na agenda de proteção de crianças e adolescentes e o ambiente digital. Porque, por exemplo, já está ocorrendo uma queda [no uso] das redes sociais e o Estatuto da Criança e do Adolescente  digital [que dispõe sobre a proteção de crianças e adolescentes em ambientes digitais] ainda não está em vigor. Então, acho que uma parte [dessa queda] pode ser explicada pela regulamentação, como no caso das escolas, que já aconteceu, mas também pelo debate político”, opinou.

Uso estável

O estudo Tic Kids On-line Brasil 2025 - conduzido pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), apontou, ainda, que o número de crianças e adolescentes com acesso à internet se manteve com certa estabilidade em relação aos dois anos anteriores.

Segundo o estudo, 92% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos de todo o país são usuárias de internet no Brasil, pouco abaixo do que a pesquisa apontou no ano passado (93%) e no ano retrasado (95%). Isso significa que quase 24,6 milhões de pessoas nessa faixa etária acessaram a internet nos últimos três meses no Brasil.

Embora haja uma certa estabilidade nesse número, a coordenadora do estudo apontou que houve mudanças nas formas de uso da rede.

“A gente começa a ver uma queda no acesso à internet na escola e uma queda no uso de rede social para as faixas etárias mais novas, retomando a um patamar parecido ao que a gente tinha antes da pandemia”, argumentou.

Segundo o estudo, o celular foi o principal dispositivo de acesso usado pela população de 9 a 17 anos, sendo citado por 96% dos entrevistados, seguido pela televisão (74%), computador (30%) e pelo videogame (16%).

Ainda de acordo com a pesquisa, 84% dos usuários dessa faixa etária fazem esse acesso à internet de suas casas, várias vezes ao dia. Nas escolas, 12% reportaram acesso à internet várias vezes ao dia, 13% uma vez por semana e 9% uma vez ao mês.

Entre as atividades mais desenvolvidas na internet estão o uso para pesquisas escolares (81%), pesquisas sobre temas que interessam (70%), leitura ou vídeos com notícias (48%) e informações sobre saúde (31%).

Cresce total dos que nunca acessam a internet

O número de crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos que afirmam nunca terem acessado a internet também cresceu este ano. Se no ano passado esse público somava 492.393 pessoas, agora em 2025 710.343 pessoas dessa faixa etária revelaram jamais ter acessado a rede. 

Fraude, golpe, cibercrime, telefone celular- Idec aponta fragilidades na segurança de aplicativos de bancos. Foto: rawpixel.com / Chanikarn Thongsupa

“A gente já tinha o dado [em outras pesquisas] de que a atividade multimídia era das mais realizadas e que 80% declaravam ter assistido a vídeos. Mas, a gente queria saber que vídeos são esses. Fomos atrás de algumas opções e a que aparece em maior proporção e frequência são os influenciadores”, explicou a coordenadora do estudo. Outro dado da pesquisa é que quase metade (46%) das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos acessam a internet para ver vídeos feitos por influenciadores digitais. E isso ocorre várias vezes ao dia.

“Não perguntamos qual o conteúdo que foi produzido por esse influenciador, mas sabemos que tem o módulo de consumo, com pessoas divulgando produtos, pessoas indo a lojas pela primeira vez, pessoas divulgando jogos de apostas e proporções superiores a 50% para todos esses tipos de conteúdo vinculados. Claro que pode ter um outro tipo de conteúdo divulgado por esses influenciadores digitais que não seja potencialmente danoso, mas a gente sabe que tem uma parte que pode ser”, argumentou Luísa Adib.

Como o uso da internet sempre pode estar associado a riscos, a coordenadora do estudo alerta para que os pais estejam sempre atentos ao acesso feito por seus filhos. “A gente sabe, pela pesquisa, que a mediação ativa é mais eficiente. Então, quando há diálogo e um acompanhamento das práticas que a criança realiza, isso tende a ter resultados mais efetivos”, observou.

Mediação

Também é importante, destacou ela, que as próprias plataformas façam um tipo de mediação sobre isso, o que já está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA Digital. “Mas é importante saber que nenhuma estratégia isolada vai ser efetiva. Então, a partir do momento que esse responsável faz o uso de um recurso técnico [das plataformas], isso vai funcionar se também estiver alinhado a uma mediação ativa, através de um diálogo, de um monitoramento e de um acompanhamento”, avaliou.

A pesquisa ouviu 2.370 crianças e adolescentes de todo o país, com idades entre 9 e 17 anos e 2.370 pais e responsáveis. O estudo foi realizado entre março e setembro deste ano. O Tic Kids On-line Brasil é uma pesquisa feita anualmente desde 2012 e só não foi realizada em 2020 por causa da pandemia de covid-19.

(Fonte: Agência Brasil)

Depois de uma longa e intensa preparação, o Time Maranhão vive a expectativa para a disputa do 29º Campeonato Nacional de Karate Shotokan, um dos eventos mais importantes do calendário da Confederação Brasileira de Karate Shotokan (JKS Brasil), que começa nesta sexta-feira (24) e será realizado até domingo (26), no Ginásio Castelinho, em São Luís. Destaque nacional da modalidade, a seleção maranhense está focada na conquista de títulos e pódios no evento, que reunirá os 400 melhores atletas do país em diversas categorias e definirá classificados para o Campeonato Mundial da modalidade em 2026.

Além dos meses de ajustes físicos e técnicos, o Time Maranhão está com a confiança elevada para a disputa do Campeonato Nacional de Karate Shotokan por causa dos ótimos desempenhos recentes do Estado na modalidade. Em julho, sete atletas maranhenses da Academia Seiryükan integraram a Seleção Brasileira na disputa do Campeonato Pan-Americano, realizado em Vitória (ES), e conquistaram 21 medalhas, sendo oito de ouro, seis de prata e sete de bronze, números que ressaltam a força do Maranhão no Karate Shotokan.

Dono de três medalhas de bronze no Pan-Americano, Vítor Moraes é uma das principais esperanças de medalha do Time Maranhão no Campeonato Nacional de Karate Shotokan. Na competição de Kata por Equipes (17-19 anos) do Pan, Vítor subiu ao pódio com os também maranhenses Daniel Caripunas e Micael Silva, em um trio que está entrosado e determinado a garantir a tão sonhada vaga no Mundial.

"Estamos muito satisfeitos com a preparação para o Campeonato Nacional e confiantes na conquista de muitas medalhas. É uma grande responsabilidade competir em casa e defender um Estado com tradição no Karate Shotokan, mas a expectativa de conquistar grandes resultados é muito boa. Contamos com o apoio da torcida maranhense em busca desses objetivos", destaca o carateca Vítor Moraes.

Em meio às disputas do Campeonato Nacional de Karate Shotokan, outras atividades vão ocorrer em São Luís. Na quinta-feira (23), haverá um exame de faixa a partir das 20h. Já na sexta-feira (24), a programação começa às 8h30, com a realização de uma clínica de arbitragem. Na sequência, está confirmado um Master Camp com instrutores da JKS Brasil. As disputas por medalhas vão ter início às 15h

Maranhão coleciona medalhas no Nacional

Nas últimas duas edições do Campeonato Nacional de Karate Shotokan, o Time Maranhão foi destaque. Em 2023, a equipe maranhense garantiu 33 medalhas no evento e, em 2024, foram 22 medalhas conquistadas. Devido ao grande desempenho dos maranhenses, oito atletas da Academia Seiryükan acabaram sendo convocados para o Mundial de Karate Shotokan, realizado no Japão, no ano passado. 

PROGRAMAÇÃO DO CAMPEONATO NACIONAL DE KARATE SHOTOKAN

Quinta-feira (23/10)

20h - Exame de faixa

Sexta-feira (24/10)

8h30 - Clínica de arbitragem

10h - Master Camp

11h30 - Pesagem oficial

15h - Início das competições

19h30 - Abertura oficial 

Sábado (25/10)

8h30 - Reinício das competições

12h - Intervalo

13h - Retorno das competições

Domingo (26/10)

- Reserva de contingência, caso a competição não termine no sábado.

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Brasília - 06/06/2023 Acampamento indígena contra o Marco Temporal na Esplanada dos Ministérios.  Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Para valorizar as histórias de pessoas e comunidades indígenas presentes em seu acervo, o Museu da Pessoa está com inscrições para a nova Mostra Educativa que neste ano tem como tema Vidas Indígenas. O Museu da Pessoa é um museu virtual e colaborativo que transforma memórias individuais em patrimônio coletivo.

A Mostra Educativa é um projeto do museu que incentiva educadores e produtores de conteúdos educativos de todo o Brasil a utilizar o seu acervo de histórias de vida e a transformá-lo em planos de aula, atividades pedagógicas ou projetos educacionais.

Neste ano, a proposta é resgatar as histórias de pessoas e de comunidades indígenas que integram o museu, valorizando culturas, memórias e saberes dos povos originários.

O concurso é aberto a educadores da educação formal e não formal, de todas as regiões do Brasil e vai distribuir R$ 40 mil para as 11 propostas vencedoras que utilizarem as histórias de vida indígena do acervo em projetos educativos.

De acordo com o museu, podem participar desse concurso professores e coordenadores do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio, educadores que atuam em projetos extracurriculares e organizações sociais, além de produtores de conteúdo digital com fins educativos.

As propostas encaminhadas devem obrigatoriamente selecionar ao menos dois itens do acervo do museu que estejam relacionados ao tema, transformando-os em planos de aula, sequências de atividades ou conteúdos digitais.

