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Lembrando papai… PARALELOS E CONTRASTES*

A candidatura José Sarney, ao que se informa seus adversários, os mais odientos e os mais exaltados corregionários, não partiu da trama dos conchavos políticos. Não veio para a campanha eleitoral por meio do emaranhado dos acordos confusos e das conversações isoladas sob a pressão das conveniências partidárias dos partidos que a apóiam.

Estas afirmativas encontramos nos informativos vindos da área política dos seus adversários. E tem a consistência nos diversos pronunciamentos feitos pelo líder udenista, setor maranhense. A candidatura Sarney não traz o patrocínio dos grupos econômicos e nem tão pouco se filia aos chamados movimentos de direita e de esquerda.

Não. Tem a força perene de uma atitude democrática evoluída, uma atitude política independente, sem o conteúdo dos pensamentos não identificados com este realismo histórico da Hora Presente onde há, em evidência, a grandiosidade de diretrizes políticas evoluídas e sensivelmente marcantes na luta cívica dos povos que anseiam por uma nova ordem de trabalhos edificantes.

Tem a coragem de indicar uma posição liberta destes contrafortes partidários onde ressalta, sempre, a imposição duma orientação política estranha e sem ressonância no meio das coletividades que lutam por um Maranhão mais promissor e mais progressista.

E temos aí aspectos gerais da conduta política da candidatura oposicionista. A argumentação de que Sarney esteve funcionando dentro da política situacionista não traz, para ele, nenhum embaraço. Político que sempre foi não poderia fixar-se todo um tempo dentro do círculo fechado duma política viciada, sem amplitude, sem programas renovadores.

Inteligente, Sarney não se deixou prender a estes interesses parciais, interesses de bandos, de aglomerações inexpressivas. Não. Abriu caminho para outra situação. Preferiu outros rumos onde pudesse encontrar uma adaptação para as suas ideias, agora com outras perspectivas. Da a sua nova posição no cenário da vida política do Estado.

E não tem sido outra a conduta dos homens partidários que, com melhor visão, sentindo a evolução política, social e econômica ora predominante em todos os países da América Latina e que estão firmes na resistência contra a ação danosa dos sistemas políticos escravizantes.

Ninguém poderá discordar disto. Não é conduzir a questão para a assuada dos atritos balofos onde prevalece sempre a prevenção senão ideológica, mas facciosa, estreitamente partidária.

Nós vemos como não aceitar o deputado Sarney como homem evoluído, como político emancipado, unidade viva duma reação democrática edificante. Não. Não vemos. Não se trata de agradar os interesses das esquerdas ou das direitas. Trata-se de conduzir os problemas maranhenses para o diálogo das reações construtivas. Trata-se de dar à política maranhense novos rumos, livrá-la do figurino regional, fora da época, deste Presente de recuperações totais porque vêm passando todos os países latinos, todos os países americanos e europeus. Trata-se do aperfeiçoamento do sistema democrático que aí está ainda sob a pressão de determinados setores políticos que não querem aperceber-se de que o “momento nacional” não mais comporta o continuísmo duma orientação política sem amplitude e sem horizontes mais largos.

E é justamente esta posição restauradora que encontramos, nitidamente, claramente, no programa político do candidato oposicionista. E não poderá ser outra a posição doutros candidatos evoluídos que estejam na disposição de participar, ativamente, da campanha eleitoral ora em desenvolvimento em todo o nosso Estado, em todos os Estados onde se vão realizar as eleições para a sucessão governamental.

E é bom não confundir movimentos de esquerda, de evolução democrática, de nacionalismo com a ação ideológica da China ou de Moscou. Estes movimentos, no Brasil, sempre se fixaram na desordem, sempre permaneceram no escoadouro das atitudes mais comprometedoras sem terem podido conquistar a arregimentação das forças populares e nem tão pouco das elites esclarecidas.

Não sendo filiado a nenhuma dessas correntes, o candidato da oposição empunha uma bandeira de evolução política altamente construtiva e profundamente democrática. E se esta posição não está sendo compreendida pelos seus adversários ideológicos, se é que os há por aí, a culpa não cabe aos partidos de oposição, mas apenas a esta imposição que possa existir em determinados grupos políticos que não estão identificados com os ideais renovadores da Democracia brasileira.

Acreditamos que será difícil interromper a caminhada de Sarney para a cerimônia de posse no Palácio dos Leões. Com Sarney, está a luta do povo. A luta da democracia evoluída, cívica e restauradora. Daí porque vamos votar no candidato oposicionista. Certo? Certíssimo.

* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inéfito) – “Jornal do Dia”, 30 de julho de 1965 (sexta-feira).