Os trabalhos inscritos vão concorrer em três categorias: Na sala de aula, Além da sala de aula e No digital.

O concurso prevê ainda que um terço dos prêmios será destinado a educadores ou grupos indígenas.

“A Mostra Educativa reforça a missão do Museu da Pessoa de democratizar o acesso à memória social. Ao trazer as histórias de vida indígenas para a sala de aula e para os espaços educativos, incentivamos novas gerações a refletirem sobre diversidade, identidade e cidadania”, disse Karen Worcman, fundadora e diretora do Museu da Pessoa, por meio de nota.

A inscrição é gratuita e aberta a participantes de todo o Brasil. O cadastro deve ser realizado pelo site do Museu, até o dia 4 de novembro. Os vencedores serão anunciados um mês depois.

(Fonte: Agência Brasil)

Médicos estrangeiros e brasileiros que se graduaram em outro país, fazem a segunda etapa da edição 2017 do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeira (Revalida).

O prazo para os candidatos da primeira etapa da segunda edição de 2025 do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida 2025/2) enviarem a documentação comprobatória da formação médica começa nesta segunda (20) e vai até a próxima sexta-feira (24). O exame foi aplicado nesse domingo (19), em todo o país.

O diploma, certificado ou declaração que comprove a conclusão de curso de medicina deve ser enviado frente e verso por meio do Sistema Revalida, no formato PDF, PNG ou JPG, com o tamanho máximo de 2 megabyte (MB).

No mesmo site, o interessado deve informar também dados da instituição de educação superior estrangeira de origem do diploma médico e o ano de conclusão do curso de medicina.

O documento estrangeiro precisa ser reconhecido pelo Ministério da Educação do país de origem ou órgão equivalente, além de estar autenticado pela autoridade consular brasileira.

O documento que não seja escrito em língua portuguesa, inglesa, francesa ou espanhola deve ser acompanhado de tradução juramentada.

O participante da primeira etapa do Revalida 2025/2 que não enviar qualquer documentação comprobatória de conclusão de curso (diploma, certificado ou declaração) estará automaticamente reprovado por falta de documentação e o edital prevê que não será aceito envio dos documentos fora do prazo.

Caso a documentação comprobatória de conclusão de curso tenha sido enviada e aprovada em edições anteriores, não precisa enviar mais uma vez, pois a homologação é automática por meio do Sistema Revalida.

Resultado

O resultado do recurso do documento enviado deverá ser consultado no Sistema Revalida em 17 de novembro.

Se o documento não for aprovado, o participante poderá solicitar recurso ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no prazo de 17 a 21 de novembro. O resultado final será conhecido em 5 de dezembro.

Caso o documento enviado não esteja em conformidade as regras do edital do Revalida 2/2025, o participante não poderá fazer a inscrição na segunda etapa do exame, mesmo que tenha obtido desempenho mínimo esperado (nota de corte) nas provas aplicadas nesse domingo.

Revalida

O processo do Revalida serve para avaliar a formação de brasileiros e estrangeiros que se formaram no exterior e querem exercer a medicina no Brasil.

O exame tem duas edições anuais e é direcionado tanto aos estrangeiros formados em medicina fora do Brasil quanto aos brasileiros que se graduaram em outro país e querem exercer a profissão em sua terra natal.

O Revalida é realizado em duas edições anuais e composto por duas etapas (teórica e de habilidades clínicas) que abordam, de forma interdisciplinar, as cinco grandes áreas da medicina: clínica médica, cirurgia, ginecologia e obstetrícia, pediatria e medicina da família, e comunidade (saúde coletiva).

O Revalida não classifica instituições de educação superior de outros países.

(Fonte: Agência Brasil)

I

CARTA A UM JOVEM MÉDICO

*

Você se formou em Medicina. Desejo dos pais, importância no “mercado”, vocação pessoal, chamamento interior – o que importa, agora, não é a razão da escolha dessa carreira, mas a responsabilidade na execução dela.

Coincidentemente, quando você se formou, eu também fui diplomado  -  para um mandato político.

Portanto, iniciamos o ano seguinte com a obrigação de zelar pela saúde – saúde física e psíquica em um caso, saúde política e social em outro. Você, com certeza, se sairá melhor: é mais “fácil” receitar um medicamento para uma pessoa do que buscar “remédios” para uma comunidade. Entre você e seu receituário, apenas o acerto de seu diagnóstico. Entre um político e seu ideário, a interferência de “acertos”, a conveniência de (im)postura. (Já me darei por vencedor se me mantiver descontaminado...).

Outra coisa: os erros médicos, embora de todo indesejáveis, têm repercussão individual (quando muito, grupal, familiar); os erros políticos – e como são frequentes, Doutor!... – causam sofrimento coletivo e comprometem vidas e estruturas presentes e futuras. Os políticos desonestos fazem morrer muito mais gente em mesas de "negociações" do que os médicos não podem salvar em mesas de operações.

A frase do seu convite de formatura – “Somos médicos. Nada do que é humano nos é indiferente” – deveria caber a toda profissão. Essa frase, buscada em Terêncio quase 2.200 anos atrás (“Sou homem, e nada do que é humano me é estranho”), deveria despertar não só no médico mas em qualquer outro profissional um senso de humildade, uma sensação de alteridade, um sentido de dever, um sentimento de humanidade.

A Medicina tem poucos Patch Addams (*). Talvez não deseje ter outros... Para mim, simbolicamente, consultórios médicos não deveriam ter mesas – onde um fica frente ao outro –-, mas sofás  - onde um fica ao lado do outro. Sentimento. Sentido. Sensação. Sensibilidade. “Se toda Medicina não está na bondade, menos vale dela separada” – é Miguel Couto (1865-1934), médico e político, quem diz.

“Medicina antes de mais nada é conhecimento humano. E este está tanto nos livros de patologia e clínica como nas obras de Proust, Flaubert, Balzac, Rabelais, poetas de hoje, de ontem...”  - é a vez de Pedro Nava (1903-1984), raro caso de médico e autor que escrevia livros tão bem quanto prescrevia receitas.

O mundo está precisando de médicos humanos. Conheci um que não tinha telefone em sua sala, nem mesa, nada formal ou agressivo. Se precisava passar três horas na consulta, ele passava. Nenhum gesto ríspido, nenhuma presunção, onisciência, onipotência. Apenas fluidez, leveza, interesse real, companheirismo. Isso soma o paciente ao médico... e contra o mal.

A cura começa na conversa. Evidentemente, não se está recomendando um diálogo estimulante quando o que se precisa é de uma traqueostomia naquele instante. Poesia é rima – mas não uma indicação – para hemorragia. Há momento para fórceps, há situações de força. Mas até estas se geraram porque antes faltou humanidade à Humanidade.

Pois é, Doutor, o mundo está precisando de novos médicos. Dos que não precisam curar-se a si mesmos pois que não se deixaram / não se deixarão contaminar, adoecer, na alma sobretudo.

Não é sem razão que, quando tiveram de dar um nome a essa ciência / arte / técnica de diagnosticar / curar, foram buscar na raiz indo-europeia o nome “Medicina”: “med-” significa “pensar”, “refletir”, “meditar”.

É isso, Doutor. Antes da medicação, a meditação.

É o que lhe trago aqui. E daqui lhe desejo felicidades.

Você é jovem e, presumo, também idealista. Mas não precisa salvar o mundo. Salve seu próximo.

Que o sorriso dos clientes que você atender, dos pacientes que você tratar lhe baste como recompensa maior ao seu esforço de cuidar das pessoas  – ... para que elas, saudáveis, cuidem deste mundo doente.

Saúde, Doutor!

E neste e nos demais 364 dias, parabéns!

Feliz Dia dos Médicos.

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(*) Patch Adams (Hunter Doherty "Patch" Adams), nascido em 1945, é um médico norte-americano que se tornou famoso por seu método de atendimento / tratamento de seus pacientes. O ator Robin Williams (1951-2014) interpretou-o no filme “Patch Adams - O Amor É Contagioso”, de 1998.

* * * * *

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CARTA A UMA JOVEM MÉDICA

O que você vai ler não é inédito. Já falei para ouvidos em auditório, já segredei para ouvidos solitários. Já escrevi para quem precisava. Já reescrevi para quem merecia.

São palavras para um mundo e uma profissão – a Medicina – onde tanto se avança em Tecnologia quanto se afasta em Afeto.

Muita máquina (que bom!...), pouca amizade (que pena!...).

Claro, há as exceções. Há os profissionais de Saúde que sabem que a cura  - ou ao menos a sensação de bem-estar -  começa com a conversa. Menos formalismo, mais humanismo.

A Medicina tem poucos Patch Addams. Talvez não deseje ter outros...

Para mim, simbolicamente, consultórios médicos não deveriam ter mesas - onde um fica frente ao outro –, mas sofás, cadeiras – onde um pudesse ficar ao lado do outro.

Ou, quem sabe, quando possível, o consultório pudesse ser um caminho entre árvores, flores, pássaros e água límpida caindo, escorrendo, marulhando, enquanto médico e paciente caminhassem e conversassem, calmamente, assim, como amigos. Como humanos com humanidade. Sentimento. Sentido. Sensação. Sensibilidade.

“Se toda Medicina não está na bondade, menos vale dela separada” – é Miguel Couto, médico, quem diz.

Claro, depois haveria o momento de contatos físicos –  “Diga 33”...

“Medicina antes de mais nada é conhecimento humano. E este está tanto nos livros de patologia e clínica como nas obras de Proust, Flaubert, Balzac, Rabelais, poetas de hoje, de ontem...” – é a vez de Pedro Nava, raro caso de médico e autor que escrevia livros tão bem quanto prescrevia receitas.

O mundo está precisando de médicos humanos. Conheci um que não tinha telefone em sua sala, nem mesa, nada formal ou agressivo. Nem se vestia de branco; não criava distinção mas proximidade, quase cumplicidade. Se precisava passar três horas na consulta, ele passava. Nenhum gesto ríspido, nenhuma presunção, onisciência, onipotência. Apenas fluidez, leveza, interesse real, companheirismo, afetividade. Isso soma o paciente com o médico... e ambos se multiplicam contra o mal, para diminuí-lo ou eliminá-lo.

A cura começa na conversa. Evidentemente, não se está recomendando um diálogo estimulante quando o quadro exige uma traqueotomia. Poesia é rima – mas não uma indicação – para hemorragia. Há momento para fórceps, há situações de força.

Pois é, o mundo está precisando de novos médicos. Dos que não precisam curar-se a si mesmos pois que não se deixaram/não se deixarão contaminar, adoecer - na alma sobretudo.

Não é sem razão que, quando tiveram de dar um nome a essa indispensável Ciência, a essa humana Arte, a essa delicada Técnica de diagnosticar e curar, foram buscar na raiz indo-europeia o nome “Medicina”: “med-” significa “pensar”, “refletir”, “meditar”.

É isso. Antes da medicação, a meditação.

Claro, médicos não precisam salvar o mundo. Que o sorriso dos clientes que eles atenderem, dos pacientes que eles tratarem lhes seja a principal recompensa ao esforço de cuidar das pessoas... para que elas, saudáveis, ajudem a cuidar deste mundo doente.

É o que lhe trago, aqui. E daqui lhe desejo felicidades.

Saúde.

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I I I

MEUS MÉDICOS

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"Quem é bom médico? Não é, necessariamente, aquele que cura, nem, muito menos, aquele que sabe. Bom médico é aquele em quem o paciente confia." (Walter Benevides, 1908-1981, em seu livro "Visitas de Médico").

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Graças a Deus, no correr dos tempos precisei de poucos médicos. Mas sou agradecido a todos os de que precisei, seja para consultas de clínica médica ou especializada (oftalmologia, otorrinolaringologia, gastroenterologia etc.) e, também, exames de imagem (radiografia, ultrassonografia e tomografia).

Ao passar em concurso seletivo do Banco do Brasil aos 13 anos de idade, o exame admissional levou-me ao meu primeiro médico (que eu me lembre), Humberto Ivar de Araújo Coutinho, que veio a ser prefeito de minha cidade, Caxias, e foi deputado e presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão (faleceu em 01/02/2018).

Ainda em Caxias, e já no Banco do Brasil, o subgerente Walburg Ribeiro Gonçalves Filho, grande amigo (reside atualmente em São Luís, onde está sob cuidados de profissionais da Saúde), me apresentou, a mim menino, grandes pessoas de seu círculo familiar e de amizade, entre as quais o talentosíssimo escritor e juiz de Direito piauiense Fontes Ibiapina e seu livro "Destinos de Contratempos" e um oftalmologista da sua família, a quem ele fazia questão de que me conhecesse.

Walburg demonstrava verdadeiro carinho por mim, em razão do que ele acreditava ser minha inteligência, já eu leito diretor da AABB (Associação Atlética Banco do Brasil) ali pelos 13 ou 14 anos de idade, caso único de um menor eleito diretor daquela Entidade. Assim, fui a Teresina conhecer o médico e parente do Walburg. Tratava-se do muito reconhecido doutor João Orlando Ribeiro Gonçalves, médico oftalmologista, à época dono do Instituto de Olhos do Piauí. Fui à capital mafrense, conversei e consultei-me com o Dr. João Orlando.

Em Caxias mereci, à distância, as recomendações e orientações da médica Ana Karla Vidigal Carvalho e de sua irmã, enfermeira Juliana Barros, filhas do casal amigo Felina Vidigal e Wybson Carvalho. Em sequência, fui atendido, e muito bem, por diversos médicos em hospital público municipal de Caxias, continuando com o médico Flávio Rocha, caxiense da gema, estudioso, cavalheiro, respeitoso, versado em diversas especialidades. Dois oftalmologistas de clínica especializada em Caxias também me olharam no fundo dos olhos...  [rs].

Quando estudava o Ensino Fundamental, na Escola Coelho Neto, em Caxias, costumava ter meus conhecimentos de menino postos à prova pelo médico Marcello Thadeu de Assumpção, que visitava com certa regularidade a escola que ele fundou e mantinha. Marcello Thadeu, que foi prefeito de Caxias, formou-se em Salvador (BA), detentor de pós-graduações em diversas especialidades, além de notável professor de Línguas, tendo tido como aluno até mesmo seu colega médico, governador da Bahia e senador Antônio Carlos Magalhães (1927-2007).

Em décadas em Imperatriz, lembro-me de que fui atendido pelos médicos Mario Honda e José Abrantes Sarmento (clínica geral), Nailton Jorge Ferreira Lyra (gastroenterologia), Bene André Camacho Araújo (clínica geral e cardiologia), Edson e Sandra Pacheco (neurologia e ecocardiografia, respectivamente), Antônio Leite de Andrade, Ricardo Olivi Jr. e Águeda Maira Matias Olivi (exames de imagem, inclusive tomografias), Florisvaldo Pereira Pouso Alto e Mario da Rocha Cortez (oftalmologia), Ubirajara Pereira Filho (otorrinolaringologia), Cacildo Teodoro de Assunção Filho (dermatologia) e Dr. Paulo (clínico geral, hoje em Fortaleza) e os irmãos Sebastião (urologia) e Levi Torres Madeira, oftalmologista. (Aliás, do médico Levi Madeira, que também me atendeu em Fortaleza – CE, recebi, em 2016 a seguinte mensagem: "Querido amigo Edmilson Sanches, muito obrigado pela lembrança de meu nome, e saiba que é um imenso privilégio e honra ser médico oftalmologista de um dos gênios do nosso século: VOCÊ!”).

Há uns dez anos, em São Luís, estive com médico cujo nome não me recordo, mas que me atendeu exemplarmente, com diálogo bem-humorado enquanto cumpria bem o seu dever. (Dizem que a cura começa no bom atendimento...).

Na capital cearense, Fortaleza, um "mau jeito" no Beach Park levou um dos meus pés às mãos de um ortopedista, que deu bom jeito. Em Brasília e em São Paulo e em outras cidades em 19 Estados por onde passei e morei, não fui a médico, a não ser os que procurei para, na época, continuarem os cuidados com minha mãe, Dona Carlinda (falecida).

É a amizade e o conhecimento – e não a saúde – o que mais me tem levado a médicos.

Assim, cumprimentos aos amigos e conhecidos que são médicos. Médicos que tratam, curam, sabem, prescrevem, aconselham e, de seus clientes, têm merecido confiança.

* *

O dia 18 de outubro é o Dia do Médico em razão de ser o dia consagrado ao evangelista  - depois santo – Lucas, que era médico e, acredita-se, é autor do evangelho que tem seu nome, além do livro bíblico "Atos dos Apóstolos". Um documento, chamado Calendário Romano Geral, estabelece os dias dedicados aos santos pela Igreja Católica Romana. Lucas nasceu na Antioquia (hoje Antóquia, na Turquia), quando essa região era do Império Romano. Morreu na Grécia e teria 84 anos. Acompanhou o apóstolo Paulo em diversas viagens, evangelizando.

Sem esquecer outros profissionais de Saúde (enfermeiros e auxiliares, dentistas, protéticos, fisioterapeutas, educadores físicos), de quem já mereci amizade, atenção ou cuidados, neste 18 de outubro, aos médicos, muita saúde -  e feliz Dia.

* EDMILSON SANCHES

Principal atleta paralímpico do Maranhão, o nadador Davi Hermes voltou a fazer história em sua quarta e última participação nos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), maior competição de desporto universitário da América Latina. Representando a Universidade Ceuma, Davi, que é atleta da Viva Água e conta com os patrocínios do governo do Estado e da Potiguar por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, teve uma performance de alto nível nos JUBs 2025, disputados em Natal: com dois ouros, uma prata e dois bronzes em provas realizadas entre segunda-feira (13) e quinta-feira (16), o nadador maranhense atingiu a marca de 20 medalhas em quatro anos e colocou o seu nome entre os maiores vencedores do evento nacional em todos os tempos.

Em sua participação nos JUBs 2025, Davi Hermes se destacou ao conquistar duas medalhas de ouro nas provas dos 50m e 100m borboleta. Além disso, o atleta da Universidade Ceuma ficou com a prata na disputa dos 200m nado livre e garantiu o bronze nas provas dos 50m e 100m nado livre, mostrando todo o seu talento na competição nacional. Em quatro participações nos JUBs, Davi conquistou 13 ouros, quatro pratas e três bronzes, desempenho que coloca o atleta maranhense como uma referência da natação paralímpica brasileira nas últimas temporadas.

"Meu último JUBs como aluno de graduação foi mágico! Muita gratidão por representar a Universidade Ceuma e fazer parte da equipe do Maranhão em um torneio com excelentes atletas de natação e natação paradesportiva. Agradeço ao meu clube, a Viva Água, aos meus técnicos, meu fisioterapeuta e minha nutricionista pela preparação e treinamento. Também agradeço por todo o apoio que recebo da Potiguar e do Governo do Estado, por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte. Graças a esse apoio, tenho a possibilidade de realizar uma preparação adequada para alto rendimento e poder representar meu Maranhão e as pessoas com T21 em eventos dentro e fora do Estado! Muito feliz e grato a Deus por tudo!", afirma Davi Hermes.

2025 vitorioso

Antes de brilhar nos JUBs 2025, Davi Hermes foi um dos principais nomes do Open Internacional CBDI, disputado em julho, em São Paulo. O atleta da Viva Água faturou cinco medalhas, sendo dois ouros nas provas dos 50m e 100m borboleta, uma prata nos 200m borboleta e um bronze nos 200m livre. Também em julho, Davi Hermes representou a Universidade Ceuma nos Jogos Universitários Maranhenses (JUMs), onde se destacou nas provas de 50m livre, 50m borboleta e 100m borboleta, garantindo a sua quarta classificação para os Jogos Universitários Brasileiros (JUBs).

Pouco antes, em junho, Davi Hermes teve uma excelente performance na II Copa Brasil Paradesportiva de Natação, que foi disputada na Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Apcef), em São Luís. O atleta da Viva Água faturou seis medalhas na competição, com destaque para o bicampeonato nas provas dos 50m e 100m borboleta, além de conquistar três pratas e um bronze.

Os pódios na II Copa Brasil Paradesportiva de Natação reforçaram o ótimo ano de Davi Hermes, que também se saiu bem no revezamento e nos 50m nado livre do VII Troféu Ivan Pereira, que ocorreu em junho e foi válido como 2ª etapa do Circuito Master de Natação 2025. Com esse desempenho, Davi ajudou a Viva Água a faturar o título por equipes do evento estadual.

Em abril, Davi Hermes fez história no Campeonato Brasileiro de Natação CBDI 2025, promovido pela Confederação Brasileira de Desportos para Deficientes Intelectuais com o apoio do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Mostrando todo o seu talento e personalidade, o nadador maranhense faturou o hexacampeonato na prova dos 50m borboleta da competição nacional e atingiu a marca de 300 medalhas em sua vitoriosa carreira.

No começo da temporada de 2025, Davi Hermes também faturou cinco medalhas no Torneio Início da FMDA e no Troféu Aníbal Dias, válido como 1ª etapa do Circuito Maranhense Master de Natação, e venceu as provas dos 50m nado livre e 100m borboleta do Troféu Beto Silva, organizado pela Federação Maranhense de Desportos Aquáticos (FMDA).

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Kitesurfista número 1 das Américas, multicampeão brasileiro de Fórmula Kite e um dos principais nomes do esporte maranhense nos últimos anos, Bruno Lobo está confirmado na disputa do Sertões Kitesurf 2025, evento que é considerado o maior rali de kite do mundo e será realizado entre os dias 21 e 25 de outubro, no Estado do Ceará. Bruno, que é patrocinado pelo Grupo Audiolar e pelo governo do Estado por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, além de contar com o patrocínio do Bolsa Atleta, vai participar do Sertões Kitesurf pela segunda temporada consecutiva, depois de ter conquistado o vice-campeonato na categoria Pro Masculino em 2024.

Bruno Lobo vai competir no Sertões Kitesurf 2025 poucos dias após a sua participação no Campeonato Mundial de Fórmula Kite, realizado na Praia de Poetto, em Cagliari, na Itália. No Mundial, o kitesurfista maranhense mostrou todo o seu talento e habilidade ao vencer três regatas e conquistar o 13° lugar na classificação geral, desempenho que lhe rendeu a 2ª melhor campanha entre os representantes das Américas.

"A expectativa é muito boa para o Sertões Kitesurf, só tenho a agradecer a todo mundo que está comigo, aos meus patrocinadores, equipe técnica, tem muita gente envolvida para que eu possa dar o meu melhor nas competições de kitesurf e representar bem o Maranhão. Vamos com tudo, conto com o apoio e a torcida de vocês em mais um desafio", destaca Bruno Lobo.

Sertões Kitesurf 2025

Em sua quinta edição, o Sertões Kitesurf é uma competição em formato de rally de longa distância para kitesurfistas e wingfoilers, com quatro dias de duração e pernas de velejo entre 50km e 100km por dia. Os competidores largam divididos por trajeto e deverão passar obrigatoriamente por todos waypoints (marcas) dentro do horário de corte do time target.

De acordo com a organização do Sertões Kitesurf 2025, a competição terá início no dia 21 de outubro, na Praia Canoé, em Fortim. Depois de passar pelas cidades de Fortaleza (Praia do Futuro), Trairi (Praia de Guajiru) e Amontada (Praia de Icaraizinho), o evento terá sua linha de chegada na Praia do Preá, em Cruz, no dia 25 de outubro.

Os resultados do Sertões Kitesurf serão apresentados diariamente, e o vencedor da competição é aquele que tiver a menor somatória entre os resultados.

Outros resultados

Antes do Sertões Kitesurf e do Mundial de Fórmula Kite, Bruno Lobo teve uma ótima performance no Campeonato Europeu de Fórmula Kite, que foi disputado em maio, na cidade de Urla, na Turquia. Brigando por posições de destaque desde as primeiras regatas, o kitesurfista maranhense avançou às quartas de final em 6º lugar mesmo sofrendo uma lesão no decorrer da competição, e encerrou o Europeu na 7ª colocação, sendo o melhor atleta das Américas na disputa.

O Campeonato Europeu de Fórmula Kite foi a primeira competição de Bruno Lobo após uma temporada histórica em 2024. Além de garantir o sexto lugar da Fórmula Kite nos Jogos Olímpicos de Paris, cujas regatas ocorreram na Marina de Marselha, no Sul da França, Bruno foi eleito o melhor atleta da vela na 25ª edição do Prêmio Brasil Olímpico, que é considerado o Oscar do Esporte Brasileiro e homenageia os principais esportistas do país por seus resultados na temporada.

(Fonte: Assessoria de imprensa)

O 17 de outubro é dia de aniversário de Arthur Almada Lima Filho, desembargador caxiense, historiador, professor, escritor, gestor (de tribunal de Justiça, universidade, empresa jornalística, instituições). Falecido em 27 de outubro de 2021, em São Luís, em razão de problemas cardiorrespiratórios, Arthur Almada Filho completaria hoje 96 anos.

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A Estação Ferroviária em Caxias estava abandonada, ruindo. Um caxiense, Arthur Almada Lima Filho, resolveu “comprar briga”. Investiu tempo, talento, paciência, capacidade de luta e de gestão etc. e recuperou o prédio, depois pediu (e conseguiu) a intervenção, os recursos e o trabalho do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, do Governo Federal) e transformou a velha Estação Ferroviária e seus arredores na portentosa e orgulhosa sede do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias, que Arthur fundou e dirigiu. Mas, ó vida!, assim como seu xará maranhense Arthur Azevedo não pôde ver concluída a obra pela qual tanto lutou no sudeste do País – o Theatro Municipal do Rio de Janeiro –, Arthur Filho talqualmente não estaria presente na entrega das obras do Complexo que leva seu nome, na região central e histórica de Caxias.

O passado só ainda está presente e somente terá algum futuro se dele tiverem cuidadores como Arthur Almada Lima Filho.

Lembro-me de que, aos 91 anos, que se completaram exatamente neste 17 de outubro, em 2020, um renovado Arthur sentava-se à sua távola quadrada e pequena no início do rejuvenescimento do prédio de 130 anos da Estação Ferroviária. Era o começo da grande reforma que, após convênio com o IPHAN, se concluiria anos depois, em 12 de março de 2025. Aos 91 anos, em 2020, Arthur se abancava em sua mesa. cuidava de aspectos da gestão do Instituto e logo ia se aplicar a ler, estudar, pesquisar, escrever, quase sempre sobre fatos históricos de Caxias.

Anatole France, escritor francês (1844–1924), disse que “(...) o passado é o nosso único passeio e o único lugar onde possamos escapar a nossos aborrecimentos diários”, pois “o presente é árido e turvo; o futuro, oculto”. É o caso de Arthur Almada de Lima Filho, que gostava de passear no passado de Caxias, e o fazia sem aborrecimento, pois o passado caxiense era, para ele, desafio e combustível, era mister e mistério de arqueólogo, que vai descobrindo camada a camada, limpando as contaminações, rearrumando em ordem lógica, até a leitura e documentação final, senão apresentação da “coisa” achada –  informações, objetos...

O paulista Eduardo Paulo da Silva Prado, que nem o Arthur, era homem do Direito e escritor; também acadêmico, foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Viveu só 41 anos, tempo bastante para, entre seus amigos, contarem-se, entre outros, portentos literários e intelectuais como Eça de Queirós e Ramalho Ortigão. Eduardo Prado escreveu: “Certamente o homem deve viver no seu tempo, mas a tendência para a contemplação do passado é um dom nobilíssimo da sua alma”.

Mais do que contemplar, Arthur Almada Filho, no caso do passado de Caxias, contribuiu para organizá-lo, trazê-lo ao presente para garantir-lhe algum futuro. Como constatou o filósofo e poeta francês Paul Valéry, falecido em 1945, há 80 anos: “O passado (...) age sobre o futuro com um poder comparável ao do próprio presente”.

Em geral, Caxias pouco sabe dos esforços e da história, das lutas, lides e lidas desse Arthur Filho, filho caxiense que, à maneira de Bilac, “ama com fé e orgulho” a terra em que nasceu.

Juiz de Direito, desembargador, vice-presidente e presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão, presidente da nascente universidade estadual maranhense (UEMA), é citado no prestigioso e internacional “Who’s Who”, seus votos como jurista são transcritos em obras de Direito, tem seu nome na testada de prédios públicos, seja em fórum seja em escola Maranhão adentro, tais os méritos que a sociedade maranhense quis reconhecer e homenagear.

Autor de livros, pesquisador infatigável, magistrado intimorato, Arthur honrou o nome e o ofício do pai e o conceito da família – família que, no passado e no presente (e, pelo visto, para o futuro também), legou tanta gente inteligente para Caxias, o Maranhão e o Brasil.

Pelos feitos que fez, certamente não lhe caberia a observação do educador e abolicionista norte-americano Horace Mann (século 19): “Tenha vergonha de morrer até ter obtido alguma vitória para a Humanidade”.

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Arthur e eu éramos conterrâneos, confrades e amigos, pertencemos às sadias – e lutadoras – hostes do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias (IHGC), da Academia Caxiense de Letras (ACL) e da Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão (ASLEAMA). E nessas Instituições não estávamos apenas para estar ou ser ou “aparecer”, mas para fazer.

Era preciso conviver um pouco com o Arthur para ver-lhe os esforços em nome de coisas e causas coletivas. Era preciso estar perto para sentir-lhe o entusiasmo e satisfação quando da descoberta de um novo nome de caxiense de talento, ou nova informação sobre Caxias e caxienses, dados que zanzavam por aí, escondidos sob a poeira da História ou encobertos pelo pó do desinteresse humano.

No fim do ano 2013, Caxias e o Maranhão receberam de presente uma obra ("Efemérides Caxienses") em que Arthur Almada organizou, sistematizou e sintetizou eventos passados, com nomes e datas da História caxiense, mas com pontos de contato com a História maranhense e brasileira. Como diz o Arthur, ausente todo laivo de ufanismo: “Não há História do Brasil, sem a História de Caxias”, ou, como eu costumo citar, "Sem a História de Caxias não há História do Brasil".

Com ardor e energia moça, Arthur já naqueles idos organizava e escrevia novas obras de fôlego, como um livro de perfis biográficos (que ele lançou e foi sua última obra publicada em vida) e um avançado "Dicionário Biobibliográfico de Autores e Artistas Caxienses" (que ele me pedia para auxiliá-lo na pesquisa e revisão) . Entre outros... (Ele também queria lançar um livro com o título de “Breve Graça”, reunindo pequenos “causos”, historinhas, anedotário da vida real etc. e tal. Quando brincávamos um com o outro, eu perguntava:

“– Arthur, qual foi seu primeiro livro?”.

E ele:

“Algumas Palavras”.

“– E seu segundo livro?”

E ele, conciso:

“Outras Palavras”.

E, já antevendo a resposta, perguntava:

“– E qual seu próximo livro?”

“Últimas Palavras”.

E sorríamos... Efetivamente, “Algumas Palavras” foi livro lançado em 2009. “Outras Palavras” viria dez anos depois, em 2019. Entre um e outro, veio sua “magna opus”, em 2014: “Efemérides Caxienses”, que prefaciei (veja adiante).

Com discrição, senão silêncio, havia um Arthur bondadoso, que auxiliava pessoas carentes que o procuravam no Instituto. Um Arthur obsequioso, que reconhecia e até se recolhia – por exemplo, no caso de seu livro “Perfis”, que ele escreveu, mandou imprimir e, na data prevista para lançamento, em 2019, sem dizer nada, não lançou a obra... para permitir que um colega escritor, de outra cidade, pudesse lançar a própria obra no auditório do IHGC. Gestos assim são cada vez mais raros, pois nada impedia  –  a não ser a bonomia arthuriana – que os dois livros fossem lançados na mesma noite.

É esse conterrâneo, caxiense com muito orgulho, que estaria vencendo os meados da década dos 90 anos, neste 17 de outubro de 2025: nada menos do que 96 anos fazendo valer a pena o dom da Vida recebido e da dedicação com que se entregou à Justiça, ao Direito, à Educação, à Imprensa, à História e à Cultura.

Esse caxiense de boa cepa sabia, já há muito tempo mas sobretudo àquela altura da vida nonagenária, que, como ele, muitos de nós, neste jogo da existência, temos mais passado que futuro. E disto nem ele nem nós temos receio. Pois, para nós, para gente do naipe de Arthur Almada Lima Filho, o passado nos fortalece, quer em Vida, quer em Legado.

Como no dizer do poeta e dramaturgo francês Henry Bataille (1872—1922):

“O passado é um segundo coração que bate em nós”.

Paz e Luz, Arthur – Conterrâneo (de Caxias), Colega (de pesquisas e escritas), Parceiro (de ideias e ideais), Companheiro (de Rotary), Confrade (de Academias)...

... e Amigo – de sempre.

EDMILSON SANCHES

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AS “EFEMÉRIDES”

O lançamento de “Efemérides Caxienses”, a obra de referência de Arthur Almada Lima Filho, ocorreu no dia 25 de julho de 2014, na sede do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias, na avenida Getúlio Vargas, 951, centro da cidade. Convidados de todas as partes do estado já se encontravam em Caxias e até a hora do lançamento outros ainda estavam chegando...

Arthur Almada revelou-me que investiu pelo menos 30 meses na realização da obra, a partir das primeiras ideias até o lançamento. Mesmo durante a edição e até na hora da impressão foram feitos inclusões e reparos, o que, segundo Arthur Almada, de algum modo melhorou o conteúdo mas não isentou a obra de involuntárias falhas.

Na época, Arthur falava-me que uma segunda edição já estava sendo pensada e que ele iria ampliar o total de mais de 400 páginas da primeira. Ainda assim, advertia o autor, "Efemérides Caxienses" não pretende ser completa ou perfeita.

I I

Uma viagem por quatro séculos de história, com diversos pontos de parada obrigatória. Afinal, em "Efemérides Caxienses", de Arthur Almada Lima Filho, veem-se cerca de 500 entradas (unidades de textos) as quais, só elas, as entradas, referem-se a quatro séculos de história.

Em relação a personagens, fatos e lugares, entre outros, o livro é também de riqueza ímpar. Do “A” do jornal "A Balaiada" ou do engenheiro Aarão Reis – presidente da Companhia Maranhense de Desenvolvimento que doou um martelo de prata para bater, em 1891, a primeira estaca do início da ferrovia que ligaria Caxias a Timon (na época, Cajazeiras) –, ao “Z” da professora Zuleide Bogéa, "Efemérides Caxienses" elenca, só no Índice Onomástico, mais de 2.200 nomes – e este total seria sensivelmente maior, bem maior, se a ele fossem agregadas as centenas e centenas de nomes próprios presentes no livro – ainda que, em alguns casos, "en passant", mas assim mesmo objeto da Onomástica ou Onomatologia, a saber, entre outros, os antropônimos (nomes de pessoas – prenomes, sobrenomes, cognomes, alcunhas, hipocorísticos, patronímicos, antonomásicos, pseudônimos); hierônimos e hagiônimos (nomes sagrados e de santos); mitônimos (deuses, semideuses, mitos, lendas); topônimos em geral ou nomes de lugares, como os corônimos (nomes de países, continentes, regiões), nesônimos (ilhas), orônimos (serras, montes, cordilheiras), politônimos (cidades), talassônimos (oceanos, mares), potamônimos (rios, riachos), limnônimos (lagos), topônimos urbanos (rua, avenida, praça); e intitulativos (instituições de ensino, de pesquisa e de serviços oficiais, estabelecimentos comerciais, periódicos, livros e textos literários isoladamente).

O arrolamento de nomes em um índice foi desejo, quase imposição, do autor, ele próprio sabedor (e sofredor) do quanto podem fazer falta listagens onomásticas no final de uma obra, em especial obras históricas e de referência. Desde os primeiros ensaios de edição do livro de Arthur Almada já se viam os primeiros inventários de nomes próprios presentes no conteúdo das "Efemérides".

"Efemérides Caxienses" é um livro estimulador e facilitador para mentes desejosas de ir adiante, a partir do sem-número de indicativos que a obra sugere, explícita e implicitamente. Este é um livro cheio de bons e desafiadores “motes”, a serem desenvolvidos em verso(s) por aqueles que sabem sentir e sabem saber. "Efemérides Caxienses" entra com o fazer saber para alguém saber fazer. O livro dá pistas; seus leitores, procurem os tesouros.

É assim que "Efemérides Caxienses", sem pretensão e com suas limitações, intenta ser útil aos historiadores e jornalistas, aos pesquisadores e professores, aos estudantes e estudiosos, aos cidadãos e a todo o povo, à História em geral e à historiografia local – também do estado, quiçá do país –: como indicador de que algo e alguém, algures ou alhures, passaram perto ou perpassaram por esta nossa terra, com seus feitos e fatos, seus pensamentos e atos.

"Efemérides Caxienses", sabem-no os que sabem dos versos de Homero, dos escritos bíblicos, das inscrições rupestres, "Efemérides Caxienses" veio para ficar  – pois todo livro é um diamante de papel, é eterno –, mas, sobretudo, veio para se abrir ou ser aberto pelas pessoas, para as pessoas.

Um livro, no mínimo, é para ser lido. Se não for pedir muito, um livro é para inspirar uma ação, ou reação – algo, de preferência, que contribua para colocar mais luz, mais brilho e mais calor (seja: mais vida) no “corpus” e “locus“ da grande, rica, orgulhosa e única História de Caxias.

Nossa História.

Nossa Caxias.  

EDMILSON SANCHES

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APRESENTAÇÃO AO LIVRO “EFEMÉRIDES CAXIENSES”, DE ARTHUR ALMADA LIMA FILHO

Explique-se logo: “efêmero” é uma coisa; “efeméride”, outra. Efêmero é o transitório; efeméride, o histórico. Efêmero pode até durar o dia todo; efeméride, resiste todo dia. O que é efêmero passa em branca nuvem. O que é efeméride inscreve-se em alva celulose.

Todos e tudo têm suas efemérides: o universo, o planeta, países, estados, municípios, profissões, academias...

Tem as “Efemérides Astronômicas” e as “Efemérides da Aeronáutica”. As “Efemérides Navais”, as “Efemérides Judiciárias” e “Efemérides Médicas”. As “Efemérides do Teatro Brasileiro”. Das Artes Plásticas.

Tem as “Efemérides Acadêmicas”, da Academia Brasileira de Letras. As “Efemérides da Academia Mineira de Letras”. E da Pernambucana de Letras também.

Tem as “Efemérides Universais”, de M. A. Silva Ferreira. Tem as “Efemérides Luso-brasileiras”, de Heitor Lyra. As “Ephemerides Nacionaes”, de 1881, de Teixeira de Mello. As “Efemérides Brasileiras”, do Barão do Rio Branco. As “Efemérides da Campanha do Paraguai” e as “Efemérides de La Historia del Paraguay”. As “Efemérides y Comentários”, de G. Maragñon. As “Efemérides e Sinopse da História de Portugal”, as “Efemérides Literárias Argentinas”, as de Macau...

Tem as “Efemérides Alagoanas”, de Moacir Medeiros. As “Efemérides Cariocas”, de Antenor Nascentes. As “Efemérides Mineiras”, de Xavier da Veiga. E, completados 90 anos em 2013, as “Efemérides Maranhenses”, de José Ribeiro do Amaral.

As “Efemérides” de Brasília, de Cáceres, do Cariri, de Diamantina, da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Praia, de Guarapuava, de Itaúna, de Juiz de Fora, de Júlio de Castilhos, de Porto Feliz, de Rio Claro, de São João del-Rei...

Portanto, seja no Universo infinito ou na limitada localidade coisas acontecem, fatos ocorrem. E há, entre essas acontecências e ocorrências, há as que duram, perduram... e que merecem ser registradas como efemérides, como legado de memória e história que se passou, a ser herdado e, no mínimo, respeitado pelos tempos que haverão de vir.

E entre tantas efemérides — de diferentes atividades, de diversas instituições, de distintos lugares (países, estados, municípios)... — faltava a de Caxias, uma cidade cujo solo, segundo a geologia humana, se assenta fundamente sobre camadas e camadas de (form)ações políticas, sociais, econômicas e culturais.

Pois bem: não falta mais a Caxias seu livro de efemérides. E para costurar retalhos do passado, para colher e coser pedaços dos ontens, para cerzir nesgas d’antanho, para retrazer esses registros à memória das gerações viventes e vindouras, o desafio encontrou quem o arrostasse. Alguém com o conhecimento, a determinação, a vivência e, entre outras pré-condições, a paixão pela cidade onde nasceu — Arthur Almada Lima Filho, jurista, desembargador aposentado, professor, escritor, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e da Academia Caxiense de Letras.

Ante a historicidade do município, parece que as “Efemérides Caxienses” teriam demorado a chegar. Não importa. Chegaram.

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Quem pegar deste livro e suas páginas manusear, um favor por gentileza: faça-o com respeito; a obra é recente, mas muito do que ela contém é basicamente mais velho que nós – e devemos respeitar os mais velhos...

Cada entrada, vale dizer, cada data que aqui se perfila e enfileira, cada data deste que é o repositório cronológico pioneiro senão o mais extenso da bibliografia e historiografia caxiense, quiçá maranhense, cada entrada daria pelo menos um livro — e cada esforço para fazê-la, dois... tanto é o que neste livro há de trabalho, de talento, de tempo, de tino e de tesão pelo que se faz, tudo empregado em cada item cronográfico. Trabalho, porque é ação, fazimento. Talento, pois que é conhecimento, raciocínio, intuição. Tempo, posto que é chama e limitação, devendo ser aproveitado antes que o murrão encurte e a chama enfraqueça... e tudo escureça. Tino, vez que é “queda” para algo, para o alto, inclinação, tendência, propensão. E tesão por ser a energia intensa e impulsionadora para ritmados movimentos de (pro)criação.

Seus “Ensaios”, Montaigne já os apresentava como “um livro de boa fé” (“c’est icy un livre de bonne foy”). Mas, sabia o notável francês, um livro vai além, muito além da pureza de intenção, do agir com correção.

Livro é gestação e parição. Alegria e dor. Realidade e incerteza. Sou testemunha ocular e auricular do enorme esforço do autor, Arthur Almada Lima Filho, de seus exigentes cuidados, da busca, localização e posterior seleção de dados e eventos e o texto final para esta coleção de datas. Para encontrar algumas agulhas, vi Arthur Almada mover toneladas de palha e feno no armazém sem-fim da História: livros, jornais, revistas, documentos, mídias digitais e espaços virtuais — enfim, todo tipo de suporte crível, confiável, onde pousava e repousava a informação acerca de algum aspecto da caxiensidade, em especial filhos e fatos da terra. Sem falar dos encontros e entrevistas pessoais que Arthur Almada teve e manteve na busca de fatos e/ou confirmação de dados.

Schopenhauer observou que “livros são escritos ora sobre esse, ora sobre aquele grande espírito do passado, e o público os lê, mas não as obras desses próprios; porque só quer ler o recém-impresso (...)”. Com o índice de venda de livros e o nível de leitura que temos em nosso país, estado e município, bem que um autor se daria por satisfeito por pelo menos sua obra “recém-impressa” ser lida.

Mas tem razão o filósofo alemão, autor de “Sobre Leitura e Livros”: um livro, em especial um livro como o “Efemérides Caxienses”, é do tipo que deve(ria) suscitar o gosto, instigar o espírito, provocar a inteligência, estimular a curiosidade, ampliar o orgulho do leitor, em relevo o leitor caxiense e maranhense, para o conhecimento mais encorpado acerca dos homens e mulheres, dos fatos e feitos aqui expostos, na maioria dos casos, com comedimento, pois que em obra deste gênero não cabe desmedir.

Tenho certeza, pelas conversas e debates que (man)tivemos e pelo que nele “leio”, tenho certeza de que Arthur Almada Lima Filho se sentiria agradecido se este livro incitasse uma saudável “ressurreição” de parte(s) do passado histórico e glorioso de nossa cidade ou ampliasse o interesse de mais e mais caxienses pelas bases, pelas fundações, pelos alicerces do passado sobre os quais os anos posteriores e os dias atuais alevantaram paredes, assentaram pisos e construíram tetos. Alicerce de que não se cuida compromete a estrutura que por sobre ele se pôs ou que a partir dele se ergue.

Sabemos, nós caxienses, que não cuidamos de nosso passado como ele deveria ser cuidado... e não é por vergonha dele — muito pelo contrário! Nós nos descuidamos de nossa ancestralidade sobretudo porque a desconhecemos, ou somos apáticos, preguiçosos, somos esse coletivo de pessoas, essa ruma de gentes atarefadas com o hic et nunc, o aqui e agora de nossa vida presente, paradoxalmente passadiça — passadiça porque nela (nessa vida) somos passageiros, consumidores, quando dela (dessa vida) temos de ser motorneiros, condutores. (Afinal, é a vida que nos conduz ou nós é que devemos conduzi-la?)

Os ditos países e comunidades desenvolvidos são aqueles que têm e se sabem fortes em seus fundamentos históricos e em suas fundações de historicidade, que enriquecem sua Cultura e enrijecem sua Identidade, cada vez mais afirmadas e reafirmadas com o passar das eras. No mundo todo paga-se muito dinheiro para (vi)ver cultura, para (re)viver história(s).

A Caxias de hoje parece (parece?!) fazer questão de eleger o fugidio, o fugaz, o presente que está em trânsito, daí tão transitório...

Caxias parece (parece?!) fazer questão de não querer conhecer-se a si mesma, não escutar seu grito primal, não analisar seu DNA mitocondrial, sua vida ancestral.

Como querer sermos reconhecidos, se de nós mesmos somos desconhecidos? Como lembrar aos outros o que somos pelo que fomos se, no dizer de Pierre Chanou, somos amnésicos do que somos (“se nous sommes amnésiques de ce que nous sommes”)?

Quem sabe até cairia bem, em muitos aspectos, a máxima do espanhol George Santayana (1863—1952): “Os que são incapazes de recordar o passado, são condenados a repeti-lo”. Com certeza há tempos, pessoas, modos e feitos do passado caxiense que pegaria bem se pudessem ser reproduzidos, copiados, repetidos, adequadamente adotados no presente — descontados os pecados veniais e tais e mais que cada um possa ter, já que adiante não se verá uma lista hagiográfica, um rol de santos. De toda sorte, teríamos talentos à maneira de ADERSON FERRO (“Glória da Odontologia Nacional”), ADERSON GUIMARÃES (cônego, latinista, jornalista, professor), ALCEBÍADES VIEIRA CHAVES (desembargador e escritor), ALDERICO SILVA (empresário pioneiro, jornalista, acadêmico), ANICETO CRUZ (empresário pioneiro, jornalista), ARTHUR ALMADA LIMA (desembargador, juiz de Direito, promotor público, professor concursado da Universidade Federal do Maranhão e orador, com obra inédita de discursos), BENEDITO JOAQUIM DA SILVA (primeiro prefeito de Caxias pós-Revolução de 1930), CÂNDIDO RIBEIRO (“O maior industrial do Maranhão dos séculos 19 e 20”), CARLOS GOMES LEITÃO (magistrado, político, fundador do município de Marabá – PA), CELSO MENEZES (pintor, professor, considerado um dos maiores escultores do Brasil), CÉSAR FERREIRA OLIVEIRA (“revolucionário constitucionalista” em São Paulo e “Herói da Guerra de Canudos”), CÉSAR MARQUES (médico e historiador), CHRISTINO CRUZ (criador do Ministério da Agricultura; agrônomo, com estudos em outros países; presidente honorário da Sociedade Nacional de Agricultura), CID ABREU (escritor, professor, latinista, acadêmico), CLÓVIS VIDIGAL (monsenhor, educador), COELHO NETTO (escritor, “Príncipe dos Prosadores Brasileiros”), DÉO SILVA (poeta, jornalista), DIAS CARNEIRO (os dois: o industrial e jornalista e o magistrado e desembargador), ELEAZAR SOARES CAMPOS (advogado, professor, magistrado, escritor, interventor federal do Maranhão), ELPÍDIO PEREIRA (músico de renome internacional, autor do Hino de Caxias), FLÁVIO TEIXEIRA DE ABREU (advogado, jornalista, escritor, poeta, professor), GENTIL MENESES (administrador, jornalista, escritor), GONÇALVES DIAS (poeta, etnógrafo, professor, fundador do Indianismo na literatura brasileira), HERÁCLITO RAMOS (jornalista, escritor, poeta; irmão de Vespasiano Ramos), JOÃO LOPES DE CARVALHO (pintor e desenhista, estudou sua arte em Portugal, onde, por seu grande talento, já aos 16 anos foi elogiado por diversos jornais de Lisboa), JOÃO MENDES DE ALMEIDA (considerado o mais completo jornalista brasileiro; advogado, abolicionista, redator da Lei do Ventre Livre), JOAQUIM ANTÔNIO CRUZ (médico, militar e político, participou da demarcação de fronteira do Brasil com a Argentina e votou pela lei que terminou por abolir os castigos corporais nas Forças Armadas), LAURA ROSA (poeta, escritora), LIBÂNIO LOBO (escritor, acadêmico), MÃE ANDRESA (Andresa Maria de Sousa Ramos, sacerdotisa de culto afro-brasileiro de renome internacional, última princesa da linhagem direta fon, comandou durante 40 anos a Casa de Mina em São Luís), MARCELLO THADEU DE ASSUMPÇÃO (médico humanitário, professor, criador e mantenedor de escola gratuita, prefeito de Caxias), NEREU BITTENCOURT (professor, escritor), NILO CRUZ (magistrado, desembargador), ODORICO ANTÔNIO DE MESQUITA (advogado, político, magistrado), OSMAR RODRIGUES MARQUES (jornalista e escritor), PAULO RAMOS (advogado, deputado federal, interventor e governador do Maranhão, criador, entre outras instituições, do Banco do Estado do Maranhão e da Rádio Timbira), RAIMUNDO EWERTON DE PAIVA (desembargador e professor), RAIMUNDO FONSECA FREITAS NETO (poeta), SINÉSIO SANTOS (fotógrafo), SINVAL ODORICO DE MOURA (bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, ainda hoje um raro caso de alguém que governou quatro estados – Amazonas, Ceará, Paraíba e Piauí), TEIXEIRA MENDES (escritor, filósofo, autor da Bandeira Brasileira), TEÓFILO DIAS (advogado, jornalista e escritor, sobrinho de Gonçalves Dias, introdutor do Parnasianismo e colocado por Sílvio Romero entre os “quatro dos maiores poetas do Brasil”), TIA FILOZINHA (Filomena Machado Teixeira, professora), UBIRAJARA FIDALGO DA SILVA (primeiro dramaturgo negro brasileiro, ator, diretor, produtor, bailarino, apresentador de TV e criador do Teatro Profissional do Negro), VESPASIANO RAMOS (poeta), VÍTOR GONÇALVES NETO (jornalista, escritor), WALFREDO DE LOYOLA MACHADO (jornalista, bacharel em Direito, escritor), WILSON EGÍDIO DOS SANTOS (professor universitário, escritor, odontólogo)...

Em todos os campos — Administração (Empresarial e Pública), Artes, Cultura, Direito e Justiça, Literatura, Música, Política, Ciências etc. —, são inúmeros os nomes, muitos deles desconhecidos, poucos deles reconhecidos, no sentido de que (não) são lembrados, cultivados, publicados e republicados, biografados, estudados, pesquisados (eles e seus trabalhos, suas atividades, sua obra). E a listagem acima (não intencional, aleatória) é só uma impressão digital, marca pequena no grande “locus” e “corpus” cultural, artístico, político, histórico e social do município caxiense. É patente que o céu histórico-cultural de Caxias tem mais estrelas. Muito mais.

Claro, temos orgulho de nossos atuais professores, historiadores, cientistas, pesquisadores, escritores, poetas, músicos, artistas, intelectuais... Para citar três caxienses, três mulheres, que saltaram obstáculos, quebraram barreiras e transpuseram limites (inclusive geográficos), temos orgulho de gente que nem Aline de Lima, que cantou e encantou na França e em mais uma dezena de países; de Tita do Rêgo Silva, que faz artes (plásticas) na Alemanha; de Bruna Gaglianone, bailarina, premiada pelo Bolshoi Brasil e integrante do corpo de bailarinos do Teatro Bolshoi de Moscou...

...  Mas o de que se trata aqui não é a transposição pura e simples de um passado que tem seu tempo. Trata-se de um presente que não tem memória — pelo menos não com a desejada consistência, não com o necessário zelo e a sadia revivificação ou reviçamento.

Que os caxienses procurem saber mais acerca do passado de Caxias, e reforcem em si o sadio orgulho do porque ele é sinônimo, em igual tempo, de reverência e referência.

*

“Efemérides Caxienses” quer lembrar isso para nós. Dia a dia. De janeiro a dezembro. E mais: do ponto de vista editorial e didático, o livro traz um aporte de, digamos, instrumentos para facilitar a vida do leitor ou corresponder às expectativas do pesquisador. Assim, veem-se aqui índices onomástico e cronológico, com os quais, no primeiro caso, o interessado encontrará rapidamente as páginas onde determinado antropônimo ou nome próprio é citado; e, no outro caso, a listagem em ordem crescente dos anos, cobrindo séculos de história caxiense.

Claro que um livro de algumas centenas de páginas não poderia cobrir, abarcar todos os fatos, todas as pessoas, toda a quadrissecular e multivariada História de Caxias. Testemunhei a vontade imensa do autor à cata de mais dados e percebi as imensamente maiores limitações materiais e de tempo que se impunham, imperiais, em desfavor do escritor. Até que ele se convenceu da verdade borgeana: um livro não se termina — se abandona.

Foi para chegar a esta obra — repita-se: sem a inútil pretensão de ser completa — que Arthur Almada Lima Filho dedicou muito do seu tempo, muito de sua saúde física e de sua energia intelectual, além de outros recursos, a serviço da materialização desse seu desejo pessoal e dessa nossa necessidade coletiva: ter um livro de referência histórico-cronológica das acontecências mais pretéritas de nossa Caxias, mas sem esquecer alguns registros da recentidade. Um livro que estudantes e professores, jornalistas e historiadores, curiosos e pesquisadores, aquele escritor em especial e todo o povo em geral pudessem diariamente folhear e consultar: o que aconteceu? quem nasceu? quem morreu? o que houve em determinado dia de determinado mês de determinado ano em minha cidade? Este livro traz as respostas, e a partir dele podem ser iniciados ou referenciados trabalhos escolares, pesquisas universitárias, matérias jornalísticas, pronunciamentos políticos, festas comemorativas, reuniões familiares... ou simplesmente enriquecer uma conversa, um discurso, o orgulho e amor pela terra natal.

Ao lado de fazeres cotidianos e afazeres especiais, o autor, ao aposentar-se desembargador, deveria ter saído do ofício para o ócio... mas Arthur Almada não larga dos ossos de uma ocupação útil (coletivamente falando) e quase sempre dá expediente com fidelidade bancária, de manhã e à tarde (às vezes entrando pela noite), no Instituto Histórico e Geográfico de Caxias que ele há dez anos fundou e dirige com amor, gosto e dedicação de recém-casados. No escritório ou na residência, tal qual o pintor Apeles, “nulla dies sine linea” — ao menos uma linha todo dia. O autor-arqueólogo, à maneira do que escreveu Shakespeare, vai retirando dos escombros da História as “ruínas amorfas” e o “pó do olvido”, que recobrem tanto “o que passou” quanto “o que está por vir”. E assim foi-se formando e formatando este livro.

Arthur Almada é um homem de Hoje que sabe cuidar do Ontem. Que seu exemplo comunique aos de Amanhã para cuidarem eles do Agora — a que os pósteros chamarão Passado. Pois, no dizer do poeta brasileiro-nordestino-universal Manuel Bandeira, “só o passado verdadeiramente nos pertence. O presente... O presente não existe (...)”.

Parabéns, Arthur. Esta obra do Passado tem tudo para estar presente. Tem tudo para ter futuro. Tem tudo para permanecer no Tempo. Confirma-o o poeta brasileiro Dante Milano:

“O Tempo é um velho leitor, eterno leitor, atento e incansável. Nem um instante larga o livro.”

E finaliza:

“Parece que da vida só existe para o Tempo aquilo que ficou escrito. O resto desaparece, o Tempo não o lê”.

Pois é, Arthur. Está escrito.

*

Caxias, a partir deste instante, tem sua cronologia de fatos notáveis, seu calendário de eventos históricos.

Passado caxiense, doravante, é igual a “Efemérides”.

Pois efêmero, agora, só o presente...

* EDMILSON SANCHES

Fotos:

Arthur Almada Lima Filho e sua obra magna, "Efemérides Caxienses".

– Foi reitor da Uema. Fundador da Faculdade de Medicina Veterinária. Ex-presidente da Academia Caxiense de Letras. Diretor do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias. Secretário municipal de Educação e Cultura de Caxias. Escritor. Médico Veterinário. Professor.

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A cidade de Caxias perdeu em 2019 ilustres filhos que, com seus trabalhos, honraram e honram a História e a Cultura do município.

Em 2019 faleceram o arquiteto, ativista cultural e ex-secretário da Cultura Antônio Nascimento Cruz, a professora e ex-secretária de Cultura Valquíria Fernandes, o engenheiro e ex-presidente da Academia Caxiense de Letras Raimundo Medeiros e, no mesmo dia 16 de outubro, o professor, militar, escritor e ex-presidente da Academia Caxiense de Letras Antônio Pedro Carneiro e o médico veterinário, professor, escritor, ex-reitor da UEMA Jacques Inandy Medeiros.

Todos eram professores. Todos participavam de instituições culturais locais, como a Academia Caxiense de Letras, Instituto Histórico e Geográfico de Caxias e Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão (ASLEAMA). Todos foram servidores públicos, em órgãos municipais ou estaduais.

No 16 de outubro de 2019, uma quarta-feira, enquanto os caxienses ainda se prostravam pesarosos com o falecimento do professor Antônio Pedro Carneiro, ex-presidente da Academia Caxiense de Letras (ACL), uma nova notícia quase ao final das 24h impactou fundamente a cidade: acabara de falecer em São Luís (MA), perto da meia-noite, o professor Jacques Inandy Medeiros, também ex-presidente da ACL e vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico caxiense. Jacques residia em São Luís. Estava adoentado, em casa; sentiu-se mal, foi levado a hospital da capital maranhense e foi internado em UTI. Não resistiu.

Jacques Medeiros era casado com Maria de Fátima Oliveira Medeiros. O casal teve quatro filhas: Cynthia, Elma, Silvana e Graziela. Jacques deixou ainda oito netos. Sobre seus descendentes, Jacques escrevia que eles eram, “sem embargo, os prosseguidores da inteligência e cultura do clã Medeiros, que pontifica em Caxias faz mais de um século”.

Jacques Medeiros tem uma das mais largas folhas de serviços prestados a Caxias e ao Maranhão, sobretudo nos campos da Educação e da Cultura. Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (Rio de Janeiro), onde estudou de 1967 a 1970, Jacques Medeiros, após a formatura, retorna ao Maranhão e trabalha na Secretaria de Agricultura do estado. Depois, em períodos diversos, desenvolve funções de gestão no Banco de Desenvolvimento do Maranhão: Chefe da Divisão de Acompanhamento e Controle de Projetos (1977/78), Chefe do Departamento Rural (1978/79), Chefe da Divisão Agroindustrial (1987), Diretor de Crédito Imobiliário (1994) e Diretor Administrativo (1995/2000).

No campo da Educação, Jacques Inandy Medeiros mostrou seu talento desde cedo: ainda menor, aos 17 anos, já dava aulas no Colégio Caxiense e, depois, na Escola Normal de Caxias e Ginásio Coelho Netto. Em São Luís, estudou no Liceu Maranhense. Nos anos 1970, após retornar do Rio de Janeiro, já veterinário formado, Jacques Medeiros passa a dar aulas na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), na capital: em 1975/76 ministra Biofísica, Bacteriologia e Imunologia no curso de Medicina Veterinária. De 1975 a 1979, dirige o Departamento de Ciências Fisiológicas da Unidade de Estudos de Agronomia. Em 1982/83 é membro titular do Conselho Universitário da UEMA e, de 1979 a 1983, diretor da Faculdade de Medicina Veterinária, escola que ele ajudou a fundar. De 1983 a 1987, chega ao topo da carreira: reitor da Universidade da qual, de 1975 a 1990, era professor titular.

Após a reitoria, Jacques Medeiros foi convidado a emprestar seu talento à Educação e Cultura de sua cidade. Deu aulas no Centro de Estudos Superiores de Caxias (CESC/UEMA) e, de 1989 a 1991, foi secretário da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia. Depois, de 2005 a 2006, foi secretário da Secretaria de Cultura, Patrimônio Histórico, Esporte, Turismo e Juventude de Caxias. Na mesma época, de 2002 a 2006, foi presidente eleito e reeleito da Academia Caxiense de Letras. Também foi membro fundador do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias (IHGC), do qual foi vice-presidente. No IHGC ocupou a Cadeira nº 7, cujo patrono é seu pai, o professor, jornalista, escritor, servidor público e gestor escolar Francisco Caldas Medeiros, caxiense que, tão precoce quanto o futuro filho, já aos 20 anos era oficialmente nomeado como diretor de uma escola estadual, o Colégio Agrícola, no município de Barra do Corda.

Jacques Medeiros escreveu diversos livros, entre eles o muito citado “Arca de Memórias” e “A História da Educação de Caxias”. Era dono de vasta cultura literária e universal. Gostava de viajar pelo mundo. Sabia de memória dados geográficos dos diversos países, muitos visitados por ele. Apoiava e estimulava novos escritores.

Sua prestação de serviços o levou a ser homenageado com a Medalha do Mérito Timbira, Medalha do Mérito Brigadeiro Falcão e Medalha Gomes de Sousa de Mérito Universitário.

*

Quando Jacques Medeiros viajava a Imperatriz como reitor da UEMA, costumávamos nos encontrar e, na própria Universidade ou em grupo de amigos e conhecidos (entre os quais o professor universitário Osvaldo Ferreira de Carvalho, também caxiense), fazíamos questão de falar sobre “coisas” de Caxias. A conterraneidade fortalecia a amizade. Na época, nas minhas muitas viagens a Caxias, conversávamos  à volta de uma mesa posta na larga calçada do Excelsior Hotel, ou nas reuniões da Academia e do Instituto Histórico, onde ambos éramos membros e diretores. Por telefone, de São Luís, Jacques e eu trocávamos informações e, também, insatisfações relacionadas ao universo da Cultura e História caxienses.

Em mensagens e textos que me enviava via WhatsApp, Jacques Medeiros falava sobre Caxias e caxienses,  Abraham Lincoln, Castro Alves, Confúcio, Cristo, Darwin, Duque de Caxias, São Luís, Vespasiano Ramos, a importância da Comunicação entre os seres humanos, a Universidade brasileira; fazia sua lista dos melhores hinos nacionais entre os diversos países, enviava excertos de Fernando Pessoa e outros autores, gravava áudios onde detalhava aspectos históricos e biográficos acerca de pessoas de Caxias etc. Mostrou-se surpreso, incrédulo e chocado com as mortes dos caxienses e amigos comuns Valquíria Fernandes, professora, e Antônio Nascimento Cruz, arquiteto e ativista cultural. Em maio de 2019, ano de seu falecimento, escreveu-me sobre a troca de correspondência entre ele e outro talentoso caxiense, o escritor Ferdinand Berredo de Menezes, sobre o qual eu havia escrito um texto e, anos depois, em 2024, faria três palestras na Academia Espírito-santense de Letras, na Assembleia Legislativa do estado e no Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, em Vitória, onde Berredo fora advogado, economista, escritor, artista plástico, vereador, presidente da Câmara Municipal, prefeito da capital e, por mais de trinta anos, professor na Universidade Federal do Espírito Santo, estado onde o grande caxiense faleceu em 2015, aos 86 anos. (Nas palestras também falei sobre César Augusto Marques, médico, tradutor, escritor e pesquisador caxiense, que escreveu o mais clássico dos livros históricos do Espírito Santo  – o “Diccionario Historico, Geographico e Estatistico da Provincia do Espirito Santo”, de 1878).

Quando soube que eu era um feliz proprietário de “Catedral de Vácuos”, o livro inaugural de Berredo de Menezes, Jacques não se aquietou até eu concordar desfazer-me da obra, que enviei para ele, pois esse livro lhe trazia grandes evocações. (Depois consegui um outro exemplar para meu acervo de caxiensidades).

Em 9 de setembro de 2019, menos de quarenta dias antes de seu falecimento, Jacques Medeiros fez seu último contato comigo e aplaudiu um texto que eu havia escrito, sobre a história e etimologia da palavra “veterinário”, a profissão dele.

Quatro meses antes, em 5 de maio de 2019, Jacques Medeiros escreveu-me assim, com algo de sibilino ou presciente: 

“– As mãos trêmulas.

– As pernas trôpegas.

– O coração mais cheio do nada.

– O futuro bem menor.

 São os bônus da idade”.

Agora, para ele já não há mais nada disso.

São os bônus da Eternidade.

Descanse em paz, Conterrâneo, Confrade, Colega, Amigo.

* EDMILSON SANCHES